A Brilhante Forma do Amor

Cap 06 - A Surpresa no Escuro da Noite


Setsuna estava perdida em seus pensamentos, enquanto esperava por sua amada. Ela sentira a garota estranha por toda a tarde, depois do fantástico reencontro que tiveram. Não poderia esperar nada mais romântico, do que todo aquele tempo apenas abraçadas, e se acariciando. Setsuna estava confusa, de certa forma, todo aquele carinho e desespero lhe parecera muito além de uma simples amizade. Porém, a razão da garota, querendo fugir da verdade exposta em sua cara, imaginava se Konoka não estaria com algum problema, e usou o apoio da garota, ao finalmente reencontrá-la.

"De uma forma ou de outra, eu estou muito feliz. Pude ter minha Kono-chan nos braços... Por tanto tempo."

– Se-chan...

Setsuna pulou da grama assustada, e bateu a cabeça na árvore, ao sentir a doce voz de sua paixão sussurrando ao seu ouvido.

O plano de Asuna começara a fazer efeito. Konoka sorria para Setsuna, que simplesmente estava roxa de tanto constrangimento por sua própria reação.

"Você está tensa, Setsuna... Se acalme... Você está bem... Olha para ela... Como está linda..."

A garota começou a retornar para si, quando observou. Konoka estava especialmente linda essa noite. Parecia estar no mesmo estilo de sempre, porém algo em seu rosto lhe chamou a atenção. Nunca a vira tão animada.

– Set-chan...

– K-k-kono...

Konoka se jogou nos braços de Setsuna, que caiu no chão, levando ela consigo. As duas estavam no chão, uma olhando para a outra. O sorriso de Konoka não havia saído momento algum, enquanto Setsuna achava tudo cada vez mais estranho, e parecia cada momento mais assustada.

Konoka ria por dentro. Ela observara Setsuna nervosa.
Parecia que Asuna estava realmente certa.

"Se-chan me ama!"

Konoka ainda se encontrava por cima de Setsuna, já que quando esbarrou na garota, esta, para protegê-la da queda, jogou-a contra seu corpo, para amaciá-la no momento do baque. Ela não se mechera momento algum, e simplesmente permanecia sorrindo, mas encarando-a todo o tempo. A espadachim estava tão surpresa e constrangida que não podia se mover. Principalmente agora, vendo os lábios de sua amada a centímetros de distância.

– Gostei de ficar aqui. Deitada sobre você. Hm... - A garota foi se aconchegou na barriga de Setsuna, enquanto esta se estremecia com o toque de suas mãos. - Vamos ver as estrelas, Se-chan?

Setsuna não conseguiu responder. Ter a amada tão perto assim, quase a sufocava.
Ela desejava beijá-la, abraçá-la, mas não podia. E Konoka parecia estar tão estranha, isso a preocupava ainda mais.

– Está tudo bem... Se-chan?

– E-está sim... Como foi a sua tarde? - Respondeu Setsuna fazendo um esforço para sair do transe em que se encontrava.

Konoka suspirou, e se aconchegou ainda mais em seu corpo.
Mudou rapidamente de assunto.

– Não melhor que a minha manhã... mas tudo correu normalmente. Sabe, Se-chan...

– Hm?

– Você sentiu minha falta?

– S-sim...

Konoka precisava mecher com os sentimentos da sua amada. Precisava deixar Setsuna com ciúmes. Sentiu que precisava de uma cobaia, e acabou usando Asuna.

– Sabe, quando você viajou eu me senti muito... sozinha. Colei em Asuna.

– Natural, ela também é sua amiga.

"AAAH! Setsuna, sua Baka! Sinta ciúmes de mim...", pensou levemente aborrecida.

– Sim... - Konoka reprimia o desgosto com um sorriso. - Teve um dia que estava fazendo muito frio... e tinha trovoadas...

Konoka se estremeceu, Setsuna sentiu o movimento involuntário da garota, e acariciou seus cabelos. O seu olhar imediatamente suavizou, e ela continuou.

– Precisei muito de você... Para me proteger... e ficar comigo...

Setsuna ouvia quase admirada. Parecia que Konoka estava se declarando, mas ao mesmo tempo sua voz tinha um tom tão inocente que ela rejeitava a primeira opinião que advinha do seu coração.

– Eu só me sinto segura com você, mas...

Setsuna de repente estalou.

– Nesse dia...

Esperou que ela continuasse, não sabia por que, mas imaginou que não gostaria do que seria dito a seguir.

– Eu tava com muito medo e...

Seu coração batia mais forte, e Konoka, por estar sobre ele, sentia toda a tensão no corpo da moça. Ela levantara a cabeça, ficando de frente a Setsuna. Precisava olhar em seus olhos, senão não funcionaria.

