Então todos observaram a pequena Morgan crescer e desenvolver sua personalidade, que logo descobriram ser uma mistura perfeita dos pais. A menina era inteligente, gentil e muito amorosa. Agitada, adorava brincar. Quando começou a engatinhar, seus pais passaram a ter que correr atrás dela o tempo todo. Era muito curiosa e nem um pouco medrosa, então estava sempre se pendurando em algum lugar, pegando em tudo que aparecesse na frente e se enfiando em qualquer buraco, para desespero de Tony e Pepper. A casa dos Stark de repente ficou cheia de cercas, barreiras e trancas de proteção nas tomadas, gavetas, janelas e tudo mais.

— Morgan, não… — Tony impediu que a filha pegasse o torquímetro das garras de DUM-E. — Não pode pegar nada da oficina, ou a mamãe vai descobrir que eu te trouxe para cá e vai ficar uma fera com o papai. E nós não queremos isso, não é? — ele usou um pano limpo para pegar o mordedor em forma de girafa e a entregar. — Aqui. Isso você pode pegar. E você. — ele olhou para o robô. — Se deixar ferramentas perto dela de novo eu te transformo num cercadinho. — O ameaçou, antes de pegar o torquímetro e começar a apertar os parafusos do motor que estava montando. E assim ficou por um tempo; até que notou algo estranho. Ele olhou para Morgan:

— Você está quieta demais. O que está fazendo, heim? — ele perguntou, e a filha fez uma careta. — Oh… Já vi. Está preparando uma encomenda pro papai, não é? Ok… — ele correu para higienizar as mãos, sabendo que a bomba iria explodir a qualquer momento. Então voltou correndo, à tempo da bebê começar a chorar alto. — Ei… — ele soltou o cinto da cadeirinha e pegou Morgan no colo. — Não chore… O papai está aqui para te salvar. Vamos lá. — ele tentou acalmar o bebê por todo o caminho até o quarto dela.

— Como alguém tão pequeno e adorável é capaz de produzir isso? — perguntou após se livrar da fralda usada. Então olhou para Morgan, que estava sentada no chão, brincando com peças de encaixar. Ele deitou ao lado dela e a observou. — E você nunca reserva essas bombas para sua mãe, não é? — Tony usou o dedo para arrumar uma parte do cabelo da menina que estava fora do lugar. Morgan então o entregou uma peça do brinquedo. — Oh, isso é pra mim? Obrigado! Sabe como se chama? Triângulo. Diga: triângulo. — ele disse, e a filha respondeu com seus sons de bebê. — Muito bem! E onde o triângulo encaixa? — ele perguntou, e tentou encaixar no lugar do quadrado. — É aqui? Que tal aqui? — tentou encaixar do espaço do círculo. Então Morgan pegou a peça da mão dele e a encaixou no lugar certo. — Muito bem! — ele bateu palmas, e a filha abriu um enorme sorriso e fez o mesmo. Então Tony deu outra peça pra ela, e os dois continuaram brincando por um tempo. Até que a menina largou tudo e engatinhou até o pai.

— O que foi? Cansou de brincar? Quer fazer outra coisa? — ele perguntou, fazendo carinho nela. — Tá com fome? Está quase na hora do almoço. Vamos ver o que a mamãe deixou pra você hoje? — ele se levantou e pegou a menina no colo. Então, juntos, foram até a cozinha.

Morgan estava entrando na fase de comidas sólidas, então eram sempre oferecidos alimentos novos à ela. Mas, como o combinado era fazer isso com ambos os pais presentes, a menina almoçaria algo que já havia provado.

— E lá vai o aviãozinho… — ele levou a colher até a boca da filha. — E esse foi o último! Pronta para a sobremesa? — ele pegou um pote com pequenos pedaços de melão que havia cortado mais cedo e botou na mesa do cadeirão do bebê. Então seu celular vibrou em seu bolso e ele o pegou imediatamente. — Oi amor.

— Oi meu amor! Como vocês estão? — Pepper sorriu ao ouvir a voz da filha no fundo, e sentiu uma vontade desesperadora de largar tudo e correr para casa.

— Nós estamos ótimos! Acabamos de almoçar e agora estamos comendo a sobremesa. Melão em cubos. Uma delícia, não é? — ele perguntou à filha, que se melecava com a fruta. — Por enquanto está tudo bem. Eu consegui esquentar o leite sem botar fogo na casa; ela não teve cólica, e só chorou quando se borrou. Daqui a pouco deve reclamar de sono, mas estaremos prontos para o cochilo até lá.

