A Brilhante Forma do Amor

Cap 22 - Visita Inesperada, más notícias aguardam


Konoka acordara, de repente. Teria ouvido um rápido ruído, que logo silenciara. Asuna já tinha saído para entregar jornais. Novamente, ouvira. Notara, era uma batida na porta.

Ainda sonada, levantou, e foi até a porta. Ao abrir, pôde observar uma expressão contente em seu avô.

– Konoka!

– Oi, vovô.

Seu avô lhe deu um breve abraço, uma coisa extraordinária, e se sentara.

– Queria ver como você estava.

Konoka o olhou, finalmente acordando para a realidade. Eram 8h da manhã, em um dia de domingo, o que seu avô estaria fazendo ali, além de acordá-la, obviamente? Ainda mais com uma pergunta dessas, repetira algumas vezes em sua mente: "Ver como eu estou?"...

Nada estava acontecendo como ela gostaria. Sua vida estava virada totalmente ao avesso. Então... Como ela poderia estar? Péssima! Não conseguia dormir direito há semanas, nem conseguia se concentrar nas aulas, e teria tirado pela primeira vez um "B-" (notas entre 6,68 à 7,51) na prova de Feitiços, que recebera o resultado no dia anterior -, além de estar muito magoada com a sua melhor amiga, que também era seu único e verdadeiro amor.

– Fico feliz que esteja bem.

"Bem?!", repetiu novamente em sua consciência, que a cada vez estranhava mais aquela visita repentina.

– Como eu poderia estar bem, vovô? - disse, pasma.

– Você sabe o que quero dizer... - fizera uma pausa, e depois continuara - saudável.

– Eu nem mesmo sei como estou.

O diretor se sentou na cama da garota, que acompanhou seus movimentos, sentando-se ao seu lado.

– Setsuna?

– Não apenas ela, tudo. Minha vida tá virada ao avesso.

– Mas tudo não começou por causa da discussão com ela? - analisou, deixando Konoka um pouco perturbada.

De fato, tudo teria começado depois de Setsuna ter tido a brilhante idéia de ir embora, sem se despedir. E depois tudo haveria dado errado para ela, e estava perdendo a pessoa que mais amava no mundo, por não conseguir perdoá-la.

– Qual a verdadeira razão dessa visita, vovô?

Colocado contra parede, o diretor suspirou. Obviamente não seria essa a única razão de ir visitá-la, uma hora daquelas, em um feriado.

– Só queria te avisar que Setsuna retorna hoje.

– Retorna? Eu nem sabia que ela tinha ido. - mentiu, tentando parecer indiferente.

Obvio que Konoka já havia percebido sua carteira vazia na sala por todos esses dias, e até passara por sua mente que ela teria decidido ir embora para sempre. Mas Asuna logo lhe dissera o contrário, tentando se mostrar displiscente com o comentário. E ela, mesmo escondendo a verdade, sentira um alívio por saber que ainda voltaria a ver Setsuna.

– Bom, sim. Ela foi em uma missão de reconhecimento, tivemos uma complicação, mas felizes acabou sendo bem sucedida.

"Complicações?". Algo na voz do avô lhe incomodara. Ele parecia estar tranquilo, mas ao pronunciar a frase, acabara deixando escapar um vestígio de tensão ainda não superada. Até mesmo o sorriso que todo o tempo estava em seu rosto desde que chegara, desaparecera, provisoriamente.

– Que complicações? - dissera, sentindo uma repentina falta de ar, que culminara em uma forte dor no peito.

– Setsuna está bem, agora.

"Agora?!". Konoka começou a ficar nervosa. Imaginar que algo teria acontecido à Setsuna, e o que poderia ter acontecido, lhe fizera perder os sentidos. E Konoka desmaiou nos braços do avô, que a apoiou durante a queda.

– Konoka?! Konoka?!

O avô continuou lhe chamando por alguns minutos, sem sucesso.

Asuna entrou pela porta, com cara de que não dormira quase nada na noite anterior. Detestava sua função de entregadora de jornais... Acordar 6h da manhã, em pleno domingo, sem ter aula, era realmente desgastante. Morrendo de sono, passara todo o tempo de trabalho apenas sonhando em chegar em casa, e se jogar na cama até o resto da tarde.

