Ela desceu as escadas cobertas pelo tecido vermelho de veludo,e começou a vagar pelo enorme castelo.

A noite era fria, o céu estava iluminado e a garota se via em frente ao castelo fitando o enorme céu azul.

– Não pode sair do castelo princesa. – Um dos guardas falou um tanto receoso se aproximando de Aurora, e não pode deixar de notar quando a garota o encarou com seus olhos azuis que pareciam mais brilhantes do que nunca.

– Só preciso que repita isso mais uma vez...– sussurrou enquanto olhava para o chão, como se estivesse buscando algo.

– O que... – ele pareceu aterrorizado ao olhar o rosto da garota. Aurora estava exatamente como a menina do espelho, cabelos lisos que caiam sob os olhos, uma espécie de maquiagem borrada que lhe caía sob a face pálida como papel, lábios negros como se tivessem sofrido hipotermia, era algo realmente assustador.

– Medo ? - arqueou uma sobrancelha sorrindo - Então...isso é o tal medo medo que vocês sentem. Gosto de ver isso, nos olhos das pessoas... – Aurora olhou para os olhos do guarda, e ele se sentiu petrificado pelos olhos azuis da garota. . – Você prefere morrer primeiro e dormir depois, ou dormir e depois morrer ? - Ela falava enquanto se aproximada do homem, que a cada segundo tentava gritar por socorro, alguém precisava salva-lo daquele pequeno demônio a sua frente - Acho que não importa - ela riu - A Ordem dos fatores não vai alterar o resultado no qual eu quero chegar...(risos)

– Auro... – A garota apenas lançou mais um olhar.
Nas mãos uma pequena adaga se formou, e espécie de sombras passavam a rodea-la. Ela poderia apenas fazer o guarda cair em um sono profundo, mas não teria graça nenhuma, seria muito fácil, e a nova Aurora odiava coisas fáceis.
O que ela mais precisava era ver sangue de outras pessoas escorrendo em suas mãos, era ouvir gritos de piedade e lágrimas de horror. Ela não pensou muito para cravar a adaga na garganta do guarda, que soltou um último grito de piedade antes de perder a cor de sua íris.

Ela não sabia descrever a sensação que lhe dominava, era uma enorme satisfação, uma vontade alucinante de querer matar ainda mais pessoas, de querer ver o sangue de todos aqueles que a desprezaram derramados sob o chão frio.
Ela ouviu um barulho vindo das grades do castelo, virou-se para ver quem seria sua próxima vítima, mas não achou nada.

- Acho melhor sair daqui. - Uma voz lhe disse, e ela olhou para a grade onde um garoto estava. No fundo, ela se perguntou como diabos aquele garoto estava em pé sob as lanças afiadas no topo das grades que cercavam o castelo, mas a questão não era relevante no momento.

– Quer ser o próximo ? - Perguntou enquanto sorria, o seu novo sorriso macabro e doentio.

– Não. – Afirmou, achando melhor desviar os olhos dos dela por hora – Quero que você entre novamente no castelo, se não quiser ser pega e presa e passar mais alguns anos naquela torre.

– O que disse ? – Perguntou incrédula.

– O que você ouviu Bela. - Ele rebateu, só podia ser louco. O garoto desceu das grades e parou ao lado de Aurora. Era um garoto realmente bonito, e seus olhos verdes chamaram muito a atenção da garota no primeiro momento.

– Como... - Ela tentou argumentar, já que o nome Bela era recém adotado por ela.

– Suposição. - sorriu -Uma garota como você só poderia ter esse nome.

– O que quer aqui ? - Revirou os olhos, aquele garoto não podia ser mais velho que ela, era simplesmente uma criança de oito anos. Só depois de um tempo ela conseguiu raciocinar e percebeu algo de deferente no garoto, ele não era normal, assim como ela.

– Não ouviu a parte em que eu disse "entre no castelo" ? - Ele estava impaciente, e as luzes do castelo começaram a se acender, fazendo o garoto ficar ainda mais irritado com a teimosia.

– Me obrigue. - retrucou.

O garoto deu dois passos para frente, estava com as mãos nos bolos como se estivesse despreocupado. Em um movimento rápido, ele tirou a adaga ensanguentada das mãos de Aurora e girou-a em seus dedos.

– É... – Disse ele fitando a faca – Você sabe onde cortar as pessoas, mas não sabe nada sobre luta. Como pretende matar alguém assim ?

– Quer mesmo saber ? - Ela vociferou, e o brilho em seus olhos foi visto pelo garoto, que riu fazendo sinal de calma.

– Malévola me mandou aqui - Ele disse - Se você não sabe, ela é a mulher do espelho.

– Eu sei quem ela é. Mas o que você tem a ver com ela ?

– Aprendiz. Ela tem vários, gosta de usar crianças revoltadas pra criar um exercito – Você é uma delas ? – ele presumiu ao ver o ar de pergunta no semblante da garota – Acho que sim, não sei... Mas siga meu conselho Bela, entre no castelo porque eles vão desconfiar, na verdade, eles já estão a caminho.

– Tsc... – Resmungou virando as costas, cruzando os braços e saindo a passos pesados dali, ela odiava ser contrariada, afinal, ela ainda era uma criança.