Tivemos uma ótima noite de descanso, Christian saiu logo cedo, me deu um beijo na testa antes de ir o que me fez acordar e olhar no relógio, mas pelo horário então acabei dormindo mais algum tempo. Ao levantar estava tudo pronto para meu café da manhã, já que Patrícia trabalhará hoje como ele tinha me explicado ontem. Estou sentada no sofá da sala após meu desjejum e preciso arranjar uma forma de entrar na internet, já que meu celular é velho e não fornece tal função, para pesquisar as nossas saídas durante a viagem. Resolvo então ir ao escritório e aproveitar para ligar para mamãe, adentro o ressinto espaçoso com várias estantes em madeira escura cheias de livros, assim como uma enorme mesa em madeira escura, uma cadeira de couro preta atrás da mesa e tem uma janela que é praticamente a parede toda assim como é típico do apartamento. Me sento a cadeira atrás da mesa e pego o telefone do gancho, disco o número e aguardo após chamar três vezes alguém atende:

— Alô ?! – Pergunto ansiosa.

— Alô! Quem é que tá falando? – Uma voz masculina e estressada me pergunta.

— Sou eu Anastácia...Bob é você? Quero falar com mamãe. – Fico um pouco sem paciência, esses dois parecem que vivem no mundo da lua.

— Ah ta bom, Karla é a sua filha no celular! – Ele grita.

— Alô, Ana?! – Mamãe fala com sua voz suave de sempre.

— Olá mamãe, como vocês estão? Desculpe não ter ligado antes... – Começo a me sentir melancólica toda vez é assim quando nos falamos.

— Tudo bem bubu! Estamos bem, finalmente Bob foi liberado do hospital e com o dinheiro que sobrou do que você mandou, voltamos para Seattle. Estamos aqui em um hotelzinho, já que nossa casa foi vendida. – Várias emoções passam por mim, a primeira totalmente melancólica ao ouvi-la me chamar de bubu que era meu apelido na infância. Depois surpresa e vontade de vê-la ao dizer que estão nos EUA, mas depois tristeza ao ouvi-la me repreendendo por ter vendido a casa. Que só vendi para mandar o dinheiro para os dois, não sei porquê ela sempre foi assim comigo um misto de tratamentos e emoções. Oras distante e fria, oras amorosa e na maioria das vezes sofrendo pela falta de papai.

— Eu vendi como ultima opção. Não tinha mais como mandar dinheiro para vocês, meus empregos não estavam dando conta. Sinto muito. – Me sinto cansada só de voltar a esse assunto.

— Ta bom, ah Ana você poderia vir me ver não é mesmo?! – Agora está alegre.

— Não sei mamãe, é complicado. Mas verei o que posso fazer, estou com saudades. – Uma lágrima escorre por minha face, sinto minha voz falha um pouco. Pelas mudanças de humor acho que ela voltou a beber, isso me preocupa. Já estava desconfiada disso desde que Bob adoeceu, mas cada vez que nos falamos ela está mais confusa em emoções diferentes. Não sei o que fazer.

— Tudo bem bubu, me ligue depois ta bom?! Agora vou almoçar com Bob. Beijos! – Ela mal ouve meu tudo bem e já desliga. Começo a chorar, minhas mãos cobrem o meu rosto enquanto soluço e choro duidamente. Meu corpo treme mas conforme os minutos passam me acalmo, me sinto triste por ela nunca ter perguntado sobre meu casamento ou como vão as coisas, isso dói muito. Respiro fundo várias vezes, me levanto e fico alguns minutos olhando a vista da janela então me sinto forte o bastante para deixar mais uma vez tudo isso de lado e buscar coisas divertidas para eu e Christian fazermos esses dias. Sento-me novamente a mesa e ligo o computador para fazer algumas buscas, dou uma olhada pelas opções e sugestões de passeios na cidade, decido que seria ótimo nós patinarmos numa pista de gelo que fica próxima a Ponte do Brooklyn o que já nos daria a oportunidade de ir até lá, já que é um ponto turístico famoso e parece um lindo passeio para a noite pela grande iluminação e vista. Só espero que seja tudo viável porque não sei que horas ele vai chegar em casa e para amanhã gostaria de ir a Times Square, andar e quem sabe assistir a algum dos incríveis musicais que estão em cartaz por lá. Como nós combinamos d’eu comunica-lo com antecedência vou ligar para ele para saber se gosta dos meus planos de passeio. Ligo para o celular dele depois de um toque atende.

