A Agenda

Capítulo 6- O dia do Jin


12/08/2016 Dia do Jin

Era sexta-feira, o “Dia do Jin” e Lee-na tinha preparado uma lista de receitas que conhecia e queria ensinar ao BTS. Quando entrou na empresa, seguiu direto para a sala de prática, mas não encontrou os cantores. Voltou para a sala do manager e esperou.

Os outros estagiários chegaram minutos depois e Myung Seo foi à sala da garota. Ela saudou-o e ele falou a data do lançamento da mixtape. Ela sorriu e falou:

—Legal! Já tem algo em mente para o evento?

—Estou escrevendo um script e vou apresenta-lo ao meu supervisor!

—Ótimo! Se precisar de ajuda com o material, posso conseguir alguma coisa. Só me passe qual tema vai trabalhar. Sua iniciativa vai acrescentar pontos na avaliação final. Boa sorte!

Nisso kim Dan surgiu atrás de Myung:

—Oi! Eu... Queria te agradecer em nome dos outros estagiários. O que fez ontem foi... Bem! Nos tirou de entrar numa enrascada das grandes!

Ela suspira:

—Esqueça! Meu coração quase saiu pela boca também!

Eles riem e Lee-na fala a Myung:

—Fique atento. Essa mixtape é um trabalho autoral. A pessoa que dará o voto final ao seu projeto é o próprio Suga. É a ele quem você terá de convencer acima dos outros.

—Oh! Tem razão!

Saem dali e deixam a garota pensativa. Nisso, os BTS passam pelo corredor e ela se prepara. Então nenhum deles foi à sua sala e ela achou estranho. O telefone tocou, ela atendeu e soube que o manager Sejin teria uma reunião fora da empresa, chegando um pouco mais tarde. Lee-na despediu-se e saiu da sala, indo para a copa, onde apanhou um copo de água e ficou lá, bebericando sem pressa.

Passado algum tempo, Lee-na percebeu que ninguém viria, assim decidiu ir chamar Jin. Ela apareceu na porta da sala de prática e acenou para o grupo:

—Bom dia! Jin... Estou aguardando pra sairmos. O Manager Sejin ligou e deseja um bom dia a todos. Ele chegará mais tarde na BigHit!

Eles acenam com a cabeça e continuam a conversa. Jin apanha sua bolsa, se despede do grupo e passa por Lee-na sem olhar para ela ou lhe dirigir a palavra. Ela se inclina para os demais e segue atrás do BTS mais velho.

Jungkook suspira:

—Me sinto mal fazendo isso...

JHope inclina a cabeça de um lado a outro:

—É muita sacanagem tratá-la com atenção por um tempo e depois agirmos como estranhos!

Namjoon ergue as mãos:

—Calma, gente! Não vamos maltratá-la! Só... Não podemos ficar cheios de intimidade com ela!

Jimin fecha os olhos:

—Ainda soa como sacanagem...

No elevador, Lee-na falou com Jin:

—Fico feliz que o Jimin tenha se recuperado. Ele parece bem melhor e...

—Sim. Ele está bem agora.

Ela sente algo na fria resposta dada por Jin, mas decide não levar aquilo a sério e fala, retirando algo da bolsa:

—Fiz uma lista do que vamos precisar para o seu dia gastronômico. Eu...

Ele se volta para a moça:

—Acho que devíamos seguir o cronograma do manager. Talvez ele não fique satisfeito se mudarmos o que ele decidiu.

Ela hesitou, surpresa, e guardou o papel rapidamente no bolso. Apanhou a fichas do cronograma, entregando ao rapaz:

—Oh, bem... Vamos começar por aquele que você selecionar e...

Ele segurou as fichas e falou:

—Vamos para a academia.

Seguiram de carro até o endereço e Jin vai ao vestiário se trocar, deixando Lee-na na recepção dando as orientações à atendente e confirmando o profissional que atenderia o BTS. Ela ficou na sala de espera, enquanto Jin passava por uma seleção de exercícios com um personal trainer escolhido para ele.

