60 Minutos de Paixão

Acusações Dolorosas


CAPÍTULO XIV - ACUSAÇÕES DOLOROSAS

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O fim de semana havia passado voando. Depois da descoberta do vídeo que prova a inocência de Max, meus tios não perderam tempo em procurar formas de conseguir de maneira legal a gravação do dia do assassinato. O padrinho de Max, John Diggle, que também é o advogado de meu primo, estava lutando de todas as formas para que a prova estivesse em nossas mãos até o dia da audiência, que seria na próxima sexta-feira.

Max não poderia estar mais feliz. Eu não via meu primo sorrir tanto desde que o assassinato a Nathan Piers ocorreu. Ele cantarolava a música que passava na rádio e vez ou outra me encarava com um sorriso ansioso. Eu me sentia aliviado por vê-lo assim. Ele ainda tinha tido os pesadelos frequentes durante a noite, mas provavelmente saber que em breve se livraria da culpa de um crime que não cometeu era o bastante fazê-lo sorrir tão verdadeiramente.

No entanto, por mais que a descoberta do vídeo seja o principal motivo dos sorrisos largos de Max, eu sabia que isso também se devia a uma certa garota de cabelos loiros, olhos cor de chocolate e de sorriso fácil que vem sendo bastante frequente na vida de meu primo. Depois de observar as interações de Jenny e Max durante o jantar em família e em minha festa de aniversário surpresa, eu não tinha dúvidas de que os dois estão completamente apaixonados um pelo outro.

Eu estava feliz por isso. Eles são as pessoas mais incríveis que eu conheço e os melhores amigos que eu poderia ter, mas ao mesmo tempo estou preocupado no que essa relação pode resultar. Conhecendo bem os dois como eu conheço, Jenny não vai querer se envolver com Max devido ao acordo feito pelos dois e por minha causa, enquanto Max não se sente no direito de amar alguém e tem medo de machucar Jenny. Além disso, ainda estamos mentindo para nossas famílias e amigos sobre a identidade de Jenny e o nosso namoro.

— Acho que hoje chegaremos mais cedo que o normal. - Comenta Max, sorrindo animado.

— É um milagre. - Respondo, rindo. - Eu até estranhei quando acordei e você já estava arrumado. Isso tudo é vontade de estudar?

— Obviamente, não. - Nega, encarando-me com ironia. - Eu só estou me sentindo bem. Depois de tanto me martirizar acreditando que eu era o culpado pela morte de Nathan. É um alívio ter a certeza de que eu sou inocente.

— Eu sempre soube disso. - Afirmo, observando com alegria a felicidade de meu primo. - Você deveria aprender a acreditar mais em mim. Meus instintos nunca falham.

— Claro, Senhor Instintos Perfeitos. - Retruca Max com sarcasmo. Rio e observo a paisagem pela janela do carro. Aos poucos, eu estava voltando a me acostumar com o clima de Miami e o trânsito da cidade. Eu ainda preferia Star City, mas eu não podia negar que estava sendo bastante emocionante viver novamente em minha cidade natal.

Não demoramos a chegar a escola. Como Max havia dito, nós chegamos mais cedo que o horário normal. Faltando ainda uns quarenta minutos para o início das aulas, estacionamos o carro e seguimos conversando banalidades sobre as aulas de hoje até a entrada do Marino High School, onde vimos que algo de estranho estava acontecendo.

Os poucos alunos que estavam no local cochichavam e nos encaravam em um misto de medo e julgamento. Cautelosos, Max e eu continuamos a entrar na escola, vendo que todos os alunos que passavam por nós agiam da mesma forma. Eu estava começando a ficar preocupado. As pessoas até mesmo paravam de falar quando nos aproximávamos. Meus instintos me diziam que algo de muito errado estava acontecendo e que isso não ia acabar bem.

— Por que todos estão estranhos? - Sussurra Max, encarando-me pelo canto do olho.

— Eu não sei, mas eu tenho a impressão de que não vamos demorar para descobrir. - Respondo no mesmo tom, enquanto seguíamos para os nossos armários.

