Já estava tudo preparado, Doc estava limpando um bisturi, Lizzie estava deitada de bruços em uma maca. havia vários tubos ali, um especialmente separado.

Melanie havia ido para seu quarto junto com Jered e Jamie, Doc a examinaria depois.

No hospital estavam apenas Ian, Peg, Doc e eu. Eu não sabia ao certo se ficaria ali quando começasse.

- A quanto tempo mais ou menos sua irmã está assim? - Perguntou Ian.

- Não sei, um ano e meio talvez.

Eles se entre olharam.

- Isso é bom?

- È muito bom, Angie - Peg disse ressaltando o Angie.

Nós duas rimos.

Doc pegou o bisturi que acabará de limpar, e traçou na nuca dela. Meu estômago começou a embrulhar,

Respirei fundo.

- Ângela você ta bem? - Perguntou Ian.

- Não, eu só estou... Hnh me chamem quando acabar?

- Claro - disse Peg.

Começei andar rápido naquele corredor escuro, minhas mãos estavam tremendo. Eu já estava passando pela cozinha.

- Ângela! - gritou alguém.

Me virei para ver quem era, Cal estava vindo em minha direção.

- Soube que aquela buscadora era sua irmã.

Quando ele disse buscadora, senti um forte calafrio, minhas mão começaram a tremer mais, serrei elas em punho, para tentar conter o tremor.

- buscadora?

- Me desculpa, achei que você sabia.

- Não, tudo bem.

- O que foi? - ele perguntou preocupado.

- Nada, eu só preciso ficar um tempo sozinha.

- Tudo bem então.

Comei a andar rápido de novo, havia murmurios de gente conversando em varios lugares, andei até um tunel onde estava silêncio, ao que me parecia era o túnel da escola, ninguém passaria ali naquele horário. Me abaixei no chão e abracei meus joelhos, e respirei fundo.

Não acredito que ela era uma buscadora, quer dizer agora toda minha familia havia virado um buscador, eu estava totalmente ferrada. Mas ela parecia tão docil, não aparentava ser uma, geralmente eles são bem irritados para uma alma, talvez ela estivesse mentido, os buscadores são bons nisso.

E se ela não voltar? o que eu vou fazer, não poderíamos colocar a buscadora nela de novo, talvez ela não fosse igual a Cal, Peg e Sunny, talvez na primeira oportunidade ela fugiria daqui. Mas eu viveria com a Lizzie sabendo que não é ela ali?. Não gosto nem de pensar nisso.

Pude ouvir alguns passos vindo em minha direção, apertei meus olhos para ver quem era mas estava muito escuro ali. peguei a lanterna que Doc me derá. Era Jamie, ele não estava sorrindo como sempre, estava preocupado

- Oi - eu disse desligando a lanterna da cara dele.

- Oi.

Ele se sentou ao meu lado, assim como a primera vez que fomos a escola.

- Não tem mais medo do escuro? - ele perguntou sério.

- Não mais, é bom para pensar.

Ele pegou minha mão e segurou firme.

- Melanie está bem?

Ele respirou fundo.

- Não muito, ela parou de vomitar mas ainda esta pálida e enjoada. E a sua irmã?

- Doc está retirando a alma dela.

- E porque não ficou lá? é muito legal ver eles fazendo isso. - Ele disse sorrindo voltando a ser o Jamie de novo.

- Eu até ia ficar, mas eu não queria ver aquilo.

Ficamos uns minutos em silêncio.

- Ela era uma buscadora sabia - eu disse para quebrar o silêncio.

- Eu sinto muito.

Ouvi passos vindo na minha direção de novo, eram passos fortes e rápido. Ian colocou uma lanterna no meu rosto e no de Jamie, coloquei a palma da minha mão na frente por causa dela. Ele a abaixou.

- Ângela já terminamos, se você quiser ve-la.

- Ela já acordou? - perguntei enquanto levantava.