A estagiária apanha o celular e abre a playlist, coloca os fones de ouvidos e mergulha nas músicas que costumava ouvir nas viagens de ônibus para casa. Recostou a cabeça no banco e fechou os olhos, tentando relaxar. A cena fria da recepção dos garotos insistia em ocupar seus pensamentos e a repentina mudança de planos de Jin fê-la repensar o rumo que seu trabalho seguia.

Talvez o manager Sejin tenha ficado incomodado com a mudança nas funções dela como estagiária e decidiu que os BTS deveriam se ater ao cronograma, evitando que a situação saísse de seu controle.

Pensando logicamente, Lee-na sentiu que era o caminho certo a seguir e respirou fundo, mas era uma sensação ruim e isso ela não aceitava sentir. Enquanto isso, a alguns metros dali, Jin se exercitava, mas seu olhar não se desviou da jovem em momento algum. Ele fechou os olhos e suspirou, murmurando para si:

—Eu lamento por isso... Me desculpe, Lee-na.

O tempo da academia acabou e Jin foi tomar banho e se trocar. Já na recepção, aproximou-se da estagiária que parecia adormecida e tocou no braço dela, acordando-a:

—Podemos ir ao próximo endereço. É o Spa, não?

Ela confirmou com a cabeça e saíram dali em direção ao carro estacionado. Pessoas transitavam pelo estacionamento e Lee-na percebeu um grupo de cinco moças que vinha pelo passeio paralelo ao local e estavam próximas da entrada do estacionamento da academia, a poucos metros do carro da BigHit. Uma das jovens parou por um momento e falou algo com a colega do lado. Esta cobriu a boca com as mãos e riu, nervosa, enquanto as outras se aproximaram dela e voltaram sua atenção para Jin e Lee-na.

Jin estacou ao ouvir uma delas falar:

—BTS?

Lee-na segurou o braço dele. Outras pessoas que passavam no mesmo passeio se voltaram para eles e outras três garotas se aproximaram das cinco e falaram alto, apontando:

—BTS? Jin? É o Jin?

O BTS chamava atenção pelo físico e estatura, além da máscara cobrindo boca e nariz. A estagiária sentiu-o estremecer e viu o pânico nos olhos dele. Apertou o braço do rapaz e falou:

—Vamos andar rápido. Vamos tentar chegar ao carro sem piorar as coisas correndo até lá.

Ele concorda e seguem a passos rápidos, mas o movimento das pessoas ali perto aumentou mais do que Lee-na gostaria de admitir:

—Não olhe para os lados ou para trás.

Nisso, o grupo das cinco jovens entrou no estacionamento e seguiu na direção deles, ficando mais perto do carro. Lee-na analisou o espaço que tinham e percebeu que tinha muito pouco para se locomover até o veículo sem serem cercados por elas. Aquele grupo só não havia avançado mais rápido por ainda estarem em dúvida quanto à identidade do BTS, mas continuaram a andar.

Um táxi parou na avenida que ficava frente à academia e deixou um passageiro na calçada. A única barreira entre o estacionamento e a avenida era um canteiro de pequenos arbustos que o delimitava. Lee-na tocou o braço de Jin com força:

—Vamos correr! Me siga... Agora!

Num impulso, ganharam metros de distância das jovens e chegaram ao canteiro. Lee-na gritou:

—Táxi!

O taxista viu os dois saltando o canteiro para o passeio logo à frente e correrem na direção do veículo. Viu também o grupo de moças que corria logo atrás e o outro grupo seguindo pelo passeio e virando a esquina do estacionamento. Ele deu marcha a ré e gesticulou para que os dois entrassem logo. O motorista da BigHit permaneceu parado onde estava, pois sabia que seria pior se tentasse resgatar Jin e Lee-na naquela situação.

Lee-na avançou para a porta e abriu-a de uma vez. Jin saltou para dentro do táxi e sentiu a porta fechar atrás de si. Ele olhou para Lee-na, desesperado e ela falou:

—Vá para o próximo endereço!

