5 Anos

Aniversário


Tony acorda e olha para o lado. Pepper não está lá. Deve ter sentido enjoo matinal. Ele decide levantar e ir até o banheiro para oferecer ajuda, mas a mulher também não estava no local. Se não estava enjoada, só poderia estar com fome. Então o homem desce as escadas e vai até a cozinha.

— Pep? — ele a chama. Ninguém responde. — Pep? — ele continua a chamá-la, mas a sala também está vazia.

— Tony! — ele ouve a voz vindo do lado de fora da casa e vai atrás, correndo até o enorme quintal.

— Pep?

— Tony!

— Pep! — ele olha ao seu redor, mas não havia nenhum sinal da mulher.

Tony percebe que está em sua armadura, completamente destruída. Então ele ouve uma risada familiar e seu jardim começa a desaparecer, revelando o lugar em que ele realmente estava.

Era Titan.

Tony sentiu a risada maligna de Thanos na sua nuca e virou-se imediatamente. Então viu Wanda, Visão, Sam, Quill, Drax, Mantis, May… Todos virando pó.

— Senhor Stark? — ele ouve uma voz familiar e olha para baixo. E de repente estava revivendo o momento em que Peter Parker estava em seus braços, prestes a desaparecer.

— Não… De novo não. — ele se agarrou ao garoto com toda força que podia; mas nada impediu que ele virasse pó e fosse levado pelo vento.

— Por que não nos salvou? — a figura de Stephen Strange apareceu em frente a ele, agachado e ferido.

— Estou tentando! Por que não me disse como fazer isso? — Tony perguntou; mas não teve tempo de obter alguma resposta. Então ficou sozinho no planeta deserto, derrotado.

— Tony? — ele ouviu a voz de Pepper, que estava em pé, a alguns passos de distância dele. Sua mão pousava sobre sua enorme barriga, e seu rosto estava assustado. — Tony, a bebê. Eu não consigo sentí-la.

— Não. — ele se assombrou.

— Tony, o que está acontecendo? — ela perguntou com medo. Seu rosto já criando rachaduras.

— Não! — ele se levantou e correu na direção dela, mas a mulher parecia distante.

— Tony?

— Não! — ele tentava usar seus propulsores, mas todos estavam completamente destruídos. — Vocês não!

— Tony!

— Não! — ele se jogou, numa tentativa de agarrar a mulher; mas ela virou pó e ele se viu caindo em direção ao chão.

— Tony! — Pepper o chamou mais uma vez. Então se assustou quando o homem se ergueu depressa, também assustado. — Tony? — ela o chamou delicadamente, e ele olhou para ela. Seu rosto ainda estava apavorado, sua respiração estava ofegante, e seu corpo pingava de suor.

— Você e a bebê estão bem?

— Sim, estamos ótimas. Mas não posso dizer o mesmo de você.

— Desculpe. Pesadelo.

— Um dos grandes. Há muito tempo você não tinha um desses.

— Sim. Mas estou bem agora… — ele acariciou a barriga da esposa e sentiu um chute da filha. — Eu amo vocês.

— Também te amamos. — ela lhe deu um beijo delicado nos lábios e o abraçou por um tempo, até que ele se sentiu melhor. — Você deveria tomar um banho.

— Ok… — ele saiu da cama, e no caminho viu o relógio da mesa de cabeceira marcando cinco e quarenta e sete da manhã. Assim como marcava também que naquele dia completava-se um ano do estalo de Thanos que fez desaparecer metade das criaturas vivas do universo.

— Você não precisa fazer isso se não quiser. — Pepper avisou, acariciando a perna do homem.

— Eu preciso. É o mínimo que posso fazer, já que não consegui fazer nada. — ele respondeu, olhando pela janela. Então a porta do carro foi aberta e ele esperou que a mulher saísse, para então enfrentar os fãs, haters, flashes e jornalistas, que aguardavam por eles no monumento em homenagem aos atingidos pelo estalo de Thanos em Nova York, que seria inaugurado naquele dia. Homenagens como aquela estavam sendo inauguradas pelo mundo todo, com os nomes dos moradores locais.

Era uma manhã fria e nublada, muito comum naquela época do ano. A praça estava cheia de políticos e pessoas importantes; e civis esperavam atrás de grades montadas pela polícia, em volta de todo o local. Alguns erguiam placas e faixas de apoio, outros de revolta. Alguns em dúvida sobre o que deveriam fazer agora. E quase todos vestiam camisetas ou seguravam fotos de seus entes queridos que se foram. Tony olhou para os rostos com muita dor.

Pepper segurou em seu braço delicadamente e o homem a olhou. Ela usava um vestido, meia-calça, mocassins (que deveriam estar machucando os pés inchados dela), e um sobretudo que já não conseguia mais esconder a barriga dela. Todas as peças eram pretas, combinando com o terno e sobretudo dele e as roupas de praticamente todos por lá.

O homem a olhou como se dissesse que estava bem. Então cedeu seu braço como apoio e juntos caminharam até onde os outros convidados estavam.

Houve um minuto de silêncio no início do evento, e em seguida o prefeito de Nova York fez um discurso. Então, após uma salva de palmas, as pessoas se espalharam para conhecer o local.

Muito parecido com o monumento de São Francisco, eram corredores e mais corredores com placas enormes de granito preenchidas com os nomes dos cidadãos de Nova York que viraram pó. Fotógrafos contratados tiravam fotos dos convidados lendo os nomes, e Tony puxou Pepper para longe deles.

— Tony, vá devagar. Sou uma grávida de 7 meses em mocassins.

— Certo, foi mal. Eu tinha que te tirar de perto daqueles abutres... — ele olhou para a placa que indicava a letra dos nomes que estavam naquele corredor e se calou. Pepper então olhou na mesma direção, entendendo o motivo do silêncio imediatamente.

— Quer ajuda para encontrar?

— Sim, por favor. — ele disse baixo, e ela lhe deu um carinho no braço e um sorrisinho caridoso. Então cada um foi em uma direção diferente, lendo nome por nome das enormes placas de granito.

Tony foi o primeiro a encontrar. E quando viu o nome de Peter Parker, seus olhos lacrimejaram.

Ele ficou parado ali em silêncio por um tempo, apenas encarando o nome escrito em dourado. Até que sentiu alguém parar ao seu lado.

— Senhor Stark, será que eu poderia tirar uma foto?

— Não.

— Ok… — o jovem fotógrafo abaixou a câmera. — Encontrou quem procurava?

— Olha, eu não estou muito pra conversa no momento, então...

— Tudo bem! Olha. — o rapaz apontou para três nomes não muito distantes do de Peter e a tia. — Minhas mãe e meu irmão mais novo. Eu estava indo para casa para contá-los que entrei na faculdade quando aconteceu. Quando cheguei, tudo que encontrei foi poeira e o jantar queimado no forno.

— Sinto muito pela sua perda.

— Eu também, pela a sua. — o garoto olhou para os nomes de seus familiares. — Acha que temos alguma chance de termos eles de volta?

— Não sei. Mas estou tentando.

— Obrigado por isso. Por tentar. — ele ergueu a mão, e Tony a apertou. — Foi um prazer conhecê-lo, senhor Stark.

Então o rapaz se afastou; deixando-o sozinho com o nome de Peter Parker novamente.