[3ª Temporada] - STIGMA: Please, dry my eyes

Peças do quebra-cabeça – Parte II


Num apartamento qualquer... – Seoul, 22h10min

— Não aguento mais isto!

— Do que está falando?

— Não se faça de louco, JungHuon.

— Kyung Hee, deve manter a calma, meu amor. – A voz do JungHuon soou fria.

— O que você quer que eu faça, Huon?! Estou levando esporro daquele velho idiota e em breve ele perceberá que não tenho porcaria nenhuma para apresentar sobre o caso do plágio! – Kyun Hee esbravejava desesperada.

— Hey, vá com calma. – Falou se aproximando de forma persuasiva.

— Calma, JungHuon?! Vejo a hora ser pega e você não está fazendo absolutamente nada! – Kyun Hee espalmou a mão em um vaso espatifando-o no chão.

JungHuon cerrou os olhos observando-a e meneou a cabeça para o lado.

— Se continuar assim, querida, quem lhe dará um esporro em você serei eu, entendeu? – Falou calmo passando uma mão no rosto da Hee que franziu os cenhos – Porque não faz o que mandei fazer?! Atrapalhe a vida daqueles dois! Arruine com a felicidade do Kim! Isso você sabe como fazer. – Exasperou-se mordaz apertando o rosto da jovem de forma a avantajar-lhe os lábios e assim os beijou indelicadamente.

Kyun Hee afastou-se em meio ao gesto do outro.

— Esquece essa vingança, Huon! Estamos perdendo tempo com esta sua ideia imbecil! – Respirou fundo - Vamos fugir, oppa... - Pediu por fim - Podemos viver nossa vida assim como o Kim vive com aquela garota, a Go Bea Ni. Não precisamos fazer isso! Esquece esses dois!

Ele empurrou-a em meio a um grito impaciente, o que a fez cambalear indo de encontro a um móvel doloridamente.

— Quero ver o Kim Taehyung morto! Depois daquela noite, vivo pela minha vingança e a Bea Ni merece sofrer tudo que sofri depois de ter me deixado! Você me prometeu ajuda. Começou com o plano, agora terá que continuar! – Esbravejou o homem.

— E se eu não fizer?! E eu se quiser desistir disso?! – Ela tinha o rosto vermelho de ira e desafiava o mais velho por não tê-lo como queria.

Ele era todo vingança e ela, só pensava nele. Sentia-se enfeitiçada por aquele homem e o que mais queria era poder viver com ele e fazê-lo esquecer desse passado que o atormentava. Submetia-se à ele por este amor doentio.

JungHuon foi até ela envolvendo-a em seus braços. Ela manteve-se estática, temerosa pelo que estaria por vir. Kyun Hee tinha a respiração rasa e seus olhos vidrados em um ponto qualquer. Todo seu corpo estava alerta, mas seu coração lhe traía suplicando por um retorno ao amor que sentia.

Huon afastou os cabelos de Kyun Hee sentindo seu aroma e beijou-a ali, marcando o pescoço da jovem com uma trilha até seu ouvido e sussurrou:

— Não quero ter que te machuar. – Dissimulado, declarou – Não sei o que faria sem você.

Ela o olhou nos olhos analisando aquelas palavras e se encararam por breves segundos.

— Me beija. – Ordenou Kyun Hee em uma expressão compenetrada, aceitando novamente não apenas as condições impostas, mas também as migalhas as quais sabia que lhe pertenciam.

Enquanto isso... – Seoul, 22h10min

— Hua Le-ssi.

Ela virou-se de relance, desafivelando o cinto de segurança.

— Gostaria de me desculpar... – Yoongi continuou com as mãos ainda no volante. Haviam acabado de chegar no endereço da jovem como ele prometera que a levaria – Você não vai olhar para mim? – Ele inquiriu incomodado.

Ela encarou-o, finalmente, em silêncio.

Seus olhares se encontraram e Yoongi sentiu as palavras fugirem.

Pigarreou desafivelando seu cinto e virando o corpo para Hua Le que aguardava ansiosa apesar de não demonstrar.

— Me desculpa por hoje. – Falou desviando o olhar para a estrada deserta à frente.

— Do quê está falando exatamente? – Ela instigou desejando explicações.

De súbito olhou-a novamente e a viu calma esperando por uma resposta com argumentos melhores.

Pigarreou pela segunda vez passando a mão na nuca.

— Eu não deveria ter lhe cobrado nada. Não sei porque agi daquele modo com você. Me desculpe. – Sua voz grave ecoava no automóvel em meio ao silêncio da noite.