O taxista arrancou o carro, enquanto a estagiária era cercada por um grupo de jovens que gritavam e gesticulavam. Jin ainda olhava para a cena, a respiração acelerada e as pernas bambas.

O taxista despertou-o do transe:

—Por pouco, colega! Pra onde quer ir?

Jin falou o local mecanicamente e permaneceu olhando para trás, sendo impossível de ver o que estava acontecendo com Lee-na.

No estacionamento, Lee-na permaneceu calada e quieta, enquanto era tocada e arguida sobre quem era o rapaz de boné e máscara, se ele era um BTS e quem ela era. O silêncio da garota irritou o grupo e uma das moças desferiu uma bofetada no rosto de Lee-na:

—Fale, garota!

Kyun Lee-na ergueu o rosto e falou entredentes:

—Se ele é um BTS, onde estão os outros?

O grupo olhou ao redor e para o estacionamento. Lee-na sentia a face arder e falou:

—Não me admira que qualquer artista tenha medo de circular livremente por ser abordado dessa forma!

A estagiária empurrou algumas moças para sair do meio delas. A garota que a agrediu falou alto:

—Quem era ele?

Lee-na esfregou a face dolorida e falou, enquanto se afastava de volta ao estacionamento:

—Faz alguma diferença agora que ele foi embora?

As jovens se entreolham, misto de frustração e certa dose de constrangimento pela atitude impulsiva. O motorista da BigHit aproximou-se da estagiária e ofereceu-lhe um lenço:

—Sua boca está... Eh. O Jin ligou...

Lee-na tocou o canto da boca e sentiu o gosto de sangue. A mucosa da bochecha havia se cortado com a força do tapa e ela riu, com raiva:

—Bando de malucas... Vamos embora daqui.

O grupo de moças viu Lee-na entrar no carro preto e sair dali. Perderam algum tempo discutindo se o rapaz era ou não o Jin dos BTS, mas logo perceberam que haviam perdido a chance de interagir com seu famoso ídolo.

Lee-na tinha o olhar perdido na paisagem urbana e o motorista não teve coragem de perguntar como ela se sentia. Quando chegaram ao Spa, Jin já estava sendo atendido e restava à estagiária esperar por ele. Uma das atendentes viu o rosto machucado de Lee-na e falou:

—O que... Foi isso?

—Um acidente, nada demais!

—Acidente? Isso está feio... Venha comigo!

Lee-na foi levada para uma das salas de estética e acomodada numa poltrona confortável. A esteticista examinou a face com o hematoma:

—Oh, querida! Quem te agrediu?

Lee-na sorri, surpresa:

—Oh! Eh... Uma fã mais empolgada do Jin... Eu estou bem!

A atendente oferece um líquido para Lee-na bochechar:

—É um antisséptico bucal. Vai evitar que o machucado interno infeccione. Agora vamos dar um jeito nesse hematoma!

A mulher aplicou uma camada generosa do que parecia um gel com cheiro de planta, cobriu com gaze e depois colocou uma mini bolsa térmica fria:

—Agora quero que fique bem quieta e deixe isso fazer efeito, ok? Eu volto para terminar o processo.

Lee-na concordou e relaxou o corpo. Pouco a pouco, a tensão da fuga venceu-a e ela cochilou. Jin terminou seu tratamento estético e foi falar com a estagiária, mas encontrou apenas o motorista no carro. Ele falou sobre o que viu acontecer e Jin exasperou-se:

—Onde ela está? Está bem? Foi ferida?

Uma atendente aproximou-se deles:

—Senhor? Procura sua amiga? Ela está bem. Estamos cuidando dela e...

—Oh, céus! Eu quero vê-la!

—Fique calmo. É um hematoma simples e nada que um gel calmante não resolva!

