60 Minutos de Paixão

Preparativos do Aniversário


CAPÍTULO X - PREPARATIVOS DO ANIVERSÁRIO

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A loira estava deitada em sua cama, concentrada em sua leitura. Os olhos verdes intensos devoravam a história intensamente, como se algo realmente incrível estivesse acontecendo. Um sorriso maléfico molda meus lábios. E então eu corro até sua cama e me jogo sobre a mulher que mais amo e que adoro provocar.

— O que está lendo, velha? – Questiono, apertando o abraço.

— Max! Você quer me matar do coração, filho ingrato? – Grita minha mãe, se debatendo. Rio de seu desespero. Era sempre divertido vê-la brava pelas minhas brincadeiras. – E velha é a megera da sua avó!

— Ela também é! – Respondo, finalmente soltando minha mãe e recebo um forte soco em meu braço. – Ai! Como pode um corpo tão pequeno ter tanta força?

— Depois eu quebro seus dentes e eu que sou a mãe surtada. – Resmunga, marcando a página de seu livro antes de colocá-lo no criado ao lado de sua cama. Ela olha no relógio e vejo sua testa franzir. – Por que chegou tão tarde em casa? Onde estava?

Relembro do dia intenso que havia tido ao lado de Jenny. Depois de me abrir com ela e revelar tudo que venho guardando desde que o assassinato de Nathan aconteceu, algo definitivamente mudou entre nós. Eu apenas não sabia dizer o que era esse sentimento discreto, mas curioso que crescia entre nós.

E de certo modo, era assustador pensar que aquela garota tímida e tão diferente das pessoas presentes em minha vida conseguia trazer tanta confiança, esperança e cor ao meu mundo preto e branco.

— Eu e a... Fernanda saímos para comprar os enfeites para a festa de aniversário surpresa do Dan. Ela quer comemorar o aniversário dele e como eu sou a pessoa que mais o conheço, ela pediu a minha ajuda. – Respondo, lembrando que para minha mãe, Jenny na verdade se chama Fernanda e é a namorada de meu primo. – Eu esqueci meu celular em casa, a bateria do meu carro acabou e eu tive que correr na chuva até chegar na casa da Feh para poder ligar para o guincho ir me resgatar. A caminho do mecânico, fiquei horas em um engarrafamento por causa dos estragos que a tempestade fez nas ruas e acabei chegando apenas agora. E como eu não sei o número de vocês de cabeça não consegui avisar.

— Fernanda fará a festa surpresa de Dan? – Repete minha mãe com um sorriso doce em seus lábios. – Eu realmente gosto dessa garota. Seria muito bom ter alguém como ela como minha nora.

— Não começa, mãe. – Resmungo, sabendo aonde ela queria chegar.

— Apenas quero que você seja feliz, filho. Não pode julgar uma mãe por querer isso. É claro que é importante você focar nos seus estudos e na profissão de seus sonhos, mas quero que fique bem emocionalmente também. E nós sabemos o quanto o amor pode curar nossas cicatrizes. Seu pai era um homem tão perdido quanto você. Talvez até mais, mas ele encontrou o amor e hoje...

— Eu tenho uma família linda que amo e que me faz completamente feliz. – Complementa meu pai, entrando no quarto. O homem sorri e observa minha mãe com um carinho quase palpável. Ele se aproxima e beija minha mãe com amor. – Oi.

— Oi. – Responde minha mãe, apaixonada.

— Eu adoraria se vocês não me deixassem de vela. – Resmungo, chamando a atenção de meus pais, que reviram os olhos e riem. Meu pai dá um peteleco em minha testa e retira o terno e a gravata que usava. – Estava até agora na empresa, pai?

— Infelizmente. Muitos processos e problemas para resolver. – Responde meu pai, suspirando. – Mas, acho que consigo sair mais cedo amanhã para comemorarmos o aniversário de Dan. Resolvi adiantar tudo hoje para que não ocorra imprevistos.

— Sabia que Fernanda fará uma festa surpresa para ele? – Comenta minha mãe, puxando-me para ficar deitado em seu colo. Assim como ela faz comigo desde que eu era criança, ela acaricia meu cabelo, enquanto encara o marido. – Eu estava comentando com Max que adoraria ter uma nora como ela.

— Mãe. – Repreendo a mulher, cansado desse assunto.

— Ela parece ser mesmo uma garota especial. Me lembra muito você quando era mais jovem. – Comenta meu pai, sorrindo nostálgico. – Eu também não reclamaria se você encontrasse uma mulher tão incrível quanto sua mãe para deixar sua vida mais completa, Max.

— Ah, não comecem, por favor. – Reclamo, levantando-me do colo de minha mãe. – Eu vim aqui para pedir a ajuda de vocês.

— Do que você precisa? – Pergunta meu pai, surpreso. – É raro você pedir a nossa ajuda. Geralmente você prefere recorrer a Daniel ou agir por conta própria.

— Preciso que enrolem Daniel enquanto eu ajudo Fernanda e nossos amigos a arrumarem a festa surpresa dele amanhã. – Conto, arrumando meu cabelo que estava bagunçado pelo cafuné que recebi de minha mãe. – Será na parte da tarde e como temos pouca mão de obra, tenho que ir ajudá-los. E não, mãe, você não pode ir à festa. Só serão adolescentes e jovens. Senhoras cheias de cabelos brancos não podem entrar.