— Ana está tudo bem?! – Prontamente me pergunta antes que eu fale qualquer coisa, parece preocupado. Um sorriso brota em meus lábios.

— Sim, tudo bem. Liguei para dizer o que pensei para fazermos hoje e amanhã, já que me pediu para que te avisasse com antecedência. – Digo tranquilamente.

— Ah sim, claro. – Seu tom é normal, mas fico preocupada.

— Estou atrapalhando o seu trabalho? Podemos nos falar depois. – Aguardo sua resposta um pouco apreensiva.

— Não, pode falar! Logo mais vou entrar em uma reunião, você ligou na hora certa. – Me tranquiliza.

— Pensei em irmos hoje à noite até próximo a ponte do Brooklyn em um restaurante anos setenta que tem uma pista de patinação no gelo e depois aproveitarmos para caminhar um pouco na ponte e ver a paisagem. O que você acha? – Me sinto ansiosa e mordo os lábios ao terminar de perguntar.

— Ótima ideia, eu vou chegar ao Escala no máximo umas dezoito horas. Então pode ficar pronta me esperando, não sabia que você patinava. – Me diz com bom humor.

— É...eu gosto bastante. – Digo um pouco sem graça. – Então boa reunião, até mais tarde! – Falo com entusiasmo, ele me responde um até logo e desligamos o telefone. A verdade é que aprendi a patinar no meu trabalho na Bacon’s, lá uma vez na semana as garçonetes tinham que atender os clientes calçadas com patins. Eu é claro acabei não levando muito jeito para carregar as bandejas e andar sobre rodas ao mesmo tempo, então ficava só recepcionando os clientes ou folgava nesse dia. Mas achei tão divertido aprender a patinar e sempre sonhei em ir a uma pista de patinação no gelo, já que sempre ouvi as pessoas combinando de ir em alguma, mas eu não tinha nem tempo nem dinheiro para esse tipo de diversão. A única pessoa com quem acaba saindo ou me divertindo um pouco era José, às vezes íamos ao cinema ou andar um pouco e comer pizza no terraço de um prédio que era meu esconderijo secreto, que ele acabou descobrindo. Fico tão triste de pensar como nossa amizade pode acabar de uma maneira tão feia, agressiva e triste. Eu confiava plenamente nele, era o único amigo que possuía, era sempre gentil comigo e demonstrava apoio quando me via em situações difíceis. Quando soube que eu estava trabalhando na Bacon’s todas as tardes juntamente com os finais de semana à noite e na loja do senhor Klayton pela manhã, além de fazendo monitoria na faculdade no mesmo turno dos meus estudos pela noite ofereceu-se prontamente a me ajudar financeiramente. Mas é claro que eu não poderia aceitar, preferi continuar trabalhando. Antes desses problemas financeiros eu trabalhava somente na lanchonete, mas quando Bob adoeceu e ele e mamãe não tiveram mais condições de se manter, pagar as despesas médicas ou voltar para os EUA precisei ocupar todos os meus horários trabalhando. Transferi meus horários de aula da faculdade de diurno para somente o período da noite e aproveitei para fazer monitoria de uma disciplina para ganhar também um dinheiro a mais. Estava tudo tão duro para mim, tão desgastante e tão cansativo! Agora quando olho para trás vejo que fazem poucas semanas que tudo mudou na minha vida, mas ao mesmo tempo parece que já se passaram meses ou até mesmo anos tamanha a intensidade de tudo que vivi e ainda assim sinto instabilidade e insegurança com esse casamento com Christian. Não sabemos muito um sobre o outro, tenho medo de confiar nele e então descobrir que o mesmo está fingindo e me manipulando. Porém quando estou com ele sinto como ele mudou comigo nesses últimos dias, como mesmo não sendo gentil se preocupa comigo, é atencioso e até pode-se dizer carinhoso quando fazemos sexo, não tem sido nada parecido com as primeiras vezes. Até mesmo quando estamos no quarto vermelho apesar de ver toda sua postura de dominante, posso ver que há preocupação para que eu fique confortável e para não me machucar de verdade.

...***...

Já que vamos patinar resolvi colocar uma calça jeans e um a blusa de mangas florida muito bonita, estou terminando de pentear os cabelos para ficar na sala aguardando Christian chegar, quando ouço passos no quarto.