E como eu havia previsto, assim que começamos a passar pelos armários da escola, inúmeros cartazes chamando Max de assassino haviam sido espalhados junto a um QR Code, que provavelmente explicava o que os alunos estavam comentando. Meu coração parece parar por um momento e encaro meu primo, esperando uma reação dele. E novamente, vejo a sombra dolorosa nos olhos de Max e o peso em seus ombros.

Ele pega o celular e parece querer ler o código do QR Code para descobrir sobre o que se tratava aquele link, mas eu o impeço. Eu não queria que ele sofresse o mesmo que sofreu quando a notícia da morte de Nathan chegou na escola.

— Não. - Digo, balançando a cabeça negativamente, enquanto segurava o celular de meu primo. - Não faz isso.

— Está tudo bem. Ao menos eu preciso saber o que as pessoas acham que sabem. - Responde com seriedade. Ao ver que eu ainda não havia me convencido, ele suspira e me encara com súplica. - Por favor, Dan. Eu preciso ver.

Inconformado, tiro a mão do celular e permito que ele acesse o site. Fico próximo a ele, esperando que a informação carregasse. Max ler a reportagem e suspira. Ele então entrega o celular para mim e é como se estivéssemos retornando a seis meses atrás, quando tudo aconteceu. Vejo a foto de Max estampando a reportagem e respiro fundo, procurando coragem para começar a ler.

ADOLESCENTE É MORTO POR COLEGA DE ESCOLA EM FESTA ILEGAL

Um crime abalou alunos e professores da Verdant High School. O menor Nathan Hill Piers, 17 anos, foi morto com uma facada pelo colega de escola, Maximus Queen, 17 anos, durante uma festa ilegal em uma casa abandonada no subúrbio de Star City no último sábado (12). Sob efeito de álcool e drogas, o adolescente não soube explicar o que o levou a esfaquear o colega de escola e nem como o crime aconteceu.

Testemunhas afirmam que os dois se conheciam e se davam bem. O menor infrator e a vítima foram vistos pela última vez seguindo para o andar superior da casa onde a festa ocorria. Segundo a investigação do delegado, o crime ocorreu por volta das 03h42, mas a polícia só foi chamada ao local às 08h12.

Maximus foi encontrado completamente fora de si e segurando a arma do crime no local onde o assassinato aconteceu. O caso continua a ser investigado, mas se for comprovado que Maximus Queen realmente cometeu o assassinato, ele pode ser sentenciado a cumprir 30 anos de prisão em regime fechado.

— Max, eu... - Tento dizer alguma coisa, mas os olhos acusadores sobre meu primo me fazem ficar sem palavras. - Max, vamos embora.

— Não. - Responde meu primo com seriedade. - Eu não matei ninguém. Não vou voltar a me esconder. Seja o que for, eu vou enfrentar.

— Você tem certeza disso? Você sabe como as pessoas podem ser cruéis, Max. Eu não quero que você sofra ataques como os que aconteceu na Verdant. - Questiono, preocupado.

— Eu tenho. Mas quero que se afaste de mim ou retorne para casa. Como você disse, as pessoas podem ser cruéis. Eu não quero que você se machuque por minha causa. - Responde, voltando a andar em direção ao próprio armário.

— Eu não vou sair de perto de você. - Afirmo, determinado.

— Dan! - Meu primo me repreende, mas permaneço firme. - Por favor, eu preciso que esteja em segurança. Eu nunca vou me perdoar se algo acontecer a você.

— Não, Max. Eu não vou cometer o mesmo erro que cometi na Verdant. Você é a minha família e eu não vou sair do seu lado não importa o que aconteça. Você quer enfrentar essa escola? Tudo bem. Vamos fazer isso. Só não me peça para ficar longe. Eu não quero ter que te ver definhando completamente solitário como da última vez. - Relembro de como aquela época havia sido uma das mais dolorosas para mim. Ver meu primo sofrendo e não poder fazer nada para ajudar. Aquilo me matou por dentro.

— Isso não vai acontecer. Agora é diferente. - Responde Max, encarando-me com seriedade.

— Tem razão. É diferente. Dessa vez eu não vou te deixar sozinho e isso não é algo discutível.