— Eu vou quebrar seus dentes se me chamar de velha de novo, moleque. – Ameaça minha mãe, fazendo com que meu pai e eu caíssemos na gargalhada. – Você está rindo do quê, Oliver? Você também está cheio de cabelos brancos.

— Mas no meu caso, cabelos brancos é questão de charme e não de velhice. – Brinca meu pai, que recebe um travesseiro na cara como resposta. Isso só faz com que meu pai e eu gargalhássemos ainda mais.

— É por isso que eu preciso de garotas nessa casa. Vocês não me respeitam. Quem vocês acham que são os culpados pelos meus cabelos brancos? São vocês mesmos! – Resmunga minha mãe. Eu sabia que ela estava se segurando para não ri e que realmente não se importava com nossos comentários. Abraço minha mãe com força e deixo um beijo estalado em sua bochecha. – Agora também não adianta tentar me paparicar.

— Você sabe que eu te amo, mãe. – Declaro, apertando ainda mais o meu abraço. Ela reclama pela força e me dá alguns tapas para que eu a soltasse. Diminuo o aperto e ela revira os olhos, antes de sorri e corresponder ao abraço.

— Eu sei. Eu também te amo, meu menino levado. – Declara, deixando um beijo em minha testa. – Tudo bem. Vou pensar em algo para enrolar Dan. Mas me prometa que vocês chegarão a tempo de comemorar o aniversário dele. Seu pai e eu queremos sair com vocês, assim como fazemos todos os anos. É importante para nós.

— Não se preocupe. Não vamos mudar a tradição. Vamos apenas comemorar com nossos amigos e podemos sair em família para comermos as comidas preferidas de Dan, assim como sempre fazemos. – Afirmo, sorrindo. – Obrigado, mãe. Você é a melhor mãe do mundo!

— Você mima nosso filho demais. – Provoca meu pai, apenas porque assim como eu, ele adora vê-la irritada. Minha mãe revira os olhos e dar de ombros, sem realmente poder discordar do comentário do marido.

— Eu vou dormir. Tive um dia bem agitado. Conto com vocês amanhã para enrolar Daniel de manhã até a hora que eu ligar para ele, pedindo para que ele vá para o ponto de encontro.

— Eu vou dar um jeito de prender seu primo, mas tentem ser rápidos. Você sabe que Dan é esperto. Ele não vai demorar a perceber que tem algo acontecendo. – Alerta minha mãe. Assinto, sorrindo, e deixo um beijo em sua testa. – Boa noite, filho.

— Boa noite, mãe. Boa noite, pai. – Despeço-me de meus pais com um aceno.

— Max, espera. – Pede meu pai, parecendo se lembrar de algo importante. Ele pega algo dentro de seu terno e vejo que é um envelope. – Pegue.

— O que é isso? – Pergunto, curioso.

— Ingressos para o jogo dos Lakers contra Celtics para a próxima semana. Dig me contou que eles iam jogar aqui em Miami algum tempo atrás. Imaginei que você e Dan quisessem assistir, por isso, aproveitei que tenho alguns contatos no American Airlines Arena e conversei com eles. Infelizmente só consegui pegar os ingressos hoje. – Conta meu pai, que ri ao ver a minha reação.

— Valeu, pai! – Digo, dando um forte abraço em meu pai. Ele sabia o que eu era fã dos Celtics e como estava louco para ver um jogo deles, mas acabei não conseguindo comprar, porque os ingressos acabaram antes que eu conseguisse acessar o site de compras. Observo novamente os ingressos e vejo que a data seria exatamente um dia antes de minha audiência. – Mas, o jogo será na quinta-feira. Você tem certeza que quer que eu vá a esse jogo?

— Sim, eu quero. – Responde, sabendo aonde eu queria chegar. – Sei que está preocupado e que a falta de... enfim, sua mãe e eu sabemos que não está sendo fácil para você, filho, assim como não é para nós. Mas ficar em casa e se martirizar não vai resolver em nada. Então, vá a esse jogo com seus amigos e se divirta como um adolescente normal sem qualquer preocupação.

— Me des...

— Eu não quero que você se desculpe por algo que não fez, Max. – Repreende minha mãe com um olhar sério. – Seu pai e eu sempre te ensinamos a assumir as consequências de seus atos e a ser uma boa pessoa, mas não quero que se culpe por algo que não fez e que não tem controle da situação. Nós vamos achar uma forma de te inocentar, meu amor. Então mesmo que seja difícil, não perca as esperanças.

— Obrigado. Vocês realmente são os melhores pais do mundo. – Agradeço, sentindo-me um pouco melhor por meus pais acreditarem que tudo ficará bem.

— E eu prometo que no sábado após a audiência, eu vou tirar uma folga da empresa para irmos jogar basquete e pilotar kart igual fazíamos quando você era criança. – Afirma meu pai, me dando um forte abraço.

— E depois sou eu que mimo demais o nosso filho. – Ironiza minha mãe, rindo. – Max.

— Sim? – Respondo, afastando-me de meu pai.

