(Natasha Hill, 16 anos)

P.O.V Natasha

Outra vez um incidente estranho ocorreu na minha pequena cidade. Hoje, em dezembro de 2016, a pizzaria fechada a décadas após uma série de assassinatos foi cercada hoje pela polícia. Descrições estranhas pelos comércios vizinhos me lembraram de certos contos de terror que eu e meu clube de amigos costumávamos estudar.

Prazer sou Natasha Hill, estudante de psicologia da faculdade pública local. Eu, minha irmãzinha de quatorze anos Molly e outros quatro amigos juntos formávamos o "Paranormal", um grupo de estudo de ocorrências sobrenaturais.

Mal imaginava eu que quando fosse reunir todos novamente, dessa vez algo sério realmente ocorreria...

***

Após ligar para todos e os mesmos confirmarem, nos reunimos na biblioteca pública da cidade e fizemos uma vasta pesquisa como nos velhos tempos. Eles ainda não haviam exatamente me perdoado pelo que causou nossa separação, no entanto, nossa curiosidade era muito maior que o rancor, e éramos inseparáveis.

Chegamos a uma lista filtrada de contos e lendas que rodeiam a cidade e sobre o ocorrido na pizzaria local. Basicamente, apenas nos aprofundamos na história do assassinato de 87, onde um grupo de crianças foi morto de forma brutal por um maníaco numa festa da pizzaria. Mas já era o suficiente para nós.

Sem muito tempo até que a polícia voltasse, marcamos um encontro noturno nos fundos do estabelecimento, curiosidade me devorava para esse momento, mesmo que ela tenha matado o gato. Dejá vu e nostalgia andavam de mãos dadas. Sorri um pouco.

— Finalmente vocês chegaram! Vão ficar iguais a Dominic se continuarem lerdas desse jeito!- Henrique disse irritado, seus cabelos loiros e desgrenhados caiam na lateral de seu rosto sem paciência. Acho que a única coisa que não sentia falta era a raiva sem sentido dele a qual causava intrigas entre nós.

— O que eu tenho haver com isso?- a menina usada como xingamento se virava com o olhar ingênuo e confuso. Pobre e doce Dominic, apenas ignore o insensível do Henrique.

— Gente... Por favor, nem comecem a discutir... Não quero confusões dessa vez. Isso serve pra você, viu Henrique?... - Shizuko disse apontando para ele. Em minha opinião, ela é a garota mais calma do mundo, além de ter uma inteligência inacreditável, já ganhou várias competições graças a isso e sempre nos mantinha na linha e restaurava a harmonia entre nós.

— Não importa... Só vamos entrar logo nessa merda. - Minha irmã falou emburrada. Que vocabulário sujo Molly. Neguei com a cabeça enquanto a olhava. Ela me mostrou a língua. Poderia ter sido pior.

— Ok... -Concordei. Conseguimos arrombar os cadeados e retirar as correntes dos fundos, assim adentrando o local, com lanternas em mãos.

Ao entrarmos, passamos correndo pelos corredores com cheiro de carniça e podridão, indo em direção à sala do segurança, já entrando e se jogando lá. O cheiro era melhor nela.

— Tentem ligar o gerador de energia ali no canto, vou tentar acessar as antigas filmagens das câmeras de segurança - Shizuko dizia paciente e se sentando na cadeira giratória em frente aos computadores.

— Desde quando você é a líder? - Comentou Henrique meio bravo.

— Eu sou a líder! Afinal, eu comecei o grupo. - Comentei cruzando os braços e bufando enquanto balançava minha cabeça. Estava calmo demais para ser verdade.

— Tô com fome...

— Você não comeu antes de vir pra cá Dominic? -Molly a olhou. Abriu então a sua mochila e tirou um pacote de doritos de dentro dela. - Tem sorte que te conheço.

— Eba! - A de olhos azuis comemorou, então começaram a devorar o pacote juntas. Dei um leve riso e junto de Henrique comecei a tentar ligar o gerador. Só então notei Luke de pé e parado, sem nos ajudar.

— Ei bunda mole, que tal dar um help aqui? - Comentei logo o olhando... Mas... -... Ei, Luke?

Ele estava paralisado, encarando os vidros... Henrique notou o medo dele como eu e o resto também... Olhamos na mesma direção que o moreno olhava e nossos olhares se encontraram...

Havia um par de olhos sombrios e escarlates na janela. Mas quando olhamos todos para o mesmo, ele piscou e sumiu, trazendo mais terror para nós seis... E a luz sumiu de vez...

P.O.V Molly

Ficou tudo escuro de repente.

— Eu tô com medo irmãzona!- Eu estava começando a entrar em pânico a esta altura. Tenho pavor do escuro.

— Calma! Eu estou aqui do seu lado, segurando sua mão!

— Correção, essa é MINHA mão. - Henrique comentou PUTO como sempre.

— Opa... - Sussurrou minha irmã.

Barulhos de passos começaram a surgir no corredor esquerdo, metálicos, pesados e meio lentos, não eram passos humanos com toda certeza, passos que a cada pisada no chão duro de Paviflex* me faziam estremecer.

