A Cidade do Sol

Insistência.


A luz confortável acariciou suas costas. Ainda era noite, porém o sol brilhava atrás de Amaldiçoado.

— ME DEIXE MORRER! – gritou.

Seus braços seguravam um galho contra sua própria vontade. Uma das suas botas escorregou e caiu na grama, fazendo um som abafado.

E Amaldiçoado voltou a chorar. Algo no seu coração insistia com ele para que vivesse, assim como sua única amiga, a árvore com desenho de sol, cuja luz brilhava e dizia sem palavras doces melodias, que o faziam chorar ainda mais.

— EU NÃO QUERO CONTINUAR, NÃO QUERO, NINGUÉM ME QUER VIVENDO, É INÚTIL, É INÚTIL, é inútil...

Amaldiçoado foi se acalmando, até que se deixou ser contagiado pelo calor da luz. Desceu da árvore com cautela, vestiu a bota e subiu de novo. Sentando-se perto do desenho brilhante, sentiu que alguma coisa boa ainda iria acontecer, que ele iria encontrar o seu lugar, longe daquela cidade de muros...