A Bella E A Fera

2ª Fase: Capítulo 22


Rosalie Hale

Quando percebi, meu corpo estava envolto pelos braços fortes de Emmett.

Por uma fração de segundos, o mundo todo parou. Talvez a gravidade não era mais o que sustentava o meu peso, e sim os braços dele. Inspirei o cheiro inconfundível que emanava de seu pescoço e afundei meu rosto na sua pele macia. Meu coração batia incontrolavelmente dentro do peito, e por essa razão, tive que soltar o ar pela boca várias vezes. Segurança. Finalmente, eu era capaz de sentir isso. Nunca dependi de ninguém para nada, mas devido a situação, me despi de meus conceitos e minhas crenças. Permiti que aquele sentimento tomasse conta do meu corpo.

Não era ruim.

Enquanto um braço de Emmett estava ao redor da minha cintura, segurando-me, a sua mão pousava em minha cabeça. Céus, era muito real. Mesmo. Não pode ser um sonho. Não pode ser um sonho. Não pode ser um sonho. Repeti várias vezes, na esperança de acabar acreditando e enfim, fosse tudo real.

— Isso não pode ser um sonho.

Escutei a sua voz rouca e meu corpo inteiro se arrepiou. No momento, eu havia falado algo, como um “Concordo”, que acabou saindo num susurro fraco, meio inaudível.

Infelizmente, aqueles minutos não poderiam ser eternizados, a não ser em minha mente. Ao perceber, Emmettt havia me largado cuidadosamente no chão. Deixei meus braços em volta do pescoço dele e apenas o fitei. Os olhos azuis quase acinzentados. O cabelo moreno com os fios para todos os lados e para a minha surpresa, não encontrei o sorriso brincalhão. No lugar, seus lábios formavam uma linha grossa, transmitindo preocupação.

Fiquei apavorada com qual seria a minha aparência naquele lugar. Olhei para baixo, pronta para encontrar estilhaços do que um dia havia sido o vestido prateado que usei no bar. Ao invés disso, encontrei um lindo tecido branco de várias camadas que descia até os meus pés, sendo que minha cintura estava coberta por uma faixa em tom de creme. O decote era em formato de V, sendo que havia um caimento nos ombros. Meus cabelos, infelizmente, não haviam perdido o tom acinzentado.

Olhei para cima e encontrei rosto de Emmett. Fiquei surpresa ao encontrar não mais a preocupação estampada nele, mas sim uma certa admiração com uma mistura de surpresa.

— Os meus cabelos... Eu não sei o que está acontecendo. – Quando percebi, as palavras saíram de minha boca. Qual é, eu não precisava me explicar para nenhum homem sobre a minha aparência. Mas, de repente, senti a necessidade de não querer parecer feia.

Ele esboçou um sorriso no canto dos lábios e pousou a mão em minha bochecha. Quase recuei com o toque quente de seus dedos largos.

— Você está linda.

Aquelas palavras me pegaram de surpresa. Eu sabia que sua opnião mudaria se me visse no cativeiro. Mas, pelo menos naquele momento, me bastava ser elogiada mesmo que as coisas fossem diferentes no mundo real, no qual eu estava sendo mantida em cativeiro.

— Você não pode ser real. – Fui obrigada a dizer, sentindo as lágrimas se formando em meus olhos.

— Rosalie, eu não sei o que está acontecendo. Mas... Não me lembro de sentir tão... vivo, em apenas um sonho.

Não consegui encontrar explicação para o que estava acontecendo. Mas, bem, eu conseguia sentir a magia emanando de mim para o espaço ao meu redor. Me parecia que havia duas opções: A primeira, era me atirar nos braços do meu primo e beijá-lo ali mesmo, afinal, era apenas um sonho, não? A segunda, seria conversar sobre assuntos sérios e pedir por ajuda e assim, estragar o momento que me era disponibilizado para sair de todo o pesadelo que minha vida havia se tornado.

Por vias das dúvidas, escolhi a segunda opção.

— Aonde você está? – Emmett pareceu ler os meus pensamentos e soltou a pergunta. De repente, sua expressão ficou séria.

Com certa relutância, tirei os meus braços que estavam em volta do pescoço dele e dei de ombros. Eu precisava me concentrar.

— Jane. O membro do conselho que fui atrás, lembra? Ela sabia desde o inicio que eu estaria lá, por isso foi tão fácil armar para mim e para o duende. – Comecei a explicar o mais rápido possível, com medo de ter pouco tempo, pois se eu estava dormindo, não saberia quando seria acordada. – Eu acho que Alice estava do lado de Jane. Ela está me torturando para obter respostas sobre tudo. É horrível. Está insistindo em dizer que tenho poderes mágicos e que agora, ganhei o meu conto de fadas. Não contei sobre Bella, nem sobre nada.

