Kiara tinha acabado de entrar na sala de treinamento, onde os tributos tentavam fazer o seu melhor para ganhar altas notas, atraindo principalmente patrocinadores. Mas o meu objetivo a respeito de boas notas não era esse: Eu precisava de boas notas para continuar no meu grupo. Pois afinal de contas, eu tenho certeza de que meu pai vai fazer o máximo para me patrocinar, então, isso está longe de ser o problema.

Mas eu ficando fora do meu grupo? Estremeço só de pensar. Eu teria que criar outro, e naturalmente não ficaria aos pés desse meu.

Olho os tributos que estão esperando a vez. Quando Evolet, Kier, Fynn e Reelly (meu grupo de treino) olham para mim me encorajando. Eles sabem que daqui a pouco será a minha vez. A única que não conheço é Reelly. Ela é tributo 7 junto com Fynn. Seus cabelos são longos e enrolados nas pontas, loiros e tem olhos cor de mel. Ela me encara e move os lábios falando algo como: “Então você é Bax”. Concordo com a cabeça e ela afirma e começa a prestar atenção em outra coisa.

Olho o relógio na parede. Apesar do que todos dizem – meu pai – eu não sei nada sobre relógios. Claro que, como dono de uma grande empresa de relógios meu pai quer que seu herdeiro seja um relógio mutante. Ou alguém que saiba bastante sobre relógios. Mas eu simplesmente os odeio. E odeio a coleção deles que meu pai tem em minha casa, são raros e são do período pré-panen.

- Daxton Barker, tributo 4.

Eu entro suando. Há uma grande variedade de armas na sala, e os idealizadores estão me observando com curiosidade. Vou logo à espada. E corto alguns bonecos. Isso não faz sentido. O que eles pretendem julgar só com isso?

- Boa-dia, meu nome é Dax. Eu sou tributo 4 e, se quiserem chamar algum voluntario para me testar com a espada, fiquem a vontade.

Alguns riem, outros concordam sérios. Mas nenhum diz não. E surpreendentemente um homem com uma roupa que cobre todo o corpo, deixando a mostra a mostra só seus olhos, aparece.

-Ahn... Alguma regra? – Pergunto ao “publico”. E Plutarch Heavensbee, o Idealizador, me responde:

- Mate-o. – Fala dando de ombros. “Ou, seja morto” Penso.

O “ninja mascarado” começa atacando. A ideia de mata-lo, agora era no mínimo aterrorizante. E cruel. Só iria desarma-lo. Sim, esse era o plano.

Após 1 minuto de pequenas tentativas de ataques (e muitas defesas), o “ninja” acerta minha cara e sinto o sangue escorrendo em minha bochecha. Foi um pouco abaixo de meus olhos, e também o suficiente para me dar uma descarga de adrenalina. Rapidamente me desvio de uma tentativa de ataque dele e contra-ataco em direção ao seu pescoço. Ele defende. E me empurra, e eu perco o equilíbrio. Estava caído no chão, sendo que um simples ataque e eu morria. Seus olhos me encaravam profundamente. Eram castanhos escuros e bem familiares. Então ele recua me dando espaço para levantar. E assim feito, começa me atacar de novo. Com toda minha força, miro bem em seu rosto. E acerto, o fazendo desequilibrar e cair. Um corte profundo em cima da testa começa a sangrar de uma maneira exagerada e ele joga a espada para longe. Era a hora. Os idealizadores me observavam atentamente. Eu estou pronto para dar o golpe final, quando o “ninja” tira a máscara.

Magister, meu instrutor de armas, de repende, surge em minha frente.

Com um corte na testa bastante profundo.

-Faça. Você precisa vencer. – Ele fala sussurrando, deu uma maneira que só eu podia ouvir.

Olho para os idealizadores, que com certeza, estavam esperando ansiosamente para esse momento.

-Por quê? Porque essa confiança em mim? – E ele faz um som que provavelmente deveria ser uma risada.

-Você ainda é excepcional Dax. Vem para cá, mais perto.

Estou de pé, na sua frente. Ele sabia que eu não iria conseguir matá-lo. Então, pegou minha espada que continuava em minha mão e colocou em cima de sua barriga.

-Não, pare com isso! – Falo em um tom tão baixo que nem eu o consigo ouvir.

-Vença Dax. – Então ele puxa a espada de um jeito que me faz desequilibrar e cair em cima dele. Afundando a espada em sua barriga, na região do pulmão. – Vença – É o que ele consegue dizer antes de fechar os olhos. Sinto o sangue fugir do meu rosto. Ele conseguiu, visto de fora era uma imagem plena de que eu o estava matando. Fico parado sem conseguir me mexer.

- Pode sair Daxton. – Plutarch e os outros estão com uma cara de satisfeitos no rosto.

Eu não podia chorar. Não ali. Nem ao menos me despedir de Magister. Eles iriam me achar fraco. Isso estava escrito no olhar deles. Então respiro fundo, dou um sorriso mais real que consigo e falo:

-Muito obrigado. – Guardando a imagem do homem que me ensinou a sobreviver e despertou em mim, o desejo de vingança.