3 Palavras

Capítulo Único


Acordei determinada aquela manhã de domingo, Matt voltaria para a guerra mais cedo que anteriormente. Desta vez ele tinha passado apenas dois dias em nossa cidade. E por isso eu havia acordado determinada.

Desta vez eu não deixaria o meu amado ir, sem souber o que eu realmente sentia.

- Ele está noivo! – exclamava meus pensamentos.

- Não importa! – eu respondia em voz alta – O amor verdadeiro é maior que tudo!

Ana havia me dito isso uma noite quando me ajudava a me vestir. Ela já presenciara um amor verdadeiro e me disse que não se casaria com outra pessoa, só com o Sr. Bates.

E eu pensava da mesma maneira, não queria mais ninguém. Apenas Matt!

Coloquei o meu vestido de passeio. Vermelho, sabia que ele gostava dessa cor e eu também.

Sentei-me na mesa do café da manhã, apenas papai e eu estávamos presentes. Sybil já tinha ido para o hospital, onde trabalhava de enfermeira durante a guerra e Edith estava na fazenda ao lado ajudando um homem que havia perdido empregados para a guerra.

Não havia correspondência naquele dia. Porque se houvesse papai sempre as falava para que suas filhas ficassem informadas.

Retirei-me da mesa, deixando meu pai terminar o café sozinho.

Pedi a Branson que me levasse até a cidade, na casa da mãe de Matt e ele o fez. As ruas estavam pouco movimentadas, não parecia uma manhã de domingo.

Entrei apressada pela porta da frente, mas o jardim estava silencioso e nenhuma janela da casa estava aberta. Resolvi esperar apreciando as flores de Isobel, mãe de Matt. Todas eram diferentes e cada uma tinha um cheiro específico que perfumava todo o jardim.

Percorri o caminho de pedras até a porta da frente da casa, mas não chamaria por ninguém. Desviei e encontrei uma mesa de pedras no centro do jardim. Ouvi um choro. E vinha da noiva de Matt que já estava acordada e sentada em uma das cadeiras do bonito conjunto de pedras.

Ela logo me ouviu e tratou de limpar as lágrimas.

- O que está te aborrecendo? – perguntei delicadamente, puxando uma cadeira e sentando ao seu lado.

Ela soluçou uma, duas, três vezes e disse:

- Estou com medo... – mais um soluço – Matt voltará mais cedo para o norte da França... E fico com medo que essa seja a última vez que eu o vou ver.

Pensava da mesma maneira, mas eu não poderia dizer. Pois ambas iríamos chorar. Respirei fundo, procurando forças para alegra-la e finalmente respondi com um sorriso no rosto.

- Tudo vai ficar bem. Vamos vê-lo daqui alguns meses depois que ele voltar.

- Você só está dizendo isso para ser confiante, sabe como eu que ele poderá nunca mais voltar.

Eu sabia! Por isso eu estava ali aquela manhã. Para dizer três palavras que talvez não pudesse nunca mais dizer a ele.

- Bom dia! – exclamou uma voz familiar.

Era Matt e ele estava vestido como um soldado de front. Uma bela farda de tom bege com emblemas do exército inglês ao peito.

Sua noiva levantou-se da cadeira, enxugou as lágrimas nas costas da mão e entrou sem dizer uma palavra.

Levantei-me da cadeira com um grande sorriso no rosto e desejei bom dia.

- O que aconteceu com ela? – perguntou o rapaz, olhando para a noiva enquanto ela saia.

- Está aborrecida. Tem medo que você não volte.

- Grande tola – disse ele sorrindo, mas sabendo que no fundo era uma grande verdade.

- Vai almoçar conosco, Lady Mary? – perguntou a noiva entrando novamente em cena.

- Não, obrigada.

Ela se retirou. E aquela era a hora para eu dizer as três palavras que estavam presas em minha garganta. Mas eu estava com medo... Medo de que alguém nos ouvisse.

- Então, por que veio até aqui? – perguntou ele simpático.

- Para lembra-los de ir até Downton Abbey para jantarmos está noite.

- Estarei lá, aliás, essa é minha última noite aqui.

Dei meia volta, desistindo de dizer o que sentia. Mas vir até ali para nada?!?!

- Não! – exclamei, sem pensar.

- Não?!

Ele riu, repetindo o que eu havia dito.

- Não vim até aqui para isso! – exlclamei.

- Não? – repetiu ele rindo.

- Vim para dizer que EU TE AMO!

Matt paralisou. Não parecia o mesmo homem de antes que havia entrado em cena de farda. Não era o mesmo homem seguro de si.

- Lady Mary...

Não o deixei terminar a frase. Pois o beijei no instante que ele pronunciara o meu nome. Eram os mesmos lábios quentes que haviam me beijado na sala de jantar de Downton Abbey. Era o mesmo homem, só que mais velho e de farda. O homem que eu não sabia se voltaria da França.Ele retribuiu o beijo e logo nos lábios se separaram e ele encontrou a sua testa com a minha. Ficamos li parados sem saber o que fazer. Então, ele pronunciou o que eu também queria ouvir.

- Eu também te amo, Mary.

FIM

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.