• Capítulo 8 •

O fim de semana passou, Christian e Ana tentavam. Christian lhe dava espaço - como ela havia pedido, e Ana tentava ao máximo também. Os dois tentavam. Mesmo que Ana ainda parasse no meio do caminho e paralisasse toda vez que via Christian sem camisa - o que o homem praticamente o fim de semana inteiro - e dava meia volta, hiperventilando de repente.

Gravidez era como uma machucado: você sentia apenas quando descobria.

Então, no domingo à noite, Ana já parecia que estava prestes a explodir de tensão sexual, sem contar noa enjôos que estavam cada vez piores. Na gravidez de Teddy não fora tao difícil, todos até ficavam admirados com o quanto ela estava sempre bem e bem humorada.

Mas ali estava ela, deitada no chão da sala de cinema, Teddy já adormecido ao seu lado, em cima de Christian, enquanto a morena sentia raiva do irmão do Chefinho novamente.

— Ai, ele é tão retardado, como eles fazem um personagem assim para as crianças? - Ana resmungou ela. - Esse desenho é muito idiota.

Christian riu baixo, e pegou o controle.

— Não, eu quero saber se eles vão conseguir fazer os bebês não chorarem no avião - disse ela, pegando o controle remoto da mão do outro.

Christian a encarou confuso, mas logo deixou para lá.

Ana mirou mais uma vez de relance - talvez a trigésima só naquela hora - o peitoral do outro e voltou a atenção para a TV.

Alguns minutos mais tarde, o desenho já terminado, Christian se levantou para colocar Teddy no berço e Ana o seguiu. Ela estava estranha, seu corpo estava, como se precisasse estar perto do outro em muitas horas do dia. A desculpa da vez era Teddy, mesmo que adormecido, ele era uma ótima de desculpa para Ana, uma mãe que não desgrudava do filho.

Christian colocou com cuidado o pequeno no berço, que estava tão cansado que ao menos abriu os olhos, apenas se virou e agarrou o cobertor entre os dedos. Ana sorriu para o menino, passando a mão em seus cabelos e então ligou o mobile - aquilo fazia Teddy voltar a dormir durante a noite.

O casal saiu do quarto, Ana fechou a porta e se virou, dando de cara com o peito de Christian.

— Hã... Boa noite? - disse ele mais como pergunta enquanto via a garota fascinada, mas não se afastando.

Ana levantou uma das mãos e devagar tocou o peito do outro, sentindo o leve tremular que sempre dava quando o tocava. Ela sentiu o corpo esquentar, assim como seu coração disparando.

Esse tipo de coisa acontece quando você está no começo de uma paixão, quando você conhece alguém que faz o seu coração pirar. Só no começo. Nos primeiros meses. Mas com Ana não, ela ainda sentia todas aquelas coisas, até as borboletas no estômago, o frio na barriga, a necessidade de ficar perto o tempo todo, a saudade só por ficarem uma noite separados quando Christian tinha que viajar.

Só quem arrepia cada centímetro do seu corpo e faz você sentir o sangue bombear num ritmo excitante, é capaz de fazer com que você se apaixone a cada dia de uma forma diferente, que você se sinta assim durante toda a sua vida.

Imagine nunca mais tê-lo.

Ana não conseguia pensar em algo assim, não conseguia imaginar.

Ela moveu a mão até o lado esquerdo, sentindo o coração de Christian batendo rápido, elevou os olhos e encarou a tempestade cinza dos dele.

Sua respiração estava ofegante, como se tivesse corrido uma maratona mesmo que estivesse apenas parada ali.

Ela apertou os dedos de leve contra a pele dele, subiu a mão até sua nuca, ficou na ponta dos pés e não pensou em mais nada.

Quando seus lábios se tocaram, parecia como se fosse a primeira vez. E era. Era a primeira vez em muito tempo. Ana sentiu seu corpo se arrepiando enquanto as mãos de Christian seguravam sua cintura.

O beijo se intensificou, e Ana não queria que acabasse, ela levou a outra mão ao cabelo de Christian e o puxou para si. O outro a empurrou contra a porta fechada do quarto de Teddy, as mãos levantando sua blusa, tocando sua pele, deixando-a tão quente quanto o impossível.

Ela sentia tanta falta daquilo. De toda aquela pegada, aquele tesão, o desejo que ele sentia por ela, que ela sentia por ele. Tudo.

Uma das mãos de Christian a puxou e a outra desceu para sua bunda, apertando com vontade contra si, fazendo-a sentir a excitação dele.

Ela queria.

Os lábios de Christian desceram por seu pescoço, beijando, mordendo, chupando, uma mão subiu por seu rosto, tirando seu cabelo do caminho, tocando sua bochecha. Aquela que o próprio deixou vermelha há alguns dias. Ana voltou suas mãos para o peito do outro e o empurrou, claro que não teve força, foi apenas para ele entender que deveria parar.

— Espera, para - pediu.

Christian parou imediatamente, afastando-se dela.

— Eu... - ela respirou, engoliu em seco e tirou o cabelo dos olhos. - Eu vou...