Coloco um ponto final da discussão. Max suspira, mas parece dar o braço a torcer. Ele volta a andar em direção aos nossos armários de cabeça erguida. As pessoas continuavam a cochichar e apontar o dedo na direção de Max, que apenas ignora. Faço o mesmo que ele. Eu sabia muito bem que nada do que diziam era verdade. Meu primo não matou ninguém e nós temos provas disso, então eu não irei abaixar minha cabeça.

Assim que chegamos, a situação do corredor estava ainda pior. Alunos se amontoavam próximos ao armário de Max, mas assim que notam a presença dele, correm para longe. Vemos cartazes exigindo que ele vá embora e outras acusações absurdas coladas em seu armário. Max apenas amassa todos os papéis colados e abre a porta. Para a nossa surpresa, as pessoas tinham jogado tinta vermelha em seus livros e tudo que estava dentro do armário.

— Merda! - Resmungo, indignado com o que as pessoas haviam feito. Viro-me para as pessoas que estavam ao redor. - O que vocês pensam que estão fazendo?

— Para, Dan. Está tudo bem. - Afirma meu primo, fingindo não se abalar com o ataque. Eu sabia que aquilo não era verdade. Ele estava sofrendo.

— Não. Não está tudo bem! - Respondo, frustrado.

— Não vai adiantar nada você gritar. Eles não vão parar. Quanto mais verem que eu estou sendo atingindo, mais eles vão me atacar. Apenas ignore. - Orienta Max, procurando alguma coisa que estivesse sido salvo da tinta vermelha.

— Olha só se não é o assassino do momento, Maximus Queen. - Bryan aparece com o seu grupinho, sorrindo satisfeito. Desde que Max entrou para a equipe de basquete, ele nunca escondeu a inveja que sente de meu primo. É claro que ele iria comemorar que algo de ruim acontecesse com ele.

— Cuidado, Bryan. Vai que ele resolve te matar a facadas? - Ironiza Owen, um dos lacaios de Bryan. O grupinho ri, divertindo-se com os comentários maldosos. Ameaço ir para cima deles, mas Max segura meu braço, impedindo que eu continuasse.

— O quê? Vai defender o criminoso do seu priminho, príncipe Daniel? Achei que você fosse pacifista. - Provoca Bryan, sorrindo maldoso.

— Acho melhor você calar a boca, Bryan, ou...

— Ou o quê? Vai mandar seu primo me matar? - Bryan me interrompe e novamente é preciso que Max me segure para eu não quebrar a cara do maldito. - Vejam só, pessoal! Acho que o príncipe da escola carrega mesmo o sangue de um assassino.

— Vamos para a sala, Dan. - Max fecha o armário e me puxa pelo braço para longe dos babacas que nos provocavam. - Isso não vai dar em nada. Apenas ignora.

— O quê? Está fugindo, Max? Achei que você fosse um cara perigoso. Por acaso você está com medo? - Bryan puxa o braço de Max e o encara em desafio. - Por que você não vaza daqui? Ainda não percebeu que ninguém quer ficar perto de um assassino?

— Solta ele, Bryan! - Exijo, furioso.

— Acalme-se, Dan. Ele apenas está querendo se engrandecer. Eu não me importo com o que ele diz. Para mim, não passa de latidos de alguém que se sente inferior. - Responda Max com uma tranquilidade que enfurece Bryan.

E de repente, meu primo é atingido por um soco de Bryan. Max cambaleia, mas permanece em pé. Tento ir para cima de Bryan, mas os lacaios do babaca me seguram para impedir que eu interferisse na briga. Max pega a mochila que havia caído e sorri como se não tivesse sido nada.

— Vamos, Dan. A nossa aula está quase para começar. - Fala Max, ignorando Bryan e sua turminha.

— Desgraçado! - Bryan pega Max pela gola da camisa e o joga contra os armários. Novamente meu primo demonstra não se importar com o ataque do outro. Debato-me para me soltar dos idiotas que me prendiam. - Eu vou tirar esse sorriso convencido dessa sua cara maldita.

— O que pensa que está fazendo, Bryan? - Pergunta Josh, aparecendo acompanhado de Ian, Melissa, Jenny e Julia. Ele corre até meu primo e empurra Bryan para que ele o soltasse. - Enlouqueceu de vez?

