Eu não consigo escapar deste inferno

Por muitas vezes eu tentei

Mas eu ainda estou preso dentro

Alguém me ajude a superar este pesadelo

Eu não consigo me controlar

E se você pudesse ver o meu lado obscuro?

Ninguém conseguiria mudar este animal que me tornei

Ajude-me a acreditar que este não sou eu de verdade

Alguém me ajude a amansar este animal

(Esse animal, Esse animal)

Eu não consigo escapar de mim mesmo

(Eu não consigo escapar de mim mesmo)

Por muitas vezes eu menti

(Por muitas vezes eu menti)

Mas ainda há raiva dentro de mim

Alguém me ajude a superar este pesadelo

Eu não consigo me controlar

Animal I Have Become – Three Days Grace.

Não! Isso não iria ficar assim! Definitivamente não ia! Uma mulher inocente acabou de morrer nos braços do Doutor, ela está lá no banheiro, MORTA! O que a matou? Essa pergunta estava dançando na cabeça dele, como isso era possível? Ele teria visto, não era? O Doutor estava andando pela biblioteca sem rumo enquanto pensava.

–Vamos Doutor... Pense! O que poderia tê-la matado!? Vashta Narada? Não! Eles só habitam as sombras, eu me lembro de que o banheiro estava perfeitamente claro. Alguma doença psicológica? Não! Ela parecia perfeitamente sã, e nem alguém louco faz um ferimento como o que tinha na testa dela, eu posso vê-los, mas ao mesmo tempo não, invisibilidade? Não, invisibilidade é uma distorção na luz de um determinado lugar, não tem como alguém ver algo que foi deixado invisível, pelo menos humanos não tem essa capacidade. ARRGH! Ele levou as mãos aos cabelos para bagunça-los e depois a desceu lentamente pelo rosto fazendo pressão contra sua própria pele, e a repuxando para baixo com força ele teve uma sensação estranha, não lembrava se de as mãos dele terem passado de seus olhos, mas ao olhar pra baixo ele tinha uma caneta nas mãos, e tinha um traço transversal desajeitado. –O que diabos...? Ele olhou pra frente, e num piscar de olhos ele estava na mesa...

–Eu não me lembro de ter... MAS É ISSO! LEMBRAR! Eu não me lembro deles, eu posso vê-los mas ao mesmo tempo não posso! Isso explica os riscos! Mas agora vinha a questão... Como lutar contra algo que não se pode lembrar de ter visto? Ele olhou ao redor, talvez ele tivesse deixado uma mensagem para si mesmo em algum lugar... Mas não havia nada estava completamente vazio.

–Vazio... Ele indagou... –Essa é a maior biblioteca de todo o universo, como pode estar tão vazia? Seria domingo? Não, ele nunca aterrissava em domingos, são entediantes, mas só pra confirmar... Ele colocou o dedo na boca e depois o ergueu no ar...

–Hummmm... Quinta feira... Então como a biblioteca poderia estar assim... Vazia? Geralmente era nesse dia que diversas crianças vinham de outros planetas para excursões escolares, garotas procurando livros de romance, pais trazendo os filhos e coisas triviais como essas, mas estava vazia, e particularmente escura. Ele começou a andar por entre as estantes.

–OLÁ! OLAAAA! Ele gritava, se pelo menos alguém o mandasse calar a boca ele saberia que não tinha nada de errado e que era tudo coisa da sua cabeça, mas não houve. –E o dia fica cada vez melhor. Ele resmungou. Colocou as mãos nos bolsos e saiu em sua busca por alguém além dele naquele lugar. Ele andou um pouco e encontrou um daqueles atendentes virtuais tão comuns nessa época.

–Ahhh... Visitante, nome Doutor. Ele disse.

–Bom dia visitante, em que posso ajudar?

–Poderia me dizer o porquê de estarem tão vazios em plena quinta – feira?

–Eles foram salvos.

–O que?

–Todos deixaram a biblioteca, todos foram salvos.

–Salvos? Do que está falando? Ele disse aproximando o rosto.

–Todos deixaram a biblioteca, todos foram salvos.

–Salvos do que?

–Todos deixaram a biblioteca, todos foram salvos.

–Mas o que...

