Ela pega a bolsa e vira-se de costas, nisso ela tira o sorriso que tinha no rosto e da lugar a uma preocupação e medo. Sai tão depressa que nem percebe que Nicolas a observava.

Não tinha mais como voltara atrás, as cartas já estão em jogo e as vidas já estão em risco. Não tinha como recuar ou desistir, quando foi dito o sim não tem mais volta.

Julie vai para casa, ao chegar seu pai e Pedrinho já almoçavam:

– Onde estava? – pergunta o pai colocando o garfo de comida na boca.

– Na escola. – responde Julie se sentando para almoçar.

– Não me diga que foi o Nico... – diz o pai mas é interrompido.

– Não tem nada a ver com ele! Tudo que acontece não é só por causa dele. – Julie percebe que acabara de defender Nicolas.

– Então o que estava fazendo? – questiona o pai.

– Estava tirando uma duvida com a professora. Só isso!

Enquanto isso Nicolas estava voltando para sua casa pensando:

– Com quem a Julie estava falando? Eu sei que era um garoto, por que ela disse que estava em duvidas entre ele e o tal Daniel. Então quer dizer que ela teve ou ainda tem alguma coisa com esse tal de Daniel! Ela esta me traindo! Mas onde esses caras moram? Eu nunca vi a Julie com eles?

Na casa de Julie. Todos terminam de almoçar, Pedrinho vai a casa de Patrik e o pai vai trabalhar, Julie esperava com muito medo Eduardo. Julie sobe para seu quarto, senta na cama e começa a tocar alguns acordes, para ver se o tempo passava. De repente Eduardo aparece na frente de Julie, Julie da “um pulo” e diz:

– Eduardo que susto!

– Me desculpe achei que estava acostumada com os idiotas!

– Olha aqui! – diz Julie se levantando e parando em frente a Eduardo. – Não chame eles assim, eu posso estar gostando de você mas isso não da o direito de ofende-los.

– Calma gatinha...

– Em primeiro lugar vamos por algumas regras, não pode entrar no meu quarto sem bater, e segundo, nós vamos nos conhecer primeiro e ai sim você pode me chamar do que quiser....

P.O.V.E. Julie.

Depois de dizer essa frase estou até com medo do que ele vai me chamar. Preciso pensar melhor antes de falar qualquer coisa.

..........

– Então Ju. O que vamos fazer? – diz Eduardo dando um sorriso malicioso.

Julie sente um frio na barriga, e com um sorriso forçado ela diz:

– Eu pensei se você não quisesse ir lá na edícula, ver eu cantar lá na edícula. Sabe onde fica a E.DÍ.CU.LA.?!

– Então vamos, estou ansioso pra ouvir sua linda voz!

Eduardo pega na mão de Julie e entrelaça seus dedos nos dela. Julie fica nervosa, e com muito medo, mas disfarça. Os dois dessem a escada e vão para a edícula. Eduardo senta no sofá e fica olhando Julie, Julie pega o violão se senta no amplificador de som e começa a cantar. Ao terminar de cantar Eduardo levanta e vai em direção a Julie, Julie descruza as pernas e coloca o violão de lado, Eduardo a olha fixamente, passa a mão levemente em seu rosto, Julie dá um leve sorriso, Eduardo senta em seu colo, Julie fica muito nervosa, mas continua com a atuação.

Eduardo diz com uma voz calma e acariciando seu rosto:

– Você tem a voz mais linda que já ouvi!

– Obrigada! – diz Julie ficando vermelha.

– Eu estou falando a verdade! Nunca tinha ouvido alguém cantar desse jeito.

Eduardo da um beijo em sua bochecha, depois da um beijo em seu pescoço. Julie vendo que a situação estava saindo de controle, tenta afastar Eduardo, Eduardo percebendo a intenção de Julie diz se afastando:

– Me desculpe por exagerar! É que você é tão... tão...

– Não precisa falar! Mas então vamos sentar ali no sofá?

– Pode ser!

