De repente, surge Eduardo entre os quatro e ele diz com um sorriso malicioso:

– E então, prontos para se divertirem um pouquinho?!

– O que quer Eduardo? – diz Daniel grosseiramente.

– Cala a boca Daniel! – diz Eduardo num tom firme e grosseiro – Então, essa a famosa humana? – pergunta ele indo em direção a Julie.

– Sai de perto dela! – diz Daniel em um tom firme e gritando.

– Calma Daniel! Não vou machucar ela! – diz Eduardo passando a mão no rosto de Julie, ela tentava evitar o afeto virando o rosto, mas nada adiantou. – Ora, ora, ora! Quem diria que Daniel Riveira tivesse um gosto tão bom para mulheres!

– Eu já disse! Sai de perto da Julie! – desta vez Daniel gritou, e se sacudiu para tentar se libertar das correntes.

Eduardo se estressou com Daniel. Eduardo foi em direção á Daniel e deu um murro em seu estomago o qual quis deitar de dor.

P.O.V. Daniel:

Coitada da Julie! Ela esta aqui por minha causa! Mal sabe ela que quando fantasma agride fantasma, tem como sentir dor, porém, quando fantasmas e humanos brigam, nos fantasmas não sentimos dor e sim, apenas uma cosquinha. Aposto que se eu estivesse vivo, com certeza já não teria mais nada no meu estomago.

.............

Eduardo volta a ficar perto de Julie e diz:

– Então, o Daniel é grosso com você assim?

– Não me enche! Sai daqui! – disse Julie.

– Calma docinho! Eu só estou querendo conversar!

– Mas eu não quero e não me chame de docinho, não sou nada sua! – diz Julie firmemente.

– Eduardo! Deixa a Julie em paz! Eu sou o seu problema, não ela! – diz Daniel intervindo.

– Mas você ainda esta falando? – diz Eduardo indo em direção a Daniel e dando lhe um tapa no rosto com toda a força possível. Julie dessa vez não pode ficar quieta:

– NÃO! DANIEL! – diz Julie gritando, tentando se soltar.

– Calma! Calma! –fala Eduardo voltando de novo para perto de Julie.

– Por favor, não bate nele! – diz Julie chorando. – Eu faço o que você quiser, mas, por favor não bate nele!

– Não Julie eu estou bem! Não faça nada que esse cara pedir! – comenta Daniel. - Julie lembre-se eu estou morto! Eu posso aguentar, já você não!

– Vamos fazer um jogo de perguntas! – diz Eduardo esfregando as mãos maliciosamente. – Eu pergunto para o Daniel alguma coisa sobre a Julie e se por um acaso eu me interessar pela resposta, experimento! O que acham?

Ninguém responde nada. Feliz e Martin o tempo todo só observavam sem qualquer reação. Afinal o que podiam fazer? Se dissesse alguma coisa poderia até piorar a situação.

– Muito bem, vamos começar! – Eduardo andava em círculos – Como se conheceram?

Outra vez silencio total.

– O.k.! Vamos para outra, essa é um tanto pessoal, hein Daniel. – Eduardo andava em direção a Daniel e esfregava as mão, ele possuía um sorriso de provocação. – Então Sr Rivera, ela beija bem?

– Vai se ferrar! – diz Daniel furioso, olhando bem nos olhos de Eduardo.

– Olha como você fala comigo, seu verme! Acha que esta com moral, é?

Eduardo se afasta e diz indo em direção a Julie:

– Bom, como seu “príncipe encantado” não sabe me dizer se é bom ou ruim, eu mesmo vou ter que experimentar!

– Sai de perto de mim! Nojento! – exclama Julie gritando.

– Calma... Lembra que você disse que eu podia fazer o que eu quisesse? Então, se você não me obedecer, o seu “amorzinho” sofrerá!

– Não escuta ele, Julie! Eu vou ficar bem! –fala Daniel calmamente, tentando passar uma calma inexistente para amenizar o nervosismo de Julie.

Eduardo aproxima-se ainda mais de Julie, lhe acaricia o rosto, dava pequenos beijos na bochecha da moça, no pescoço e no canto de sua boca. Mas quando ele iria realmente beija-la, Demétrius aparece. Eduardo ainda bem próximo de Julie, diz em seu ouvido:

– Você ainda me deve alguns favores! – ao se afastar ele pisca e manda um beijo pra ela.

Ninguém ouviu o que Eduardo disse a Julie, Daniel não aguentava de tanta raiva e disse em tom firme:

– Sai de perto dela. Você não tem o direito de encostar um dedo nela. Me ouviu?!

– Fica na sua, Rivera. – responde Eduardo. – A conversa é entre eu e ela! – Eduardo some.

– E então, se divertiram? – pergunta Demétrius com ironia e andando de um lado para o outro na cela.

– Você mandou ele fazer isso com a Julie? – questiona Felix.

– Não, mas adorei essa ideia que ele teve de improviso. Não é atoa que é meu filho. – retruca Demétrius. – Você deu sorte menina, vai voltar pra casa como se nada tivesse acontecido.

– Mas... e eles? – ela pergunta com o coração apertado.

– Eles? – Demétrius ri com deboche. – Eles vão pagar por ter ido contra as regras. Mas saiba que o Daniel é quem vai mais sair prejudicado nisso tudo. – ele fala em tom de raiva. – Ela vai pagar por fazer a vida da minha filha um inferno quando era viva. Eu jurei a mim mesmo que se eu pudesse me vingar, me vingaria com muito prazer.