— Anastácia?! – Sua voz grave me procura, saio do banheiro e o vejo tirando a gravata em frente à cama. – Está pronta? – Pergunta.

— Sim, que horas são? – Digo preocupada será que me atrasei?!

— Ainda são cinco e meia, cheguei meia hora antes para poder tomar um banho e me trocar. – Vem até mim e deposita um selinho demorado em minha boca, suas mãos seguram meu rosto, abrimos os olhos e nos encaramos. Olhamos-nos por alguns segundos, como se procurássemos algo a dizer um para o outro, não sei o que passa pela cabeça dele mas seus olhos me olham com um brilho diferente, tenho vontade de dizer que senti saudades dele, mas ele me solta e vai em direção ao banheiro. – Eu não demoro. – Diz enquanto some de minha visão. Respiro fundo, acho que estava prendendo a respiração e nem tinha me dado conta. Resolvo ir para sala espera-lo lá.

...***...

Taylor para com o carro em frente ao restaurante, é todo colorido com enormes letreiros iluminados pelo lado de fora, já me sinto ansiosa. Ele abre a porta para nós sairmos então Christian se dirige a ele. – Não precisa entrar conosco Taylor, fique atento ao celular daqui vamos para a ponte do Brooklyn apreciar a vista. – Fala normalmente com o mesmo que assente com a cabeça. Então segura minha mão e nos conduzimos para dentro do restaurante. É tudo vibrante, alegre, muito colorido, ao mesmo tempo pelas luzes serem coloridas gera um clima meio intimista, um pouco de penumbra. Uma moça ruiva com vestimenta típica dos anos setenta vem até nós depois de passar por um balcão, seu sorriso é escancarado para Christian, me ignora completamente.

— Boa noite, tudo bem? Bem-vindo...bem-vindos aos 70’s House. – Depois de quase só cumprimentá-lo fica sem graça e fala no plural, já que o imponente homem ao meu lado a olha inquisitivamente. Então a magrela espigada olha para mim percebo que me medindo disfarçadamente, sorri fraco e volta à atenção para Christian. – Gostariam de uma mesa para jantar ou vão para pista de patinação? – Fala com tranquilidade.

— O que você prefere meu amor? – Christian olha para mim e pergunta de uma forma que me desconcerta completamente. Sorrio sentindo minhas bochechas corarem, afinal ele nunca me chamou de amor.

— Seria legal patinarmos e após comemos, já que depois iremos andar mais um pouco pela cidade. – Digo com as mais variadas emoções explodindo eu meu coração acelerado. Será que estamos caminhando o caminho do amor realmente?! Creio que estejamos sendo sinceros com nossos sentimentos até aqui, quem sabe daqui a algum tempo não podemos nos amar de verdade.

— Excelente, eu e minha esposa iremos ao ringue de patinação primeiro. Mesmo assim reserve a melhor mesa para nós, assim quando quisermos nos dirigiremos à mesa para nossa refeição. – Enquanto olha para mim Christian me responde primeiramente para depois dizer de forma dura suas ordens para a espiga de milho que fica completamente desajustada.

— Certo por aqui, por favor. – Começa a andar a nossa frente nos conduzindo para a área onde devemos colocar os patins para depois entrar na pista de gelo que fica mais ao fundo do restaurante. Uma moça simpática nos atende dessa vez, deve ser bem jovem e ainda usa aparelho nos dentes o que a deixa com a aparência ainda mais juvenil. Nos auxilia a escolher os patins que claro por ser patinação no gelo, em vez de rodas possuem laminas. Escolho um branco e Christian queria um preto, porém o único para seu tamanho de pé grande disponível é o nude, o que o faz fazer um biquinho de reprovação enquanto os calça, O que me faz pensar como ele ainda tem um lado infantil, dou risada do mesmo que para de calçar um dos sapatos e me encara.

— Rindo de mim senhora danadinha? – Me pergunta com humor.

— Sim senhor bicudinho. – Completo rindo mais um pouco.

