E eu desistiria da eternidade para tocá-la

Pois sei que você me sente de alguma forma

Você é o mais próximo do paraíso que chegarei

E eu não quero ir para casa agora

E tudo que eu posso sentir é este momento

E tudo que eu posso respirar é sua vida

Porque mais cedo ou mais tarde isso acabará

E eu não quero sentir sua falta esta noite

Íris- Goo Goo Dolls



P.O.V Rose.

‘’Então é isso, acabou se foram, todos se foram’’

Pensava tristemente, é claro que essa tinha sido minha escolha, ninguém me forçou a voltar e vir atrás do Doutor, fiz por vontade própria, mas isso não ameniza a dor de nunca mais ver minha mãe, Mickey, ou Pete, que mesmo não sendo meu pai de verdade é importante, esse pensamento fez com que escorresse uma lágrima de meu olho direito, solidão é assim? É horrível. Foi assim que o Doutor se sentiu por todo esse tempo? Como se lida com isso? Como faço para essa dor ir embora? Abaixei minha cabeça e deixem que as lagrimas rolassem do meu rosto até o frio chão de mármore. Aquilo doía mais do que imaginei que iria.

Levantei a cabeça ao sentir alguém entrelaçar os dedos em minha mão direita. Primeiro fiquei assustada, a mão estava muito quente, ou será que eu estava muito fria? Talvez algum dia eu saiba, mas por hoje isso não importa.

A mão era do Doutor, meu Doutor, aquele por quem deixei tudo que um dia ousei conhecer. Ele olhou para mim, seus olhos expressavam um claro ‘’sinto muito’’, balancei minha cabeça negativamente, não era culpa dele, eu escolhi ficar, ele nunca me obrigou a nada, ele abriu a boca para falar, balancei minha cabeça negativamente de novo, depois olhois para frente, o Doutor fez o mesmo e juntos, encaramos fixamente a parede completamente branca a nossa frente, a parede que tinha levado os Dalekes e os Cybermans para o completo vazio, para o inferno. A contemplamos longamente, quanto tempo passou? Minutos? Horas? Não sei.

P.O.V Doctor.

Ela virou-se para o mim e me abraçou passando os braços ao redor de meu pescoço, eu a retribui passando um dos braços ao redor da cintura dela e usando o outro para afagar a sua cabeça loira, enquanto ela encharcava meu o ombro com suas lágrimas. Eu nunca havia me sentido tão pequeno em todos os meus 900 anos, tenho uma nave que pode ir para qualquer lugar no universo e no tempo, tenho toda a eternidade, tenho uma chave sônica que abre praticamente qualquer coisa, tenho uma coleção inestimável de livros e peças de todos os lugares e épocas, que fariam reis se ajoelharem perante mim, tenho conhecimento presentes, passados e futuros, mas de que adianta tudo isso se ela, Rose Tyler, minha humana rosa e amarela continuava a chorar inconsolada pela única coisa que eu não podia lhe dar? Pela única coisa que eu lhe tirei?

Depositei um beijo no topo de sua cabeça e olhei para baixo, ela estava chorando desesperadamente, meus dois corações se partiram, como podia ser permitido que alguém come ela sofresse?

–Rose... Ah Rose, porque fez isso? Você abandonou tudo, por quê?

–Para cumprir minha promessa, eu tomei minha decisão e eu nunca vou te deixar. Ela havia levantado à cabeça do ombro dele e olhava no fundo dos grandes olhos castanhos do Doutor.

–Mas Rose, você nunca mais vai ver sua mãe, você fez isso tudo para ficar o resto de sua vida ao lado de um velho de 900 anos com uma caixa que viaja no tempo? Para sempre? Eu falava com a voz mais doce que conseguia, eu acariciava sua bochecha, e a olhava ternamente.

–Sim, isso foi exatamente o que eu escolhi, e quer saber? Foi a melhor escolha que eu já tomei, eu não vou te deixar sozinho, e enquanto eu puder vou ficar ao seu lado, porque sem mim aqui quem vai segurar sua mão quando o dia estiver difícil? Quem vai rir de suas piadas? Não, você não ficará sozinho enquanto eu viver. Meus dois corações pararam ao ouvi-la, eu me senti feliz, na verdade poderia explodir de tanta felicidade, só por saber que ela ficaria ao meu lado, que ela seguraria minha mão, que estaríamos juntos.

