A Brilhante Forma do Amor

Cap 03 - O Emocionante Reencontro


\"Hoje Setsuna retorna!\"

Exclamara Konoka animando-se ao acordar, lembrando-se do que disse seu avô no dia anterior, e esquecendo o medo de ontem à noite. Virou-se para Asuna que ainda dormia em sua cama, e por um segundo quase a chamou, pensando que estivesse atrasada para o seu trabalho de entregar jornais.

\"Ah, hoje ela está de folga!\"

Konoka observou de repente a aparência tranqüila de Asuna que ainda permanecera com as mãos na posição de um abraço. Ao sair, Konoka havia trocado seu corpo por um travesseiro, na esperança dela não acordar com seu movimento. Dera certo, e Asuna parecera um anjo dormindo.

Konoka a agradeceu internamente pelo que fez. Agora que o susto passara, e seus pensamentos retornavam aos poucos ao seu normal, ela se lembrara que Asuna nunca teve medo de trovoadas. E, facilmente, ligando os fatos, dera conta de que Asuna fez aquilo provavelmente por saber do seu medo, e para ajudá-la, por saber que ela estaria ainda mais fragilizada com a partida de Setsuna, e que isso a deixaria muito mais assustada.

\"Set-chan!\"
Pensar na garota lhe rendeu um lindo sorriso. Konoka não via a hora de tê-la em seus braços. Estava com tanta saudade da amiga, que seu coração se excitava apenas em lembrar seu nome.
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A maga levantou-se imediatamente e foi para a casa de banho, onde curiosamente não havia garotas lá. Mas, em seu íntimo, ela ficou feliz. Iria ficar sozinha pela última vez antes da sua protetora chegar. Inconscientemente, ela queria se preparar para encontrar Setsuna. Queria ficar bonita. Queria ficar cheirosa. A inocência da garota fez com que ela não se desse conta disso, porém, em seu íntimo, a sua vontade era a de pular no colo de Setsuna assim que a visse.

E, por um instante, esse pensamento veio em sua mente. Imagens embaralhadas de Setsuna sorrindo, corada, lhe fez tremer instantaneamente.

\"Ela é tão fofa\"...
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Konoka estava tão distraída na casa de banho, que nem percebeu dois olhos escuros atrás dela, a observando.

Era Setsuna, que havia chegado mais cedo. Ela observava atentamente os passos da amiga, mas algo lhe impedia de ir até ela. Tinha medo.

\"Falar com ela agora nesse estado, talvez não consiga me segurar\"

Setsuna permanecera parada. Ela tivera tanta saudade. Sua Ojou-sama era essencial para ela. Se via observando-a em seus mais inocentes movimentos, sem sentir nada além de uma emoção extrema.

\"Estava realmente precisando ver novamente aquele sorriso\", pensou Setsuna ao observá-la sorrir lindamente.
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Um estrondo foi escutado e, de repente, Konoka se virou.

Setsuna, sem perceber, havia pisado em uma bola de pelos brancas tarada, que agora estava desacordada. Era Kamo, que se escondera para observar a garota tomando banho. Em sua excitação, nem percebera a presença de Setsuna.

Konoka paralisara de emoção olhando para a melhor amiga, e perdera a noção de tempo e espaço. Não sentira nem constrangimento pela situação em que se encontrava. O susto com o barulho já havia passado, e a grande alegria que as duas sentiam por se reencontrarem fez com que se esquecessem do arminho desmaiado no chão. O coração da maga pulava em seu peito, e ela não pôde fazer outra coisa senão se jogar nos braços da amiga. Enquanto Konoka vinha até ela, Setsuna não pôde deixar de reparar em sua silhueta perfeita, bem visível com ela apenas de biquíni.

\"Biquíni?!\"

De repente, Setsuna rezou aos céus por Konoka não estar nua naquele momento; mas não pôde deixar de ficar envergonhada assim mesmo. Os pensamentos indecentes que lhes passaram pela cabeça a fez corar instantaneamente, e ela apenas abriu seus braços para receber Konoka.

Sua vida poderia acabar naquele instante. Sentira uma felicidade plena, uma mistura de sensações novas e inesperadas, quase mágicas. Era a pessoa mais feliz do mundo, apenas por sentir aquele abraço quase que desesperado de sua amada. Konoka a abraçava com cada vez mais força, e jogou seu rosto de qualquer jeito por cima do ombro de sua Set-chan. Sua respiração estava cada vez mais ofegante , e ela se limitara a inalar o perfume da espadachim, enquanto a segurava forte contra seus braços.

O rosto de Konoka não estava vermelho, mas em compensação seu sangue estava fervendo. Ela não conseguira evitar ter consciência das sensações que Setsuna lhe provocava. Ela começara a se dar conta do seu desespero para abraçá-la, e da sua felicidade por estar nos braços de sua protetora. Era um sentimento forte demais para ser expressado em idéias e palavras, por isso, ela simplesmente decidira deixá-los de lado, se concentrando apenas no abraço.

As duas estavam muito próximas uma da outra, e sempre que Setsuna, temendo a própria reação, tentava se afastar um pouco dela, quase que involuntariamente, Konoka a trazia ainda mais para ela.

