A Brilhante Forma do Amor

Cap 24 - Volta, Set-chan!


Konoka acordou às 17h da tarde, finalmente passado o efeito do sedativo que recebera. Asuna, que tinha dormido na mesma cama, ao seu lado, de tão preocupada que ficara, acordou, no susto, com o movimento da outra.

– Você está bem? – perguntou, ansiosa.

– Set-chan já voltou? – disse, ignorando por completo a pergunta de Asuna. Naquele momento, ela só conseguia pensar nisso.

– Eu também estava dormindo. Não sei.

Konoka se levantou, e começou a se vestir. Iria até o escritório do avô naquele mesmo instante. Asuna, que tentara argumentar, logo desistira, compreendendo que nada tiraria aquilo da cabeça teimosa da amiga. Assim, decidira também se arrumar para acompanhá-la.

– Vai ficar tudo bem, Kono-chan. Você vai ver. Set-chan está bem.

Elas foram até o escritório. Konoka caminhava a passos largos, e Asuna praticamente teve que correr para acompanhá-la, ficando sempre para trás.

Mal Konoemon abriu a porta, Konoka o confrontou com várias perguntas seguidas:

– Cadê a Set-chan? Aonde ela está? Ela já chegou? Ela está bem?

O velho tinha uma aparência muito mais triste e preocupada, do que teria deixado escapar pela manhã. Se sentou na poltrona da Direção, suspirou, e respondeu a neta.

– A última vez que eu falei com ela, foi pela manhã, antes de ir te avisar. Disse que abortasse a missão imediatamente, e retornasse para casa.

– E quando ela vai chegar?

– Não sei Konoka.

– Diretor. – Asuna o chamou, educadamente, esperando que Konoemon a encarasse para continuar - Quantas horas são de lá para cá?

– Voando é apenas 1 hora. Entretanto, ela disse não ter forças para voar então, vindo por terra, deve ser por volta de 3 a 4 horas.

Konoka deixou uma lágrima escapar pelo rosto, e se sentou no sofá do escritório. Asuna, ao vê-la se sentar, sentira sua preguiça constante retornar, e decidiu aproveitar o momento para se sentar também. Como era de costume, sentou toda espaçosa, colocando os pés na mesa de centro do escritório, para ficar mais apoiada.

– E como ela estava? O que ela te disse? Por favor, vovô. – pediu Konoka, implorando pela verdade.

O Diretor suspirou profundamente e, com pesar, respondeu. A neta tinha direito de saber... Mas preferiu não dizer tudo, atendo-se apenas ao básico.

– Ela disse que estava muito machucada.

Konoka começou a chorar novamente, só de pensar no que o avô teria lhe dito. Asuna a abraçou, embora sem cuidados, trazendo a amiga para si, em um rápido impulso.

– Eu não vou suportar, Asuna-chan... Não vou suportar... Não posso perder Set-chan. – disse, chorando desconsoladamente, com o rosto sobre o ombro de Asuna, que ainda a abraçava.

Asuna se sentiu estranha ao perceber que uma lágrima extravasara pelo seu rosto, de tão sentida que estava com as palavras e com o desespero de Konoka. Sentira mais uma vez como era incrível a força daquela amizade... Como Setsuna, também era capaz de fazer qualquer coisa pela amiga. Qualquer coisa.

– Vai ficar tudo bem. Você vai ver. Set-chan é forte. Ela vai chegar aqui sã e salva. - começou a repetir tudo novamente, na tentativa de tranquilizá-la.

Algum tempo depois, Konoka se acalmou. Sentiu, dentro de si, que Setsuna iria consegue retornar... Ficou mais calma. Ao perceber uma reação de maior seriedade por parte da neta, o avô tentou, inutilmente:

– Konoka, vá descansar. Vou esperar ela aqui, e assim que ela chegar eu te aviso.

– Não! De jeito nenhum! – interrompeu firme, de modo a não gerar nenhuma dúvida. - Não vou sair daqui até ela chegar.

Passado mais 1 hora, correspondendo às 18h e 30 minutos, Asuna se levantou, parecendo angustiada. Olhou para um lado e para o outro, como se procurasse por algo. O diretor, já imaginando do que se tratava, logo sorriu pela primeira vez na conversa, e falou tranquilamente, apontando para um pequeno eletrodoméstico que se encontrava no canto do escritório.

– Ali tem um pouco de sushi, algumas conservas, e saquê sem álcool.

Mal terminara de falar, Asuna já estava no mini-freezer catando coisas para poder comer, sem vergonha ou cuidado. 15 minutos passados, a ruiva ainda comia, ansiosa, já passando para uma pequena embalagem de sorvete de cenoura e curry que teria encontrado na mini-geladeira. Enquanto isso, os outros dois permaneciam sentados, em silêncio, apenas observando-a comer.

Konoka fechou os olhos e desejou profundamente que Setsuna chegasse logo, e em segurança. Apenas pensava: "Volta, Set-chan! Por favor... Volta pra mim"

Depois de finalmente se alimentar de toda a comida que havia no freezer - às 19h20 já -, Asuna observou Konoka dormindo no sofá, recostada. O avô também, embora sentado na poltrona, também havia cochilado. Percebendo a tranquilidade que advinha daquele ambiente silencioso, e que o estômago recém-satisfeito estaria lhe trazendo, Asuna acabara pegando no sono.

Às 20h e alguma coisa, Konoka ouvira uma fraca batida na porta.
Se levantou, em sobressalto, e quando abriu a porta da Diretoria, vira Setsuna cair em cair em seus braços, desacordada. Antes do desmaio, ela apenas conseguira dizer:

– Kono ..........

Setsuna havia perdido muito sangue durante a viagem, e já estava há muitas horas desidratada. Além disso, precisara caminhar muito, por estar sem condições de voar. Teria passado do limite de suas forças.

– Set-chan! Set-chan! Acorda, por favor! Fica comigo, Set-chan! Por favor!

Os gritos de Konoka que tentavam reanimar a espadachim sem sucesso, alertaram Asuna e Konoemon que se levantaram, e correram para ajudá-la a levantar Setsuna, que estava caída sobre o seu ombro. Juntos, Asuna e Konoemon colocaram a jovem no sofá.

Desesperada, Konoka perguntou, ao ver que o avô estava observando os batimentos e pulsações cardíacas da jovem caída:

– Vovô! Ela vai sobreviver?

O avô estava tão preocupado, e tão sério, que nem respondeu. Simplesmente se levantou, e ligou para a enfermaria do Colégio:

– Mande algum interno imediatamente para cá. Preciso transferir uma aluna, que está muito machucada. E chame um médico imediatamente. Você precisará de um acessoriamento. É um caso grave – disse à enfermeira, em voz tensa, porém firme.


Asuna, sem saber o que fazer, abraçara Konoka novamente, que chorava descompassadamente sob seu ombro, enquanto Setsuna continuava desacordada no sofá.