Ajude-me se você puder, estou me sentindo desanimado

Eu gostaria de ter você por perto

Ajude-me a colocar meus pés de volta ao chão

[...]

Quando eu era jovem, muito mais jovem do que hoje

Eu nunca precisei da ajuda de ninguém para nada

Mas agora esses dias se foram...

Help – Beatles.

P.O.V Doutor

–Doutor... Doutor.... Eu tenho uma mensagem para você...

–Q-Quem está aí? – Eu estava perdido, perdido. Não sabia aonde estava, e nem poderia me situar de maneira alguma, pois ao redor não havia nada, nada além da escuridão e dela.... Ela uma mulher de cabelos negros que iam até depois dos ombros, usava um vestido de um roxo profundo cujo corte lembrava uma toga grega e uma máscara branca, julgando pelos fatos era uma profetisa.

–Doutor... – Ela chamou novamente.

–Qual o seu nome?

–Iya.

–Iya... Se queria falar comigo poderia ir pessoalmente, não precisava mandar aqueles encapuzados.

–Eu tenho uma mensagem para você...

–Então diga.

–E para sua humana. – Congelei, por um segundo não pude raciocinar, não podia falar, mas esse momento logo se foi.

–O que isso tem a ver com Rose?

–Vocês dois, tem muito a ver com esse universo, no momento em que ela conseguiu segurar, em que não foi sugada por sua invenção a linha do tempo dos dois e do universo em si foi alterada e isso trará consequências.

–O que quer dizer com isso? Quais consequências?

–Um homem, o último de sua espécie, ele vai encontrar uma entre bilhões no espaço e no tempo, ela é a criança valente, ela é esperança, começará com respeito, cumplicidade, amizade, a história tentará separa-los, mas eles já não podem mais ser separados, isso se tornará algo mais, oh sim, algo mais, o amor deles queimará como as estrelas no céu, os anjos pararão de chorar, as estrelas irão apagar, e os corpos sairão de seu lugar, e nesse dia, esse amor vai decidir o destino de todos nós, ao fazer a escolha errada uma praga será lançada no universo, ela queimará sois, destruirá planetas inteiros e terá escravos por todas as galáxias, ela destruíra tudo que estiver em seu caminho, ela não pode ser parada, sempre voltará nos momentos mais sombrios e nada pode impedi-la de voltar de novo e de novo, até o fim...

–Que escolha? Do que está falando?

–Ah.... Mas tem outro caminho... Sempre tem...

–A escolha certa?

–Nessa profecia não há escolha certa, tomando essa o último da espécie morrerá, o universo chorará, pois, seu protetor agora descansa na sombra da morte, dando lugar ao medo e a escuridão que seus inimigos irão causar. – Engoli seco.

–O que?

–Boa sorte, Doutor. – A voz dela tomou um tom sarcástico incrível ao dizer ''Doutor''.

Ela sumiu, eu fiquei apenas contemplando a escuridão deixada para trás pela mulher supostamente chamada de Iya. Mas de repente ouvi um gemido vindo de trás.

–Doutor... Me ajude, por favor, me ajude... – Virei para trás rapidamente, e vi Rose se arrastando no chão, horrivelmente machucada, e sangrando muito.

–Rose...

–Você fez isso comigo Doutor, foi você, é sua culpa...

–Não, eu.... Eu...

–Por que não me deixou ir Doutor? Eu queria ir. É sua culpa, é tudo sua culpa, por onde quer que vá pessoas morrem, por sua culpa.

–Rose... – As lágrimas desciam de meus olhos, eu chorava desesperadamente sem poder fazer mais nada diante daquela situação.

–Não ouse chorar minha morte, é tudo sua culpa. Olhe para as minhas mãos, estão encharcadas de sangue, eu estou morrendo, e isso.... Isso foi sua culpa.

...

Levantei com um espasmo, estava coberto de suor e de dúvidas, meus corações estavam acelerados e eu respirava pesadamente, passei as mãos por meus cabelos tentando acalmar-me, todo esse sonho, se é que posso chama-lo assim, foi extremamente confuso, a mulher, a profecia, e Rose... Oh Rose, meus corações aceleraram ainda mais ao pensar em suas palavras, como elas queimavam. Ouvi três batidas na porta.

–Doutor. Está tudo bem com você?

–E-Eu estou bem Rose.... Está tudo bem.

–Posso entrar?

–Claro, espere, vou só vestir uma roupa. – Vesti uma camiseta cinza que estava jogada no chão do quarto. - Pode entrar.

Ela estava de pijamas, era um short rosa e uma camisa branca.

–Você está realmente bem?

–Eu estou. – Menti.

–Isso é um código secreto dos senhores do tempo para “Estou desmoronando e preciso de um abraço. ”?