— Peça para Fernanda jantar conosco para comemorar o aniversário de Dan amanhã. – Pede minha mãe, sorrindo. – Ela é uma garota adorável e você realmente parece se dar muito com ela. Acho que será uma boa incluirmos uma garota em nosso jantar de família.

— Eu... – Tento contrariar, mas eu não tinha argumentos. Era claro que em um jantar de família para comemorar seu aniversário, meus pais iriam querer a presença da namorada de Daniel. – Tudo bem. Eu vou falar com ela.

— Obrigada, querido. – Agradece minha mãe, ajeitando o travesseiro para se deitar. – Durma bem.

— Vocês também. – Respondo, saindo do quarto.

Fecho a porta do quarto e sinto um certo incomodo. Não que eu não quisesse a presença de Jenny no jantar em família. Mas consigo sentir algo nesse simples convite de minha mãe que não consigo identificar. Suspiro, cansado. Algo me diz que o aniversário de Daniel será muito mais intenso do que posso imaginar.

[...]

A comemoração do décimo oitavo aniversário de Daniel começou cedo em nossa casa. Sem a megera de minha avó para estragar o clima, conseguimos ter um café da manhã tranquilo e cheio de nostalgia ao relembrar dos melhores momentos na vida de meu primo.

Por ser o primeiro aniversário que passavam com o filho em anos, meus tios fizeram questão de comprar um bolo e cantar parabéns a Daniel. Eles sabiam da tradição que meus pais e eu temos de levar meu primo a um restaurante que sirva sua comida favorita e depois damos presentes a Daniel, por isso resolveram não interferir em nossos planos. Isso é algo que fazemos desde os nossos dez anos, que foi quando ele, meus pais e eu fomos morar em Star City.

Daniel não poderia estar mais feliz do que hoje. A relação com os pais havia melhorado consideravelmente depois do susto que tio Roy havia dado em nós. Inclusive, o relacionamento de meus tios também estava melhorando bastante. Pensavam até mesmo em ir em encontros e viajarem juntos em uma nova lua de mel.

E como prometido, assim que o café da manhã terminou, minha mãe e minha tia se encarregaram de puxar Daniel para ir as compras e aproveitar a data. Meu primo ainda fez de tudo para se livrar ou pelo menos tentar me levar junto, mas Felicity Smoak Queen conseguia ser bem convincente quando queria e vetou totalmente a minha presença no passeio.

Meu pai ainda colaborou com o plano, dizendo que precisaria de mim na empresa, então eu não poderia ir as compras, mas que nós estaríamos livres à noite para celebrar seu aniversário como na tradição. Então, à contragosto, meu primo acabou aceitando os planos para o dia.

Assim, meu pai e meu tio foram para a empresa, minha mãe e minha tia arrastaram Dan para o que pareceu ser um desgastante dia de compras e passeios pela cidade e eu segui para a casa de Jenny, onde arrumaríamos tudo para o aniversário de meu primo.

Depois de muitas discussões e implicâncias, principalmente por parte de Josh, decidimos que era melhor que a comemoração fosse na residência dos Moon. Parece que a mãe dos gêmeos continuava em turnê e só voltaria na semana seguinte. Já o pai estava envolvido em um grande projeto na empresa e provavelmente acabaria chegando de madrugada em casa, então não correríamos risco de um encontro de Daniel com os sogros.

Após enfrentar um trânsito caótico, eu finalmente conseguir chegar à casa de Jenny. Aperto a campainha e não demora muito para que a porta seja aberta e revele Josh com um balão meio cheio em mãos. Ao me encarar, ele suspira fingindo estar mal-humorado e dar espaço para que eu entrasse.

— Por que ele está aqui mesmo? - Pergunta Josh apenas para provocar.

— Porque precisamos de muita ajuda por aqui. - Responde Júlia, aproximando-se de nós. Ela me abraça e me entrega um saco de balões. - Oi Max. Poderia ajudar os meninos a encher esses balões?

— Claro, Júlia. E bom dia para você também, meu amigo Josh. - Respondo no mesmo tom, apenas porque também era divertido revidar.

— Fala Max! - Cumprimenta Ian, assim que me ver entrando, enquanto termina de amarrar um balão. - Finalmente chegou.

— Ei, Nikers! - Cumprimento, trocando um rápido abraço com ele. - O pessoal lá em casa quis comemorar o aniversário de Dan agora de manhã e eu acabei saindo mais tarde de casa. De brinde, peguei um trânsito bastante complicado.

— Max! Finalmente você chegou. Nós estamos mesmo precisando de um reforço por aqui. Ainda há tanto o que fazer. - Melissa me cumprimenta, animada como sempre. - Dan está desconfiado de alguma coisa?

— Por enquanto não. Minha mãe e minha tia arrastaram ele para as compras, o que deve segurá-lo até a hora da festa. – Conto, sentando-me no sofá para encher os balões que Júlia havia me dado. – Enfim, se eu puder fazer algo além de encher balões, me avisem. Não sou bom com decorações, mas acho que posso ser de alguma ajuda.

— Toda ajuda é bem-vinda. – Afirma Júlia, sorrindo animada.

— Eu acho que a presença dele é desnecessária. Ele nem mesmo é da família. – Responde Josh, encarando-me em desafio.