Jin volta para o interior do Spa com a mulher. Ele é conduzido a uma pequena sala onde Lee-na havia sido deixada em repouso. Ela cochilava numa poltrona reclinada e o rosto parecia levemente inchado. O BTS puxou a cadeira e sentou-se perto dela, tomando sua mão e segurando-a com carinho:

—Ela... Me tirou de uma enrascada e ficou para trás para que eu ficasse em segurança. Quando ela fechou a porta do táxi e o motorista arrancou... Eu fiquei sem reação vendo ela cercada por todas aquelas garotas!

A atendente vê o rosto do rapaz enrubescer e os olhos se encherem de lágrimas. Ela se inclina e sai dali discretamente, deixando Jin sozinho com a estagiária.

Lee-na despertou com a sensação de sua mão sendo segura e volta o rosto para o lado. Jin estava ali, sentado em silêncio, olhando a mão dela entre as suas. Ela se senta, surpresa:

—Oh! Eu... Caí no sono!

Jin ergue os olhos avermelhados, levemente inchados e ela o encara:

—Jin! O que foi?

Ele sorri:

—Que bom que está bem... Que loucura foi aquela?

Ela suspira:

—Esqueça o que houve. Não ia dar para embarcar com você sem que elas nos alcançassem! Não era de mim que estavam atrás, lembra?

Ele apontou para o rosto dela:

—E o que é isso?

—Ah... Uma bolsa térmica?

Ele começa a rir e ela também. Jin fala olhando-a nos olhos:

—Nunca mais me assuste assim!

—Não se preocupe quanto a isso!

Ela retira a bolsa do rosto e sai da poltrona reclinável. Pouco depois estão na recepção e a esteticista aparece para examinar Lee-na:

—Querida! Precisava de mais alguns minutos!

Lee-na se inclina:

—Já fez muito por mim e estou agradecida por estar bem melhor agora! Pode acreditar!

—Tenha um bom dia então! Se sentir algo diferente, faça compressas de água fria, está bem?

—Certo! Vou me lembrar disso! Bom trabalho a todos! Obrigada!

Jin e Lee-na se inclinam para o grupo de atendentes que os recepcionara. Outros clientes sorriram ao ver a cena toda e logo o casal saía para o veículo, onde entraram e permaneceram em silêncio, enquanto seguiam para o próximo endereço. Lee-na parecia distraída ou fingia estar para não falar com o BTS. Ele suspirou e recostou a cabeça na poltrona do veículo:

—Perdi a vontade de continuar com isso...

Ela virou-se para ele, mas nada disse. Jin olhou-a:

—Não vai dizer nada?

—O que devo dizer? O dia é seu...

—Era para estarmos cozinhando como chefs e não correndo de fãs alucinadas com minha beleza hipnótica!

Lee-na riu e cobriu a boca com as mãos e fechou os olhos, apertando-os. Jin exclamou:

—Ei! Eu sou o galã do BTS! Não há discussão sobre isso!

A estagiária suspira:

—Ok, Senhor Galã! Vamos ficar rodando pela cidade até a gasolina acabar?

Ele falou com o motorista:

—Vamos para o mercado central da cidade.

A estagiária não comentou a escolha de Jin e quando chegaram ao local, ele colocou o boné, óculos e o capuz da jaqueta. Desceu do carro e puxou a jovem com ele. Andaram alguns metros e Lee-na olhou ao redor:

—Hum... Aqui não dá pra fugir.

—Não precisa. Olhe ao seu redor...

Ela observou muitas senhoras, idosos, vendedores e alguns turistas. Ali não era ambiente onde encontrariam um grupo de fãs de K-pop. A mistura de sons, cores e cheiros eram outro diferencial e nem todas as jovens curtiam um lugar como aquele. Jin sentiu-se mais à vontade, pagou para Lee-na sorvete, bolinho de peixe e comprou legumes, condimentos, frutos do mar e por último levou uma couve chinesa gigante.

Lee-na ajudou-o a carregar um bocado das coisas e ao entrarem no carro, Jin falou ao motorista:

—Vamos pra casa!

A estagiária encarou-o:

—Jin... Eu... Acho que não é uma boa ideia.

—Estou em dívida com você! É o mínimo que posso fazer para...

