2ª Temp. O Diário das Creepypastas - Interativa
#11 Doce amargo do tabaco
Ao cair da noite, fortes rajadas de vento batiam nas janelas do Casarão Creepypasta. O que já não era novidade, o clima continuaria daquele jeito por um bom tempo. E, em meio à escuridão de fora, Dick Slender sentava-se na fonte do pátio degustando o doce-amargo do tabaco – de novo. Perdera as contas de quantas vezes já havia botado a quase tóxica fumaça dentro de seu organismo, porém pouco se importava. Esperava a chuvarada começar antes de voltar para dentro e tentar conversar com o amigo Alexandre.
Dick suspirou pesadamente. No que estava pensando? Já tinha idade suficiente para largar os dramas adolescentes, mas mesmo assim não conseguia deixar de lembrar-se de quando saciou sua vontade de matar pela primeira vez. Aliás, nunca imaginou que conseguiria ter tal coisa.
Sequer lembrava-se de quantas vidas tirara. Foi tudo rápido demais, tudo fora de controle. Parte dele se culpava por ter as mãos sujas de sangue, mas outra parte tinha orgulho disso.
— Droga! — Exclamou baixo, agarrando os cabelos com as mãos e pondo os cotovelos sobre os joelhos, curvando-se sobre seu próprio corpo. Cerrava os dentes, frustrado e confuso, quase cortando o filtro do cigarro.
Slenderman observava o filho da janela de seu escritório. Dali podia ter uma bela perspectiva, mas Dick parecia não percebê-lo ali.
— Está tudo bem Slendy? — Elizabeth Ackerman indagara para o homem alto de terno, exalava preocupação.
— Não tenho certeza. Há algo errado com meu filho desde que voltara do mundo humano.
A mulher loira se levantou do sofá do escritório e caminhou para o lado de Slenderman. Olhou na direção do garoto.
— Ele é meio humano. Como você mesmo disse, Daemon dizia que ele herdaria características emocionais da mãe. Deve estar passando por uma fase difícil agora que finalmente matou. — Argumentou ela. — Mas ele ficará bem. Tenho certeza. — Sorriu.
Slender “fitou” o rosto da irmã de Mr. Creepypasta. Estava retribuindo seu sorriso por dentro.
— Você tem sido uma boa companhia. — Falou o sem-rosto — Agradeço por sempre estar do meu lado.
— Não é preciso. — Seu sorriso permaneceu e as bochechas pálidas ganharam uma leve coloração avermelhada — Também gosto da sua companhia, senhor Slenderman.
Elizabeth não se cansava de olhar a face lisa do homem de terno. Era vazia, de fato, contudo mesmo assim a dama sabia que aquela frieza só escondia um coração pulsante e paternal.
“Acho que ele está com a Lady Elizabeth...” Uma voz abafada foi ouvida pelo outro lado da porta. Parecia ser de Masky.
“He, he. Podemos espiar?” Esta lembrava a de Ticci Toby.
“Qual é o teu problema?!” Mais uma vez o de máscara branca.
“Calem as merdas dessas bocas e batam logo na porta!” Hoodie.
“E estragar o climinha do chefe com a Lizzy?” Toby.
“Não chame a Lady Elizabeth de Lizzy!” Masky.
Se Slender tivesse sobrancelha, esta estaria pulsando agora.
— Entrem de uma vez, Proxies. — Ordenou de voz fria o sem-rosto.
A porta foi aberta devagar, revelando os três Proxies de ombros encolhidos. Juntamente com eles Nicole se camuflava com sua máscara.
— Senhor... — Começou Masky.
— O que vocês querem? — Perguntou Slender.
— É que... Nic... Quero dizer Nicole quer ser uma Proxy sua. — Ticci Toby explicou.
— Como? — O sem-rosto pareceu não entender.
— É um prazer poder trabalhar com o senhor. — Curvou-se a ruiva.
— Não é “com”, é para mim. Tem certeza do que você está falando? Não tem como desistir depois. — Advertiu Slenderman, embora não demonstrasse importância.
— Tenho.
O de terno pensou por uns instantes. Não era fácil assim. Vem. Quero. Vou ser.