— Isso é jeito de tratar um amigo, Josh? – Respondo em falsa ofensa.

— Amigo? Nós somos no máximo conhecidos. – Fala o outro, rindo. – Ele é seu amigo, Ian?

— Não. Eu diria que é um colega de classe apenas. – Ian entra na brincadeira do melhor amigo, rindo com divertimento.

Após a discussão que tivemos assim que os amigos de Jenny descobriram sobre a minha acusação de assassinato, eles começaram a se aproximar, provavelmente, na tentativa de ficar de olho em mim. De certo modo, isso contribuiu para que nos tornássemos amigos.

Depois de ouvir a história que Jenny me contou no dia anterior, eu passei a entender melhor o comportamento do irmão gêmeo da loira e entendia que as provocações de Josh são formas de não dar o braço a torcer e ter que voltar atrás das palavras duras que ele me disse. Então, assim como Ian, eu preferia entrar na brincadeira e tentar não me importar, afinal, com meu julgamento em menos de uma semana, eu preciso me manter calmo para pensar em uma forma de provar a minha inocência.

— Mesmo? Então já que não somos amigos, darei isso à outras pessoas. – Respondo, mostrando os ingressos que meu pai havia me dado na noite anterior.

— Isso é o que eu estou pensando? – Questiona Ian, pegando os ingressos de minha mão. – Como você conseguiu os ingressos dos jogo dos Lakers contra Celtics? Eu pensei que assim como nós, você não havia conseguido comprar por estarem esgotado.

— Meu pai conversou com uns contatos dele no American Airlines. Ele disse que demorou, mas eles conseguiram quatro ingressos. Eu irei com o Dan e iria convidar vocês dois, mas como não somos amigos, vou chamar outras pessoas. – Digo, divertindo-me com os olhares animados dos dois rapazes.

— Espera. Isso é sério? São mesmo ingressos para o Lakers contra Celtics? – Questiona Josh, pegando os ingressos da mão de Ian. Ao notar que era realmente verdade, ele se vira para mim e sorri falsamente. – Pensando bem, acho que você é o meu melhor amigo. Eu realmente acho que somos parecidos e temos muito em comum.

— É, Max. Você sabe que a gente joga muito melhor quando estamos na mesma equipe. Não acho que exista um amigo melhor do que você. – Afirma Ian, no mesmo tom de voz de Josh.

— Depois são as mulheres que são falsas. Olha só a cara de pau desses dois. – Comenta Melissa, rindo com Júlia.

— Vocês se vendem fácil demais. – Concorda Júlia, pegando um dos balões para encher. – Foi só o Max aparecer com algo que vocês querem e já viraram melhores amigos?

— O que aconteceu? – Pergunta Jenny, entrando na sala com Kiara em seu colo. Ao notar que eu havia chegado, ela sorri e acaricia o pelo da gatinha, que tenta a todo custo escapar dos braços de Jenny. – Oi Max. Como sempre atrasado, não é?

— O importante é que eu estou aqui. – Retruco, indo em direção a garota. Pego Kiara no colo e acaricio o pelo branco. A gatinha ronrona, apreciando o carinho. – Ei, princesa. Parece que você realmente recebeu um novo lar.

— Por que comigo ela é toda brava e com você ela ronrona e é toda carinhosa? Isso é tão injusto! – Reclama, fazendo com que eu risse de sua infantilidade.

— Isso é porque eu sou muito bom em lidar com fêmeas. – Brinco, aproximando meu rosto do de Jenny, que revira os olhos e empurra meu rosto aos risos.

— Você é tão convencido. – Comenta, em negação. Ela pega Kiara de meu colo, que mais uma vez tenta se afastar de Jenny. A loira então levanta a felina e encara seu rosto com uma expressão engraçada. – Traidora! Eu te dou amor, carinho e comida e é assim que você me trata, mocinha?

— Você já comprou as coisas que eu te falei? – Questiono, relembrando das recomendações que eu tinha dado no dia anterior.

— Não. Eu ainda não tive tempo. Você bem que podia fazer isso para mim, já que entende tanto de animais. Aliás, a comida que você preparou ontem acabou. Faça mais, porque a Kiara está com fome e não quer comer o que eu preparo. – Responde, ajeitando a gata em seu colo.

— Eu por acaso virei seu capacho? – Brinco, voltando a acariciar o pelo de Kiara, que parece se acalmar mais no colo de Jenny.

— Você vai deixar nossa filha passar fome? – Brinca e eu a encaro surpreso. Ao ver o que tinha falado e se dar conta do que aquela frase poderia significar, a garota cora e desvia o olhar.

Estranhamente, eu havia ficado feliz com a afirmação de Jenny e mais ainda com sua reação. Sorrio e volto a encarar a gatinha, porque nem mesmo conseguia entender o que se passava dentro de mim. Eu gostei de saber que ela considerava Kiara nossa filha. E de repente ouço a tosse forçada de Josh, e somente nesse momento eu me lembro que não estávamos sozinhos e ainda éramos encarados com surpresa.

— Tem razão. Não posso deixar minha filha passar fome. – Respondo, fingindo que nada demais havia acontecido. – Eu vou preparar a comida dela. Na hora de ir embora, eu passo no veterinário para comprar as coisas que você vai precisar para cuidar dela. A sua sorte é que eu sou um pai muito responsável e que participar da vida da filha.