–Rose Tyler.... Eu a abracei novamente, mas não havia lágrimas dessa vez, eu a levantei um pouco da altura do chão e olhei para seu rosto acima do meu, ela sorriu. Ah como eu amava esse sorriso, era como se todo o universo, todas as dimensões até mesmo o tempo e o espaço parassem por um segundo para observar o sorriso radiante de minha humana, o sorriso dela brilhava mais do que todas as estrelas que eu já havia visto. Eu a soltei no chão, mas continuei a observando, parecia um sonho, era como se eu fosse acordar a qualquer minuto na TARDIS, sozinho.

–Então, aonde quer ir agora Srta. Tyler?

–Pode colocar a Tardis no aleatório.

–Por isso que eu gosto de você, tem senso de aventura. Vamos.

Eu agarrei sua mão e saímos correndo até onde estava a máquina lá em baixo, mas eu sabia muito bem como ela se sentia por dentro, sentia um vazio, acabara de deixar tudo para trás, por mim, devia quebrada em mil pedaços por dentro, e pisando nos cacos para esconde-los de mim, não pude evitar de me sentir um monstro nesse momento.

Quando chegamos a TARDIS, abri a porta e fui diretamente para os controles. Eu apertei alguns botões, mas não a pus no aleatório, eu sabia aonde deveria leva-la, a nave deu um solavanco, nós já estávamos acostumados com minha falta de habilidade para direção, mesmo comigo viajando nela á literalmente séculos.

P.O.V Rose.

Havíamos chegado a algum lugar, não tenho nenhuma certeza de sobre onde ou quando, mas confio no Doutor, sempre confie.

–Onde estamos?

–Porque não vai olhar?

–Tudo bem.

Fui andando em direção ás portas azuis da nave cabine de polícia quando cheguei até lá toquei vagarosamente a porta e voltei a cabeça para trás, olhei para o Doutor que sorrindo deu um sinal positivo, empurrei as duas portas com toda força e fiquei completamente estupefata com visão a frente de meus olhos, era a via láctea, era meu lar, dava pra ver milhões de pontinhos brilhantes, organizados em formas de braços que giravam, giravam e giravam, sem nunca parar, sem nunca se cansar, sem ter nada melhor para fazer.

P.O.V Doctor.

–Essa é meu lugar favorito, apenas observando a imensidão galáxia. Bem, não uma galáxia em especifico, mas todas as galáxias, todas são grandes, incríveis e cheias de planetas para ir.

–Então no aleatório nós viemos passar no seu lugar favorito?

–Bem...

–Mentiroso.

–Eu só queria te mostrar.

–Você vem muito ao seu ‘’lugar favorito’’.

–Só quando estou sozinho.

–Não se sente minúsculo olhando para uma coisa tão grande, mas que mesmo assim parece tão pequena?

–Porque me sentiria?

–Mesmo as gigantes estrelas são pequenas, nós somos um universo de átomos e mesmo assim apenas átomos no universo.

–Nha... Eu não penso assim, porque cada átomo do meu corpo veio delas, das estrelas, olhando isso eu me sinto gigante. Eu disse apontando.

–Doutor?

–Sim.

–Você vai me deixar algum dia?

–Não.... Nunca.

Ela entrelaçou seus dedos nos meus e então ficamos apenas ali, olhando para o lado de fora em silêncio apenas apreciando a companhia um do outro, como nós sempre fazíamos, mas dessa vez era diferente, tudo estava diferente, tudo que eu sentia quando eu segurava a mão dela antes está mais forte, eu não quero solta-la nunca mais, quero sair por ai e mostrar todo o universo a ela, presente, passado e futuro, quero seus abraços, quero correr por ai e dançar com ela, mas isso me parece errado, senhores do tempo não tem esses sentimentos e desejos por humanos, o que há de errado comigo?

Houve um momento em que Rose apertou mais minha mão, ela estava sentindo dor, estilhaçada como vidro, e naquele momento eu percebi duas coisas, a primeira, é que não tinha nada de errado comigo, e sim com esse universo sangrento e cheio de regras estupidas sobre quem pode.... Ser amigo de alguém. E a segunda foi que eu consertaria seu coração partido, nem que eu tivesse que catar pedaço por pedaço, eu devia isso a ela, e essa dívida faço questão de pagar.

–Obrigada Doutor. Ela disse como se lesse meus pensamentos, eu sorri para ela.

–Então, escolha uma estrela, e vamos para lá.

–Não sei qual escolher.

–Então.... Vejamos.... Passado ou futuro?

–Passado.

–Já sei exatamente onde te levar. Está pronta?

–Você está?