– Asuna perguntou se...

A garota tinha um olhar curioso. Konoka não mais conseguia observar uma tensão na moça, porém ficou evidente a reação negativa aos seus próprios pensamentos, quando ela elevou uma sombrancelha no seu rosto sério.

– Se eu queria dormir com ela.

A última cartada foi jogada. Setsuna estava chocada. Não conseguia nem pensar no que dizer. Ela não podia acreditar que ouvia isso de Konoka, e nem desejava mais ouvir o restante. Sua mente vil, agora imaginara milhões de desfeichos para a história, mas todos desfavoráveis para ela. Porém, seu choque foi brevemente cortado, com as novas palavras da moça.

"Asuna... Konoka... Dormiu... Com ela? Será que...? Será... Minha Kono-chan? Não... Não..."

– Eu aceitei, tava com muito medo...

Konoka pôde perceber uma lágrima se formar nos olhos da garota.
Em uma voz quase suplicante, Setsuna lhe perguntou.

– E-e o que aconteceu?

Konoka lhe sorrira, tirando a expressão séria do olhar que continuava encarando-a por todo o tempo.

– Nada. Ela me abraçou, eu consegui me acalmar. Nós dormimos...

Setsuna parecia aliviada. Seu sorriso, ainda que um pouco nervoso, aparentava isso.
Konoka continuara com o plano. Estava saindo tudo como Asuna imaginara.

– Sabe o que foi estranho?

Sua voz séria novamente congelou Setsuna, que conseguiu no máximo fazer um grunido em lugar de resposta.

– Eu pensava em você... todo o momento... Eu queria... você, ali. No lugar dela.

Setsuna não se moveu. Konoka fizera silêncio, e voltou a se aconchegar em Setsuna. Tinha jogado todas as suas cartas, e acabara de se declarar indiretamente para ela. Agora era esperar por sua reação.

...
Alguns minutos se passaram. O silêncio tomara conta do local. Setsuna voltara a respirar finalmente. Apesar de ainda confusa pelo que Konoka quis dizer, ela sentia-se aliviada por não ter acontecido nada entre ela e Asuna.

"Mas que loucura é essa que estou pensando! Claro que não haveria nada entre elas... E... por que ela pensaria em mim... logo ali... naquela circunstância... O que ela...? Será que... Será que ela quis me dizer que...?"

Seus olhos de repente procuraram pelos de Konoka que estavam praticamente apoiados em sua barriga. Ela tirou algo do bolso.

– Kono-chan. Eu gostaria que você ficasse... com isso.

Konoka se alertou de repente. Estava tão macio e quente a sensação de estar próxima ao corpo de Setsuna, que se afastar para encará-la lhe pareceu um doloroso esforço. Porém, ao ver uma pequena caixa azul na mão de Setsuna, ela a encarou. Setsuna sorria docemente, e lhe fez um carinho na face, com a outra mão. Konoka retribuiu o seu sorriso, e pegou o presente.

– O que é isso? - Exclamou de tanta curiosidade.

– Abra.

– Diz... - Suplicou a maga.

– Abra...

Konoka tomara coragem para abrí-la. Era uma pequena jóia que teriam visto à uma semana atrás quando partiram para um passeio. Ela reconhecera imediatamente, e sorriu para Setsuna.

– Você lembrou? - Setsuna lhe respondeu apenas com a cabeça.

Konoka deitou sua cabeça sobre ela, mas antes lhe deu um beijo na barriga. A pele de Setsuna ferveu ao sentir mais aquele toque.

– Ei, Sechan!

– Que?

– Dorme comigo hoje?

– Que?! - Gritou a espadachim, tamanho o susto. Nem imaginara o que Konoka iria falar, e definitivamente não esperava por isso. - E-e-e-e-eu... e-e-e-e-eu n-n-não sei...

Enquanto Setsuna se movimentava freneticamente, repetindo as vogais na mesma palavra em seu gaguejar, Konoka apenas sorria. Lembrara do momento da cozinha, com Asuna. Ficara tão nervosa ao dar-se conta de seus sentimentos pela sua protetora. Entretanto, agora ela estava bem. Sentia-se como se não pudesse amar nenhuma outra pessoa. A espadachim sempre fora tudo para ela, não havia espaço para ninguém mais em seu coração.

– Dorme? - suplicou, com uma expressão quase angelical no rosto.

– T-tá, eu durmo. - Setsuna era incapaz de recusar um pedido da sua protegida.

Konoka deitou na grama ao lado de Setsuna, se aproximando para aconchegar-se sobre uma parte do braço e ombro direito da espadachim, ainda encarando-a. Queria forçar uma aproximação, e provocar ainda mais a amiga, que paralizara, totalmente vermelha, com a proximidade dos olhos que a observava.