Emmett assumiu uma postura séria e determinada.

— Oh, Rose. – Ele lamentou. – Nós vamos dar um jeito de te encontrar. Eu juro. Não tenho contato com Alice, nem com Jasper, pois os dois estão empenhados em manter o feitiço intacto para Bella. É minha obrigação cuidar de Nessie, pois Edward está lá, ou melhor, a Fera.

Tentei absorver os fatos em minha mente, o que acabou me custando um série de náuseas.

— Feitiço? Como assim? – Perguntei.

— Bella foi enviada para o futuro, em busca da cura. É o único jeito de libertar a sua irmã e Edward. Me perdoa, Rose! – Ele pousou as mãos em meus ombros. – Eu sabia que havia algo errado, que não estava certo. Você não iria desaparecer por um mês sem dar noticias. Todos os dias pensei em você, preocupado. Me perdoa.

Por um momento, me perdi no olhar de frustração de Emmett. Eu queria acreditar que ele iria me libertar, de algum jeito. Entretanto, era a sua obrigação cuidar da irmã de Bella e não desviar o foco. Para completar a minha desgraça, nem eu sabia aonde estava sendo mantida como refém.

Pensei em desabar no chão e começar a chorar. Ao invés disso, endireitei a minha coluna e empinei o nariz, dispensando as lágrimas que estavam por vir. Eu não era mulher de ficar chorando por ai, mesmo que meus problemas haviam tomado a forma de um labirinto que não tinha saída. Eu encontraria alguma. Bastava ter esperanças.

— Você não tem que me pedir desculpar por nada, Emmett. – Comecei a dizer e quando percebi, inferno, eu estava chorando. Merda. – Nós vamos arranjar uma saída, ok? Eu só não sei qual. Mesmo que eu seja só uma humana.

Apenas um humana em um conto de fadas que não me pertencia. Ou seja, sem final feliz para a Rosalie.

Me pegando de surpresa, Emmett me puxou com toda a força para perto dele e aproximou os lábios dos meus. Arfei quando colidi com o seu peito largo.

— Você não é apenas uma humana, Rose. Muito pelo contrário. – Ele sorriu, presunçoso. – É a mulher mais forte que eu já vi em minha vida inteira. Pode superar qualquer coisa. E eu vou te encontrar.

De repente, seus lábios estavam se aproximando vagarosamente dos meus.

Foi naquele exato momento que senti algo estranho, como um queimação no estômago e do nada, tudo virou um borrão em meio a escuridão. Emmett desapareceu na mesma intensidade que havia aparecido.

Quando me dei conta, abri os olhos e me deparei com a escuridão do meu esconderijo. Entretanto, havia um rosto conhecido perto da minha cela, fuzilando-me. Era impossível não reconhecer os olhos castanhos e os cabelos loiros. Quis me afastar, mas ainda estava muito sonolenta e fraca para ter qualquer reação.

— Irina. – Sussurrei, meia grogue. O medo começou a tomar conta de cada célula do meu corpo.

— Olá, Rosalie. – Ela sorriu, expondo uma chave antiga em meu campo de visão, a qual segurava entre os seus dedos.

— O que você está fazendo aqui? – Perguntei.

— Eu vim te resgatar.

Jacob Black

Como sempre, tudo estava meio bizarro.

Alice e Jasper continuavam de mãos dadas enquanto recitavam um encantamento ao redor da cova que haviam metido Isabella. Por incrível que pareça, um campo magnético tomava conta deles, protegendo-os de qualquer intruso.

A Fera maldita estava do outro lado do campo, com os braços cruzados enquanto me fuzilava com os olhos dourados. Retribuiu o gesto de simpatia, é claro.

E Emmett dormia tranquilamente com a criança aninhada em seus braços. Quer dizer, nem tanto, uma vez que o cara não parava de falar baixinho. Provavelmente estava sonhando ou talvez, tendo um pesadelo. Se bem que aquilo que estávamos vivenciando poderia ser comparada com um.

Em um gesto que me fez ficar em posição de ataque, Emmett levantou com um pulo do seu sono profundo e ficou sentado, enquanto limpava o suor do rosto. Por sorte, não havia jogado Nessie para longe e ela continuava a dormir tranquilamente, em posição fetal.

Ele me olhou, confuso.

— O que foi, camarada? - Perguntei, recompondo-me.

— Rosalie. Ela foi capturada. Precisamos resgatá-la. – O camarada praticamente gritou, com os braços rígidos e o corpo tenso.