60 Minutos de Paixão

Enfrentando Antigos Amores


CAPÍTULO XX – ENFRENTANDO ANTIGOS AMORES

...{♕}...

Max faz o juramento de dizer apenas a verdade em tribunal e se senta no lugar reservado para o réu, onde ele seria interrogado pela promotora e pelo tio Dig para provar a inocência ou a culpa dele. Sentada ao meu lado, Jenny aperta minha mão com força, demonstrando todo o seu nervosismo, e eu correspondo com igual intensidade, sentindo meu coração bater descompassado em meu peito.

Eu não sabia o que me deixava mais nervoso naquele cenário. Se era o desenrolar da audiência de Max que poderia determinar se ele finalmente seria inocentado ou preso, ou se era o fato de estar ciente do olhar de Elliot sobre mim, enquanto estava sentado no banco paralelo ao que Jenny, minha família e eu estávamos.

Ainda que eu tentasse ignorar sua presença, meu coração traidor continuava a se sentir mexido com a presença do meu primeiro amor. Mesmo com o nosso término complicado, Elliot continuava a ter muito mais controle sobre mim do que eu gostaria. Eu ainda o amava. Muito mais do que deveria e isso me matava por dentro.

Respiro fundo e resisto a qualquer desejo insano de virar na direção ao dono dos olhos castanhos que já me fizeram perder várias noites de sono fosse por amá-lo demais ou por sofrer por saber que jamais poderíamos ficar juntos por minha culpa. E mesmo agora, enquanto ele testemunhou contra Max, eu me odeio por não ser capaz de odiá-lo.

— Dan? Você está bem? – Sussurra Jenny, próxima ao meu ouvido.

Desvio o olhar de Max e abaixo o rosto para encarar a loira ao meu lado. Sorrio e suspiro, assentindo. Não era hora para ficar preso ao passado. Eu não posso deixar que todo o sacrifício que Max e Jenny estão fazendo para me ajudar seja em vão. Não seria justo com eles. Quer dizer, eu já não estou sendo justo ao atrapalhar o romance deles, que eu tenho certeza de que não se desenvolve mais por minha culpa. Então, eu preciso dar o meu máximo para ser o melhor namorado de mentira de Jenny e esquecer por completo de Elliot.

— Sim. Apenas nervoso com a audiência. – Minto e Jenny me encara desconfiada.

— Tem certeza de que é apenas isso? – Indaga, desconfiada.

— Sim. – Respondo, voltando a encarar Max. Jenny suspira, parecendo se dar por vencida.

— Para iniciar o depoimento do réu, Maximus Queen, chamo a promotoria. – Declara o juiz, atraindo a atenção de todos. – Srta. Vernable.

A mulher de cabelos curtos e loiros se levanta, esbanjando aquele ar de superioridade. Ela se aproxima de Max com um sorriso contidos nos lábios, mas eu quase conseguia ver seus pensamentos a levando pela ideia de que já havia vencido o caso. No mesmo instante, sinto meu corpo se tencionar ainda mais.

A promotora para de frente para Max e por alguns minutos, tudo o que temos é silêncio e uma tensão quase palpável no ar. Ela então encara o júri, como se estivesse analisando a situação e volta para perto de sua mesa. Com alguns papéis em mãos, ela retorna para perto de meu primo e dá um pequeno sorriso, antes de seus olhos se fixarem nas folhas em suas mãos.

— Senhor Queen, em seu último depoimento, o senhor afirmou que não se lembrava de nada do que havia acontecido além de ter subido para o quarto no segundo andar da casa com uma garota de longos cabelos cacheados, batom vermelho, vestido curto e colado, pele morena e de olhos verdes. – Começa a promotora, erguendo o seu olhar em seguida para encarar meu primo de forma intimidante. Max se encolhe brevemente em seu lugar, mas permanece sustentando o olhar determinado. – Nos exames toxicológicos realizados pelo senhor, encontramos uma quantia realmente alta de álcool e de metanfetamina. Ainda assim, o senhor afirma que não foi o responsável pelo assassinato de Nathan Piers?