Eles se sentam e Julie pergunta:

– Desculpa ser um pouco entrosa , mas como você... virou fantasma?

– Bom, - diz Eduardo raspando a garganta - você quer mesmo saber?

– Sim eu quero!

FLASHE BACK ON:

P.O.V.E. Eduardo:

Havia se passado cerca de dois meses da morte do meu pai e Marlee só piorava cada vez mais. Ela sentia falta dele, mas a presença do Daniel ajudava e atrapalhava. Afinal, ele não se dedicava totalmente a ela.

Antes ele tivesse morrido e não meu pai. Mas para minha felicidade e infelicidade dela, Daniel morreu três meses depois. Ela piorou ainda mais e eu tinha uma grande pena disso.

Ela ia a diversos psicólogos e todos eles diziam a mesma coisa: seu caso era avançado e tinha uma mínima chance de recuperação. Me sentia culpado por tudo aquilo, me senti inútil por não poder ajuda-la.

Então me veio uma ideia um tanto... diferente para poder solucionar esse problema. Eu iria me matar. Já tinha planejado, iria me suicidar. Mas ai eu penso: eu iria mesmo abandona-la? Deixar ela? Se bem que, não ficaria sozinha, afinal nossa família é daqui de nossa cidade.

Então não pensei duas vezes, até por que era perigoso eu desistir, peguei o carro e sai em alta velocidade pela rua, fui até perseguido por um policial, mas nem liguei afinal iria morrer daqui alguns segundos. Então atirei o carro na primeira coisa que eu vi, uma árvore.

Pois é, tudo ocorreu em uma fração de segundos, pensei que já estava morto, mas ai, eu sentia dor no meu corpo todo, e sentia algo escorrer. Realmente tinha sobrevivido, e o resultado disso, foi: uma perna quebrada e uma coluna fraturada.

Ai que as coisas se complicaram, pois minha irmã tinha que cuidar de mim, e sua depressão só piorava. Era ela quem tinha que dar comida pra mim e tal. Porem a minha vontade de se matar era ainda maior, pelo contrario só aumentava, e eu só estava esperando o momento certo.

Este momento chegou a 25 anos atrás.

Depois dela ter dado comida pra mim, deixou o prato com os talheres do lado da cama e saiu pra trabalhar, na minha cabeça passava-se diversas maneiras de eu acabar com aquele sofrimento, até que desvio o olhar para a faca que estava vulnerável sobre a mesa.

Com muito esforço, consegui pegar a faca e não pensei se quer uma vez antes de fechar os olhos e cortar o pulso.

FLASH BACK OFF.

– Nossa! Que trágico! – ela comenta- Realmente não é atoa que você segue a Marlee pra todo lado. Você gosta muito dela né?

– Sim a sigo, mas estou gostando de você tanto quanto a Marlee! – diz Eduardo sorrindo.

– Mas a sua IRMÃ já TE VIU VIVO?

– Ahh, de vez em quando, as vezes, raramente! É que ela trabalha e eu sinto falta dela! É igual você e o palhaço do ....

– Olha! Qual foi o nosso acordo!

– É tá certo, desculpa gata!

– Mas então, você aparece pra mais alguém?

– Então é que ...

– Julieee!!! To entrando! Se tá aonde? Se tá no banheiro? – grita Bia.

Bia abre a porta da edícula e vê Julie sozinha e diz:

– Que você esta fazendo ai sozinha? Ou vai me dizer que não esta sozinha?

– Não...eu...é....estava aqui pensando na vida! – responde Julie.

– Ela sabe da existência dos fantasmas? – diz Eduardo.

– Digamos que...Eu deixei a porta destrancada de novo, pra você invadir a minha casa! – diz Julie a Bia.

– Você não me respondeu! – diz Eduardo.

– Então Bia, você quer assistir um filme?

–Pode ser! Eu procuro um filme e você faz pipoca?

– O.k. Então vamos! – responde Julie se levantando.

