Bem na hora, estou tão contente

Você tem uma linha de pensamento como a minha

Você deu direção à minha vida

Uma conexão amorosa de programas de televisão

Não podemos negar

[...]

Posso finalmente ser eu mesmo agora

Na verdade, não há nada que eu não possa ser

Eu quero que o mundo veja você ficar

Comigo

Hey, Soul Sister - Train

AUSTIN MOON ∞ ALLY DAWSON

֍

O nome dele era Austin. Sobrenome Moon. O dono daquele nome tão encantador e incomum também era o dono do coração de Ally. Não havia sido proposital. Não foi intencional. Ela apenas se apaixonou por seu melhor amigo sem que pudesse perceber. Seu coração foi tolo o bastante para se encantar pelo sorriso fácil e a personalidade gentil daquele garoto com quem tem convivido desde que era criança.

Ally não se lembrava ao certo quando o conheceu. No jardim de infância, talvez? O fato era que Austin sempre esteve ao seu lado. Fosse para brincar, fazer as tarefas de casa ou apenas assistir um filme qualquer na casa do outro, eles estavam sempre juntos. Ally e Austin. Austin e Ally. Como duas peças de quebra-cabeça que estavam grudadas o tempo todo. Eles cresceram juntos, vivenciaram momentos importantes lado a lado.

Então até era compreensível para a garota o amor que sentia por ele. Não havia como negar o quanto Austin era apaixonável. Bonito, engraçado, carinhoso, extrovertido e extremamente gentil. O loiro de olhos brilhantes e coração bondoso, aos poucos, conquistou aquele espaço tão grandioso e especial na vida de Ally.

Não foi um sentimento repentino. Ally tinha plena consciência de que não havia sido de uma hora para outra que começou a reparar no quão bonito é o sorriso de Austin, ou em como seus olhos brilham quando ele fala de uma música nova que ouviu de alguma banda qualquer. Não foi de repente que ela começou a reparar na beleza do garoto ou em como era irritante a atenção que ele recebia das outras garotas.

Apaixonar-se por seu melhor amigo foi apenas o resultado de uma série de etapas que ela havia listado. Tudo começou com um encontro de desconhecidos. Eles se tornaram colegas de classe, amigos, melhores amigos, irmãos e agora esse sentimento indescritível que mexia e muito com a cabeça e o coração de Ally. Assim como um clichê, ela se via dividida entre contar a verdade a Austin e correr o risco de perder sua amizade ou permanecer em segredo, apenas escondendo seus sentimentos pelo rapaz para preservar aquele clima tão especial que existe entre eles.

Ally se sentia culpada, ainda que soubesse que a culpa não era dela e nem de Austin. Não era culpa de ninguém, para falar a verdade, mesmo assim, parecia errado maliciar o rapaz que sempre a tratou como uma irmã. Sem que percebesse, a garota já não conseguia agir normalmente na frente do loiro. O mais singelo dos toques de Austin já era o suficiente para despertar um turbilhão de sentimentos dentro de si.

Austin se tornou o primeiro pensamento do dia e o último. De repente, ela sentia a necessidade de ouvir a voz do garoto antes de dormir, de inventar desculpas para se aproximar. Antes que se desse conta, Ally já não conseguia mais ficar sozinha sem se sentir envergonhada, mas também não queria dividir a atenção do rapaz com os outros amigos. A dualidade que existia dentro de si a enlouquecia. O queria por perto, mas ao mesmo tempo não conseguia. Olhar nos olhos chocolates do rapaz já parecia ser uma tarefa quase impossível.

Quanto mais ela se aproximava de entender a intensidade de seus sentimentos, mais assustada Ally se tornava. Não era a primeira vez que ela gostava de alguém. Mas, nenhuma das outras vezes foram tão avassaladoras como dessa vez. E foi somente quando se deu conta disso, que ela finalmente entendeu que não era apenas uma simples paixão da adolescência.

Amor. Quatro letras. Duas vogais. Duas consoantes. Por que uma palavra tão pequena tinha um poder tão grandioso? Como essa simples palavra conseguiu mudar completamente sua vida? Tudo era assustador demais, intenso demais. E Ally sabia que era tarde demais. Ela jamais voltaria a olhar Austin como um amigo, um irmão de consideração.

Era nesse momento em que ela chegava na parte que a mais assustava. Se Austin não gostasse dela na mesma intensidade? O que ela poderia fazer? Seria doloroso demais ficar perto e ainda pior estando longe. Ainda tinha o fato de que Austin jamais a machucaria de propósito, então se não fosse capaz de corresponder aos seus sentimentos, ele com certeza se sentiria ainda pior.