— O quê? Vai defender esse assassino, Josh? - Questiona Bryan, descrente.

— Ele não é um assassino, Bryan. Não diga merdas. - Responde Ian, fazendo uma cara nada agradável para Owen e John que me soltam imediatamente.

Vejo Jenny correr até Max para verificar se ele está bem. Ela encara Bryan com fúria, mas antes que dissesse alguma coisa, meu primo sussurra alguma coisa que a detém. Aproximo-me de Max e vejo que sua bochecha esquerda começava a inchar. Tudo o que eu queria era acabar com aquele maldito.

— Está tudo bem. Não se preocupe. - Afirma Max, ajeitando a mochila em suas costas. Ele olha para Josh e sussurra um agradecimento.

— Só pode ser brincadeira. Vejam os cartazes e as notícias. Está mais do que claro que ele matou uma pessoa. - Afirma Bryan, inconformado que o capitão do time de basquete e o melhor jogador do time estão do lado de Max.

— Deixe-o em paz, Bryan, ou eu vou contar ao treinador que você agrediu um colega de equipe. Pode ter certeza de que não importa a razão, ele não vai ficar nada feliz com isso. - Adverte Josh, mostrando que ele não estava brincando.

— Você me paga, Max. Você vai se arrepender de ter nascido. - Bryan ameça, saindo com seu grupinho. Max suspira aliviado e encara a todos com preocupação.

— Obrigado pela ajuda, mas é melhor não se envolverem. Isso só vai fazer vocês serem atacados. Eu vou ficar bem. - Pede Max, respirando fundo.

— Não diga bobagens! - Repreende Jenny, irritada. - Você não matou ninguém. Não é justo que tenha que sofrer por causa de algo que não cometeu.

— As pessoas ainda não sabem disso, Jenny. Se eu retrucar, só vai piorar a situação. Por enquanto, apenas deixe as coisas como estão. Eu não vou dar o gostinho a essas pessoas de me ver afetado pelo que dizem. Mas não quero que vocês se machuquem ou criem inimizades. Por isso é melhor que não se aproximem de mim. - Explica Max, forçando um sorriso. - Eu vou ficar bem. Não se preocupe.

— Max...

— Faça isso pelo bem da sua irmã e dos seus amigos. - Max interrompe Jenny, encarando Josh. - Eu vou conseguir provar a minha inocência, enquanto isso, faça o que puder para protegê-los.

— Tudo bem. - Concorda Josh e Jenny o encara indignada.

— O quê? Não! Não está tudo bem. - Nega Jenny.

— Obrigado. - Agradece Max, dando as costas para o grupo indo para a sala de aula.

— Não se preocupe, Jenny. Eu vou cuidar dele. - Respondo, tentando tranquilizar a loira. - Eu não vou sair de perto dele.

No entanto, antes que eu seguisse Max, um grupo usando máscaras aparecem e jogam tinta vermelha em meu primo. Logo depois, inúmeras facas de brinquedo e outros objetos perigosos são jogados contra Max. Aquilo estava perdendo o controle. Corro até Max e sou seguido por Josh, Ian, Melissa, Jenny e Julia. Aparentemente, eles desistiram de deixar meu primo sozinho.

— Assassino! Assassino! Assassino! Assassino!

As pessoas gritavam e vaiavam Max. Eles jogam mais uma garrafa térmica de metal na cabeça de meu primo, que faz com que ele caia no chão, completamente desorientado. Corro até meu primo, preocupado com ele. Analiso o estado do outro, mas era difícil saber se ele estava machucado com a tinta que estava sobre ele. No entanto, ao olhar o local onde a garrafa havia acertado, meu coração se aperta e o desespero me atinge.

— Max! - Grito ao ver que saia sangue de sua cabeça.

— Parem com isso! - Exige Melissa, tentando afastar as pessoas que continuavam a acusar meu primo. - Vocês estão loucos?!

— Diretor! - Grita Julia, correndo para a diretoria.

— Max, fala comigo! - Implora Jenny, desesperada. - Ai meu Deus! Ele está machucado!

— Parem já com isso! - Ian começa a empurrar as pessoas que continuavam a vir para cima de Max. - O diretor já está vindo! Todos vocês vão pagar por causa disso!