— Eu não matei o Nathan. – Garante Max com determinação, mas eu podia ver o quanto ele estava nervoso. O tom traiçoeiro usado pela promotora deixava a experiência ainda pior para meu primo. – Nós éramos amigos. Eu jamais faria algo assim.

— E por causa da sua amizade com o sr. Piers, todos aqui devem ignorar todas as provas apresentadas ao tribunal, sr. Queen? – Indaga a promotora com tom de ironia. Ela agia como se já tivesse ganhado a audiência e isso era incrivelmente frustrante.

— Protesto, Meritíssimo. A promotoria está intimidando meu cliente. – Tio Dig mais uma vez intervém ao ver como Max estava ficando cada vez mais inquieto diante das acusações e olhares maldosos das pessoas.

— Protesto deferido. – Responde o juiz, encarando a promotora com repreensão. – Srta. Vernable, peço que mantenha a compostura. Da próxima vez, pedirei que se retire do tribunal.

— Perdão, Meritíssimo. – Lamenta a loira, fazendo uma breve reverência ao juiz, deixando claro que ela realmente não se importava com os sentimentos de Max e nem com o fato de estar deixando-o cada vez mais incomodado com seus olhares e comentários.

— Eu odeio essa mulher. Parece que ela está fazendo de tudo para destruir o Max. – Sussurra Jenny, apertando a minha mão com raiva.

— Bom, é o trabalho dela. – Respondo, compartilhando do mesmo sentimento de indignação pelas atitudes maldosas da mulher. – Mas também não gosto dela.

— Eu juro que se essa vadia acusar meu filho dessa forma mais uma vez, eu vou invadir esse tribunal e acabar com o que ela chama de cara. – Ameaça tia Felicity, enquanto tio Oliver a segurava.

— Controle-se, Felicity. Qualquer mal comportamento de nossa parte pode influenciar negativamente para Max. Eu sei como se sente, mas vamos confiar em Dig e na justiça. – Tio Oliver encarava o tribunal com seriedade, mas pelo punho cerrado, eu sabia que não estava sendo uma tarefa fácil para ele manter a calma.

O silêncio ensurdecedor que se fazia no local faz com que todos voltassem sua atenção para Max, que respira fundo e mais uma vez se ajeita em sua cadeira. A promotora volta a se aproximar de meu primo, parecendo esperar uma resposta.

— Eu tenho ciência de que minhas palavras podem parecer loucura, mas eu não matei o Nathan. Nós tínhamos nossas diferenças como qualquer amizade, mas nós sempre conseguimos nos resolver. – Garante Max, um pouco mais confiante.

— Então poderia nos explicar o motivo de ter escondido a briga que tiveram no mesmo dia da festa e o seu ataque de fúria, sr. Queen? – Indaga a promotora e logo compreendo que seu objetivo é provar que além de estar embriagado e sob efeito de drogas, meu primo supostamente tinha motivos para ter assassinado Nathan.

— Eu não tive um ataque de fúria, promotora. Por estar com chateado com as acusações de Nathan, eu abrir a porta da sala, que já estava quebrada, com mais força que o normal e isso fez com que o vidro se quebrasse. Mas logo depois disso, Nathan e eu nos acertamos. Até mesmo o diretor da escola disse que a porta deveria ter sido trocada no dia anterior. – Responde Max, parecendo um pouco mais agitado que o normal.

— Você não respondeu a minha pergunta, sr. Queen. Por que omitiu sua briga com o sr. Piers? – Insiste a promotora, pressionando Max.

— Eu não omiti. Eu só... – Max perde a fala, parecendo procurar a melhor justificativa. Ele estava nervoso e a pressão colocada pela mulher interferia em seu raciocínio.

— Você o que, sr. Queen? É uma simples pergunta. Por que não contou em seu interrogatório sobre o seu desentendimento com o sr. Piers? – A srta. Vernable se vira para o público e sua expressão quase diz que ela ganhou a causa por mostrar que Max não sabia responder sua pergunta. – Gostaria de lembrar a todos que relacionamento do sr. Queen com o sr. Piers foi questionado mais de uma vez nos interrogatórios do sr. Queen. Se ele realmente era inocente, por que mentiu sobre a briga?