- Não, isso sempre leva um tempo mesmo, não se preocupe.

Andamos em silêncio o caminho todo, quando chegamos ao hospital, não havia ninguém ali, a não ser Lizzie.

- Onde estão Doc e Peg? - perguntei para Ian.

- Estão com a Melanie.

Foi até onde ela estava deitada, sentei ao lado dela e passei a mão em seu rosto, sereno.

- Vou deixar você sozinha.

Olhei para ele e acenei a cabeça, Ian empurrava Jamie para fora. Jamie me olhava preocupado.

- Haa Lizzie eu sinto muito, me desculpe - peguei a mão dela e segurei firme - Por favor acorde. Você vai adorar esse lugar, todos aqui são muito legais, você tem que conhecer a Kim, ela me lembra você. Nos até poderíamos ir em uma incursão juntas isso seria muito legal. - olhei para ela, e não mexerá um músculo se quer desde que eu entrei ali.

Afundei minha cabeça em seu ombro, e deixei minhas lágrimas cairem.

- Por favor Lizzie, por favor não me deixa sozinha.

Eu não sei quanto tempo eu fiquei deitada no ombro dela chorando, comecei a adormecer, minha mente indo a deriva.



Já havia anoitecido, e eu estava ali esconda entre varias arvores que cercavam aquela casa. Eu só podia estar doida, entrar naquela enorme casa, mas eu estava morrendo de fome.

Se fosse a algum tempo atrás, aquela casa estaria cercada de seguranças, mas hoje me dia, deixam a porta aberta. E eu não me arriscaria entrar em um mercado de novo, não depois daquela noite,

Morava apenas um homem ali, um médico. Ele ficava poucas horas em casa pois ficava mais no trabalho. Entraria apenas para pegar algumas barras de cereais, apenas isso. Sabia exatamente na situação em que estava, ma não era nenhuma ladra.

Corri abaixada até a porta, era uma porta de vidro, toda aquela casa parecia ser de vidro. Fui até a cozinha e era uma baita de uma cozinha.

Fui até a geladeira e peguei algumas garrafas d'agua, peguei algumas barras de cereais no armario.

- Ta bom então, até amanhã, obrigado pela a carona - disse um homem.

- De nada cara, quando precisar é só falar.

Comecei a tremer no lugar em que estava, não conseguia mover um músculo se quer, coloquei todas as garrafas d'agua e as barras em cima de um balcão, se fosse correr não conseguiria com tudo aquilo na mão.

Ouvi seus passos aproximando-se da cozinha, andei devagar até a sala de estar tentei fazer o minino de barulho possivel, mas estava muito escuro e não via nada ali.

Meu joelho bateu em alguma coisa, e ouvi um estalo no chão de vidro quebrando.

- Quem está ai? - falou o homem.

Me agachei, onde estava e tateei o chão e peguei um caco de vidro. minha respiração estava ofegante, coloquei minha outra mão sobre a boca.

Me encolhi em uma parede com um sofa do lado. Ele acendeu a luz, afundei minha cabeça nos joelhos mas ainda pude ver os pés dele, eu apertava fortemente o caco na minha mão.

- Emily? - Ele disse depois de alguns minutos.

Levantei minha cabeça para ve-lo, era um homem alto, era ruivo, tinha milhares de pintas douradas espalhadas em seu rosto. Ele parecia com medo mas depois que o olhei seu rosto relaxou.

- Quem é você? - Ele perguntou gentilmente - Eu não vou te machucar.

- Vocês sempre dizem isso - falei chorando.

- Qual é seu nome?

Porque ele queria saber meu nome?, porque ele simplesmente não me pegava e me levava para os buscadores?, eram o que normalmente o que eles fariam.

- Ângela - Disse minha voz falhando no final.

- Tudo bem Ângela, o que esta fazendo aqui?

Ata até parecia que eu ia dizer que estava roubando a comida dele.

- Sua mão - Ele falou vindo em minha direção.