–Talvez. – Ela não disse mais nada, muito menos eu, Rose apenas ficou na ponta dos pés evolveu meu pescoço com seus braços me apertou contra seu corpo, escondi minha cabeça em seus ombros, talvez por vergonha de mim mesmo, talvez por estar com medo do meu sonho, não sei, apenas fiquei ali com ela sentindo a sensação daquela humana pressionando nossos corpos juntos, me transmitindo parte de sua calma, até que eu me estabilizei então ela se afastou e olhou fundo nos meus olhos.

–O quer que tenha sido, era só um pesadelo, não era real. – A mão dela acariciou gentilmente meu rosto.

–Senhores do Tempo não tem pesadelos. – Retribuí o toque pondo minha mão sobre a sua.

–Então senhores do tempo gritam o nome de suas companheiras á noite por diversão ou o que? – Virei minha cabeça sentindo o calor que subia para minhas bochechas, mas ela usou sua mão para me fazer fita-la novamente.

–E-Eu estava gritando?

–Estava.

–Te acordei?

–Eu não estava dormindo.

–Você tem insônia?

–Às vezes. Principalmente quando o homem com quem viajo não me diz o que está acontecendo.

–Eu já disse que eu mandei os encapuzados em bora.

–Mas não disse o que eles queriam.

–E isso importa?

–Sim.

–Não.

–Eu disse que importa.

–E eu disse que não, o que você faz acordada ás... 3:00 da manhã? – Perguntei depois de olhar para o relógio ao lado de minha cama.

–Eu já disse, não consigo dormir, eu tenho... Pesadelos. Coisa que diferente de certos senhores do tempo não tenho vergonha de admitir.

–Que tipo de pesadelos? – Perguntei ignorando a menção ao meu.

–Eu.... Eu não me lembro muito bem.

–Tente. – Ela fechou os olhos e respirou fundo.

–Tem.... Tem o céu estrelado numa pequena aldeia, tem pessoas, tem criaturas que eu nunca vi antes, estão conversando, brincando, é lindo estrelas, muitas delas, é a noite estrelada mais bonita que já vi...

–Se isso é pesadelo quero conhecer seus sonhos.

–Mas então as estrelas começam a apagar, uma por uma, cada vez mais rápido, e aí tem essa luz, uma luz amarela... Bad Wolf, está escrito com estrelas.... Ela começa a ficar ao redor de tudo.... Brilha muito.... As pessoas estão com medo de mim, estão correndo, eu não tenho mais controle do meu corpo, eu estou queimando a aldeia, e a luz está queimando meu corpo .... Isso doí. – Ela fazia um esforço descomunal para falar aquelas palavras, como se cada palavra levasse de volta para o sonho.

–Rose, está tudo bem? Olhe para mim. – Coloquei minha mão em seu rosto fazendo-o ficar de frente para o meu.

–Eu não posso, não consigo abrir meus olhos.

–Concentre-se na minha voz.... Você não está lá, está aqui comigo, e está tudo bem.

–E-Está tudo bem. – Ela repetia.

–Bom... Muito bom, agora abra seus olhos.

–Doutor eu não consigo.... Me ajude.... Por favor me ajude, está doendo, está queimando meu corpo, isso doí.... – Ela emitiu um grito de pura dor, o que me deixou ainda mais desesperado, busquei pela parte de minha mente que sempre se mantem sã independentemente da situação, a parte cheia de si que sempre acredita na vitória.

–Rose, concentre-se, por favor, eu estou aqui.... Eu sou real... Essa dor não é, ela não existe fora de sua cabeça, não há aldeia nem fogo.

–N-Não h-há aldeia n-nem fogo. – Ela repetiu.

–Bom, muito bom agora escute. Contarei até três e então você abrirá seus olhos, conte comigo... 1...

–1.

–2...

–2

–3.

Ela conseguiu abriu os olhos, mas não foram seus olhos avelã que vi, e sim um par de orbes amarelas brilhando sinistramente, um assustador amarelo que lembrava ouro sendo fundido.

–Você não pode me deter Doutor, eu vou voltar. – Não era sua voz, era uma voz dupla estranha. Mas de repente ela piscou e seus olhos mudaram para a cor normal.

–A dor parou, obrigada Doutor. – Resolvi não dizer a ela o que aconteceu, não queria preocupa-la então apenas sorri como sempre fiz.

P.O.V Rose.

–O que foi isso?

–Eu não sei.

–É melhor ficar aqui essa noite. Não preciso dormir mais, pode ficar na minha cama para o caso de ter outro pesadelo como esse, não quero que aconteça enquanto você esteja longe de mim, pode ser perigoso.

–Então vai ficar me olhar dormir? – Disse enquanto me cobria em sua cama e ele se sentava numa poltrona marrom ao lado da cama, ele sentou com as pernas abertas apoiando os cotovelos nos joelhos e segurando a cabeça entre as mãos olhando para mim.

–Nha.

–E o que vai fazer?

–Não sei.

–Mas eu não estou com sono, me conte uma história.

–Que tipo de história?