— Max! Você está bem? - Pergunta Josh, preocupado.

— É claro que ele não está, Josh! - Responde Jenny aos prantos. - Ele está sangrando!

— Merda! - Resmungo, tentando estancar o sangue que saia do corte que a garrafa tinha feito na cabeça de meu primo. Ele ainda parecia muito atordoado para conseguir dizer alguma coisa.

— O que está acontecendo aqui?! - Esbraveja o diretor e logo a multidão que atacava Max começa a correr. - Voltem já aqui! Todos vocês serão expulsos!

O diretor e outros dois professores que o acompanhavam começam a correr atrás dos alunos mascarados. Os alunos que observavam o ataque correm para suas salas, provavelmente temendo que sobresse para eles as punições do diretor.

— Nós temos que levá-lo para a enfermaria. - Orienta Melissa, enquanto abraça Jenny, tentando acalmar a amiga.

— Max, você consegue andar? - Pergunta Ian, aproximando-se de meu primo.

— Eu... - Max tenta se levantar, mas volta a cair, provavelmente tonto.

— Vamos levá-lo a enfermaria, Ian. - Fala Josh, passando um dos braços de Max por cima de seu ombro. Ian faz o que o amigo pede e eu pego sua mochila que estava toda suja de tinta.

— Eu vou com vocês. - Avisa Jenny no mesmo instante.

— Não. Você fica aqui e explica ao diretor ou a qualquer professor que aparecer o que aconteceu aqui. Vocês duas cuidem dela e deem um jeito de a acalmar. - Pede Josh, encarando a namorada e a amiga de infância.

— Mas...

— Eu estou bem, Jenny. - Sussurra Max, encarando Jenny com carinho. As lágrimas da menina ficam ainda mais intensas.

— Vai ficar tudo bem, Jenny. Não se preocupe. - Afirmo, mesmo que estivesse nervoso demais para ter tanta certeza em minha voz. Ela assente, tentando controlar o choro. As amigas a abraçam. Viro-me para Josh e Ian. - Vamos.

Com cuidado, os dois jogadores ajudam Max a ir para a enfermaria. Eu vou logo atrás, sentindo-me culpado por mais uma vez não ter conseguido proteger meu primo. Mais uma vez, eu vejo tudo acontecendo e não consigo fazer nada além de observá-lo se machucar, como o grande inútil que eu sou.

[...]

O ferimento de Max foi muito mais profundo do que imaginávamos e, depois de ser avaliado pela enfermeira, meu primo foi levado ao hospital para levar pontos no corte feito pela garrafa jogada contra a cabeça dele. Tio Felicity foi avisada do ocorrido e acompanhou Max a emergência, enquanto isso, tio Oliver fez questão de ir a escola para entender o que tinha acontecido com o filho. Ele obviamente estava bastante furioso pelo ataque.

Outra pessoa que não aceitou a situação foi Jenny, que arrancou todos os cartazes que acusavam o meu primo de ser assassino e fez questão de limpar o armário dele. Melissa e Julia ainda tentaram conversar com a garota, mas ela não queria ouvir ninguém. Provavelmente, assim como eu, ela apenas não aceitava o que tinha acontecido e se culpava por ver Max sendo machucado e não ter conseguido fazer nada para protegê-lo.

Observo-a, terminando de limpar o armário de Max e me aproximo. As pessoas nos encaravam com julgamento e, sinceramente, nenhum de nós dois nos importávamos com isso. Eu queria estar com meu primo, ter certeza de que ele está bem, mas sabia que a minha presença no hospital só deixaria Max ainda mais preocupado e dificilmente conseguiria acalmar a fúria de Felicity Smoak Queen depois que machucaram seu amado filho. Ela definitivamente não deixaria isso barato. O diretor Hatfield com certeza precisará de sorte para lidar com meus tios.

— Não acho que ele vai ficar feliz quando souber o que você está fazendo. - Comento, encostando-me no armário ao lado de braços cruzados.

