Passaram algum tempo em silêncio.

— Que fome. – comentou Amaldiçoado.

— Né? – Aparelhado acariciou sua barriga – Tomara que ele nos dê um lanche.

— Um banquete seria ótimo.

— É mesmo. Ele é um rei. Reis sempre dão banquetes.

— Onde você viu isso?

— Eu jogava um jogo, em que todos precisavam fingir de conta que eram um personagem. Então meu outro amigo dizia onde estávamos, e com quem nos encontrávamos.

—Hum.

— Daí, sempre que a gente chegava em um castelo, o rei de lá nos dava um banquete. Era bom demais...

— Os reis eram bons?

— Alguns sim. Outros eram duas caras. Já tentaram até nos matar...

— E o que vocês faziam com esses duas caras?

— A gente dava uma boa lição neles. – Vinícius sorriu com maldade.

— Camila também acabava com a briga quando batiam no seu aparelho? – Amaldiçoado tentou ser sarcástico.

— Faz pouco tempo que tenho o aparelho. – o outro meio monstro não entendeu o sarcasmo. – Isso foi quando eu era criança.

— Por que seu nome ficou Aparelhado, então? – desistiu de tentar.

— Não sei. Na verdade, não faz sentido... se temos um nome desde que nascemos, por que só nos chamam por eles depois?

— Talvez seja pra ter a oportunidade de mudar?

— O nome?

— Não. – Amaldiçoado pensou no nome que lhe tinham dado. – A gente.