–Me fale do seu planeta. – Eu não deveria ter falado isso, no momento que fiz esse pedido seu sorriso sumiu. -M-Mas não precisa se não quiser. – Disse tentando me retratar.

–Eu te conto. Ah, você tinha que ter visto aquele velho planeta, o segundo sol raiva no Sul e as montanhas podiam brilhar. – Ele sorria enquanto falava, mas era um sorriso dolorido, aquele tipo de sorriso que só serve para segurar as lágrimas. -As folhagens das árvores eram prateadas, e no amanhecer pareciam com uma floresta em chamas, no outono o vento soprava por entre os galhos como uma canção, haviam pastos de grama vermelha, espalhados por declives, costumava correr por aqueles pastos o dia inteiro, apenas gritando pelos céus...

–Parece lindo.

–E então veio a guerra... Ah Rose, eu perdi tanto, eu tinha uma família, eu era pai e avô, perdi tudo na guerra, eu me tornei um assassino, matei muitos, me tornei inteligente, e comecei a manipular pessoas para que elas matassem a si mesmas, tenho um oceano sem fim de sangue nas mãos, você não vê? Sou um assassino, como você pode ainda querer estar ao meu lado?

–Eu não vejo isso quando te olho Doutor.

–Não? E o que vê? Tudo que eu vejo no espelho toda manhã é um genocida, Senhores do Tempo não tem pesadelos, nós temos algo muito pior, temos nossas memórias, elas são mais assustadoras que qualquer pesadelo.

Levantei-me da cama e parei em pé a frente dele.

–De pé.

–O que?

–De pé. – Ele me obedeceu um pouco relutante.

–Deixe-me ver seus olhos. – Ele obedeceu. –Sabe o que vejo no fundo dos seus olhos?

–Não.

–Eu vejo um homem extremamente ferido por os fantasmas do seu passado, dor, tanta dor, mas também vejo alguém muito leal, que nunca abandonaria os seus amigos, e que moveria galáxias para ajudar alguém que precise, não me importa nem um pouco seu passado, afinal, quem não tem esqueletos no armário?

–Você é humana e jovem, muito jovem, o que pode saber sobre esqueletos no armário?

–Beem... Eu tirava umas notas horríveis na escola, tive péssimos namorados, babacas na maioria, briguei muito com minha mãe e fugi com um estranho orelhudo que explodiu meu emprego. – O fiz sorrir com minha resposta, o que foi bom.

–Isso é terrível senhorita Tyler, você é uma má, má garota, precisa de uma punição.

–Ah é? E o que você vai fazer a respeito?

–Eu vou.... – Me telefone começa a tocar.

–É melhor atender.

–Alô?

–Rose?

–Ah, oi Jack, o que houve?

–Eu não posso ligar só para dizer um oi?

–Eu e o Doutor não somos pessoas para quem se liga para dizer um ''oi''.

–Me pegou. Bem, tem esse planeta... Signus.

–Sim?

–Eu estava viajando por aí só de passagem, e então eu passei por lá com alguns capitães e eles voltavam de lá meio que num estado de loucos.

–E você quer que a gente vá checar?

–Eu até voltaria lá, mas é que eu conheci uma...

–Me poupe dos detalhes sórdidos, vamos dar uma olhada.

–E você e o Doutor vocês já...?

–Cala a boca.

Eu desliguei na cara dele.

–O que Jack queria?

–Planeta estranho chamado Signus, e problemas.

–Parece música para os meus ouvidos.

–Mas aonde estávamos?

–Ah sim, você foi uma má garota, fugindo com estranhos?

–Um completo estranho, não sabia nem seu nome, se bem que ainda não sei.

–Hummm... Você merece a punição máxima por isso. – Ele disse me fazendo cosquinhas.

–E-E-EI! P-P-PARA COM ISSO!

–Só se você disser ''O Doutor é incrível e tem um cabelo lindo''.

–TUDO BEM TUDO BEM! O Doutor é incrível e tem um cabelo lindo. – Eu disse o mais baixo que consegui.

–Não ouvi! De novo por favor. – Ele disse fazendo mais cosquinhas.

–O DOUTOR É ÍNCRIVEL E TEM UM CABELO LINDO! O DOUTOR É ÍNCRIVEL E TEM UM CABELO LINDO!

–Muito bem. – Ele disse sem parar a punição.

–PARA! EU JÁ DISSE.

–Qual a palavrinha mágica.

–POR FAVOR PARA POR FAVOR!

–Como você pediu com educação e eu sou um senhor do tempo misericordioso sua punição acaba aqui por enquanto.

–Odeio você! – Disse ofegante e vermelha.

–Você me ama e sabe disso. Mas e então quando vamos ao planeta?

–Hummm... Que tal agora?

–Mas não seria melhor você descansar um pouco?

–Estou sem o mínimo sono.

–Então... Allons-y Rose Tyler. – Ele agarrou minha mão e saímos correndo juntos como sempre.