— Obrigada. – Agradece, sorrindo timidamente.

— Desde quando você adotou a pestinha? – Questiona Josh, confuso.

— Ela tem nome, Josh. – Repreende Jenny e o irmão apenas revira os olhos. – Kiara. Tenha mais respeito. Ela é uma princesa.

— Tanto faz. – Resmunga o outro, dando de ombros. – Enfim, desde quando você adotou a Kiara?

— Desde que eu a encontrei junto com a Jenny e preparei a comida dela. Não é óbvio? Eu sou pai dela tanto quanto a Jenny é a mãe. – Respondo, como se isso não fosse nada demais. Mas ao continuar sendo alvo dos olhares desconfiados dos amigos de Jenny, decido mudar de assunto. – Mas enfim, vocês irão ao jogo comigo ou não?

— Que pergunta estúpida! É claro que a gente vai. – Responde Ian, animado. – Eu não perderia por nada esse clássico!

— De que jogo vocês estão falando? – Pergunta Jenny, curiosa.

— Max conseguiu ingressos para o jogo dos Lakers contra Celtics e esses dois quase faltaram lamber os pés dele. – Responde Melissa, amarrando um balão.

— Que dia é esse jogo mesmo? – Pergunta Júlia, entregando um balão para o namorado encher. – Não se esqueça que minha mãe estará na cidade essa semana e que teremos que ir jantar com ela na sexta, amor.

— Não se preocupe. Será quinta-feira à noite da semana que vem. Não vai atrapalhar nossos planos de jantar com seus pais. – Responde Josh, dando de ombros, antes de voltar a se concentrar em encher os balões.

— Quinta-feira? – Repete Jenny, pensativa e não demora muito para que ela me encare preocupada. E de alguma forma, eu sabia exatamente o que se passava em sua cabeça. Sorrio discreto e balanço a cabeça negando, o que parece ser o suficiente para Jenny entender o que eu queria.

A garota suspira e coloca Kiara no chão, mas quando a gatinha ver os balões, a loira percebe que é uma péssima ideia e volta a pegar a bolinha de pelo nos braços. Lembro então que precisava preparar a comida dela e que esse seja o momento em que eu estava esperando para conversar em particular com Jenny.

— Bom, eu irei preparar a comida da Kiara e volto para ajudar vocês com os balões. – Aviso, chamando a atenção dos dois casais que enchiam os balões. Viro-me para Jenny e sorrio em falsa simpatia. – Pode me ajudar a achar os ingredientes.

— Claro. – Concorda Jenny, sorrindo da mesma forma.

E sem esperar para ver as reações ou ter respostas dos amigos de Jenny, seguimos para a cozinha em um silêncio desconfortável. Assim que chegamos, ela confere se os amigos estão por perto e se aproxima de mim, para que nossa conversa continuasse em sigilo.

— Seu julgamento não é na sexta-feira? Acha mesmo uma boa ideia ir a um jogo no dia anterior? – Sussurra, preocupada. – Você precisa estar bem mentalmente para enfrentar o júri, Max.

— Eu vou ficar bem. – Garanto no mesmo tom de voz. – Se eu ficar em casa, vou acabar ficando ainda pior. Foi justamente por isso que meu pai me deu esses ingressos. Ele e minha mãe querem que eu me distraia um pouco.

— Alguma novidade desde que você saiu daqui ontem? – Questiona, colocando Kiara no chão. Suspiro e vou atrás dos mesmo ingredientes que peguei ontem para preparar a comida da gatinha.

— Não. Nenhuma. Pensei em tudo que eu poderia fazer, mas nada veio em minha mente. Meu padrinho tem procurado pistas por Star City e vem interrogando as pessoas que eu lembro que estavam na festa, mas até agora não tivemos nada e nem temos certeza de quem estava na casa na hora que tudo aconteceu. Como eu te disse ontem, as pessoas estavam bêbadas demais para se lembrar de algo e a música estava alta demais para que alguém tivesse ouvido alguma coisa. – Conto, enquanto corto os ingredientes para fazer a comida de Kiara.

— Não havia nenhuma espécie de lista de convidados para se saber quem esteve na casa ou quem foi convidado para a festa? – Questiona, sentando-se na mesa da cozinha.

— Em uma festa adolescente onde não tem nenhum responsável, muitas bebidas e drogas liberadas? – Ironizo, rindo. – Não. Isso é a última coisa que essa festa teria. Esse é um dos problemas também. A incerteza de saber quem esteve na festa. Eu obviamente conhecia poucas pessoas nesse lugar. A polícia só conseguiu contato com as poucas testemunhas que ainda estavam na casa quando eles foram acionados, o que não era nem metade do que compareceu na festa.

— Kiara! – Jenny repreende a gatinha de repente. Olho para trás e vejo que a filhote estava arranhando o armário da cozinha. – Minha mãe vai me matar se você estragar os móveis dela!

Rio da atitude da gata, que parece nem se importar muito com os apelos da dona e continua a arranhar o armário, provavelmente em busca de comida. Coloco a carne ao fogo com os outros ingredientes para cozinhar, enquanto observo Jenny brincar com Kiara e tentar afastar a gatinha que parecia curiosa com tudo que havia no cômodo.