— Vamos ver se ainda vai rir quando estivermos em casa mais tarde no playroon. – Sua voz sai séria me pegando de surpresa, o encaro e vejo que seus olhos no meu são de pura luxuria, não consigo não morder os lábios então ele desfaz a minha mordida com seus dentes, depositando um selinho no final do processo. Só esse simples toque serviu para me ascender inteira, sinto meu corpo esquentar então para disfarçar um pouco me dobro para refazer os laços dos meus patins. Dessa vez quem ri baixinho é ele enquanto termina de calçar os patins. Então se levanta prontamente e me estende a mão, olho para a pista a nossa direita repleta de pessoas dançando, correndo, andando e uma que acaba de se estatelar no chão. Logo me sinto apreensiva, não sei se serei capaz de fazer isso, não quero cair na frente desse monte de desconhecidos muito menos parecer uma desajeitada na frente dele. Christian franze as sobrancelhas e meneia a cabeça. – Vamos Ana, se levante. – Fala como se quisesse me encorajar, respiro fundo e me levanto segurando em sua mão então aproveito a nossa proximidade para lhe confessar baixinho.

— Eu nunca patinei no gelo, estou com medo de cair. – Acho que meus olhos estão um pouco saltados por conta da ansiedade, o homem a minha frente respira fundo e pergunta com uma expressão que não sei ao certo o que significa: espanto, curiosidade ou desconfiança.

— Mas você disse que gostava! Não entendo, você nunca patinou na vida? – Sua voz está em tom normal, menos baixa que a minha.

— Já patinei com patins normais, nunca no gelo. Era um antigo desejo meu, então quando procurei por locais para visitar na cidade achei esse na internet. – Faço uma careta ao terminar de falar, respiro fundo abaixando a cabeça e olho para o lado contrario a pista. Christian puxa meu rosto para encara-lo e sorri de uma forma diferente, vejo apoio em seu gesto.

— Está tudo bem Ana, vai ver como não é muito diferente de patinar no concreto. Agora relaxe e se divirta, vamos aproveitar a experiência. E eu estou aqui para te segurar em todos os momentos. – Suas palavras são tão carinhosas, sinto aquecerem meu coração, são como votos de cuidado comigo, significam tanto, me sinto especial para ele e feliz em poder realizar esse sonho. Sorrio grande e balanço a cabeça positivamente, então entramos no ringue com Christian na frente me puxando levemente. Quando vejo já estou patinando e a sensação não poderia ser melhor, estamos de mãos dadas o tempo inteiro, mas sinto segurança e também vontade para tentar andar um pouco sozinha. Solto a mão dele que me olha com um pouco de preocupação, porém depois de ver meu sorriso e a dançadinha que dou no ritmo da música que toca, sorri e aplaude. Então patino um pouco livre cantarolando Dancing Queen, um momento passo na frente de Christian e rebolo um pouquinho dando um volta em seguida para ficar de frente para ele, que me puxa pela cintura e diz com bom humor. – Muito bem, vejo que mais alguns poucos treinos já poderá até concorrer nas Olimpíadas de Inverno. Mas não fique rebolando desse jeito para não causar acidentes na pista, ou essa é sua intenção derrubar todos os concorrentes? – Dou risada e me estico para beijar a ponta de seu nariz que está fria.

— Será que esse pode ser meu truque? Vou rebolar mais um pouco assim todos caem na pista os forçando a ir embora e assim ficamos com ela só para nós. – Digo prosseguindo com a brincadeira.

— Se quiser senhora Éllenis posso mandar fechar o restaurante só para nós, ou melhor ainda mando montarem uma pista de patinação no gelo só para nós na Grécia. – Diz triunfante, então penso será que ele faria realmente qualquer coisa por mim?! Então mais uma vez me sinto culpada pelas coisas que escondo dele.

— Sério?! Faria tudo isso por mim? – Pergunto de forma mais séria agora, o meu coração lá no fundo está aflito.

— Anastácia...eu...é. – Fala e pausa, pausa e fala, vejo confusão em seus olhos, sua voz está tensa, ele respira fundo. Acho que ele sentiu o peso da minha pergunta da forma como a fiz, não como uma pista de patinação ou um restaurante fechado. Mas sim tudo isso por mim, para me agradar para me fazer feliz, uma prova de amor talvez. Mas logo sua resposta é zombeteira o que nos faz voltar a estaca zero com relação a sentimentos profundos. – Estou aqui para agradar. – Nossos olhos se desencontram, então voltamos a patinar lado a lado. A música muda, agora é uma que não conheço mas vejo ser famosa já que os mais velhos na pista se empolgam, com isso eu e Christian nos olhamos e sorrimos o que nos faz voltar ao clima leve de antes.

...***...