Olhei para minha mão e ela estava toda cheia de sangue, estava apertando o caco de vidro tão forte que começou a corta-la. Soltei na mesma hora o caco, precionando minha mão na roupa, sentido agora a dor.

- Espere ai. - Ele foi até a cozinha e voltou com uma peguena caixa.

Ele se ajoelhou na minha frente, me encolhi ainda mais na parede.

- Tudo bem, eu prometo que não vou te machucar.

Respirei fundo e entrei minha mão a ele.

Ele começou a passar um monte de coisas na minha mão, e em questão de segundos já estava totalmente cicatrizada, não estava exatamente como minhas outras cicatrizes, estava rosada.

- Como você fez isso? - Perguntei virando minha mão de um lado para o outro.

- Eu apenas curei você - Ele deu de ombros.

me levantei e olhei ao meu redor, e havia flores e aguá espalhadas ao redor, e varios pedacinhos de vidro no chão.

- Me desculpe.

- Tudo bem.

- você vai me entregar para os buscadores, não vai?

Ele apenas fez que não com a cabeça.

- Por que ta me ajudando?, eu sei que normalmente vocês são muito amaveis, mas não com um humano pelo o que notei, E quem é Emily?

Ele riu e se sentou no sofa como se eu fosse uma visita na casa dele. Mas eu continuei em pé, pronta para fugir, caso ele tente alguma coisa.

- Estou de ajudando porque você me lembra a filha do meu hospedeiro, Emily.

Ele apontou para uma foto em cima da prateleira, Tinha uma garotinha na foto, a cor de seu cabelo era do mesmo tom do meu, mais era mais curto até o queixo, ela era parecida comigo exceto pelas milhares de pintinhas douradas em seu rosto.

- È a sua filha?

Ele pensou um pouco.

- Sim.

- O que aconteceu com ela?

- Fugiu da invasão, juntou com a mãe dela, achei que você fosse ela.

- Eu sinto muito.

- Você estava pegando comida não estava?

Comecei a tremer, e apenas abaixei a cabeça.

- Você deve estar com fome.

Ele se levantou e foi até a conzinha, voltou com, uma latinha de coca-cola e algumas barras de cereais.

- Obrigada.

Me sentei no sofa a sua frente e comecei a comer.

- Qual é seu nome?

- Flores vivas calcinadas.

Comecei a rir sem querer.

- O que foi? - ele pareceu preocupado.

- Posso fazer uma pergunta?

- Pode

- Porque vocês tem esses nomes esquisitos?

Ele riu tambem.

- È a tradução no meu nome em outra vida que eu tive.

- Você teve outra vida?, tipo reencarnação?

- È claro, em outro planeta, existe vários outros planetas além desse,

- Legal. Posso te chamar de Cal.

- Por mim tudo bem.

- Bom acho que vou preparar o jantar, já que tenho uma convidada.

Eu me levantei rapidamente.

- Não, não eu não vou ficar.

- Porque não?

- Eu não posso ficar, quer dizer você é um deles e eu sou humana, e alias estou procurando minha irmã.

- Eles pegaram sua irmã?

- Não sei exatamente, ela pode ter sobrevivido, e tenho que ir antes de amanhecer.

- tudo bem então, mas leve algumas coisas para você comer no caminho.

Ele pegou uma mochila e começou a colocar um monte de coisas dentro, e me entregou.

- Obrigada Cal.

- De nada e tome cuidado.

- Pode deixar.




Acordei em um pulo, como se acostuma acordar quando se cai no sonho, olhei ao meu redor e estava silencioso e escuro, por quanto tempo eu havia dormido?, Doc estava deitado em um catre dormindo, e eu também estava, ao lado da Lizzie, eu continuava agarrada em sua mão, alguém provavelmente colocou esse catre aqui enquanto dormia.

Ela continuava a mesma coisa, imóvel, parecendo uma estátua. Deitei em seu ombro novamente, desejando mentalmente que ela volta-se.