— Ela realmente se parece com a Kiara de o Rei Leão 2. – Comento e Jenny sorri como uma criança que acabou de ganhar um presente de Natal.

— Sim! Eu te disse que o nome era perfeito. – Afirma, sorrindo animada. Ela brinca com a gatinha e suspira. – Não há nada que eu possa fazer para te ajudar?

— Só se você tiver alguma ideia para eu conseguir provas que possam comprovar que eu não estava sozinho na hora que o crime aconteceu. – Respondo, desanimado. Essa era a única forma de conseguir prolongar o julgamento o suficiente para descobrir mais sobre o que aconteceu.

— Não havia câmeras na casa? Ninguém gravou nada e postou na internet? – Questiona Jenny, pensativa.

— Bom, até teve, mas os vídeos que achamos do dia da festa só serviram para o meu padrinho encontrar algumas outras testemunhas além das que a polícia investigou. – Respondo, apagando o fogo da panela e pego uma bacia para colocar a comida de Kiara. – E quanto as câmeras na casa. Não havia nenhuma. Era uma casa no subúrbio de Star City. Só havia música alta, móveis velhos, pessoas bêbadas, drogadas e muita gente esquisita, mas nenhuma câmera de segurança.

— É tão frustrante não conseguir ter ideias. – Resmunga, suspirando.

— Deixando isso de lado, você está livre hoje à noite? – Questiono e Jenny me encara de maneira estranha e não demoro a perceber que a pergunta havia soado estranha. – Não estou te chamando para sair. Quer dizer, de certa forma é, mas foi minha mãe que pediu para te chamar. Enfim, todo aniversário de Dan, meus pais, ele e eu saímos para comer em um restaurante italiano e damos nossos presentes depois de cantar parabéns. É algo bem comum e meio bobo, mas é a nossa tradição de família. Minha mãe pediu para te chamar para participar da nossa tradição. Ela gosta muito de você e quer muito que você vá. Você não precisa ir, se não quiser. Não é uma obrigação que você tem que cumprir. Sei que está em cima da horas, mas...

— Eu vou. – Jenny me interrompe, sorrindo. Ela encara Kiara, que havia implicado com o pé da cadeira e arranhava o móvel. – Eu gosto da sua mãe. Ela é divertida. E eu sou a namorada do Dan. Acho que é óbvio que eu tenho que participar da tradição de família, ainda que eu não saiba o que devo vestir.

— Eu tenho certeza de que você ficará linda em qualquer roupa. – Deixo escapar, enquanto assopro a comida de Kiara.

— Ah, então você me acha linda? – Provoca a loira, aproximando-se, provavelmente se lembrando do dia em que ela deixou escapar que me achava bonito.

— Eu nunca disse que você não era. – Respondo de volta, sorrindo malicioso.

— Você é tão sem graça. – Resmunga, afastando-se. Rio de seu comportamento mal-humorado e de sua timidez. Ela não esperava que eu fosse ser tão direto, mas era sempre interessante observar até mesmo as mais discretas reações da garota. – A comida de Kiara está pronta? Ela realmente está com fome.

— Sim.

Coloco a bacia com a comida de Kiara no chão e a gatinha não demorou para se aproximar. Como se não visse comida há dias, a pequena bola de pelo come desesperadamente. Jenny e eu ficamos agachados ao lado da gatinha, observando sua afobação com sorrisos bobos em nossos rostos. E por estarmos tão concentrados, nem mesmo notamos nossa aproximação.

Desvio o olhar de Kiara e passo a encarar Jenny. Seus olhos brilhavam intensamente enquanto observava a filhote comer. Eu não havia mentido sobre a beleza da garota. E quanto mais eu a conheço, mais bonita ela parece se tornar. Com seu sorriso fácil, olhos curiosos e personalidade doce e teimosa, há algo de especial nessa garota que me faz sempre querer mostrar meus melhores lados.

Jenny então corresponde ao meu olhar. Como ímãs, eu me sinto completamente atraído por seus olhos. Nossas respirações ficam pesadas. O clima de repente se torna intenso. E assim como vinha acontecendo com bastante frequência, eu não conseguia fazer meu corpo se afastar, mesmo sabendo que corria o perigo de ir contra nosso acordo e acabar fazendo uma besteira.

— Jenny, você viu a... – Júlia entra na cozinha e nos encara surpresa. – Fita...

Com a entrada inesperada da cunhada de Jenny, nós nos afastamos no mesmo instante. Kiara também parece se assustar e pula, batendo na perna de uma das cadeiras. Atordoado, eu me levanto e esbarro na mesma cadeira, que se não fosse por Jenny, teria ido ao chão. Kiara então começa a correr pela cozinha e para não pisar na gatinha, Jenny se afasta mais ainda e esbarra no balcão, onde derruba vários papéis que estavam sobre ele. Pego os papéis no chão e encaro Júlia com um sorriso sem graça.

— Fita? Acho que está na sacola rosa, Juju. – Responde Jenny, tentando tornar o clima um pouco menos constrangedor do que estava.

— Certo. – Concorda Júlia, nitidamente segurando o riso. – Max, você poderia me ajudar a procurar a fita?