É-é melhor eu dormir. Tchau. Quer dizer, boa noite - ela saiu de perto, parando no meio do varredor.

— O quê?

— Boa noite - repetiu.

— Ana...

— Você prometeu que me daria um tempo - acusou ela.

Ele parou.

— Claro - concordou.

Ela pressionou os lábios um contra o outro antes de ir em direção ao quarto de hóspedes.

A garota entrou no quarto e fechou a porta atrás de si, encostando-se a ela, batendo a cabeça de leve.

Não ia pensar. Não ia pensar.

Não. Ia. Pen. Sar.

Ela ficou com o mantra na cabeça, deitou na cama, cobriu-se com o edredom e adormeceu.

Ana acordou às 7h30min para o trabalho no dia seguinte, era segunda, e ela só queria ficar deitada na cama.

As cortinas do quarto estavam abertas, Christian não havia ido até lá.

Ela se recusou a pensar no novamente.

Com a cabeça pesada e uma dorzinha no quadril, perto do baixo ventre, quase uma cólica, mas não exatamente, ela se direcionou ao banheiro.

Provavelmente dormira de mal jeito. Ignorou tudo após conseguir caminhar normalmente, tomar seu banho relativamente demorado e sair enrolada na toalha em direção à suíte principal, do outro lado do corredor. Sua roupa do dia estava arrumada e separada, como sempre fazia na noite anterior. Ela entrou no closet e viu algumas portas abertas, o que queria dizer que Christian havia passado por ali. A morena colocou sua calça preta de cós alto, uma blusa branca de mangas e se sentou para pôr os sapatos. Sentiu sua barriga reclamar quando se abaixou e subiu o tronco rapidamente.

A porta do quarto sendo aberta foi audível. Ana fechou os olhos e inspirou o ar profundamente, ficou ereta e esperou.

Seu corpo paralisou após sentir uma pontada na parte debaixo da barriga, era uma dor tão interna que a fez se curvar e colocar a mão contra o ventre, até que parou de repente.

A morena inspirou o ar profundamente mais duas vezes, as lágrimas já escorriam por seu rosto quando olhou para baixo e viu gostas de sangue no puf límpido e branco que estava sentada.

Escutou passos no quarto, e iam em direção à porta, engoliu o bolo na garganta, e tentou respirar.

— Christian - chamou alto, logo fechando os olhos com força sentindo a pressão vindo novamente em seu ventre.

Christian entrou apressado no closet.

— Ana - chamou, ajoelhando-se a sua frente e levantando seu rosto.

— Está doendo muito - conseguiu dizer, a voz embargada.

Christian a pegou nos braços com facilidade e a levou para fora do quarto. Ana apertou o rosto contra o peito dele enquanto o mesmo descia as escadas rapidamente, ainda com uma das mãos na barriga, as lágrimas molhavam o terno do outro.

— Taylor - Christian gritou.

O segurança apareceu rapidamente.

— Sra. Grey - disse o outro com assombro, já apertando o botão do elevador.

— Ela precisa ir para o hospital - informou Christian.

Sawyer também apareceu, junto com Gail que tinha o pequeno Teddy nos braços. Antes do menino conseguir registrar o que estava acontecendo, Gail saiu da sala com ele.

Christian entrou no elevador com Ana, e enquanto a garota ainda se contorcia de dor em seus braços, ele beijou seu cabelo.

— Vai ficar tudo bem - sussurrou.

O elevador parou no estacionamento, Taylor correu para um dos carros junto com Sawyer, que abriu a porta de trás. Christian entrou com Ana e a garota apertou sua blusa.

— Vai ficar tudo bem, meu anjo - ele sussurrava, tentando acalmá-la, os lábios contra seu cabelo. - Eu estou aqui, princesa - falou em seu ouvido quando menina gemeu de dor apertando-o.

O hospital geral de Seattle já estava pronto para a chegada de Ana, pelos Greys serem beneméritos constante, a família tinha certa exclusividade. A morena foi colocada numa maca assim que os enfermeiros a tiraram do carro, mas não soltara a mão de Christian.

— Não, não me deixa - ela sussurrou em meio a outro gemido de dor.

— Eu estou aqui, vai ficar tudo bem - Christian a reconfortou, com o coração apertado quando foi obrigado a soltá-la.

Passou-se um minuto inteiro, a sala de espera vazia e silenciosa, como se há um minuto atrás não tivesse acontecido a algazarra de uma equipe multidisciplinar nos corredores, levando Ana para dentro.

Taylor e Sawyer ficaram com Christian, Sawyer se prontificou a avisar a Dra. Grace sobre Ana estar no hospital, pois era o mesmo que a mulher trabalhava, e Taylor ligou para Gail, explicando o que aconteceu - o que na verdade nem ele sabia ao certo.

Christian, mirava o chão, os pensamentos a mil, a cabeça cheia de coisas ruins, lembrando-se o sangue, de Ana gemendo de dor, de como ela estava pálida. Pela primeira vez em tempos, ele esta rezando.

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