Sentir o corpo de Konoka tocando no seu, foi uma experiência incrível para a espadachim. Seu cérebro parou de lhe mandar informações do tipo \"Está errado o que você está fazendo! Você não devia estar tão próxima a ela. Se comporte! Você quer beijá-la... Mas não deve... Não faça!\", e a garota entrara em transe, apenas sentindo as sensações que emanavam do corpo de sua amada.

O abraço durou uma eternidade. Elas não queriam se separar, e mesmo quando Setsuna tentava, seguindo as ordens de sua consciência já profundamente abalada pela proximidade, Konoka a puxava de volta, afundando ainda mais seu rosto no ombro de sua Set-chan. A maga estava anestesiada, sentir aquele aroma tão familiar vindo do corpo de Setsuna lhe acalmava. Era delicioso, a ponto de fazê-la perder a consciência por alguns instantes.
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Asuna, acordara, e sentindo-se sozinha no quarto, resolveu procurar Konoka. Imaginava onde ela estaria, e foi ao seu encontro. Também não queria deixá-la sozinha, enquanto Setsuna não voltasse. A sentia tão deprimida, que lhe doía o peito. Konoka realmente amava a espadachim.

Seus pensamentos foram cortados bruscamente, ao observar a cena na casa de banho. Setsuna estava absolutamente em transe acariciando suavemente os lindos e longos cabelos negros de Konoka, que estava abraçada nela, e com o rosto afundado nos ombros da garota. Asuna observara, admirada. Ela, que nunca desejara um relacionamento, nunca imaginou que uma cena desse tipo pudesse lhe parecer tão maravilhosa.

Konoka estava tão linda, demonstrando uma grande tranqüilidade em sua expressão facial. \"Ela finalmente pode estar com a sua Set-chan\", pensava Asuna, sentindo-se verdadeiramente feliz por sua melhor amiga. O olhar de Asuna, então, correu para Setsuna, que aparentava uma grande emoção sentindo o suave toque de Konoka, que agora acariciava as suas costas, ainda com o rosto enfiado nos seus ombros.

De repente, Asuna se deu conta do quanto admirava o casal que estava ali, abraçados.

- Ei, onee-cha... - Um pequeno sussurro fez com que Asuna tremesse até a espinha de susto. Por sorte ela pôde calar-se a ponto de não atrapalhar o casal que observava.

Ao ver o pequeno arminho com o rosto de quem estava aprontando, aproximou-se já com o pulso fechado, apertando-o contra a orelha do animal.

- O que você está fazendo aqui? - Disse Asuna demonstrando sua irritação mesmo que em um sussurro.

- Eu estava observando a Konoka-onee-chan tomar b... - Disse o arminho excitado com o que presenciara, demorando para notar o olhar mortífero que acabara de surgir em Asuna.

Kamo foi agarrado por Asuna que apertava o arminho em suas mãos, sem a mínima pena.

Após cansar-se do ato, ela se sentou, ainda prendendo o arminho em suas mãos, para observar o reencontro das duas amigas.

Konoka estava acariciando o rosto de Setsuna, apesar de continuar com o rosto enterrado contra seu corpo, mas dessa vez seu rosto estava corado. Asuna riu ao perceber os sentimentos da moça expressos em seu olhar envergonhado. Setsuna ainda permanecia imóvel, apenas segurando mais forte a amada, que tinha seu corpo colado no dela.

Kamo, sussurrando, dessa vez com uma seriedade na voz, disse.

- O que passa com elas, onee-chan?

Asuna pensou por um momento se deveria responder. Kamo era um arminho descarado, mas era confiável, e sabia que ele entenderia seja o que fosse que ela o dissesse. Com a voz ainda confusa, disse.

- Não é óbvio? - Kamo sorriu docemente para ela. Sua expressão ainda era serena.

- Elas estão apaixonadas?

Asuna respirou fundo, e acenou com a cabeça. De repente, ouvir aquelas palavras a pegou de surpresa. Já haveria dito e as pensado muitas vezes, mas era a primeira vez que ouvira alguém dizer os reais sentimentos de Konoka e Setsuna.

- Sabe, onee-chan... elas parecem se gostar mesmo. - O arminho respondera sua própria pergunta.

Asuna observava as garotas, ainda admirada. Era tanto carinho, tocavam-se, inocentemente, e sem parar, apenas evitando o olhar da outra. Toques sutis. Toques carinhosos. Toques suaves... Toques que as faziam mais dependentes uma da outra. Nenhuma das duas queriam se afastar do abraço. Mas já tinham ficado tempo demais... As duas sentiam, e se envergonhavam. O que iriam dizer ao se olhar nos olhos? Após tanto tempo abraçadas...
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De repente o Kamo foi ameaçado por um olhar assassino de Asuna, que acabara de lembrar quem assistia a cena, de ousado. Ela apenas o puxou, segurando sua boca para que não gritasse. Assim que saíram do local, Asuna lhe disse irritada, mas ao mesmo tempo aliviada, podendo finalmente recuperar a voz:

- O que você estava fazendo observando a intimidade das duas, seu arminho safado?!?!

- E você tava observando as duas por que?! - Disse corajosamente o animal que foi arremessado para o outro lado do corredor, sem dó nem piedade.

Asuna agarrou-o novamente antes que ele fugisse em direção à casa de banho novamente.

- Seu arminho safado! Nunca mais observe as meninas tomarem banho!!!!