— Eu não menti sobre a briga. – Afirma Max, demonstrando seu desespero. Ele provavelmente sabia que não contar sobre a discussão com o Nathan havia prejudicado e muito sua imagem. – Eu só não achei que fosse fazer diferença no caso, já que como eu disse, nós realmente nos entendemos no dia. Nathan entendeu que eu não tive nada a ver com o término do relacionamento dele com a Stacy.

— Achou que não fosse fazer diferença no caso? – Repete a promotora com um leve tom de ironia. – Sr. Queen, segundo o artigo trezentos e cinco de nosso código penal, é crime destruir, suprimir ou ocultar, em benefício próprio ou de outrem, ou em prejuízo alheio, documentos e informações que podem influenciar em um caso. Não cabe ao senhor decidir se alguma informação vai fazer ou não diferença no caso, ainda mais algo como uma briga com a vítima.

A mão de Jenny aperta ainda mais a minha. Surpreendido com a força da garota, desvio o olhar do tribunal para encará-la e vejo o quanto ela sofria naquele momento. Assim como tia Felicity, que era segurada por tio Oliver, a garota estava sofrendo por ver como meu primo estava sendo torturado psicologicamente por aquela mulher.

Com as palavras feroz da promotora, o júri e o público passam a dividir opiniões. Não havia muito o que Max pudesse dizer. Mesmo que sem intenções, ele havia escondido informações sobre seu relacionamento com Nathan e isso tornava sua situação ainda mais complicada.

— Droga. – Sussurra Jenny com frustração.

— O que o Dig está fazendo? Por que ele não está interferindo? – Indaga tia Felicity, desesperada. – O meu filho está sendo torturado naquele lugar. Se continuar assim, ele vai acabar sendo preso e pagando por um crime que não cometeu.

— Calma, Felicity. Nós temos provas que de que Max é inocente. Dig vai tirar o nosso filho dessa. – Tio Oliver tenta acalmar a esposa, mas pela expressão furiosa e o tom vermelho de seu rosto, eu sabia que faltava muito pouco para a mulher ir atrás da promotora por machucar emocionalmente Max.

— Ordem! Ordem no tribunal! – Exige o juiz, batendo seu martelo sobre mesa até que todos lhe dessem atenção. – Por favor, srta. Vernable, prossiga com a audiência.

— Sim, Meritíssimo. - Responde a mulher, virando-se para Max. – Sr. Queen, como era o seu relacionamento com a srta. O'Donnell?

— Nós nos conhecíamos de festas. Por ser uma pessoa divertida, nós sempre nos divertíamos juntos quando nos encontrávamos, mas não éramos tão próximos assim e quando ela começou a namorar com o Nathan, ficamos ainda mais afastados, porque eu sabia que ele era muito ciumento. Eu era muito mais amigo de Nathan do que de Stacy. – Explica Max, parecendo um pouco mais calmo com as perguntas.

— Então o senhor nunca namorou com a srta. O'Donnell? – Insiste a promotora, provavelmente querendo arrancar mais alguma informação que prejudicasse meu primo.

— Nunca. É verdade que nós nos beijamos algumas vezes na época em que ela ainda não conhecia o Nathan, mas nada sério. Como ela mesma disse, eu nunca me prendia a ninguém e sempre fui muito sincero quanto a isso. Além disso, eu respeito bastante os relacionamentos de meus amigos. Jamais iria interferir no namoro de Nathan e Stacy. – Conta Max, encarando brevemente o público, provavelmente em busca de Stacy antes de se voltar para a promotora.

— E o sr. Piers sabia que vocês já tiveram esse tipo de relação? – Indaga a mulher e Max suspira.

— Sim. Ele sabia. É por isso que sempre me mantive afastado de Stacy quando eles começaram a namorar. – Responde Max com sinceridade.

— E no dia da morte do sr. Piers havia sido a primeira vez que vocês brigaram por causa da srta. O'Donnell? – Questiona a srta. Vernable e posso ver o desconforto de Max com a pergunta.

Suspiro, frustrado. Nathan e eu nunca nos demos bem justamente por causa das constantes brigas do rapaz com meu primo por ciúmes doentio da namorada. Na cabeça de Nathan, Max estava sempre atrás de Stacy, quando na verdade, era evidente que a garota era completamente apaixonada pelo meu primo.