–Muito bem pessoal, por aqui, espero que estejam todos com sua apólice de seguros, porque eu não faço ideia do que pode acontecer aqui. Era uma garota loira, uns 18 ou 19 anos, tinha cabelo cumprido preso em um rabo de cavalo e uma voz um pouco autoritária, parecia um soldado. Atrás dela vinha um homem gordo com uma assistente morena e outras duas ou três pessoas o Doutor não conseguia distinguir bem graças a escuridão.

–O que? O que aquele homem está fazendo ali? Eu não paguei tanto dinheiro pra ver outra pessoa entrar aqui dessa forma.

–Isso é... A garota loira correu e deu um abraço mais do que apertado no Doutor. –É você! Mas não é possível! Lembra-se de mim? A garota parecia ter lágrimas nos olhos pela maneira como sua voz saia.

–Você é?

–Sou eu! Onde está ela? Aquela ruiva com o noivo? Vocês sempre andam juntos mesmo... Eles são tão fofos, a pesar de que... Ela se afastou e viu o rosto dele expressando uma imensa duvida.

–Quem é você?

–Karyn... Karyn Wolf... Ah não! Você ainda não me conheceu!

–O que quer dizer com isso.

–Wibly Wobly Timey Wimely.

–Ei! Quem...

–Shhhh! Spoilers. Ela disse com um sorriso no rosto.

–Karyn! O que está fazendo ai? E quem é esse? Era um homem moreno com alguma barba por fazer, com um sotaque bem britânico.

–Oh meu Deus! É você! Ele disse apertando a mão do Doutor que estava confuso com toda a situação.

–É Daniel, é ele, e ele ainda não nos conhece. Ela disse entre os dentes.

–Oh é claro. É-É um imenso prazer conhece-lo Doutor... Quer dizer... Senhor... Quer dizer Doutor... Isso é... Confuso, do que eu devo chama-lo?

–De Doutor. Karyn respondeu. –Doutor. Esse é Daniel Black... Meu noivo. Ela disse com os olhos brilhando. O Doutor teve a impressão de que ela dizer isso a ele era algo especial, mas porque dizer isso a um completo estranho seria especial?

–Ei vocês dois! Eu paguei vocês pra me escoltarem! Não pra baterem papo.

–Sutil como um soco no estômago. Ironizou Karyn.

–Eu não preciso ser sutil! Preciso saber o que está acontecendo na minha biblioteca.

–Sua? O Doutor perguntou com bastante curiosidade na voz.

–Da minha família.

–Tá legal já perdi a paciência, da pra alguém me explicar o que diabos está acontecendo aqui!?

–Á algumas semanas pessoas sumiram da biblioteca, só sumiram, sem pistas, sem traços de luta, nada, vieram investigar, mas disseram que simplesmente era impossível algo assim ter acontecido, a biblioteca fechou e...

–Wou Wou Wou Wou... Pode parar por ai, ela não estava fechada, tinha uma mulher na recepção!

–Você deve ter imaginado coisas, ninguém tem vindo aqui desde o incidente, dizem que ela esta amaldiçoada.

–Tinha uma mulher numa das recepções! Eu juro a vocês!

–E onde ela está?

–Morta... O Doutor disse decepcionado.

–Como aconteceu? Primeiro tinha essas... Espera... Karyn... O que é isso na sua testa?

–O que? Ela disse tocando.

–Como um... Traço feito á... Essa não... Corram! O homem gordo foi até o Doutor e Karyn.

–Quem você pensa que é para interromper o itinerário... E você Srta. Wolf! Achei que fosse mais competente. Como pode confiar nesse homem?

–Eu o conheço.

–E como ele pode não conhecer você!?

–Escute bem o que eu vou te falar o Doutor é um grande homem! Ele sabe o que está fazendo, se quiser continuar com sua vidinha medíocre faça o que ele manda, e se o homem mandou correr corra o máximo que suas penar gordas permitirem!

–Seus superiores vão ficar sabendo disso!

–Conta para a rainha, que eu ainda não vou me importar. Vamos David! Ela disse segurando a mão dele e ambos correram. O homem gordo e os outros correram atrás deles.

–Então ele é... Falou David.

–É... Ela deu um imenso sorriso.

–Mas ele... Quer dizer... Nós vimos!

–Eu sei...