Elas vão para a cozinha e Eduardo vai atrás. Bia vai para a sala e Julie fica na cozinha e diz para Eduardo, discretamente:

– Digamos que ela sabe da existência deles, e acho que ela não precisa saber da sua!

Nisso Julie sente alguém encostar em suas costas, era Bia:

– Julie!

Julie se vira pálida e diz com medo:

– O que?

– Pode ser esse filme?

– Pode! – diz Julie dando um suspiro de alivio.

– Nossa amiga! O que aconteceu? Parece que você viu um fantasma?

– Não brinque com isso!

– Ai Julie tá bom! Nossa a falta deles aqui esta deixando você paranoica! Bom eu vou por o filme então!

– Isso! Vai lá por o filme que eu já vou! Só vou terminar aqui!

Assim que Bia sai Eduardo diz:

– Olha eu já vi que não da pra conversar! Então a gente marca outro dia!

– Pode ser! Vamos nos falando!

– Mas é claro que eu irei falar com você! Todos os dias se possível!

Eduardo da um beijo na bochecha de Julie e some, Julie fica paralisada, sem reação, até que Bia diz:

– Julie o filme vai começar!

– Estou indo!

Bia e Julie assistem ao filme tranquilamente, Julie não comenta sobre a aparição de Eduardo e Bia também não toca no assunto ou comenta sobre as atitudes da amiga.

Enquanto isso na Policia Espectral, Pietra e os três fantasmas assistiram tudo o que ocorreu na edícula. Pietra percebeu que seu plano estava dando certo, porém precisava de mais fatos.

Daniel estava uma pilha de nervos ao ver o que Eduardo fazia com Julie e todo tempo notou o nervosismo da namorada com as atitudes do fantasma. Porém, ele se sentiu um pouco mal em ver como foi a morte de Eduardo e de também saber que a pobre Marlee sofreu com suas ações.

Martin e Felix estavam somente preocupados com o fato de Julie estar correndo certos perigos.

– Bem rapazes, é isso. Tá na cara que em breve... Eduardo e Demétrius estarão presos. Porém preciso de mais detalhes, mais matérias, mais... – dizia Pietra, porém Daniel a interrompe.

– Mais! A Julie quase foi... – Felix interrompe o amigo.

– Calma Daniel, você mesmo viu que a Juh não seria capaz de nada e outra... ela conseguiu contornar a situação.

– Não interessa, estou começando a achar que foi má ideia esse plano. – diz Daniel bravo.

– Agora que iniciamos, não tem volta. E... eu vou indo, o Eduardo tá vindo ai. – diz Pietra e some.

– Olá rapazes. – diz Eduardo entrando na cela dos três fantasmas. – Como tem passado? – ele sorri irônico.

– Vai se danar, Eduardo. Você melhor do que ninguém sabe o quanto aqui é horrível. – comenta Martin.

– Acho melhor tomar cuidado com o que diz, meu querido. – responde Eduardo. – Mas pra ser sincero, vim conversar com o Daniel. – ele sorri malicioso. – Sabia que eu fui ver a sua namoradinha?

– Você o que?! – exclama Daniel.

– Além de besta é surdo! – diz Eduardo. – Fui fazer uma visitinha a aquela linda moça, que por sinal... fica mais linda a cada dia que passa.

Daniel se irrita e vai para cima de Eduardo, porém Felix e Martin o seguram pelos ombros.

– Como pode?! – Daniel exclama de novo.

– Ah, para de fazer perguntas trouxas, Daniel. Eu fui e pronto, ela é linda, meiga e... você mais do que ninguém, sabe as diversas qualidades dela. – Eduardo diz malicioso. – Bem, aproveitem a estadia... inúteis. – Eduardo some.

– Eu juro que mato esse canalha, mato!!! – grita Daniel furioso.

Felix e Martin só observam o ataque de raiva do amigo, ambos sabem que não podem fazer nada contra isso. Daniel andava pela cela e em sua mente estava se passando tudo que assistira a minutos atrás. Seu ódio de Eduardo só aumentava a cada segundo que se passava.