— Não. Nós já discutimos algumas vezes por causa do ciúme de Nathan com Stacy. Ele era bastante inseguro, então acho que ele via o meu passado com ela como uma ameaça. Mas nossas discussões não passavam de bate-boca. Em algumas horas, a gente se desculpava e a vida seguia.

Max volta a ficar nervoso. Não era para menos. Não era preciso ser um especialista em Direito para saber que todas as respostas e provas apresentadas até o momento mostravam "motivos" para que Nathan acabasse se desentendendo com Max e, por estarem sob efeito de drogas e bebidas, eles pudessem se matar.

— A promotoria encerra as perguntas, Meritíssimo. – Informa a promotora, virando-se para o juiz, que assente, permitindo que ela retornasse para o seu lugar.

— Muito bem. – O juiz anota algo no que imaginei que fosse seu caderno e encara tio Dig. – Sr. Diggle.

— Sim, Meritíssimo. – Tio Dig se levanta e se aproxima de onde Max estava.

Uma chama de esperança volta a se acender em meu peito. Finalmente havia chegado o momento em que esperávamos onde tio Dig poderia mostrar o vídeo de segurança e provar de uma vez por todas que Max é inocente e que a verdadeira assassina está à solta por aí.

— Sr. Queen, o senhor acredita que o sr. Piers seria capaz de tramar um assassinato? – Questiona tio Dig e Max se retrai, mordendo o lábio inferior.

— Não sei se Nathan seria capaz de algo assim. Mas ele era uma pessoa impulsiva e bastante violenta em alguns momentos. – Responde Max, dando de ombros.

— Quanto a dama que o acompanhou ao quarto onde o crime ocorreu, o senhor se lembra de ter a encontrado antes ou algo além de sua aparência? – Pergunta o advogado, encarando o júri.

— Não. Apenas me lembro que era uma garota de longos cabelos cacheados, batom vermelho, vestido curto e colado, pele morena e de olhos verdes. Ela parecia ter uns vinte e cinco anos. Era a primeira vez que eu a via. Com certeza eu teria me lembrado se já tivéssemos nos vistos antes. – Afirma meu primo com determinação.

— Após a briga, vocês fizeram as pazes, correto? – Continua tio Dig e Max assente, concordando. – O sr. Piers parecia diferente comparado as outras vezes em que discutiram pelo mesmo assunto?

— Nathan estava deprimido pelo término com Stacy, mas estava muito melhor do que eu esperava. Algumas horas depois da briga, ele se desculpou, afirmando que me conhecia e sabia que eu jamais seria capaz de roubar Stacy dele, então não havia motivos para ele me acusar. E era para provar que estávamos bem que deveríamos ir a essa festa que teria na periferia da cidade. Ele precisava tirar Stacy da cabeça e queria se divertir comigo como antes deles começarem a namorar. – Conta Max, suspirando em seguida. – Durante a festa, ele estava mais animado que o normal. Insistia que eu bebesse com ele e nem mesmo parecia que tínhamos discutido antes.

Tio Dig se vira para o juiz e o encara com seriedade. Meu coração se acelera e sinto que Jenny estava tão ansiosa quanto eu. Trocamos sorrisos nervosos e esperançosos. O momento havia chegado.

— Ele vai ser inocentado, certo? – Sussurra Jenny, apoiado a cabeça em meu ombro. – Não sei se aguento mais tempo dessa loucura.

— Tenho certeza que sim. – Sussurro de volta, encostando minha cabeça na dela. – Finalmente ele estará livre desse pesadelo.

— Diante das afirmações de meu cliente, Meritíssimo, solicito a autorização para apresentar uma nova evidência sobre a inocência do réu Maximus Queen. – Pede tio Dig e todos se agitam, curiosos para saber do que se tratava essa prova. O juiz novamente exige silêncio no tribunal.

— E qual seria essa nova evidência, sr. Diggle? – Indaga o juiz com curiosidade.

— Gravações das câmeras de segurança da rua, que mostram imagens do exato momento em que o crime aconteceu. Algo que a promotoria afirmou não existir. – Responde o advogado e novamente o som de sussurros ecoam pelo tribunal.

