Rellik já estava no refeitório fazia mais tempo que muitos outros dali. Apesar de ter conseguido pregar os olhos por umas duas poucas horas, sentia o enorme cansaço que esmagava seu corpo. Felizmente, as conversas com Jack Risonho estavam o ajudando.

Mais tarde, o sono era a última coisa com que Rell se preocupava. O sol não saiu, como o de esperado, deixando o céu naquele cinza uniforme infinito. À medida que o tempo passava, ao invés de esquentar o ambiente do Casarão Creepypasta, as cosias se tornavam mais frias e as rajadas de vento do lado de fora passavam pelas frestas das janelas espalhando um uivo sinistro.

Naquele momento, por volta das onze da manhã, Rellik espiou por cima da cômoda. Havia duas: uma de cada lado do corredor do hall, passando pelas escadas. Ambas paralelas e um tanto antigas. Ninguém entendia os gostos de Slenderman.

— Shhhh! — Rellik pediu com os dedos nos lábios que formavam um grande sorriso travesso, assim que viu quem se aproximava. Jack Risonho estava se escondendo atrás do outro móvel, se segurando para não rir alto demais.

Masky levava milhares de papéis nos braços, ainda conferindo algo aqui e ali. Havia algumas coisas que prendia a atenção dele. Estaria tudo aquilo certo mesmo?

O mascarado se aproximava cada vez mais, preso em sua realidade sem se preocupar com nada ao seu redor. Mal percebera que em menos de cinco segundos, seu mundo viraria de cabeça para baixo – quase que literalmente.

— Agora!! — Só deu tempo de ouvir o berro. Num piscar de olhos, Masky se encontrava pendurado pelos pés um tanto longe do chão. Os papéis se espalharam e voaram pelos ares, e as risadas preencheram os ouvidos do mascarado.

— Pegamos você! — Ria o palhaço Jack.

— Me tirem daqui agora! — Se debatia Masky. — Juro que quando botar meus pés no chão eu irei acabar com vocês dois, bastardos!

— Sonha... — O de cabelos brancos sorriu irônico, estendendo a mão para Risonho para que este lhe retribuísse o high five. E com isso saíram às gargalhadas da cena do crime.

O pobre mascarado continuava se balançando, na tentativa desesperada de alcançar o nó entorno de seus calcanhares. Francamente, onde estava o maldito Hoodie quando precisava?

Embora muitas Creepypastas passassem por aquele lugar, ninguém sequer tomava a decisão de ir ajudá-lo. Alguns passavam reto, como se nem o tivessem visto. Outros apenas olhavam e riam.

Para a sua salvação, Nicole e Julie caminhavam por ali quando Masky resolveu desistir.

— Hey! — Berrou ele, fazendo com que as ruivas virassem a cabeça em sua direção, logo se adiantando a ajudá-lo.

Nicole (A gêmea de máscara) partiu direito para a corda com sua faca, cortando-a. Julie acabou ajudando Masky a não bater a cabeça.

— Como você foi parar aí lá em cima? — Uma das garotas perguntou.

— Jack Risonho e Rellik. — Arrumou suas roupas — Ah, mas quando eu encontrá-los...

— Seja lá o que você vai fazer — Uma quarta voz entrou na conversa. O mascarado se virou para encarar um mal-humorado Hoodie coberto de um líquido de aparência pegajosa e de origem não identificada. — Tomara que seja algo bem cruel.

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Kyara estava na biblioteca, deitada sobre os braços e pensando na vida. Como queria que as coisas voltassem a ser como eram antes...

— Ooooooooi — Uma voz vagamente familiar a chamou. Ao levantar a cabeça, viu-se de cara com um ser de compridos cabelos negros (Que por sua vez caia em seu rosto) e de cicatriz grossa na metade da cara. Ele sorria. — Kyra, não é? Posso sentar com você?

Ela cedeu um lugar para Edgar e voltou a pousar a cabeça entre os braços. Pock! O rapaz ao seu lado que mascava chiclete abriu um livro, deixando a garota curiosa para saber que tipo de literatura era aquela.

— Sherlock Holmes — Respondeu como se lesse a mente dela. A de cabelos castanhos arrumou a postura, olhando para as páginas amareladas. — O segundo cara mais inteligente que conheço.

Kyara sorriu, desafiante.

— E qual seria o primeiro?

— Eu mesmo. — E estourou uma bola de chiclete. Pock! A fala a fez rir.

Naaaada convencido.

— Só digo verdades. — Edgar tirou os olhos azuis das letras para fitar Kyara — E deduzo que você não está bem. Qual o problema?

— Não é nada.

— Ah, vá. — Pausa — Garotas bonitas como você não deveriam ser tão caidinhas assim.

Ela corou um pouco, lisonjeada.

— O- Obrigada.

— Só para deixar claro — E estourou mais uma bola. Pock! — Não estou flertando com você.

— Hm... Já arranjou uma namorada em tão pouco tempo?

— Vamos dizer que... Meus interesses são outros aqui. — E olhou por cima do ombro dela, para a porta de entrada para a biblioteca — Aproveitando a deixa, eu já vou indo.

[...]

Que derrubassem aquela biblioteca! Já era a segunda vez que Jeff vira Kyara sob os olhos maliciosos de outro cara. Não entendia o motivo de estar sentindo ciúmes, aliás, estava tudo, absolutamente tudo, acabado entre eles, não é? Agora, a única pessoa com quem ele deveria se preocupar era com a Julia.

Sentiu-se seguido, espiou por cima do ombro e viu que um sádico sorridente chamado Edgar o perseguia. Aumentou a velocidade dos passos com uma expressão irada no rosto. Acabou que, por fim, chegou ao lado externo do casarão. Só aí Edgar pareceu parar de acompanhá-lo.

Jeff ainda olhou ao redor, apenas para ter certeza, e então algo o atingiu na nuca, o atordoando. Foi ao chão, mas não foi o suficiente para lhe tirar a consciência, apenas a visão estava embaçada. Viu um borrão negro voando, seu cérebro reconheceu como sendo uma ave. Um corvo talvez. Porém, a criatura se transformou em um ser mais humano em um piscar de olhos, fazendo com que algumas penas suspendessem no ar.

Jeff sacudiu a cabeça, tentando focar no ser. Logo reconheceu com desgosto a máscara branca mista.

— Você! — Em um pulo o moreno estava de pé, brandindo sua faca afiada. — É o filho de uma mãe que tentou me matar naquela fazenda!

Lord atacou, avançando na direção do de sorriso cortado. Fora um soco bloqueado, uma ameaça de lâmina. O de mascara usou as garras, conseguindo rasgar a manga do moletom de Jeff. Este por sua vez, um pouco tonto, usou de sua arma. Mas necessitou de mais velocidade, pois Lord arrancou a faca de sua mão, jogando-a para longe. Logo, o mascarado o segurava pelos braços, não dando liberdade para o assassino se mexer ou fugir.

— He, he. — Uma terceira pessoa entrou em cena. Jeff só conseguiu rosnar quando viu de quem se tratava. O ódio crescendo cada vez mais dentro de si, e a vontade de matar florescendo ao máximo em seu espírito. — Olá Jeffrey. Vamos brincar?

Pock!

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