A Caçadora - O Início

Escola nova, segredos novos


Ainda fazia noite quando me levantei, com certeza ainda era madrugada. Fazia frio e eu estava deitada, olhando para o teto, estava de roupas intimas e com minha camiseta larga do Los Angeles Lakers que papai me dera.

Levantei-me devagar, fui até perto do computador que ainda estava ligado. Na tela, ainda estava o e-mail não enviado para minha escola antiga. A secretária da nova escola não gostaria nada.

Estava nervosa, seria meu primeiro dia em uma escola nova, pessoas novas, professores novos, eu não me acostumaria tão fácil, meu pai havia me prometido que nós não mudaríamos novamente até que eu me formasse.

Peguei uma calça de moletom sobre a cadeira e vesti, peguei meus objetos separados pelo quarto, então decidi deitar-me novamente.

Deitada, pensei em diversas coisas que deixei para trás em Austin, Lydia minha parceira de laboratório, sempre inquieta, sentava-se na janela para ver a equipe de corrida. Gabriel, sempre galante comigo, sempre pensei que ele teria uma queda por mim, ele sempre foi tímido, quando nos falávamos era perceptível seu desconforto. A Sra. Barnes e seus sermões disso eu tinha certeza que não sentiria falta, afinal os professores dessa cidade devem ser melhores, sempre fui a garota “nerd”, quieta, aqui seria diferente.

“Não seja estúpida Joan, é um cidade pequena, os professores devem ser velhos, além do mais, aqui não, aqui será diferente, não serei a mesma” disse a mim mesma.

Foi quando percebi que havia começado a amanhecer, os primeiros sinais de que o sol estava vindo eram perceptíveis.

Coloquei-me de pé, abri com cuidado a porta do quarto, meu pai deveria estar dormindo, fui até o banheiro, escovei os dentes, penteei meus cabelos, eles cheiravam a fumaça, decidi tomar um bom banho.

Entrei no chuveiro, a água era quente.

Terminado o banho, me enrolei na toalha e fui até o quarto. Lá, peguei uma blusa azul de mangas longas e meus velhos jeans, vesti, calcei minhas pantufas de ursinho e desci para preparar o café.

Preparei um café simples, omelete, bacon, torradas e suco de laranja. Comia ultima porção de ovos com fritas quando meu pai desceu as escadas e chegou a nossa pequena cozinha.

__Bom dia filha. Dormiu bem? – ele me perguntou com culpa na voz. Não queria vê-lo mais triste então respondi:

__ Dormi muito bem, papai. Acordei cedo porque estou ansiosa com meu primeiro dia. – a última parte eu não menti.

__ Você vai se sair bem, Jo é linda e inteligente, estou saindo, tenho um compromisso.

__ Tão cedo? – perguntei inocentemente.

__ É, infelizmente tenho que ir, qualquer coisa me liga, ok?

__ Tudo certo, até no jantar.

__ Até, filha, se não quiser cozinhar, pedimos pizza, tá bom? – falando isso saiu.

Eu sabia que era uma maneira de me impedir de cozinhar ou por fogo na casa, meus dotes culinários não são dos melhores.

Como seria a única a comer, desfiz a mesa, lavei os pratos e copos.

Subi para o quarto, organizei novamente meus livros na bolsa, verifiquei se não estava “naqueles dias”.

Nunca fui indecisa quanto às roupas que usaria, mas hoje, eu estava. Vestia uma blusa branca meio decotada, uma calça jeans nova. Optei por salto, para causar uma boa impressão, peguei meu casaco, bolsa e chaves e descia ao primeiro andar.

Dirigi o velho Sedan que ganhei de meu pai no meu aniversário. Já estava morando em Cherry Hill a um mês e reconhecia o caminho até a escola.

Quando cheguei, o estacionamento estava parcialmente vazio, parei meu carro ao lado de uma moto preta. Desci do carro, apanhei minha bolsa e sai em direção ao prédio principal, onde teria a primeira aula de física no primeiro tempo.

Na entrada do prédio havia uma grande faixa de boas-vindas, fui até a secretaria para informar a falta de alguns documentos. Como previsto, ela não gostou nada disso.

Meu armário ficava perto do banheiro feminino, não sei o motivo, mas achei ótimo isso.

Coloquei meus livros dos tempos seguintes nele e tranquei. Foi quando eu os vi.

Na minha direção vinham três adolescentes totalmente pálidos, os cumprimentei, mostrando naturalidade. Os dois rapazes mal olharam, enquanto a garota me olhou profundamente nos olhos.

Todos era muitos parecidos, embora fisicamente fossem diferentes, o mais alto deles era ruivo, tinha os olhos verdes, corpo definido. O mais baixo, tinha o corpo definido, era loiro, não tão bonito como o alto, a garota era bonita, loira também, os olhos castanhos eram semicerrados e espertos.

Foi quando eu ouvi o mais alto dizer:

__ Pare de olhar Kaory, está deixando a novata com medo.

__ Ah, deixa Kaory se divertir Sebastian, ela está apenas dando boas vindas à novata, não é Kaory. – disse ele com uma piscadela.

__ Claro que sim, Marc. – disse Kaory.

__ Isso será... interessante, não é mesmo Joan – disse Sebastian, olhando para mim.

Aquele momento tinha sido totalmente estranho, eu estava com medo, quem eram eles, e por quê aquela garota, Kaory, me encarava?

Isso eu não sabia, mas lentamente me encaminhei para a aula de física.