A Cidade do Sol
Riacho.
Querido usara um trapo de sua camisa de lã para enrolar na mão machucada. A notícia tranquilizou Bendito, que tinha se preocupado com o estado dele.
Enquanto os dois andavam pela floresta adormecida, ouviram o som de água caindo. Apesar da curiosidade em saber de onde vinha o barulho, se concentraram em continuar a jornada nas árvores. Subiram, desceram, andaram, subiram, desceram... até encontrarem um riacho. O ruído de água ficou mais forte, então os dois meio monstros concluíram que a origem do som seria o lugar para onde as árvores de sol os estavam levando.
Sentaram-se na beira do riacho, para descansar um pouco. A água corria numa velocidade absurda, devido a grande quantidade de chuva dos últimos tempos. Chegava a ser até perigoso passar por ela.
— A gente vai ter que passar por isso aí? – perguntou Bendito.
— Deve ter uma árvore do outro lado. Ou melhor: já estamos do outro lado e nem sabíamos. – disse Querido.
— Ainda bem que não preciso abrir o caminho eu mesmo... Eu já teria me perdido há muito tempo.
Algo atingiu Bendito, vindo da água. Era um peixe.
— Que? – ele observou a criatura se debatendo na beira. – A corrente é tão forte que até os peixes ela joga pra fora?
Uma outra coisa atingiu Querido. Era o esqueleto de outro peixe.
— Isso... foi por causa da força da água? – Bendito estava pasmo.
— Não. Olhe. – Querido apontou para o riacho.
Alguns outros restos de animais corriam junto com a água. Esqueletos de peixe, metade de peixes, cascas de frutas...
— O que significa isso? – perguntou o pasmo.
— Tem alguém almoçando aqui por perto e jogando as coisas no rio. Vamos. – Querido foi logo se levantando. – Se o que eu estou pensando estiver correto...
E esqueceu de terminar a frase.
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