Ao dar de cara com uma Konoka desacordada nos braços do Diretor, Asuna se alarmou, acordando de imediato:

– O que ela tem?

– Eu vim aqui contar a ela que Setsuna estava voltando, e...

– Com todo respeito, Sr. diretor, ela não desmaiaria por saber disso, pelo contrário, deveria estar saltitante de felicidade!

– Mas aconteceu uma coisa, e...

Asuna se preocupou. Teria acontecido alguma coisa a Setsuna? Entendeu, imediatamente, a razão do desmaio da amiga. Correu até a cozinha, e pegou uma garrafa de água gelada, e sem delongas, jogou no rosto de Konoka, que despertou no susto.

– Konoka! Você está bem? - perguntou Asuna, sendo observada pelo diretor que ainda estaria levemente chocado pela rapidez e impulsividade de seu comportamento. Já conhecia os instintos da jovem, mas observá-la em ação sempre lhe proporcionava a mesma sensação.

O diretor finalmente despertou do choque, e sorriu para Asuna, que ainda encarava a pálida Konoka, que ainda tentava entender aonde estava, e o que tinha acontecido. Após se lembrar o que acontecera, Konoka se levantou em sobressalto, derrubando o litro de água que estaria escorrendo de suas roupas e de seu rosto, no chão do quarto.

– O que houve com Set-chan? - perguntou, desesperada, virando-se para o avô.

– Calma, minha filha, calma. - tranquilo, o velho tentou acalmar a neta que já estava aos prantos.

– Eu não posso perder minha Set-chan.

– Você não a perdeu.

– Eu posso tá magoada, mas não posso viver sem ela... preciso dela por perto. Não por segurança, mas por sobrevivência... Eu a amo. - Konoka gritava, em meio à soluços e lágrimas, deixando todos que ali estavam preocupados.


Vendo o estado em que Konoka se encontrava, Asuna a segurou. Não como se estivesse a abraçando, mas como se a sustentasse. Aos prantos, Konoka mal conseguia permanecer de pé. Finalmente se sentara no chão, acompanhada por Asuna, que finalmente pôde abraçá-la.

– Konoka, Setsuna está bem agora, e já está voltando pra casa. Só houve complicações, mas no fim, deu tudo certo. - disse, tentando acalmar Konoka, mas o resultado foi exatamente contrário.

– Kono-chan, você ouviu seu avô. Está tudo bem com Set-chan. Ela já está voltando para o colégio... Se acalma... Você não a perdeu, ela está voltando... Voltando pra você. Kono-chan!

Depois de alguns minutos, Asuna finalmente conseguiu acalmá-la. O diretor dera um pequeno sedativo para Konoka, que pôde dormir até a chegara de Setsuna.

E Asuna finalmente pôde virar-se para o Diretor, ali parado, para colocá-lo contra a parede:

– O que aconteceu com Set-chan?

O diretor explicara com detalhes o acontecido, e Asuna se irritou.

– Se era tão perigoso, por que você não me mandou acompanhá-la? E Negi?

– Não sabia que seria perigoso. - respondera, sentindo-se ofendido. - Eu nunca iria arriscar a felicidade de minha neta, se tivesse a menor dúvida que fosse. Mais do que ninguém, sei o quanto Setsuna é importante para ela.

Asuna pensara, o diretor tinha razão. Embora isso não justificava o perigo que Setsuna teria corrido.

– Da próxima vez que as informações forem muito imprecisas, mandarei um exército preparado acompanhá-la. Incluindo você, obviamente.

Asuna poderia até ter se emocionado com a palavra "Preparado". O diretor não era do tipo que dava elogios, então qualquer adjetivo positivo ouvido, era uma honra para os alunos. Entretanto, naquele momento, Asuna não conseguira pensar em mais nada, a não ser no que acontecera.

– Agradeço, diretor. - apenas, disse.

Asuna ficara emocionalmente abalada. Se preocupara por Setsuna, e por Konoka. Se algum dia algo acontecesse à espadachim, ela sabia agora o efeito que causaria na melhor amiga.

Nunca havia visto Konoka tão transtornada.