— Eu... claro. Vou te ajudar a procurar a fita. – Eu nem mesmo sabia o que estava dizendo. Era como se meu cérebro tivesse dado um curto-circuito e agora eu agia apenas no modo automático. Coloco os papéis em minhas mãos sobre o balcão de novo, tentando agir da forma mais natural possível.

Eu não entendia bem o motivo de nossa reação exagerada. Não havíamos feito nada demais. Eu não sou tão inocente para fingir que não há uma forte atração entre nós, mas eu conseguiria me controlar, assim como tenho feito desde que notei que não era tão indiferente a Jenny quanto eu gostaria.

Por outro lado, minha mente – e, por mais que eu tente negar, o meu coração -, se encontrava em um completo caos desde o dia anterior. Muito mais do que atraído fisicamente, há algo que ainda não quero admitir crescendo e se espalhando dentro de mim, como um vírus irritante que mexe com meus sentidos e me faz agir de forma fora do meu comum.

E sem olhar para Jenny, porque me sentia atordoado demais e temia falar alguma besteira, sigo Júlia para ajudar a procurar a fita que ela havia questionado a cunhada. No entanto, antes de chegássemos na sala, a ruiva me puxa para um escritório e me encara com os braços cruzados.

— Fala.

— O quê? – Questiono, tentando entender o que Júlia queria de mim.

— O que teria acontecido se eu não tivesse chegado naquele momento, Max? – Pergunta Júlia, encarando-me com preocupação.

— Não teria acontecido nada. – Respondo, tentando não me sentir intimidado pelos olhos de águia da garota.

— Max, você sabe que todos nós gostamos muito de você. Até mesmo Josh, que fica te provocando e implicando com você, apenas porque ele é um bobo. Então não faça isso. – Alerta a garota, deixando-me confuso.

— Fazer o quê?

— Jenny é uma garota incrível e sei que já percebeu isso, mas não se aproxime demais, Max. Não nesse momento. – Explica Júlia e sorri compadecida. – O que eu quero dizer é que você não deve se apaixonar por Jenny. Não quando ela namora seu primo e há tantas coisas complicadas acontecendo em sua vida. Vocês só se machucarão cada vez mais. E eu não quero que nenhum de vocês dois sofra.

— Acho que você está delirando, Júlia. Eu não estou apaixonado por Jenny. Talvez atraído, mas não apaixonado. Ela é uma garota bonita e gentil, então não é tão surpreendente assim, no entanto, eu jamais trairia Dan. Não se preocupe. Jenny e eu jamais daríamos certo e eu gosto da amizade dela. Jamais estragaria isso. – Afirmo, sem realmente ter certeza em minhas palavras, chocado demais com a opinião da garota sobre meu envolvimento com Jenny.

— Eu sei o que eu vi, Max. – Responde a ruiva, deixando claro que não acreditava em mim. – A sorte de vocês é que fui eu que os encontrei. Josh teria surtado se tivesse visto a cena de vocês quase se beijando.

Bufo frustrado e me afasto, indo para a janela do escritório. Eu realmente não estava conseguindo pensar direito e as afirmações perigosas de Júlia estava me deixando ainda mais incomodado. Eu não estou apaixonado. Eu não posso estar. É impossível que eu me apaixone por alguém que conheço a pouco tempo e que nem mesmo beijei. Não faz sentido algum.

Encaro a vista privilegiada de uma grande parte de Miami da janela do escritório que supus pertencer ao pai dos gêmeos. Procuro acalmar meus pensamentos e controlar toda a adrenalina que ainda corria pelas minhas veias. Observo então a rua da casa dos Moon e algo chama a minha atenção.

— Max? Você está me ouvindo? – Júlia me chama, colocando a mão sobre o meu ombro. Desvio o olhar da janela e fito a ruiva, assustado. – Está tudo bem?

— Sim, eu só... eu... eu preciso falar com a Jenny. – Afirmo, indo em direção a saída do escritório. Algo em minha mente martelava incessantemente.

— O quê? Max! Espera! Você ouviu o que eu disse? – Insiste a garota, enquanto me segue visivelmente cansada. – Você vai acabar se envolvendo em problemas com a família Moon, garoto!

Apresso meus passos até a cozinha, torcendo para que Jenny ainda estivesse lá. Eu precisava urgente falar com a loira e se ela estiver acompanhada dos amigos ou do irmão, isso com certeza nos envolveria em uma situação ainda mais complicada. E para a minha sorte, ela ainda observava Kiara comer afobada a comida que eu havia preparado.

— Jenny! – Meu chamado parece despertar bruscamente a garota de seus devaneios. – Eu tive uma ideia!

— O... quê? Uma ideia? – Repete a garota, confusa. Mas, depois de alguns instantes, ela parece entender sobre o que eu estava falando. – Isso é sério?

— Sim!

— E quais as chances de essa ideia dar certo? – Questiona Jenny, tentando controlar a animação que sentia.

— Eu diria que oitenta por cento. – Sorrio, esperançoso. Era a primeira vez que me sentia assim desde que o crime aconteceu. – Se eu realmente estiver certo, existe uma chance gigantesca de pelo menos termos uma ideia de por onde devemos começar para solucionar o mistério.

