30 passos para a amizade

Passo 29: Nem sempre o caminho é feito todo lado a lado


Eu encarava a carta em minha mão sem saber o que fazer. Ela parecia pleitear uma decisão rápida, só que eu não tinha nenhuma.

Distraí-me brevemente observando a cicatriz que tinha ganhado na mão ao procurar por velas, torcendo para que ela pudesse me dar uma luz. Luz nenhuma veio dali, mas fiquei feliz ao perceber que tinha curado bem.

A carta era minha aceitação em um curso renomado de arte, um dos melhores do mundo, e vinha junto com uma bolsa que custearia tudo que eu pudesse imaginar. Era uma oportunidade e tanto, mas confesso que batia um friozinho na barriga só de pensar que estaria a milhares de quilômetros de todos os conhecidos e que não veria mais o meu melhor amigo todo dia.

Eu iria, não tinha dúvidas a respeito disso, sempre fui da opinião de que amizades verdadeiras superam as barreiras da distância. O questionamento era: como e quando contar para o Trev.

Ele e o pai sairiam em alguns dias para uma viagem de veleiro e só voltariam depois de um mês, será que contar o faria aproveitar menos a viagem?

“Hey, Art, bora fazer as compras?”

Ele falou assim que entrou.

“Bora.”

Escondi o papel e decidi contar depois.