Ela segura a mão dele:

—Não me deve nada, Jin... Eu podia ter recusado o trabalho com vocês e escolhido outra função na BigHit, mas o manager Sejin me incumbiu dessa responsabilidade e é um desafio pra mim!

Ele aperta a mão dela:

—Odeio sua atitude madura e responsável...

Ela sorri:

—Vamos voltar para a empresa.

Quando chegaram, Lee-na ajudou-o a guardar suas compras na geladeira e depois seguiu para sua sala, colocando a agenda em dia e conferindo os e-mails do manager relacionados a contratos e eventos dos BTS. Sejin surgiu à porta e falou:

—Kyun Lee-na? Eu soube o que aconteceu hoje... Venha comigo.

Ela acompanhou-o e foram para a sala do CEO Bang-PD nin. Esse falava ao telefone e gesticulou para que os dois se sentassem. Ao desligar o aparelho, PD nin encarou-a:

—Senhorita Kyun Lee-na...

Ela espera, preocupada, e ele fala:

—Não sei se elogio você ou te dou uma advertência por se colocar em risco!

Ela baixa o rosto e aguarda o desfecho da conversa. PD nin inclinou-se para frente:

—Não vai se defender?

—O que posso dizer? Não pensei muito. Só precisava tirar o Jin de lá.

—E quanto a você?

—Não era de mim que elas estavam atrás...

O manager sorriu, olhando para seu chefe:

—O que foi que eu disse?

PD nin riu:

—Muitos entrariam em pânico e fugiriam da cena... Pelo visto você não costuma fugir de uma briga, não?

Ela se inclina e diz:

—Vou seguir o cronograma do manager Sejin. Me comprometo a finalizar a agenda conforme foi solicitado.

Ambos percebem que a estagiária não renderia aquele assunto além do que já haviam conversado e a dispensaram da rápida reunião. Tão logo a moça saiu da sala, Sejin suspirou:

—Não sei o que pensar... Ela é tão...

—Old School?

O manager sorri:

—É... Pode ser isso. Uma juventude que não vamos encontrar nos dias de hoje!

PD nin coloca a mão no queixo:

—Se ela fosse um garoto... Imagina o que poderia realizar?

—Um manager, talvez?

—Eh... E aqueles sete garotos no auge dos seus hormônios! Ah! O caos! Sejin, por favor, não deixe as coisas fugirem do controle!

Eles riem e o manager retorna à sua sala. Recordou-se que os estagiários sairiam às 17 horas nessa sexta-feira, mas ninguém se manifestou para tal coisa.

Lee-na estava no banheiro examinando a face dolorida e o pequeno corte na mucosa da boca. Não conseguia esquecer os olhares das fãs sobre ela, algo entre a raiva e a insanidade. De repente, ela teve medo pelos jovens do BTS e pelo que tinha de enfrentar a cada evento, cada apresentação, cada viagem. Recordou-se do rosto de Jin e seus olhos. Ela viu medo real neles e sentiu um aperto no peito. Havia ouvido falar de anti-fãs e haters, das tentativas de ataque a cantores e artistas da tv, muitas vezes com graves consequências. Saiu do banheiro e voltou à sala e Sejin voltou seu olhar para ela:

—Lee-na? Não era hoje o dia da reunião de formandos?

Ela colocou a mão na testa:

—Oh, céus! Eu... Me esqueci completamente! O pessoal desmarcou! Muitos estarão atarefados e não poderão comparecer, assim decidimos reagendar...

O manager ergue uma sobrancelha:

—Oh, certo! Certo! Mas não se esqueça de me avisar com antecedência qual a nova data do encontro, ok?

—Sim, senhor! Eu...

—Foi um dia atípico. Eu entendo seu esquecimento...

—Obrigada, senhor.

Ela sentou-se em sua mesa de trabalho e abriu o e-mail, imprimiu o contrato da sessão de fotos da próxima semana, leu e passou para o manager. Ele apanhou o documento e perguntou:

—Ah, o contrato... Já leu?