–Então... Como?

–Wibly Wobly Timey Wimely.

–Essa frase é dele.

–Acho que ele não vai cobrar direitos autorais, pelo menos não de mim. Ele riu.

–Tem razão. Eles riram um pouco, com os olhos brilhando, eles chegaram até o Doutor e ele estava com sua chave de fenda sônica na mão e a apontando para alguns lugares.

–Então Dear.D o que está acontecendo aqui?

–Dear.D!? Ele perguntou.

–Spoilers. Ela e Daniel disseram ao mesmo tempo. Eles sorriram um para o outro, dava pra ver até de longe o quanto eles se amavam, a forma como ele segurava a mão dela, a maneira como se olhavam... Rose... Ele pensou como ele sentia falta dela... Ele cerrou o maxilar. Nesse momento o homem chegou com outras três pessoas.

–Muito bem pessoal! Disse Karyn. –A situação é perigosa, estamos sozinhos, a ajuda demoraria no mínimo quatro horas para chegar, estaríamos mortos até lá! Fiquem onde eu possa ver, montem uma vigia, não tirem os olhos de nada que se mova, gritem se virem algo. Ela disse apontando para os três. –Daniel, você pegue as armas que deixamos na entrada.

–Claro amor. Ele disse dando um rápido beijo nela. –Te vejo em um minuto.

–Não se eu te vir primeiro. Outro beijo e ele foi.

–Dear.D me conte tudo o que sabe sobre eles. Ela disse se afastando do grupo de vigia, indo até onde ela tinha certeza de que não podiam ser ouvidos, mas mesmo assim eles resolveram falar mais baixo do que o de costume só para garantir.

–Quem te colocou no comando? E como eu vou saber se confio em você!?

–Você parece velho, bem mais velho do que eu me lembro, mas é o contrario, você está mais jovem... Ela disse tocando o rosto dele.

–Eu não sou jovem, meus olhos só mostram minha real idade. Ele disse tirando a mão dela de seu rosto, ele não queria ser tocado, por ninguém, todo que toca ele vira pó.

–Não, você parece alguém velho, e amargo, não era como eu me lembrava de você.

–Como posso saber se confio em você? Ela chegou perto dele e sussurrou algo em seu ouvido. –Mas isso é...! Como você pode saber meu nome?

–Você me disse... Num outro dia... Num outro tempo, quando você tinha olhos diferentes.

–Por que eu faria isso, só tem outra pessoa no universo que sabe esse nome, e ela esta... Perdida, porque eu te diria o meu nome? Ela segurou uma das mãos do Doutor, e a levou até seu próprio peito, ele pulou pra trás com a surpresa, ela deu uma gargalhada.

–É! Isso mesmo! Ela disse ainda rindo. Quatro batidas em seu peito...

–D-Dois corações! Mas você... Como é que... Mas... Gallifrey se foi! Como?

–Spoilers! Ela disse gargalhando.

–Mas o seu noivo ele também é...?

–Não, ele é humano.

–Mas você é senhora do tempo, como pode ficar isso com um humano, isso nunca dará certo!

–Duas palavras... Rose Tyler. Ela disse rindo, mas então percebeu que a confusão no rosto do Doutor se tornou pura raiva, uma expressão sombria que ela nunca tinha visto.

–Nunca mais diga esse nome! Ele não é para ser dito por ninguém além de mim! NUNCA MAIS REPITA ISSO! Ela pareceu extremamente afetada com o que ele disse, como uma criança com medo de um adulto, é claro que ele tinha sido um pouco severo de mais, porém se ele bem conhecia sua própria espécie eles não se deixavam atingir tão facilmente, mas o que havia de errado com essa em particular? Uma garota assustada e encolhida, ele quase a abraçou para se desculpar. ‘’NÃO! Não mais, lembre-se do que acontece quando você as abraça’’ Ele gritava em sua mente.

–D-Desculpa. Ela disse por fim com olhos vermelhos e uma voz abalada. Ela era um soldado, porque ela estava assim? Soldados não choram, não por coisas triviais como essas, pelo contrario, eles refutam com fervor, o que estava errado naquele lugar?

–Karyn! Disse Daniel. –Eu... O que houve? Ele disse notando o estado de sua noiva.