Ally se perguntava se seria capaz de se declarar para Austin. Era tão clichê aquela situação que chegava a ser ridículo para si. Às vezes ela só queria ser um pouco mais corajosa e revelar a verdade a ele. Dizer tudo que estava preso em sua garganta. Confessar que ela não ia mais as festas na casa do rapaz porque não queria ver ele beijando outra garota e não porque estava estudando. Queria se livrar da culpa que sentia por mentir tantas vezes para o loiro, inventando desculpas apenas para não ouvir ele falando de uma outra garota que não fosse ela.

Por outro lado, ainda que quisesse muito que Austin descobrisse de uma vez por todas o que ela sentia, Ally tentava esconder de todas as formas possíveis os seus sentimentos. Nem mesmo Trish, sua melhor amiga, fazia ideia de como a tímida garota era completamente apaixonada pelo amigo de infância. No entanto, Ally sabia que a cada dia que se passava, mas óbvia ela se tornava. Ninguém conseguia esconder para sempre um sentimento tão assombroso quanto o amor.

Ela sabia que estava ficando sem saída. Precisava fazer alguma coisa. Não queria perder Austin, mas também não suportava mais esconder seus sentimentos, fingir que não se importava quando seu coração se machucava cada vez que ouvia a palavra “amiga” sair de sua boca quando alguém questionava a relação deles.

Ally precisava de coragem. Coragem o bastante para ela ser capaz de dizer as três palavras mais doces e perigosas que ela conhecia. Então, decidiu que aproveitaria a próxima festa do melhor amigo para revelar a verdade. Nada que um pouco de álcool para pelo menos fazer ela se sentir mais confiante. E caso Austin não correspondesse aos seus sentimentos, ela poderia dizer que estava bêbada e por isso confundiu. Que na verdade está apaixonada por outra pessoa.

E foi assim que Ally viu a chance que desejava bater em sua porta, em uma manhã qualquer, de um dia qualquer de março.

— Ally, o que você vai fazer no sábado? – Austin questionou preguiçosamente, enquanto eles encaravam as nuvens, deitados na grama do jardim da escola, embaixo da sombra de uma árvore.

— Por quê? – Questionou a garota no mesmo tom de voz, ainda observando o céu ensolarado e brilhante daquele dia tão desinteressante.

— Eu farei uma festa nesse dia. Por que você não vai e se diverte um pouco? – Sugere o rapaz, levantando-se para encarar a garota com um grande sorriso.

— Eu não sei, Austin... – Sussurra Ally. De repente, a decisão que havia tomado de se confessar na próxima festa que o amigo desse já não parecia ser tão boa assim. Não que ela tivesse sido em algum momento, mas ela se sentia intimidada o bastante para que seu negativismo falasse mais alto.

— Ah, qual é, Ally?! Você nunca mais foi na minha casa e sempre inventa uma desculpa para ficar presa em seu quarto. Você acha mesmo que eu não sei que você está fugindo de alguém? – O comentário do amigo faz Ally se levantar no mesmo instante e o olhar alarmada. Como ele sabia? Será que ela havia se tornado tão óbvia assim? Ally se questionava, encarando o amigo com o coração na mão.

— Eu não sei do que você está falando. – Tenta desconversar a garota, ainda que soubesse que sua reação assustada já tivesse a entregado.

— Você sabe sim! Olha só a sua cara. Você acha que consegue esconder algo de mim? – Questiona o loiro, cruzando os braços e arqueando as sobrancelhas. Austin então suspira e a encara temeroso. – Você está gostando de alguém, certo?

— O quê? Claro que não! – Ally nega veemente, sob o olhar atento do melhor amigo.

— Eu sei que está. – Austin afirma e a garota consegue ver um pequeno brilho de tristeza exposto nos olhos do rapaz. Aquele fato a intriga. Por que ele parecia triste pela possibilidade da garota gostar de alguém?

E como uma amiga traiçoeira, a mente de Ally passa a criar inúmeras teorias e nenhuma delas a favorecia. Ally começa a cogitar que ele parecia ter certeza de que ela gostava de alguém e se está tão evidente que ela gosta dele, então isso significa que ele não é capaz de corresponder aos seus sentimentos?

Ao supor isso, o coração da tímida jovem se aperta. Ela sabia que não tinha direto algum de exigir que ele gostasse dela, mas ainda era doloroso pensar que isso significava que seu coração pertenceria eternamente a alguém que jamais seria seu. Era como se ela estivesse diante de uma das tragédias gregas, onde todos sabiam que o final não seria nada feliz.