— Não faça de novo, ok? – Hua Le falou com a voz suave. O que ela mesma não esperava – Sou muito grata pela ajuda de vocês com este problema que é, na verdade, só nosso, mas estamos fazendo nosso melhor.

— Eu sei disso, eu sinto muit--

— Foi injusto comigo, Yoongi-ssi. – Hua Le o interferiu.

— Sei que fui um idiota...

— E infantil.

— Não deveria ter falado daquele jeito com você... – Olhou a noite lá fora novamente na tentativa de parecer firme como sempre mostrava ser. Porém, com Hua Le ele sentia que o Suga despia-se para dar lugar ao Min Yoongi.

— Você foi áspero. – Ela falou ressentida, mas manteve-se encarando o perfil de Yoongi que sentia-se ainda mais envergonhado pela bobagem que cometeu. Não tinha argumentos sólidos para aquilo. A única forma plausível de sair desta situação seria admitir algo que sequer ousara para si mesmo.

Yoongi respirou fundo saindo de seus pensamentos e, ajustando-se melhor no banco do motorista, aproximou-se um pouco e passou a vista por cada detalhe do rosto bonito à sua frente.

Ela, por sua vez, sentia-se curiosa observando-o naquela postura tão mais natural, que era nova para ela. Seu coração retumbava fazendo-a praguejar-se mentalmente.

— É que estou confuso, eu-- - Yoongi interrompeu-se – Mas o que é que eu estou fazendo?! — Pensou ele.

De repente, engasgou-se com as palavras perdendo-as de vista, caindo em si para o que diria e calou-se encarando Hua Le que retribuía o olhar, ansiosa. Aquele espaço estava ficando pequeno demais para o Min e seu rosto, agora rubro, ardia deixando-o com raiva de si mesmo por isto.

— Ok! – Exclamou Hua Le quebrando o que quer pairava entre os dois – Preciso entrar. – Virou-se em direção à porta abrindo-a – Obrigada. – Saiu do carro encurvando-se para ver o Min - Está desculpado. – Fechou a porta dando as costas em seguida rumo ao seu lar.

— Eu, apaixonada?! Eca! – Falou consigo mesma no curto trecho entre a calçada e seu endereço. Levou uma mão à boca tentando esconder de si mesma um pequeno sorriso.

Yoongi vendo-a entrar na admirável residência, deu a partida no automóvel soltando pesadamente o ar de seus pulmões.

— Apaixonado, eu?! Eca! – Fez uma careta que logo deu lugar a um sorriso gengival, bobo e cúmplice de si mesmo.

Casa dos Bangtan – 22h50min

— Deixaram a Bea Ni-ssi e a Hua Le-ssi em segurança? – Namjoon perguntou ao Taehyung e ao Yoongi que chegaram um seguido do outro.

— Ye, hyung. – Taehyung respondeu largando os sapatos na entrada e jogando-se no sofá mais próximo.

Yoongi, após deixar seus calçados no hall de entrada e pondo os seus costumeiros, saiu arrastando-os deixando que seus passos ecoassem a medida que se afastava distraidamente.

— ‘Tá tudo bem com o hyung? – Namjoon perguntou mais para si mesmo – Ele parece distante esses últimos dias. Meio atrapalhado também.

— O hyung ‘tá diferente mesmo. Vai ver está com sono... – Taehyung sugeriu fechando os olhos a medida que apoiava a cabeça em uma das mãos, já deitado no estofado – ...Ou apaixonado. – Falou em tom de interrogação, despreocupadamente.

Namjoon riu.

— O Yoongi hyung apaixonado? Será que é sério isto?! Pode ser coisa passageira... – Arriscou Namjoon.

— Pode ser que ele tenha encontrado finalmente o motivo de toda sua inspiração. – Taehyung bocejou – Agora um motivo bem sólido, ao vivo e a cores, em carne e osso.

Namjoon observava o mais novo ali deitado e relaxado, divagar sobre o amigo em comum. Taehyung continuou com suas palavras soltas:

— Sempre achei que ele compõe para alguém... Ou para alguém que ainda não havia chegado... – Confessou sonolento - So far away... First love, love... So far away, don’t far away... – Cantarolou Taehyung já quase adormecido.

Em seu quarto, Yoongi terminava um desenho antes iniciado em seu pequeno caderno sem linhas.

Uma mulher de fios compridos adormecia apoiada em seu próprio braço naqueles traços de grafite. A paz que a preenchia naquele mundo onírico era a paz que ele sentia ao vê-la. Alguém chegara para ele e finalmente este alguém tem um nome ao qual pode chamar, parecendo ter saído de seus rabiscos e inspirações: Hua Le.