— Ordem! Ordem no tribunal! – O juiz grita, batendo seu martelo com irritabilidade. Demora cerca de cinco minutos até que todos se acalmem. A srta. Vernable não parecia nada satisfeita com a afirmação e até mesmo protesta pela fala de tio Dig, sendo completamente ignorada. – Srta. Vernable e sr. Diggle, aproximem-se, por favor.

Conforme solicitado, os dois profissionais se aproximam do juiz e passam a cochichar. Não fazemos ideia do que é dito, mas demora algum tempo até que eles entrassem em um acordo. Para a nossa felicidade, quando a promotora se afasta, a expressão amarga em seu rosto é o bastante para que todos saibam que ela perdeu a causa.

— Está autorizada a apresentação da prova solicitada pela defesa do réu. – Responde o juiz e um suspiro de alívio escapa de meus lábios.

— Finalmente! – Celebra minha tia com lágrimas de felicidade em seus olhos, enquanto tio Oliver a abraçava e sorria aliviado.

— Isso! – Sussurra Jenny, encarando-me emocionada. – Vai dar certo.

— Vai sim. – Concordo, animado.

Com as imagens da câmera de segurança, seria impossível para o tribunal declarar Max como culpado pela morte de Nathan. E era por isso que estávamos tão ansiosos. Tio Dig também parecia confiante enquanto orientava o policial que se aproximava com uma televisão do tribunal.

— Muito bem. Assim como informado anteriormente, as imagens apresentadas são das câmeras de segurança da rua da casa onde o crime ocorreu. – Começa tio Dig, direcionando-se para o júri.

E então o vídeo que Max havia nos mostrado em casa passa a rodar. O silêncio presente trazia ainda mais intensidade as nossas expectativas. E assim que a garota descrita por Max aparece, é possível ver as expressões do júri de surpresa. Era ainda melhor ver como a promotora estava frustrada por ver que todas as declarações de Max eram verdadeiras.

Ao fim das filmagens apresentadas por tio Dig, o silêncio permanece por mais alguns instantes. O advogado e padrinho de meu primo anda calmamente na frente do júri, da promotora e de Max – com quem troca olhares confiantes – até parar diante do juiz.

— Como mostra as gravações, Meritíssimo, o meu cliente não foi responsável pela morte do sr. Piers. Ainda não sabemos ao certo as motivações da assassina e se o plano inicial era o assassinato do sr. Queen ou do sr. Piers, mas é evidente, que ela estava cooperando com o sr. Piers antes do crime ocorrer. Também vemos que tudo ocorreu de forma a incriminar o sr. Queen. Percebam o cuidado que ela tem ao manusear a arma para que não ela não capturasse suas digitais e até mesmo a troca de roupa e de peruca é realizada para que nenhuma testemunha a reconhecesse. – Explica tio Dig, enquanto o juiz o encara com seriedade. – Acredito que não preciso de mais provas do que essa para alegar a inocência de meu cliente.

— Sr. Diggle e srta. Vernable, ao meu gabinete, por favor. – Pede o juiz com seriedade.

Assim como solicitado, tio Dig e a promotora seguem para o gabinete do juiz. Múrmuros e suposições passam a serem feitas entre os presentes, ansiosos para saber o que seria determinado pelo juiz depois de ser comprovado a inocência de Max.

— O que será que vai acontecer agora? – Pergunta Jenny, apreensiva.

— Eu acho que o juiz vai declarar a inocência de Max e continuar as investigações para descobrir o verdadeiro culpado. – Responde tio Oliver, parecendo nervoso também.

— É o mínimo que eles precisam fazer. Não aceito que esse caso termine tão rápido assim. Não depois de tudo o que nosso menino já passou. – Afirma tia Felicity, deixando claro que não descansaria até descobrir o responsável por incriminar Max dessa forma.

— Talvez seja isso que o juiz está discutindo com a promotoria e com tio Dig. Eles devem decidir como conduzir o caso de agora em diante. Como Max saiu muito prejudicado nessa história e houve essa falha na promotoria ao garantir que não havia câmeras de segurança que pudessem ajudar na investigação, acho que eles devem indenizar o Max e ainda iniciar as buscas pela assassina. – Suponho e eles assentem ansiosos.