— Proxies — Dirigiu-se Slender — Vocês serão encarregados de ensinar para essa garota como se deve trabalhar por aqui. Se ela não for boa o suficiente, estará dispensada do trabalho. Simples assim.
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— Tome, aqui. Seus favoritos. — Randal estendeu um sanduiche de pasta de amendoim para Nina, logo se sentando ao seu lado no sofá, debaixo das cobertas.
— Obrigada. — Sorria ela. — Você tirou as cascas?
— Eu sei que você não gosta delas. — Sorriu de volta, fazendo-a rir.
— Wow, você me conhece bem. Mas onde está seu irmão?
— Jack? Ah, acho que já foi dormir ou algo assim. Acho que se me visse agora me arrastaria pelos cabelos.
— Ele realmente não é muito fã meu né? — Riu mais um pouco. — O que vamos assistir?
— Um filme qualquer aí.
— A gente tá parecendo um casal.
Randal corou levemente.
— É...
Nesse mesmo momento, Bryan Schmitz estava prestes a entrar na sala quando percebeu os outros dois ali. Observou como Nina se divertia e sentiu uma pontada estranha no peito. Era irritante, devia admitir. Tanto a sensação quanto a cena.
Não deu muita atenção às perguntas do tipo “que merda de sentimento é esse?” que passavam pela sua cabeça e apenas encarou Randal e Nina.
Levou um susto quando foi cutucado no ombro por alguém, se arrepiou todo juntamente com um pulo.
— Sabia que espiar os outros é falta de educação? — Jana, a irmã de mechas azuis se encontrava atrás de Bryan com a sempre cara de desdém.
— Você me assustou. — Disse o moreno.
Ela deu de ombros.
— O que exatamente você está observando?
— Nada.
— Nada o escambau. Tá de olho na minha irmã?
Fora a vez de Bryan enrubescer com a indelicadeza de Jana.
— N- não sei do que você está falando. — Ele desviou o olhar.
A de mecha azul encarou o garoto por um tempo antes de arrastá-lo pelo pulso na direção contrária.
— Ei! O que você pensa que está fazendo?
— Vamos dar uma volta por aí.
— O quê? Me solta!
— Tenho que te ensinar boas maneiras.
— Você não é minha mãe!
— Mas não gosto de você.
— E o que diabos isso tem a ver com o que eu disse?!
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Jane procurara pelo namorado até finalmente encontrá-lo do lado de fora.
— Olha só, te procurei por todo lugar! — Falara ela enquanto sentava-se ao lado de Dick, logo percebendo a expressão cansada dele. — Algum problema?
— Não é nada.
Depois de alguns minutos em silêncio, Jane voltou a abrir a boca:
— Sabe, é meio chato ter de falar isso, mas... Você anda distante de mim ultimamente.
Dick encarou o rosto dela, arregalando levemente os olhos como se aquilo fosse uma surpresa. Porém logo voltou ao normal, sorrindo de um modo doce.
— Qual é Jan? Né nada disso. Só preciso pensar por um tempo.
— Pensar sobre o quê Dicky? — Jane não parecia muito feliz.
— Bem, sobre tudo.
— É que não dá para continuar assim.
O sorriso dele desapareceu.
— Do que você está falando?
— Não dá para manter um relacionamento desse jeito. Eu sempre soube que era impossível se manter um entre dois assassinos, mas quando eu aceitei, você não era o que você é hoje, entende?
— Fale de uma vez onde você está querendo chegar. — Dick mostrou-se impaciente — Nós mal começamos a namorar direito Jane!
— Mas essa é a questão! Logo no começo já estou vendo que não está dando certo. Você não é o Dick pelo qual me apaixonei, droga!
O filho de Slender fitou-a perplexo.
— Jane! — Exclamou frustrado, se pondo de pé e gesticulando tentando fazê-la entender — Eu só estou pedindo um tempo para pensar! Não quero dizer que quero terminar contigo.
— Mas eu estou!
O garoto congelou, os olhos abertos ao máximo, fitando o rosto zangado da assassina.
Mas antes que pudesse pensar em algo para dizer, Jane se levantou e voltou em passadas pesadas para dentro do casarão, deixando-o sozinho novamente.
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