— Eu simplesmente amo lagosta! – Dou risada depois de falar ao terminar de degustar meu delicioso prato de frutos do mar, Christian sorri enquanto degusta de seu vinho, acho que estou demasiadamente alegre pelo tanto de vinho que já bebemos. Desde que nos sentamos para jantar só temos rido vendo os acontecimentos da pista de dança a baixo, já que a melhor mesa da casa fica em um deque acima da pista o que nos proporciona uma visão privilegiada dos tombos, dançarinos engraçados e todos lindamente vestidos de forma espalhafatosa, realmente os frequentadores do restaurante gostam de se vestir a caráter, anos setenta até o ultimo grau. Além disso Christian me contou alguns acontecimentos engaçados de sua juventude de quando vinha a Nova York com Ethan e Mia, como sempre o irmão mais velho deles aprontava o que hoje rende boas histórias.

— Fico feliz de te ver comendo bem assim, e a comida daqui é realmente muito boa. Mas pelo adiantar do horário acho melhor irmos para prosseguirmos com os planos de passeio.

— Sim senhor. – Digo com bom humor e o mesmo sorri lascivamente. Chama o garçom e pede a conta.

...***...

A vista é linda, a ponte do Brooklyn inteiramente iluminada nos dá uma visão magnífica da cidade de Nova York, nós caminhamos um pouco por ela já que pedestres podem passear livremente pela parte de cima enquanto os carros andam pelo andar de baixo, Christian apontou pontos da cidade para mim, me disse nomes de edifícios importantes que conseguimos avistar daqui e antes que subíssemos para as torres de sustentação para termos a visão ainda mais do alto da cidade uma senhora vem em nossa direção com uma cesta cheia de rosas brancas, rosas e vermelhas juntamente com uns badulaques.

— Boa noite lindo casal, gostaria de dar uma rosa para sua princesa? – A simpática velhinha sorri para nós e pergunta de forma doce a Christian que sorri de volta e responde.

— Mas é claro, uma rosa vermelha por favor. Ah, o que são esses penduricalhos? – Enquanto pergunta o mesmo alisa uns pingentes pendurados na cestinha da senhora.

— São berloques, muito antigos na verdade. Antigamente os vendia também, mas com o tempo as pessoas foram parando de comprar, assim como cada dia é mais difícil vender as minhas rosas. Então hoje acabei os deixando como enfeites para minha cesta, são símbolos da cidade: a ponte do Brooklyn, a Estátua da Liberdade, o Impire State e uma Árvore com as iniciais do Central Park. – Ela sorri, mas parece triste enquanto explica. Imagino como não deve ser fácil sua vida, já idosa pelas ruas vendendo flores e ainda enfrentando tantas dificuldades.

— São lindos, esse então da ponte é realmente uma graça. Pena que a senhora os tenha parado de vender. – Digo com gentileza.

— Mas para lindas garotas de alma pura como você faço questão de presentear. – A senhora retira o pingente da Ponte do Brooklyn enquanto fala o estende para mim sorrindo.

— Não posso aceitar, me desculpe mas não seria justo com a senhora. – Digo sentindo meus olhos marejados pelo gesto tão singelo da parte dela e pelas belas palavras que me disse que senti serem sinceras.

— Pegue meu bem, vejo pelos seus olhos como é uma boa moça. É um presente de coração. São todos de prata de lei, ficará com você para sempre. Aceite! – A boa velhinha puxa minha mão e a abre colocando o pingente enquanto fala, a fecha e segura firme quando termina a frase.

— Nossa...é muita gentileza, muito obrigada por ser tão amável mas só poderei aceitar se cobrar um valor justo pelo mesmo. – Digo. Antes que a senhorinha me responda Christian começa a falar.

— Como a senhora se chama? –

— Vera Springs meu jovem, agora diga a sua linda esposa que aceite... - Antes que ela prossiga, ele a interrompe.

— Não se preocupe senhora Springs ela vai aceitar. Mas me conte quantas rosas a senhora já vendeu hoje? – O mesmo é taxativo quando afirma que ficarei com o pingente o que me irrita um pouco, me fazendo olha-lo seriamente não posso me aproveitar dessa pobre senhora, prata de lei é cara hoje em dia.

— Essa será a primeira, saí de casa há umas duas horas e ainda não vendi nenhuma rosa. – Vera tenta demonstrar animo, mas consigo perceber cansaço e desanimo em suas palavras.