Alguns minutos se passam até que o juiz retorne com tio Dig e a promotora Vernable. Pelas suas expressões tensas e sérias, não havia como saber o que tinha acontecido dentro do gabinete. Eles voltam para seus lugares e posso ver como Max está nervoso.

— O júri está dispensado em favor de uma sentença direta e declaro a inocência ao réu Maximus Queen, conforme provas apresentadas no vídeo de segurança que o sr. Diggle expôs. A investigação sobre o assassinato de Nathan Piers continuará em progresso a partir das imagens divulgadas em tribunal. – Sentencia o juiz, batendo o martelo em sua mesa. – Declaro a audiência encerrada.

— Isso! – Comemoro, abraçando Jenny, que parecia se segurar para não chorar.

— Ele finalmente foi inocentado. – Sussurra Jenny, rindo e finalmente permitindo que as lágrimas descessem pelo seu bonito rosto.

— Sim. – Respondo, também emocionado. Seco suas lágrimas e comemoro com meus tios que choravam e riam com a mesma intensidade que Jenny.

Ansiosos para abraçar Max e comemorar o resultado da audiência, nós nos aproximamos do tribunal, mas permanecemos distante, assim como solicitado por um policial que cuidava da segurança do local. O juiz conversava com Max e tio Dig, parecendo explicar o que aconteceria a partir de agora.

Quando eles finalmente foram liberados, recebemos Max com largos sorrisos e de braços abertos. Os olhos de meu primo brilhavam com tanta intensidade que eu também já não era mais capaz de segurar a emoção. Depois de tantos meses sofrendo e ouvindo acusações dolorosas, a inocência dele finalmente havia sido comprovada. Ainda assim, sabíamos que esse caso estava longe de ser encerrado.

[...]

Enquanto Max, tio Dig e meus tios davam entrevista para a imprensa, contando detalhes sobre o caso e tudo o que ocorreu nos últimos meses, Jenny e eu permanecemos sentados, mais afastados da multidão, tomando café e assistindo a tudo da cafeteria ao lado do prédio onde ocorreu a audiência.

— Espero que isso ajude a melhorar a imagem dele na escola. – Comenta Jenny de repente, chamando minha atenção. Ela encarava Max com uma expressão calorosa e orgulhosa. A loira bebe mais um pouco de seu café e suspira, voltando seu olhar para mim. – Não sei o que eu faria se ele tivesse que enfrentar aquelas acusações novamente.

— Infelizmente, muitas pessoas ainda vão se manter afastadas dele. – Respondo, sentindo um pouco da frustração amargar meu café. – Alguns por vergonha de terem o acusado, outros por não acreditarem, mesmo com todas as provas, e ainda terão aqueles que temem ser julgados pelos outros por terem contato com alguém que já foi acusado de assassinato.

Jenny desvia o olhar para Max e morde o lábio inferior, apertando o copo em sua mão com intensidade. Ela então suspira e bebe mais um pouco de seu café com uma expressão pensativa. Eu não fazia ideia do que se passava em sua cabeça, mas ela me parecia um pouco estranha desde que chegou para assistir a audiência de Max.

— Está tudo bem? – Indago e ela assente lentamente. – Tem certeza?

— Meus pais sabiam sobre a acusação contra Max. – Revela Jenny, sem desviar o olhar de Max, surpreendendo-me.

— Desde quando? – Questiono com apreensão. Se eles soubessem desde a noite anterior, Jenny provavelmente estava bastante encrencada. Quer dizer, eles com certeza saberiam que Josh mentiu para eles e, sendo tão protetores como são com ela, não aceitariam nosso suposto namoro.

— Desde sempre. – E mais uma vez sou surpreendido. Jenny termina de beber seu café e coloca o copo sobre a mesa, encarando-me com seriedade. – Felicity se encontrou com a minha mãe em Star City em um show que ela fez na cidade, poucos dias depois do assassinato de Nathan. Elas almoçaram juntas e Felicity contou sobre o caso. Quer dizer, eles já sabiam antes por causa das notícias, mas só tiveram mais detalhes da situação depois desse encontro.

— E mesmo assim, eles não te impediram de namorar comigo?