— 20 segundos de coragem. Isso é tudo que você precisa para mudar uma situação que não te agrada. – Comenta Austin, assustando a garota ao trazê-la de volta a realidade.

— O quê? – Pergunta a garota para ter certeza de que havia entendido de fato o que o amigo havia dito.

— Se você gosta realmente dele, crie apenas 20 segundos de coragem e mude seu destino. Se ele não gostar de você, com certeza é ele quem sai perdendo. – Continua o rapaz, forçando um sorriso. Ally não sabia se ria ou se chorava. Ao mesmo tempo que estava feliz pelo amigo ser lerdo o suficiente para não saber de seus sentimentos, ela se perguntava o quanto ela precisaria de paciência para lidar com o rapaz. – Além disso, se ele não corresponder aos seus sentimentos, eu estarei aqui para cuidar do seu coração partido. Então vá a festa e se declare para ele. Apenas use toda sua coragem durante 20 segundos. Não é tanto tempo assim.

— E você pensou nisso sozinho? – Brinca a menina, encarando o loiro com desconfiança. – Fale a verdade. De onde você tirou isso?

Austin ri sem graça e volta a encarar o magnifico céu azul de Miami. Ele se sentia confortável perto de Ally e a garota gostava de ter esse privilégio. Apesar de extremamente comunicativo e despojado, Austin não é o tipo de pessoa que mostra suas verdadeiras facetas a qualquer um. Somente com Ally que Austin não tinha medo de fazer comentários bobos ou de demonstrar seus receios.

— Eu vi em um filme. Nós Compramos um Zoológico. – Responde o rapaz e isso faz com que Ally ria ainda mais alto. Austin parece se encantar com aquele momento e apenas a observa com fascínio e um grande sorriso em seus lábios. – O quê? O filme é baseado em uma história real!

— Você é um bobo! – Exclama Ally, rindo ainda mais. Austin continua a encarar Ally a espera de uma resposta. E ela conhecia bem aquele olhar que ele direcionava a ela. – Eu vou a sua festa.

— Isso! – Comemora Austin, fazendo cocegas em Ally como forma de comemoração de sua vitória.

Qualquer pessoa que encarasse aquela cena conseguiria notar a conexão dos dois. Eles pareciam viver no próprio mundo deles, longe de qualquer preocupação ou empecilho. Assim como sempre, Austin e Ally. A dupla inseparável. E era isso que Ally tinha medo de perder, caso não fosse correspondida ou se começassem a namorar. Perder aquela conexão que eles criaram através de uma amizade baseada em confiança, admiração e carinho.

E então os dias passaram. O dia da festa chegou e Ally não poderia estar mais nervosa. Ela havia prometido a Austin que iria se declarar. Que usaria os 20 segundos de coragem para mudar seu destino. Mas isso não significava que ela estava realmente pronta. Ela sentia que estava em cima de uma corda bamba, onde poderia cair a qualquer momento.

Austin nem mesmo desconfiava de suas intenções. Ele estava muito mais preocupado em organizar a decoração e as bebidas da festa com o que se passava na mente confusa de sua melhor amiga. O emaranhado de emoções dentro de Ally eram a prova de que ela precisava colocar para fora tudo o que estava dentro de si. E mesmo que tenha ensaiado tanto para esse momento, nada parecia bom o suficiente para expressar seus sentimentos. As palavras, de repente, já não eram mais suas amigas como ela sempre imaginou ser.

Quando a festa se iniciou, a primeira coisa que Ally fez foi encher seu copo com o ponche de frutas. Ela precisava se acalmar e talvez o álcool pudesse funcionar como um catalisador de coragem. Eram somente 20 segundos que ela precisava, certo? Apenas 20 segundos e um pouco mais de fé em si mesma.

Ally não soube dizer quantos copos ela bebeu e nem o tempo que havia passado desde que a festa começou. Ela somente continuava a beber e a prometer que seria apenas mais um copo e ela finalmente revelaria seus sentimentos. No entanto, era difícil se criar coragem para se declarar quando tantas garotas bonitas e simpáticas davam em cima de Austin. Ally não se considerava suficientemente bonita para competir com aquelas garotas.

Austin começou a notar que a amiga não estava bem. Ele estava preocupado com o fato dela beber tanto e ficar o tempo todo no canto da sala, largada no sofá, encarando os outros. Não sabia o que fazer. Ela não havia revelado de quem ela estava gostando, então ele nem mesmo sabia se esse rapaz havia chegado. Então, depois de muito esforço, ele consegue puxar Ally para um lugar mais reservado para que pudessem conversar.