— Bem, então faremos o seguinte a senhora poderá fazer o que quiser com as rosas essa noite se as vender ganhará ainda mais lucro sem preocupação, pois darei essa para Ana... – Fala com empolgação dando a linda rosa vermelha, desabrochada e envolta em papel enfeitado para mim que sorrio amplamente já imaginando o que ele vai fazer. – E pagarei dez mil dólares como forma de gratidão pelo gesto que teve em dar o berloque a minha esposa. – Ao terminar sorri para a humilde senhora que fica estática, boquiaberta então sorri amplamente com os olhos marejados por lágrimas e diz.

— Meu filho, é verdade mesmo? – Sua voz sai embargada.

— Sim senhora Springs, vou fazer um cheque agora mesmo. – Diz já pegando o talão da carteira e preenchendo.

— Ah meu Deus, eu não posso aceitar! Não teria como agradecer, estou com muita vergonha. – Diz passando a mão livre no rosto, tentando disfarçar as lágrimas que escorrem. Então não resisto e a abraço, enxugo seu rosto e a encaro sorrindo também emocionada.

— Fique calma, não tem do que se envergonhar. A senhora é uma boa pessoa e está recebendo por tanto trabalho que já teve na vida, pelas suas mãos creio que tenha dado muito duro na vida. Obrigada de coração pelo lindo presente. – Digo segurando sua mão livre.

— Oh linda menina, trabalhei minha vida toda no campo, por isso tantos calos e essas mãos de pele grossa. Quando não aguentei mais quis me aposentar na cidade, há mais de quinze anos vendo essas rosas nos pontos turísticos. Eu mesmo as planto, rego e colho. Não vou mentir, a vida é difícil. Meus filhos se esqueceram de mim, não sei onde estão. Vivo sozinha com meus dois gatos, mas sou feliz. Sou feliz por ainda ter força para trabalhar, por poder andar pela cidade à noite e ver lindos casais apaixonados como vocês. Aliás, vejo que o amor de vocês é tão profundo que nem ao menos se deram conta ainda. – Suas emoções variam muito enquanto conta, vejo tristeza e melancolia, de repente força e fé em seus olhos para então nos olhar com ternura e falar sobre nós dois como se tivesse descoberto um segredo. Eu e Christian acabamos nos olhando confusos, não sei explicar ainda o que sentimos mais a cada momento que passamos juntos creio que se torne algo mais especial.

— Tome guarde com cuidado, vá ao banco amanhã para descontar e peça ao gerente que coloque em uma poupança e a ajude a administrar suas finanças, leve esse cartão é de um gerente amigo meu dessa filial de NY ele vai ajudar à senhora, diga que foi Christian Grey-Éllenis que a enviou. – Passa as instruções pausadamente dando o cheque e o cartão de visita do banco para Vera, que olha espantada. Quando abre o cheque então cobre a boca com as mãos e vai para cima de Christian o abraçando.

— Muito, muito obrigada meu filho. Meu Deus é muito dinheiro! Fiquem com todos os berloques, por favor! – Diz emocionada, olho para Christian que sorri.

— Não tem o que agradecer, não queremos mais nada. Boas vendas senhora Springs. – Diz em tom formal enquanto alisa o braço dela coberto por um grosso casaco marrom.

— Adeus senhora Springs, que Deus a abençoe! – Dou um beijo em sua bochecha. Nos dirigimos para subir as torres, quando a mesma vem em nossa direção e me entrega o pingente de árvore com as letras CP colaca em minha mão a fechando, sorri grande e se despede dizendo que nós dois seremos muito felizes. Antes que eu responda a mesma já está indo em direção a um casal que vai passar por nós e lhes entrega uma rosa, os vejo sorrirem surpreendidos e passam por nós dizendo como a senhora é fofa distribuindo rosas de graça. Eu e Christian nos olhamos com satisfação e seguimos para o alto da torre. Lá em cima está muito mais frio, meus lábios começam a tremer.

— Acho que deveríamos ter vindo com roupas mais quentes. – Christian diz enquanto tira seu casaco para me embrulhar, arregalo os olhos pela atitude tão cavalheiresca dele.

— Não, Christian você vai congelar. Coloque esse casaco, eu suporto mais alguns minutos só para apreciarmos a vista um pouco mais e podemos ir embora. – Digo já tirando o casaco que mal ele havia colocado.

— Ana, não seja teimosa. Seu queixo está tremendo, seus lábios estão arroxeados. – O mesmo tenta me deter de colocar o casaco nele.