— QUEM ESTÁ AÍ?- Gritou Dominic como se, a coisa que está no corredor falasse "Me desculpe, sou eu o seu assassino, agora eu dou 5 minutos pra vocês fugirem de mim, ok?"

Uma risada bizarra era escutada após longos e silenciosos minutos.

Então um gritou. Alguém começa a bater na cabeça de todos, fazendo-os desmaiarem. Eu andava de costas, até que tive o infeliz encontro com a parede. Sentei-me e fiquei em silêncio pra ver se ele (a) não me percebia... Mas infelizmente, viu uma silhueta masculina segurando algo, que logo em seguida, usou bater na minha cabeça...

P.O.V Shizuko

Eu fui a primeira a acorda e vi todos amarrados numa cadeira, com uma espécie de corrente de metal.

— Finalmente acordaram. - disse uma voz robótica.

Ele se aproximou da luz e pude ver seu rosto... Não é possível! Não pode ser! Eles são apenas robôs, e robôs não tem vida própria, certo?

— Correção, só as meninas acordaram, porque se contar com eles - Natasha virava a cabeça na direção dos meninos, que estavam dormindo- Não espere algo tão cedo... - Resmungou ela, bufando. Parecia meio bêbada de sono, não havia notado estar presa ainda.

Molly dava um grito muito agudo de repente, que fazendo sua irmã se contorcer de agonia na cadeira, já que ela tinha um problema auditivo, usando aparelhos nos ouvidos... E os garotos acordaram imediatamente. Meus ouvidos doíam muito agora...

— CALEM A BOCA! - Henrique dizia estressado, para variar... E Molly então parava, olhando com pavor ao redor, lágrimas à beira dos olhos. Henrique iria reclamar mais se não fosse interrompido.

— Chega! Quero falar com vo... - O urso robô iria começar a falar.

— NÃO NOS MATE! - Gritou a ruiva de cabelos curtos repentinos. Revirei os olhos e neguei com a cabeça, desapontado com meu grupo de amigos.

— Não vou matar vocês... Mas foi realmente necessário você falar dessa forma?...

— Até o robô te acha retardada irmã... - Molly sussurrou ainda lacrimejando e Nath se calava.

— Chega de enrolar Freddy, fala logo pra eles!- Uma voz metálica feminina dizia ao fundo, vinda da escuridão.

—Ok Chica... Bem, vamos começar.

P.O.V Henrique

— Vou chamar a "galera"- fez aspas com os dedos. Como sei disso? Porque simplesmente saiu das sombras uma galinhopato robô mutante.

Aí, aquela coisa saiu da sala. O urso estranho começou a falar.

— Olha, vocês deviam nos agradecer de salvar vocês da morte.

— M-morte? - Gaguejou a ruiva retardada.

— Não a morte em pessoa, e sim seres que iriam matar vocês.

— Que seres? - Indagou a lerda, puta que pariu.

— Creep...

— CREEPYPATAS! - As irmãs logo gritaram, estourando nossos tímpanos.

— Meus ouvidos... SUAS PUTAS!

— É, isso mesmo. - O urso concordou, apenas balançando a cabeça e suspirando, como se pensasse "como fui trombar com esses idiotas?".

— Chegamos!- disseram um coelho roxo e uma raposa pirata. Atrás deles chegou uma versão do Freddy, só que dourada, suja e sem olhos.

— Freddy, os Toys estão deligados e não conseguimos liga-los. - disse o urso.

— Certo. Pessoal, esses são Bonnie, o Foxy e o Golden Freddy - Apontava para o coelho, a raposa e o urso dourado, na ordem dita.

— Bem marujos, vamos direto ao ponto.

— Já que vocês são os únicos humanos que não tiveram um enfarte ou não desmaiaram, vamos conseguir falar. - Bonnie parecia animado, batendo palminhas com suas mãos de metal.

— Então, resumindo, somos almas de crianças assassinadas em 1987, fomos assassinadas por um homem--

— Já sabemos dessa parte da história, prossiga. - Luke comentou olhando atento e meio entediado.

— Já? Yar, isso facilita muito!

— Fala logo! - Bufou Molly, super irritada.

— Mate o homem que nos matou, nossas almas só descansarão após isso... – Arregalamos os olhos e nos entreolhamos. No entanto, notei que apenas Shizuko se mantinha tranquila, sua expressão neutra de sempre começava a me assustar.

— Bom, para isso, vocês tem que nos soltar. - Shizuko parecia séria enquanto falava...

— Nós nos esquecemos disso! Mas saiba que se vocês fugirem, nós não iremos fazer nada, só as creepypastas irão te matar. Saiba que queremos MANTÊ-LOS vivos e não matá-los...

Concordávamos com a cabeça. Eu engolia seco, com medo do que eu iria encontrar... Eles então nos soltaram.

— Só explica a história? - Dominic sua idiota.

— Ahh... Depois a gente te explica!

— Agora, precisamos convencê-la a se aliar à nós...

— E quem seria “ela"? - Arqueei a sobrancelha os olhando.

— Jane, a assassina...

(Molly Hill, 14 anos)

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.