Jenny desvia o olhar para as próprias mãos. Ela parecia dividida entre contar o que se passava em sua mente ou não. Por fim, ela suspira e balança a cabeça em negação.

— Minha mãe acreditava na inocência de Max desde a conversa com Felicity e ficou ainda mais evidente para ela depois que nós supostamente começamos a namorar. Meus pais sabem como Josh é superprotetor comigo. Ele jamais permitiria esse namoro se achasse que eu estou em perigo. – Responde, dando um fraco sorriso.

— E qual é o problema? – Pergunto, colocando a minha mão sobre a dela. Jenny ainda parecia apreensiva. – Não deveria estar mais feliz por eles acreditarem em Max?

— E eu estou. É só que... – Jenny suspira e leva as mãos ao rosto, parecendo estar sofrendo uma intensa batalha interna. Quando seus olhos se encontram com os meus novamente, vejo como ela estava sofrendo. – Minha mãe teme pela minha segurança. Segundo ela, se essa pessoa que armou para Max está mesmo disposta a fazer qualquer coisa para prejudicá-lo, como matar uma pessoa, ela acreditar que...

— Que você pode ser usada como isca para atingi-lo. – Completo e Jenny assente. – E suponho que ela tenha descoberto os sentimentos de vocês.

— Não é bem assim... – Sussurra Jenny, desviando o olhar. Sorrio ao ver que ela parecia finalmente ter aceitado que estava apaixonada por Max.

— Não precisa mentir para mim, Jenny. E não se preocupe que eu não contarei que você o ama. – Digo e bebo um pouco de meu café. Jenny arregala os olhos e isso só faz com que meu sorriso se ampliasse.

— De qualquer forma, esse sentimento não vai dar em nada. – Sussurra, como se tivesse perdido uma batalha. Suspiro, alternando o olhar entre Max e Jenny. – Toda a situação em que nos encontramos é complicada demais. Para todos os efeitos, eu sou a sua namorada. E mesmo que não fôssemos, meus pais dificilmente aceitariam nossa relação. Pelo menos não enquanto a assassina de Nathan não for presa e descobrirmos o motivo para terem armado para Max.

Eu não podia dizer que Jenny estava errada e eu também não culpava os pais dela por pensarem assim. De fato, não podemos garantir a segurança de Jenny. Mas a culpa me consumia por saber que eu também estava sendo responsável por atrapalhar o relacionamento desses dois. Tudo porque eu sou covarde demais para me assumir para a minha família.

— Eu sinto muito, Jenny. – Sussurro e ela sorri, negando. – Talvez esteja na hora de enfrentar a minha família e...

— Para, Dan. Eu já até sei o que você vai dizer e eu não concordo com isso. É claro que eu quero que você se assuma para a sua família, mas não quero que faça isso sobre o pretexto de estar atrapalhando um possível relacionamento entre Max e eu. – Jenny me interrompe e vejo a sinceridade em seus olhos. – Você só deve fazer isso quando estiver pronto e não por pressão. Além disso, eu sei que ainda está preocupado com o seu pai, que mesmo estando melhor, ainda precisa de um transplante de coração.

— Mesmo assim... – Suspiro, frustrado. – Você e Max merecem toda a felicidade do mundo, Jenny, e eu sei que isso só vai acontecer quando estiverem juntos. Como posso não me sentir culpado quando sei que eu sou um dos motivos de vocês ainda não terem se confessado?

— Ainda não é o nosso momento. – Responde Jenny com simplicidade. Ela encara Max e sorri com doçura. – Eu acredito em destino, sabe? Então acredito do fundo do meu coração de que se Max estiver mesmo destinado a ser o meu príncipe encantado, não importa o que aconteça, no fim, nós ficaremos juntos. Não importa quantos anos se passem ou quantas pessoas apareçam em nossas vidas, ele ainda será o meu final "feliz para sempre".

Crispo os lábios e suspiro mais uma vez. Ao desviar o olhar, vejo Elliot ao longe, encarando-me como se estivesse em dúvida do que fazer. Novamente, meu coração traiçoeiro continua a bater como um louco por aquele que me fez experimentar um amor como nenhum outro.