—Sim.

—Ótimo! Vou levar ao PD nin para aprovação. Quando terminar seus relatórios, pode ir pra casa.

Ele acena e sai da sala. Ela suspira aliviada por ter escapulido da mentira dos trinta minutos mais cedo. Desliga o computador, guarda o material de trabalho e apanha a mochila, coloca os fones de ouvido e liga sua playlist.

No corredor, ela caminha distraída e não percebe Jimin aparecer na porta da copa, chamando por ela. Absorvida pela música, ela segue calmamente e entra no elevador, enquanto o BTS retornou ao salão de prática e Namjoon perguntou:

—Cadê a Lee-na?

—Foi embora... Eu chamei por ela, mas não me atendeu!

Jin estava sentado no chão:

—Ela estava com os fones de ouvido?

—Não sei... Talvez.

Jin coça a cabeça e fala:

—Nada me tira da cabeça que eu devia ter feito o outro cronograma! Ela não teria passado por aquela situação...

Namjoon caminhava pelo salão:

—Ela... Estava com medo?

Jin fechou os olhos e recordou do momento em que a porta do táxi fechou atrás dele. O grupo de moças saltou o canteiro logo atrás de Lee-na, que recuou para o passeio, sendo logo cercada por elas. Os olhos de Lee-na estavam fixos em Jin e ele viu-a mover os lábios_ “Vá para o próximo local”.

Jin suspirou:

—Medo, não... Acho que ela estava com... Raiva.

Suga se levanta:

—Tudo ao redor dessa garota parece dramático demais! Vou pro estúdio.

—Não vem pra casa conosco?

—Não. Amanhã cedo apareço lá para arrumar as malas.

JHope ri:

—É um rebelde!

Aos poucos a BigHit se esvazia de seus funcionários e, por fim, Suga fica sozinho em seu estúdio. Ele testava uma bateria de sons novos, quando pensou na estagiária enfrentando uma turba de fãs alucinadas para que Jin conseguisse fugir. Perguntou-se que idiota se colocaria na frente de algo assim, correndo o risco de ser ferida gravemente? E porque ela faria isso por qualquer um deles?

Suga fechou os olhos e sacudiu a cabeça. Sabia que não teria essa resposta se não fosse da própria Lee-na. Naquela noite, nenhum BTS conseguiu tirar a garota de seus pensamentos. Jin estava sentado no tapete da pequena sala, a olhar a noite. Os sons da cidade se acalmavam e ele ainda tinha os sentimentos de medo e preocupação tirando-lhe o sono.

Jungkook dormia profundamente e V saiu do quarto para ir até o hyung mais velho:

—Hyung? Sem sono? Vá descansar!

Jin sorriu, mas não parecia bem:

—Eu precisava saber como ela está... Se está bem!

—Ela está! Lembra que levou Lee-na no seu mercado favorito e se divertiram?

Jin balança a cabeça e V sorri:

—Na segunda vai vê-la de novo! Então você fala o que está te aborrecendo!

Jin olha o celular e disca o número salvo da estagiária. O aparelho chama por algum tempo e quando o BTS pensa em desistir, a voz sonolenta de Lee-na é ouvida:

—Quem...

Jin sorri:

—Lee-na?

—Jin? Oi! Aconteceu alguma coisa? O Jimin está bem?

—Todos bem... Eu só... Queria saber se está bem... De verdade!

Ele a ouve suspirar:

—Oh, céus, Jin! Eu... Traumatizei você, não?

—Eu só...

Ela fala com voz calma:

—Você vai voltar para sua cama, se deitar e começar a contar carneirinhos, dançarinas havaianas e vai dormir, entendeu?

Ele sorri:

—Prefiro as dançarinas...

—Pegou o espírito da coisa. Boa noite, Jin... Descanse, ok?

—Boa noite...

Ela desliga e ele coloca o celular encostado na testa. V afaga o ombro do amigo:

—Ouviu a garota, hyung? É uma ordem!

—Certo! Vamos dormir, então!

Continua...