— Eu simplesmente não consigo ficar parada sabendo da injustiça que ele está sofrendo. - Sussurra Jenny com tristeza. Ela limpa os olhos e respira fundo, tentando não chorar. - Apesar de ser um idiota, ele não merecia sofrer isso, Dan. Não é justo que ele tenha que pagar pelo crime que não cometeu. As pessoas nem ao menos tentam o ouvir. Todos aqui dessa escola já o conhecem. Sabem que ele é uma boa pessoa, mas mesmo assim...

— Eu sei. - Respondo, suspirando. Abro meus braços e a puxo para um abraço. - Eu sei como se sente, Jenny. Eu já passei por isso em nossa antiga escola. É torturante. Max é o meu melhor amigo e eu o amo como meu irmão. Ele sempre esteve ao meu lado, fazendo de tudo para me proteger e quando ele mais precisa, eu não consigo fazer nada. Eu sou mesmo um inútil.

— Ah, Dan. Não. Você não é um inútil. - Jenny corresponde ao abraço. - Max já me disse várias vezes o quanto é grato a você por nunca sair do lado dele. Não tínhamos como evitar o que aconteceu hoje. Mas vamos descobrir quem fez isso, custe o que custar.

— O que tem em mente? - Pergunto, afastando-me de Jenny para encará-la.

— Nós vamos invadir as câmeras de segurança e ver nas filmagens quem está por detrás disso. Quem quer que tenha feito isso, não vai escapar ileso dessa. - Responde Jenny, surpreendendo-me com a ideia nada típica da garota.

— Acho que você está passando tempo demais com o Max. Além disso, você sabe hackear sistemas para invadir as câmeras de segurança do colégio? - Indago, suspirando. Ela me encara desanimada e eu já consigo saber a sua resposta. - As únicas pessoas que eu conheço que fazem isso com facilidade e sem serem pegos é a tia Felicity e o Max. Ele com certeza não vai querer que você se envolva nisso e a tia Felicity provavelmente já está providenciando isso. É melhor deixar as coisas do jeito que estão.

— Droga. Não tem mesmo nada que a gente possa fazer? - Questiona, esperançosa.

— Infelizmente, não. - Respondo, frustrado.

De repente, vejo uma garota de longos cabelos cacheados, pele morena e olhos verdes se aproximando de mim com um sorriso perigoso. Ela usava uma calça jeans preta, botas cano curto da mesma cor e salto alto fino, uma blusa listrada vermelha e branco e batom vermelho vivo. Ela me parece bastante familiar e eu tenho quase certeza de que eu a conheço, mas ainda assim não consigo me lembrar quem é a aluna nova.

— Então Max é mesmo o responsável pelo assassinato de Nathan. Quem diria que no meu primeiro dia de aula, eu veria algo tão interessante quanto a queda de Max. - Comenta a garota, sem esconder sua satisfação. - Daniel Harper. Quanto tempo não nos vemos.

— Dan, você viu... - Alexia aparece e encara a nova aluna surpresa. Por alguns instantes, vejo o medo nos olhos da ruiva, mas não demora muito para que um sorriso educado apareça nos lábios da garota. - Rachel Sherman.

— Alexia Griffin. - Cumprimenta Rachel, encarando-a com ironia. - Esse dia está cada vez mais interessante. Quem diria que eu encontraria Max Queen, Daniel Harper e Alexia Griffin na mesma escola em que eu fui transferida depois de tantos anos sem vê-los.

— Quem é essa? - Sussurra Jenny, completamente perdida com o que estava acontecendo.

— Rachel Sherman. Eu estudei com Daniel e Alexia quando ainda estávamos no fundamental. - Rachel se apresenta e não demora muito para que eu me lembre quem era a garota que parecia nos conhecer tão bem. E é então que um arrepio nada agradável sobe pela minha espinha. - E você? Como você se chama?

— Jenny. - Responde minha namorada de mentira, sorrindo levemente. - Eu sou a namorada do Dan. É um prazer te conhecer, Rachel.

— Namorada? - Rachel ri como se aquele fosse a maior piada do ano. - Sério, Harper? Ainda não admitiu para sua família que você é gay?

A resposta cheia de certeza de Rachel me atinge como um soco. Alexia me encara surpresa e Jenny parece não saber como reagir. Respiro fundo tentando manter a postura. Pelo que eu me lembrava, o único que conseguia deixar Rachel sem palavras era Max. Por esse motivo, ela odiava meu primo.