— Christian se você não parar com isso vai estragar o nosso passeio. – Faço bico o encarando de sobrancelhas franzidas.

— Ta bom sua marrentinha, então você vai ficar dentro do meu sobretudo comigo. – O mesmo veste o casaco rapidamente e me envolve em seus braços de costas para ele, de forma que eu fico dentro do abraço dele e nós dois envolvidos pelo sobretudo. Sinto um calorzinho bom, um conforto e uma segurança sem igual em estar dessa forma. Olhamos a paisagem por mais alguns minutos sem dizer nada, acho que nem é necessário.

...***...

Estamos no Escala no quarto onde dormimos, estou esperando Christian vir do seu banho, viemos da ponte do Brooklyn direto para casa. O senhor grego gostosão/bondoso foi para o escritório enquanto fui me banhar e ajeitar para deitar, agora é a vez dele. Deitada na cama de lado olho para o criado mudo onde minha rosa está em um jarro pequeno com água. Então a linda visão masculina do senhor Grey-Éllenis surge com uma simples toalha envolta na cintura e cabelos molhados. Fico trêmula só de olha-lo, quero sentir seus toques, sua pele, seu cheiro, sua barba roçando em minha pele. Me sinto corar, então o mesmo me encara lascivamente e vem até mim na cama se sentando ao meu lado.

— Que tal irmos para o quarto de jogos? – Sua voz sai de uma forma única e sensual. Sorrio já me sentindo quente e aceno que sim com cabeça. – Então vá para lá e me aguarde como você já sabe. – Termina de falar e deposita um selinho demorado em meus lábios que termina com uma mordidinha no lábio inferior. Levanto-me rapidamente antes que eu me derreta na cama e sigo para o quarto vermelho. Assim que entro retiro meu baby-doll e me posiciono agachada como ele me ensinou. Dessa vez ele rapidamente chega, com meu olhar baixo vejo seu jeans surrado e seus pés passando para minha frente. – Venha até mim Anastácia. – Fala com autoridade. Caminho até o mesmo que com as duas mãos segura meu rosto para olha-lo. – Hoje você pode gemer e olhar para mim. – Termina de falar e me beija. Nosso beijo é quente, nossas línguas já duelam deliciosamente, uma de suas mãos começa a passear pelo meu corpo, aperta os bicos dos meus seios, passeia por minha barriga e vai para meu bumbum o apertando e puxando-me em direção ao seu quadril, onde já sinto sua ereção firme. Logo sua mão vai para minha vagina já molhada, seus dedos começam a massagear meu clitóris e um gemido escapa de minha boca. Ele acelera os movimentos então rapidamente introduz um dedo em mim, arfo enquanto sua boca caminha para meu pescoço me lambendo e mordendo devagar. Seu dedo passa entrar e sair mais rápido de minha vagina muito molhada então quando sinto que estou chegando perto do orgasmo ele para. Sinto que minhas pernas estão fracas, Christian me conduz até um tipo de cruz grande de madeira e me prende as mãos com braceletes. Se afasta de mim dizendo o quanto estou linda, vai até uma gaveta e volta com um objeto que parece um vibrador é pequeno e torto para cima como um anzol. Chega até mim me beija, lambe meus seios e introduz vagarosamente o objeto o ligando. O posiciona pouco acima da entrada da minha vagina e movimenta devagar, sinto que vou me desmanchar de tanto prazer, ondas largas e fortes de prazer circulam por meu corpo, sinto minhas pernas tremerem. Então Christian retira o vibrador o colando sobre a calça que nem sei como já está no chão e me penetra com seu pau grosso firme de uma só vez, puxo minhas mãos com força, tento me mover. Christian se move com força segurando em meus quadris suspensos sobre ele. Morde meu maxilar e com esse vai e vem frenético gozamos juntos. Depois que sua respiração se acalma o mesmo sai de dentro de mim, pega o vibrador novamente o ligando e estimulando-me da mesma forma de antes, sinto as paredes de minha vagina apertarem o objeto é tudo rápido me levando a um orgasmo tão forte e delicioso igual nunca senti, grito de prazer sinto ele me beijar e retirar o vibrador de mim. – Estimulei seu ponto G Ana, vejo que gostou muito. – Fala sorrindo em minha orelha, me sinto tão mole que só consigo sorrir. Esse é o desfecho de uma noite maravilhosa.