— E então? Já se declarou? – Pergunta Austin, observando Ally com atenção. A garota ri e balança a cabeça, negando. – Por quê? Ele não veio?

— Eu não consegui ter os meus 20 segundos de coragem. – Responde a garota de longos cabelos chocolate, enquanto ria com ironia.

— Ally! – Austin a repreende, vendo a garota suspirar. – Você precisa criar coragem para se declarar. Não pode esperar que ele descubra lendo a sua mente.

20 segundos.

— E por que não? Não custa nada sonhar. Além disso, ele não gosta de mim desse jeito. – Afirma a garota, encarando os intensos olhos do loiro.

15 segundos.

— Como pode ter certeza de que ele não gosta de você? Ally, você é a garota mais incrivelmente incrível que eu conheço. – Retruca Austin, pegando no rosto da garota para fazer com que olhasse em seus olhos, assim que ela tenta desviar o olhar.

10 segundos.

— Você realmente acha isso de mim, Austin? Você realmente me acha incrível? – Questiona Ally, desejando com todas as forças que aquelas palavras pudessem ter um significado maior do que o de um amigo tentando inspirar o outro a se declarar para a pessoa amada.

5 segundos.

— Ally, eu realmente queria que você conseguisse se ver da forma como eu vejo quando te encaro. Você é linda, inteligente, determinada, gentil, divertida, confiável e doce. Não existe garota mais encantadora que você! – Garante o rapaz, olhando intensamente nos olhos de Ally.

Austin, eu amo você e não é só como um amigo. – 20 segundos. Ally conseguiu finalmente colocar para fora todo o sentimento que guardou durante tanto tempo.

O loiro a encara surpreso. Ele não sabia o que pensar e nem como agir. Aquela declaração havia o pegado de surpresa. Era surreal demais para ele que Ally o enxergasse como algo além de um amigo muito especial. Ele então olha para o relógio. Era mais de meia noite.

— Ally, eu estou falando sério e você vem fazer uma piada de primeiro de abril? Sério isso? – Austin fala de maneira magoada. Para ele, essa era a única explicação.

— O quê? – Sussurra Ally, confusa.

Era domingo. Primeiro de Abril. Nem ela mesma conseguia acreditar que havia esquecido desse detalhe. Quando ela finalmente cria coragem para se declarar, faz isso logo no pior dia do ano? A garota parecia não acreditar em sua falta de sorte. No entanto, ela também não podia voltar atrás. Agora que tinha finalmente exposto o que sentia, Ally estava decidida a ir até o fim. Ainda que para isso tivesse que lidar com a personalidade lerda do melhor amigo.

— Como eu estava dizendo, eu...

— Austin, cala a boca e me escuta. – Ordena a garota, pegando no rosto de Austin. Ele a encara surpreso e atento ao olhar duro de Ally. – Não é uma piada de primeiro de abril. Eu amo você.

— Você...você me ama? – Sussurra Austin, sem conseguir acreditar naquelas palavras ditas com tanta intensidade. No entanto, assim que seus olhos enxergaram a sinceridade nos encantadores olhos de Ally, seu mundo inteiro pareceu ganhar vidas. – Então o cara que você gosta...

— Sempre foi você, Austin. – Afirma Ally, acariciando o rosto do amigo. Ela realmente se sentia grata pelo álcool a manter tão corajosa. Ela com certeza não conseguiria permanecer firme por tanto tempo encarando Austin se estivesse totalmente sóbria.

— Eu também amo você, Ally! – Declara Austin, aproximando-se de Ally. Eles se encaram e os sorrisos em seus rostos era a resposta que eles precisavam para ter certeza que tudo aquilo era real.

Austin então encosta sua testa na de Ally e admira cada traço do rosto bonito da garota que conhecia desde que era um bebê. Ainda que a visse todos os dias e já soubesse de olhos fechados cada um de seus detalhes faciais, naquele momento, Ally parecia ser ainda mais bonita e brilhante.

Tomado pelo desejo que havia apreendido dentro de si durantes anos, apenas com medo de não ser correspondido, Austin finaliza o espaço que havia entre seus lábios e os de Ally. O tão esperado beijo finalmente acontece. Não havia mais medos ou dúvidas.

E ainda que o futuro fosse algo completamente imprevisível para os dois, Ally e Austin não tinham mais medo. Enquanto estivessem juntos, eles conseguiriam lutar contra qualquer obstáculo. E se ainda assim tivessem algum receio, eles sabiam que tudo o que precisam é de apenas 20 segundos de coragem para mudar seus destinos.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.