Com passos hesitantes, Elliot se aproxima. Eu não sabia bem o que fazer. Meu maior desejo naquele momento era fugir para bem longe, mas eu sabia que não poderia continuar fugindo para sempre. E nós tínhamos que terminar uma conversa inacabada desde Star City.

— Dan, nós... podemos conversar? – Pede o rapaz, encarando-me com expectativas. Jenny nos encara um pouco confusa, mas logo sorri compreensiva.

— Eu vou deixar vocês a vontade. – Avisa Jenny, levantando-se. Institivamente, pego no braço da loira e a encaro em um pedido mudo de socorro. Ela sorri e me abraça. – Está na hora de você enfrentar o seu passado. Não pode fugir para sempre.

— Traidora. – Resmungo, enquanto ela ri, afastando-se de mim.

Observo a loira se aproximar de meus tios e de Max, deixando claro que não voltaria tão cedo. Um suspiro nervoso escapa dos lábios de Elliot e eu finalmente o encaro.

— Quem é ela? Namorada do Max? – Questiona Elliot com interesse. Ergo minha sobrancelha e volto a me sentar. Elliot também se senta na mesa.

Era incrível que mesmo sem conhecerem Jenny, todos automaticamente acreditam que ela era namorada de Max. Com tantas trocas de olhares e seus sentimentos estando tão visíveis, ainda era uma surpresa para mim que os amigos e a família de Jenny acredite mesmo que estamos namorando.

— Minha namorada. – Respondo e o rapaz de olhos castanhos e cabelos bagunçados me encara com humor. – Estou falando sério.

— Continua mentindo para a família? – A pergunta vem com um tom de afirmação. Dou de ombros e encaro meu copo de café. – Eu sinto muito por como as coisas acabaram entre nós, Dan. Nunca foi minha intenção te machucar ou te pressionar. É só que eu estava tão frustrado por ser sempre o amigo e nunca o namorado. Eu queria te apresentar para as pessoas, me gabar da pessoa incrível que eu tinha encontrado e com quem eu planejava amar pelo resto de minha vida.

— Para. – Peço, sentindo um bolo se formar em minha garganta. Eu queria chorar e a cada palavra bonita dita por Elliot, mais meu coração se agitava. Seus olhos recaem sobre os meus e brilhavam com tanta intensidade que me machucava. – É melhor você ir embora.

— Dan, por favor. Me dê uma chance para provar que posso ficar ao seu lado. – Implora o rapaz de olhos castanhos, encarando-me em desespero.

— Eu não posso te dar o que você deseja, Elliot. Minha família ainda tem muita influência sobre mim. Você tinha razão. Eu sou covarde demais para ser quem eu sou. Você merece alguém que possa estar por completo com você e essa pessoa não sou eu. – Respondo, sentindo minha voz rasgar a minha alma. Era doloroso proferir aquelas palavras, mas elas eram verdadeiras. Eu sempre seria um covarde.

— Isso não é verdade, Dan. Eu... eu posso esperar o seu tempo. Apenas me deixe ficar ao seu lado. – Insiste o rapaz e um suspiro cansado escapa de meus lábios. – Eu te amo, Dan.

As três palavras me atingem como um tiro. Ainda que eu também quisesse gritar ao mundo que eu também amava, eu sabia que não estava pronto para enfrentar as consequências de meus atos. Respiro fundo e desvio o olhar para observar Max e Jenny conversando com brilhantes sorrisos em seus rostos.

— Você mora em Star City e agora Miami é o meu lar. – Começo e posso ver que ele se preparava para me interromper. Ergo minha mão e nego. – Eu tenho namorada agora e nesse momento minha família está passando por uma situação complicada. Então, se você realmente me ama, é melhor você ir embora, Elliot.

— Dan... – Ele começa a falar, mas eu o interrompo, levantando-me. O rapaz agarra meu braço, antes que eu vá embora. – Por que continua a fugir quando está na cara que você também me ama?

— Adeus, Elliot. – Despeço-me, puxando meu braço.

Eu ainda não estava pronto para lidar com essa parte da minha vida. Além disso, eu já machuquei Elliot demais. Ele não merece alguém tão covarde como eu. Estava na hora dos dois seguirem em frente e entender de uma vez por todas que não fomos feitos para ficarmos juntos.