2018s Pride Month Writing Challenge

DIA 6: Ser um bom detetive é fácil...


...até você se apaixonar.

Ranpo sempre teve certeza de que era o melhor detetive do mundo, e sempre se gabava disso. Ele e seus óculos eram capazes de desvendar qualquer mistério, ele dizia. Ninguém tinha sido capaz de nem mesmo chegar perto de ser a metade do detetive que ele era.

Até Edgar.

Edgar tinha sido o único detetive capaz de quase alcançá-lo, e o único a lhe dar um desafio à sua altura.

Desde que o outro detetive conseguiu tal feito, Ranpo passou a pedir com alguma frequência que este lhe proporcionasse repetições da experiência, e foi isso que aconteceu naquela manhã.

Ranpo acordou e, ao lado de sua cama, estava um pedaço de papel dobrado, onde tinha uma pista para a resolução de um mistério surpresa preparado por Edgar.

Observando a caligrafia cuidadosa e arredondada que Edgar era capaz de fazer quando não estava com pressa, Ranpo logo resolveu a pista — encontraria algo na cozinha.

Ao chegar ao cômodo, Ranpo sorriu ao ver uma cesta de doces em cima da mesa. Além de ser uma surpresa agradável, Ranpo tinha certeza de que a próxima pista estava ali, já que não escondia de ninguém o fato de que amava doces. Edgar, por alguma razão, estava deixando a resolução daquilo bem fácil.

Respirando fundo e se sentindo ofendido pelo fato do namorado estar subestimando-o. Ranpo começou a caminhar em direção ao local que a pista indicava — o parque onde ele e Edgar resolveram o primeiro caso juntos.

Apesar de frustrado, Ranpo caminhou até o parque. Não era do feitio de Edgar subestimá-lo e, até por isso, o baixo nível de dificuldade da investigação intrigava Ranpo cada vez mais, à medida que ele pensava sobre o assunto.

Ao chegar no parque e ver Edgar ali, esperando-o, Ranpo se sentiu, ao mesmo tempo, satisfeito e decepcionado. Satisfeito pelo namorado estar ali, é claro, mas decepcionado, porque isso significava que a investigação tinha terminado e que, de fato, tinha sido fácil demais. Sem reviravoltas.

— Edgar! — Ranpo exclamou. — Por que foi tão fá- Dazai? Por que o Dazai está aqui? E… Kunikida? Yosano? O que todo mundo está fazendo aqui, Edgar?

Àquela altura, Edgar já estava corando furiosamente. Hesitante, se ajoelhou no chão, e retirou de seu bolso uma pequena caixinha púrpura.

Tinha conseguido surpreender Ranpo.

— Essa era a investigação. — Edgar disse, finalmente. — Você aceita se casar comigo, Ranpo?

Ranpo tinha sido pego de surpresa e, por alguns segundos, não conseguiu demonstrar nenhuma reação. Estava apenas… boquiaberto.

— Responda logo, Ranpo! — Yosano exclamou. — Se você demorar mais cinco segundos o coitado vai entrar em pânico, igual quando ele tentou planejar alguma investigação mais complicada, mas estava ansioso demais!

Ranpo saiu de seu transe e exclamou um “o quê?!” enquanto Edgar corava ainda mais.

Finalmente, Ranpo voltou seu olhar para Edgar, que ainda estava de joelhos à sua frente e assentiu com a cabeça.

— Eu aceito.

No segundo em que Ranpo terminou de pronunciar aquelas duas palavras, Edgar se levantou, e um peso parecia ter sido tirado de seus ombros. E, quando já estava completamente de pé, abraça Ranpo — seu noivo, Edgar permitiu-se adicionar essas palavras mentalmente após o final de seu pensamento, pois, céus, como elas soavam bem. Todos batiam palmas pelo acontecimento e, apesar de Edgar odiar ser o centro das atenções, não se importava nem um pouco com aquilo, ao menos não naquele momento. Ranpo também não.

Quando ambos desvencilharam do abraço, Dazai disse:

— O amor te deixou menos inteligente, Ranpo. — Dazai trazia um sorriso irônico no rosto. — Todos já tinham descoberto os planos de Poe há algum tempo.

— Sim. — concordou Yosano. — Semana passada, Poe foi na ADA, tremendo de nervoso, foi até a sala de Fukuzawa e, depois de sair, um pouco mais calmo, não falou com você. Ele nunca fez isso antes.

— Também me perguntou quais eram seus doces preferidos. — adicionou Atsushi.

— E — Dazai disse. — me perguntou se eu podia levá-lo até sua casa ontem à noite. Enquanto você dormia.

— E, pra finalizar… — Yosano voltou a falar, se inclinando para frente, com ambas mãos na cintura. — me perguntou qual era a medida do seu dedo.

Após ouvir os comentários dos seus companheiros da ADA e descobrir que seu noivo tinha sido um tanto óbvio demais, Ranpo voltou seu olhar para Edgar.

— Você…

— Sim. — Edgar respondeu, com o rosto corado, sem dar a Ranpo tempo de terminar de formular sua frase.

Ranpo observava Edgar, e todos os colegas se afastaram, para dar a eles uma falsa sensação de privacidade, já que todos continuariam vendo e ouvindo tudo, atrás de uma árvore próxima ao casal.

— Você foi na sala de Fukuzawa. — Ranpo observou. — Você… pediu a bênção dele para me pedir em casamento, Edgar? — Ranpo queria soltar uma gargalhada, mas não conseguia. Só conseguia pensar que o seu namorado (noivo) era mais precioso que qualquer pessoa ou coisa que seus olhos já tiveram o prazer de ver.

— Eu… — Edgar tentou inventar uma mentira que o deixasse em uma situação que julgasse menos embaraçosa, mas estava nervoso demais para tentar fazer algo muito complicado, como enganar Ranpo. — Droga. Eles estavam errados, você continua um excelente detetive.

Ranpo sorriu para Edgar, enquanto o encarava com um olhar de adoração que pertencia somente ao seu noivo.

— Eu te amo. — ele disse, antes de puxar Edgar pela roupa (a única maneira que Ranpo encontrou, naquele momento, de alcançar o rosto deste) e o beijar.

Estar apaixonado poderia ter impedido Ranpo de ver o óbvio, mas ali, beijando seu noivo que corava facilmente e fazia coisas estranhas e fofas, como pedir a bênção de seu chefe antes de pedi-lo em casamento, aquilo não importava muito.