Amado acordou tarde, mais uma vez. Gostava de dormir, e o tempo frio o incentivava a fazê-lo. O dia a dia era preguiçoso e empapado de quimeras, que se confundiam com suas memórias cotidianas, tão comuns e iguais que se comprimiam todas na lembrança de um mesmo dia.

Subiu no elevador, bocejando. Saiu no corredor principal, e deixou a colossal mansão. Passou pelo jardim – nada o interessou lá – e chegou até a muralha. Entrou nela por uma pequena porta quase imperceptível, e se viu dentro do estreito corredor, onde alguns soldados fizeram continência, por costume. Amado respondeu o gesto do mesmo jeito.

Deixando-os ali, o meio monstro subiu alguns andares por uma escada vertical. Chegou até uma longa sala com um enorme computador, onde se tinha um panorama geral da área ao redor de Castle Hill. Tamanha tecnologia era fascinante de se observar, apesar de ser muito comum aos soldados. Amado passava seus dias olhando aqueles homens trabalhando, e, às vezes, chegava até a ajudá-los com algumas coisas. Eles não ligavam se ele não era de todo humano, contanto que não os atacasse.

Vinícius, vivendo ao lado daquela maquinaria humana e mecânica, sentia um pouco de falta das companhias orgânicas do meio da floresta. Seria bom se as pudesse encontrar novamente... então lembrou para onde eles iriam: para o mar. Se fosse até o mar, poderia encontrá-los. Mas ele mesmo não tinha dito que odiava o mar e gostaria de viver o mais longe possível dele?

A indecisão ficou na sua cabeça...