— Max! Isso é incrível! – Jenny ri e me abraça com força. Ela se afasta e me encara sorrindo ainda sem acreditar. – E o que temos que fazer?

— Eu preciso de um computador. Ainda que eu não possa fazer invadir o sistema que preciso sem ser pego, ao menos poderemos saber se estou certo sobre as minhas suspeitas. – Respondo, sentindo uma chama de esperança arder em meu peito e a adrenalina se espalhar pelo meu corpo.

— Gente, sobre o que vocês estão falando? – Questiona Júlia, confusa.

— Bom, se tudo o que você precisa é um computador, podemos usar o do meu quarto. – Sugere a garota, pensativa.

— Pode ser. – Concordo, sorrindo. – Eu só preciso confirmar as minhas suspeitas por enquanto. O restante da investigação farei em casa.

— Gente? Alô? Será que dá para vocês pararem de me ignorar e me explicar o porquê de repente vocês parecem aqueles personagens de filmes de ação que estão prestes a fazer besteira? – Insiste a ruiva, frustrada por estar de fora de nossa conversa.

Jenny então pega Kiara no colo e puxa meu pulso para que eu a seguisse, mas antes que saísse da cozinha, ela para bruscamente e encara a cunhada com intensidade. Júlia parece ficar ainda mais confusa com a ação de Jenny.

— Não deixe meu irmão saber que Max está em meu quarto. Preciso que continuem a arrumar os preparativos para o aniversário de Dan. E por favor, não conte para ninguém o que você viu ou ouviu aqui nessa cozinha. Principalmente para Josh. – Pede Jenny, sorrindo sem graça para a cunhada.

— Você sabe que eu não direi nada a ninguém, mas o que eu devo dizer a Josh e aos outros? O que está acontecendo, Jenny? - Júlia bombardeia a amiga com perguntas. Ela definitivamente não estava conseguindo conter a sua curiosidade e preocupação.

— Diga que Max passou mal e está no banheiro e que eu me sujei e estou trocando de roupa. Ou sei lá. Tenho certeza de que você será criativa quanto a desculpa que precisa dar para manter todos ocupados com os preparativos do aniversário e esquecerem de nós por algum tempo. – Responde a loira, sorrindo agitada. Ela então aperta meu pulso e vejo que ela estava nervosa. – E sobre o que está acontecendo, eu não posso te contar ainda, porque nem mesmo temos certeza, mas eu prometo que te contarei assim que eu puder. Eu juro, Juju.

— Tudo bem, Jenny. Eu vou manter segredo, mas, por favor, toma cuidado. Eu não sei o que está acontecendo, mas pelo visto é algo importante. Apenas me digam se eu puder ajudar de alguma forma. – Responde Júlia, dando-se por vencida. Estava claro que Jenny não contaria nada a ela. Pelo menos, não ainda.

— Você já está fazendo muito por nós, mantendo tudo em segredo, Júlia. – Afirmo, aliviado por saber que podemos confiar na ruiva.

— Juízo! – Resmunga a garota, suspirando em seguida. – Eu vou dar um jeito de chamar a atenção de todos para que vocês possam subir para o seu quarto sem serem notados. Sejam rápidos. Eu não sei se consigo manter a atenção deles por muito tempo.

Júlia então deixa a cozinha e nós vamos atrás, tomando cuidado para não sermos vistos pelos outros três que estavam na sala, provavelmente enchendo balões. Assim que chegou ao cômodo, ouço Josh perguntar sobre a fita e a ruiva aponta para o que imaginei ser o local onde Jenny havia falado antes.

É então que Júlia finge tropeçar no próprio pé e cai. Ela geme e começa a dizer que estava sentindo dor. Preocupados, Josh, Ian e Melissa correm até a garota para ajudá-la a levantar e conferir se ela estava bem. É nesse momento que Jenny me puxa e subimos as escadas na forma mais apressada e silenciosa possível.

Quando enfim chegamos ao quarto da garota, ela fecha a porta e coloca Kiara no chão, que já parecia bastante incomodada pela forma como Jenny a apertava. Observo o quarto de decoração rosa e diversos detalhes de princesas. Sorrio, pensando que o quarto de Jenny realmente combina com ela.

— Max?

Desvio o olhar da decoração e passo a encarar a garota que estava sentada de frente para o computador que estava em sua escrivaninha. Ela se levanta da cadeira e aponta para que eu me sentasse. Aproximo-me, sentindo meu coração bater fortemente em meu peito. Minhas mãos passam a suar e eu me sentia ansioso. O meu destino depende do que irei encontrar naquele simples computador.

Sento-me de frente a máquina e acesso a página que eu gostaria. Jenny permanece ao meu lado, parecendo estar tão ansiosa quanto eu. Digito todos os dados que eu precisava e busco pela informação que pode mudar o resultado da audiência que ocorrerá em alguns dias. E então, encontro o que tanto procurava. Comemoro, sorrindo animado. Viro-me para Jenny, que me encarava com expectativas.

— Parece que as nossas chances de descobrir o que realmente aconteceu aquela noite acabaram de aumentar. – Digo, voltando a encarar a tela do computador. – Prepare-se maldito! Eu finalmente entrei no jogo e dessa vez sou eu quem ganhará.

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