Aos dezesseis anos fiquei sabendo que as inscrições para uma bolsa de um curso de verão em uma das melhores escolas de arte do país tinham sido abertas.
Depois de inscrito eu tinha seis meses para enviar 3 obras pintadas representando emoções em sua face mais comum. A primeira era sobre a angústia, logo, pensei em pintar algo relacionado a trens, meu avô, o sufoco também conhecido por saudade. A segunda era felicidade então cogitei fazer algo com descobertas infantis. Na terceira eu travei. Era amor. Não tive uma ideia sequer que parecesse valer a pena ser executada.
Trevor percebeu minha inquietação.
“Hey Dicaprio, qual o problema?”
“Dicaprio? Leonardo errado de novo, Trev.”
“Ah, tanto faz. Não tente mudar de assunto. O que tá pegando?”
“Não sei o que colocar na de amor, tudo que penso parece tão comum. Todas as ideias soam como rebotalhos de algo que poderia ser muito melhor, sabe?”
“Problema resolvido então, me desenha, quer amor maior do que aquele pela pessoa que te falou sobre essa bolsa? Rebotalhos?”
Trevor falou rindo comprovando que só estava brincando com a afirmação.
"Ué Aurélio, tá achando que só você pode brincar com palavras difíceis, é? Prazer, Michaelis."
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