–N-Não foi nada Dan. Então... Onde estão as armas? Ele ergueu uma mochila preta na frente dela. –Muito obrigada querido, as distribua entre eles, por favor. Ele se aproximou e a abriu em cima de uma mesa, havia alguns rifles, granadas, pistolas, entre outras coisas.

Eles sussurravam, mas a distancia entre eles e a audição superior do doutor o permitiu ouvir o que eles estavam dizendo.

–Karyn... Você sabe que não importa o que ele tenha dito... Esse não é ele... Não o ele de verdade... Se quer te conhece.

–Eu sei... Eu sei. Ela depois de um suspiro. –Mas ainda dói... Eu sinto que fiz algo errado.

–Karyn... Ele virou a cabeça dela e lhe depositou um beijo na pálida pele do topo de sua testa, próximo a seus cabelos dourados presos naquele longo rabo de cavalo, que deixada de fora alguns fios que caiam harmoniosamente sobre sua testa. O Doutor engoliu seco e virou seu rosto para o outro lado, porque aquilo tinha de doer tanto todos os dias de sua vida? Ele se sentia um miserável, com a alma esburacada, aquela cena o lembrava dos momentos que tanto compartilhou com sua humana, todos aqueles beijos na testa e nas bochechas que faziam ambos corar como pimentões, aqueles dedos entrelaçados que lhe faziam sentir que não importava o que acontecesse, tudo ficaria em se ele tivesse aqueles dedos quentes entre os dele... Isso parece á centenas de quilômetros de distancia, porém estava perto o bastante para causar uma dor incomparável. Ela era a esposa dele, eles tinham se casado, dentro da Tardis, da forma mais simples possível, mas da mais perfeita... Como tinha acontecido mesmo?

Flashback on.

–Então me deixe fazer uma coisa louca, uma coisa muito muito louca, mas que é necessária, satisfaça meu desejo, apenas uma vez... O estomago dele estava revirando tanto que ele tinha certeza que iria vomitas a qualquer momento, que iria vomitar bem no sapato dela, e ela iria socar ele.

–Qualquer coisa. Ele respirou o mais fundo que podia.

–Se case comigo, aqui e agora. Os olhos dela brilharam. Será que aquilo era bom? O que isso queria dizer? Ela diria ‘’não’’?

–Sim. Oh meu Deu sim. Ela pulou em seus braços. Oh Rassilon, ela disse ‘’Sim’’, essa é definitivamente a palavra mais linda que o Doutor poderia imaginar, ele tinha um sorriso maior do que a Tardis em seu rosto, sentia que sua pele iria rasgar se seu sorriso aumentasse um milímetro que fosse, mas ele nem se importava.

–Tudo bem, eu preciso de um pano com mais ou menos 30cm, a que seja, uso minha gravata, amarre essa ponta em sua mão, agora diga: ‘’Eu aceito de livre e espontânea vontade’’

–Eu aceito de livre e espontânea vontade. Havia lágrimas em seus olhos, o Doutor deu um terno sorriso ao ver isso, não que ele estivesse feliz por ela estar chorando, mas ele sabia que ela estava tão feliz quanto ele, bem, talvez não, ele tem dois corações, dois sentem mais do que um.

–Eu lhe aceito de livre e espontânea vontade. Eu disse. –Eu vou te dizer meu último segredo, você jamais deve repeti-lo sob nenhuma circunstancia. Cheguei próximo a ela e sussurrei, lhe disse seu nome, uma lágrima desceu do rosto dela quando ele voltou a olhar para seus olhos e disse: ‘’Prazer em lhe conhecer’’. Ele nunca havia estado tão feliz, em qualquer outra das suas regenerações, esse era o momento mais feliz da vida dele.

–Prazer te conhecer, sou Rose. Eles sorriram...

Flashback Off.

Ele rangeu os dentes, a dor... Lá estava ela. Ele limpou a garganta, fazendo com que os dois olhassem para ele movimento.

–Ah... Sim. Aqui Doutor. Daniel disse lhe jogando um rifle, o Doutor se desviou, e ele caiu no chão com um barulho seco.

–Eu não uso armas...

–Até nesse estado matem essa ideologia hein?

–Eu não uso armas, posso ser bem mais destrutivo que qualquer arma que você possa encontrar.