P.O.V. Julie:

E de novo, minha vista escurece e depois de piscar os olhos varias vezes, percebo que estou de volta à edícula.

– Isso foi real? – me pergunto. – Gente? Daniel? Martin? Felix? Onde vocês estão?

.................

Ela se senta no sofá e depois de alguns minutos tentando associar tudo o que aconteceu, coloca na cabeça de que tudo foi real e a preocupação com os meninos, mas principalmente com Daniel, invade seu coração.

Na janta, quase não come e vai pro seu quarto logo após limpar a cozinha. Deita em sua cama e encara o teto:

– Por que não posso ter alguns míseros minutos de felicidade? Por que não posso tê-lo aqui comigo? O que fiz para merecer tudo isso? – ela enxuga algumas lagrimas. – Mas de uma coisa tenho certeza, nada foi melhor do que eles aparecerem na minha vida! Isso tenho certeza.

Enquanto isso, os três fantasmas estavam em uma cela e não estavam mais acorrentados, cada um estava sentado em um canto da cela.

– Não acredito que estamos aqui! – disse Daniel. – Não acredito que aquele desgraçado teve coragem de fazer aquilo na Julie. – ele disse em tom de ódio.

– Pois é, coitada dela. Imagino no que ela deve estar pensando. – diz Felix.

– Com licença. – disse uma moça de cabelos castanhos claros e levemente ondulados, tinha os olhos amendoados e a pele bem clarinha. – Meu nome é Píetra e..., como trabalho aqui, não pude deixar de ver o que aconteceu aqui mais cedo.

– E veio aqui para que? Para atazanar, só pode! – comenta Daniel com sua ignorância típica.

– Calma, calma loirinho. – ela sorri. – Trabalho na parte de investigação e segurança, ou seja, tenho acesso as câmeras daqui. – ela explica apontando para as câmeras instaladas na cela, que até esse momento não tinham sido notadas por ninguém. – Como eu disse, assisti a tudo de camarote, se é que me entendem e logo percebi que é ridícula essa situação.

– O quer dizer? Que pode nos ajudar ou algo assim? – comenta Felix se levantando e indo até a grade da cela.

– Não sei se posso fazer muita coisa, mas posso dar uma força. – disse a moça com um sorriso amigável. – Como as câmeras tem áudio, fiz umas mudanças técnicas, ou seja, desativei o áudio daqui.

– E por que vai ajudar a gente, hein? Você pode muito bem estar mentindo. Afinal trabalha aqui. – disse Daniel se levantando e seu tom de voz era de desconfiança.

– Você não ouviu ela, “loirinho”? – disse Martin com ar de brincadeira. – Ela esta do nosso lado.

– O fato é que, ouvi tudo e já estou sabendo que vocês convivem com a moça, que tem uma banda com ela e que... – ela fixa o olhar em Daniel. – E que você e ela namoram. Sei o quanto é ruim ficar longe de quem ama.

– Então... o que pretende fazer pra nos ajudar? – questiona Felix.

– Como a ótima investigadora que sou, percebo facilmente quando a pessoa mente, esconde algo ou faz alguma coisa que não devia. Venho meses investigando o Demétrius e suspeito de que ele e Eduardo visitam seus familiares.

– E depois quer prender nós? Que interessante... quebra as regras e puni quem as quebra também. – comenta Martin.

– Parece que Demétrius visita a esposa e as vezes a filha. Mas Eduardo, visita a irmã e a mãe diariamente. E ai que entra a amiga humana de vocês. Será que ela nos ajudaria? – fala a moça.

Passasse o fim de semana, é segunda-feira novamente e durante o sábado e o domingo, Julie não saiu de casa e quase nem conversou com Bia. Assim que Julie chega na escola, senta-se em um banco esperando bater o sinal e Bia se aproxima dizendo:

– O que deu em você? por que tá assim? Aposto que ficou trancada em casa o fim de semana inteiro e olha que não foi por falta de convites para sair. Até o Nicolas perguntou o que tá havendo com você.

– Ai Bia, desculpa mais não estou legal. Não estou com animo para conversar, foi mal. – bate o sinal e elas vão para a sala.

Ao se sentarem em suas carteiras, entra uma mulher que aparentava ter uns 46 anos de idade, todos os alunos ficam em silencio a observando, até que ela diz:

– Bom dia pessoal, meu nome é Marlee Martines e irei substituir a professora Sandra de literatura e língua portuguesa. Bom, ficarei no lugar dela até o fim do ano e quem sabe ano que vem também.

– Que bom que não seremos mais chamados de “crianças”. – comenta Bia entre risos baixinhos.

A sala em geral gostou da nova professora, Julie prestava atenção na aula, até que uma coisa a chamou atenção. Do lado de Marlee parecia ter uma pessoa, ou melhor, um fantasma e logo reconheceu de quem se tratava.

Os cabelos curtos e castanhos, olhos negros, pele clara e vestido totalmente de preto. Estavam arquivados em sua memoria e se correspondia ao fantasma que lhe embrulhava o estomago. Ela ficava com olhar fixo ao fantasma e ele percebeu isso.

Como as aulas com a professora Marlee eram a 1º e a 5º, Julie acreditava que reveria o fantasma e estava certa. No fim da 5º aula, recolheu seu material e viu que Bia havia saído junto de Valtinho. Julie fez questão de passar bem próxima ao fantasma e dizer em um tom de voz de deboche, superioridade e principalmente baixo:

– Acha que não te vi? Eduardo!