— Não sei sobre o que está falando, mas eu posso garantir que Dan e eu estamos namorando. - Afirma Jenny com convicção. - Se você veio aqui apenas para nos ofender, eu peço que vá embora. Como eu nunca vi você por aqui, acredito que seja aluna nova, então tenho certeza de que você deve estar ansiosa para conhecer a escola.

— Eu te mostro a escola, Rachel. - Alexia se oferece, forçando um sorriso.

— Está querendo se livrar de mim, Alexia? Por acaso você tem medo que eu revele alguns de seus segredinhos? - Questiona a garota de cabelos cacheados com um sorriso satisfeito. - A propósito, como anda a sua irmã, Alexia?

— Cala a boca, Rachel! - Alexia repreende a garota nervosamente.

— Não sabe o quanto eu esperei por esse momento. Encontrar todas as pessoas malditas que eu tive o desprazer de conviver. É realmente gratificante ver que eu dei a volta por cima e vocês estão comendo na minha mão. Mas não se preocupe, Alexia. Eu não vou contar o seu segredinho. - Afirma Rachel, lançando um olhar significativo para Alexia.

— Você não mudou nada, Rachel. - Comento, impressionado com a falta de noção da garota.

— Mesmo? Pois eu acho que mudei bastante. - Conta a garota, dando um falso sorriso angelical. Ela olha para um cartaz que acusa Max de assassinato no chão. - Sabe, eu não gostava de nunca gostei de Max e Nathan, por isso, a morte daquele babaca foi só uma comprovação para mim de que aqui se faz, aqui se paga. Ele teve o que mereceu. Agora foi surpreendente descobrir que Max foi responsável por isso. Eu me sinto bastante feliz por ver que ele mesmo se destruiu.

— Max não matou ninguém. - Fala Alexia, que me encara pedindo uma confirmação.

— Você está certa. Max é inocente. - Concordo, encarando Rachel com todo o meu desprezo. - E eu tenho certeza de que você sabe que Max jamais seria capaz de cometer um crime como esse.

— Será? - Questiona a morena, sorrindo cínica. Ela se aproxima de mim. - Eu não coloco a minha mão no fogo pelo babaca do seu primo. Eu realmente espero que ele apodreça na prisão, onde é o lugar dele. Quando isso acontecer, eu vou fazer questão de estourar um champanhe em comemoração e...

Antes que Rachel continuasse a falar, Jenny dá um tapa no rosto da garota, surpreendendo a todos, inclusive seu irmão e os amigos que se aproximavam de nós.

— Jenny...? - Josh repreende a garota, chocado com a atitude da irmão.

— Lave a sua boca para falar sobre Max. Ele é a pessoa mais divertida e carinhosa que eu conheço. Ele é o ser humano mais inteligente e determinado que existe e não vou permitir que diga essas asneiras sobre ele. Então, Rachel Sherman, limpe o veneno dessa sua boca podre e olhe para si mesma. Dessa vez é apenas um aviso, mas se você voltar a falar qualquer maldita palavra sobre Max, eu vou fazer questão de quebrar todos os seus dentes e esfregar a sua cara no asfalto para ver se você aprende a se comportar como um ser humano. - A ameaça assustadora de Jenny me faz ficar arrepiado. Eu nunca tinha visto a garota tão furiosa e pelo comportamento dos amigos dela, essa era a primeira vez que ela agia de forma tão violenta.

— O quê...? - Balbucia Rachel, surpresa.

— É isso mesmo que você ouviu. Vai querer testar para saber se eu estou falando sério? - Pergunta Jenny, aproximando-se como uma serpente traiçoeira pronta para dar o bote.

Rachel bufa e se afasta de nós com uma agilidade impressionante. Sem dizer mais nada, Jenny volta a limpar o armário de Max como se nada tivesse acontecido. Josh abre e fecha a boca algumas vezes, mas antes que ele pudesse dizer alguma coisa, Melissa coloca a mão no ombro dele e balança a cabeça, negando.

— É melhor deixá-la em paz. - Recomenda a garota, dando um sorriso nervoso. - Do jeito que ela está no momento, eu não me arriscaria a tirá-la do sério. Você pode perder um membro.

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