— Sinto falta de vocês.

— Venha para casa.

— Sabe que não posso…

— É claro que pode, você é a chefe.

— E a chefe precisa trabalhar, ou toda nossa fortuna vai para o ralo só comprando fraldas.

— Tenho que admitir que você tem razão.

— Como sempre. — pelo tom de voz, Tony sabia que a mulher estava sorrindo. — Preciso desligar. Bom cochilo para vocês dois.

— Divirta-se nesse tédio. Quando vier para casa, pode trazer rosquinhas?

— Vou pensar no seu caso. Amo vocês.

— Também te amamos. — Tony desligou, e roubou um pedaço de melão do pote da filha.

Pepper cedeu ao pedido e comprou rosquinhas ao sair do trabalho. Quando estacionou o carro na frente de casa, parou por um momento e observou pela janela da sala o marido com a filha no colo, dançando. Ela sentiu seu peito encher de amor, e um enorme sorriso se ergueu em seus lábios. Tinha muita sorte de ter aquelas pessoas em sua vida.

— Olha só quem chegou! — Tony sorriu quando ela entrou em casa, e Morgan imediatamente choramingou e ergueu os bracinhos, pedindo o colo da mãe. — E trouxe rosquinhas! Oi mamãe... — ele a beijou nos lábios. — Vamos trocar. — ele entregou a filha e pegou a caixa de rosquinhas, abrindo-a e pegando a primeira imediatamente em seguida.

— Oi meu amor… — Pepper beijou a bochecha da filha. — Como foi seu dia? Brincou bastante com o papai?

— Ela encaixou o triângulo de primeira hoje! — Tony disse com a boca cheia, indo até a cozinha.

— É mesmo? — a mulher sorriu bobo para a filha, se sentando no sofá para tirar os saltos. — E o que mais vocês fizeram?

— Tiramos três cochilos. Dei um banho nela e saí praticamente seco, o que deve ser um recorde. Apostamos uma corrida engatinhando e ela venceu, obviamente. E ela preparou uma bomba daquelas no fim da manhã. — Tony voltou para a sala com uma lata de refrigerante na mão e se sentou na poltrona com a caixa de rosquinhas no colo.

— Você sempre faz isso com seu pai, não é? — Pepper segurou a menina em pé nas suas coxas e usou a boca para fazer um barulho engraçado na barriga da filha, que gargalhou.

— Não se preocupe, sua hora vai chegar.

— É, está quase na hora de amamentá-la mesmo... — Pepper sorriu provocadamente para o marido e voltou a brincar com a filha.



— Ela dormiu? — Tony perguntou quando viu a esposa chegar à cozinha em seus pijamas e com os pés descalços.

— Como o anjo que ela é. — Pepper recebeu o prato que o marido havia acabado de secar e o guardou.

— Ainda bem que ela herdou isso de você.

— Oh, não comemore tão cedo. Espere até ela chegar na adolescência... — ela brincou, guardando uma panela.

— Só de pensar já nasceram mais cinquenta fios de cabelo branco. — ele fez a mulher rir.

— Não se preocupe, você fica lindo assim... — ela passou a mão nos cabelos dele e agarrou um tufo ao colar seu corpo no dele.

— Oh, você gosta? — ele perguntou em um tom sexy, agarrando a cintura dela.

— Aham… — Pepper o beijou nos lábios lentamente. — Sabe de uma coisa… Por que não aproveitamos que Morgan está dormindo e não fazemos algo que não fazemos há muito tempo?

— Eu não poderia concordar mais… — Tony a beijou novamente.



— O QUE? — Pepper quase engasgou com o vinho ao assistir o plot twist da série. — Como assim ele é o assassino?

— Eu disse que não ia com a cara dele. — Tony levou um pedaço de chocolate até a boca. Ele estava deitado no sofá com a cabeça no colo de Pepper, recebendo cafuné.

— Você não foi com a cara dele porque ele trabalha com marionetes.

— Não… Foi porque sempre fazem o cara das marionetes parecerem bonzinhos e no final da história descobrimos que eles têm um lado sombrio. É clássico.

— Com certeza tem alguém por trás disso. Ele não bolou isso tudo sozinho.

— Com toda certeza. Ele é um completo idiota, jamais conseguiria bolar isso tudo sozinho.

Então eles se calaram quando o próximo episódio começou.