Na mente de Nicolas, ele estava comemorando, mas responde a Julie tranquilamente:
– Calma Julie! Fazer qualquer coisa agora, é uma péssima ideia! Mas vocês vão mesmo terminar com a banda?

– Nós vamos! Afinal não se da para conviver com o Daniel! Agora chega, eu não quero mais falar nada! – diz Julie brava, desligando o celular- Que ódio! Isso não estaria acontecendo se não fosse por causa do imbecil do Daniel!

Julie dava voltas em círculos pelo quarto quando alguém bateu em sua porta. Julie não pensou duas vezes e já foi logo respondendo num tom de fúria:

– Pai, me deixe em paz! Eu não quero falar com ninguém! Será que já não fui clara o suficiente!

De repente Daniel atravessa a porta e entra no quarto, Julie para em frente a Daniel e diz furiosa:

– Sai do meu quarto! Você não é bem vindo aqui, nem em qualquer outro comado da casa!

– Espera Julie, eu vim te pedir desculpas e dizer que...

– Desculpas?! Eu não quero suas desculpas!

– Me deixe falar...

– Você já disse tudo o que tinha para dizer! Me humilhou, tirou sarro da minha cara!

– Eu estava tentando deixar você menos nervosa!

– Pois não foi isso que aconteceu! Daniel eu cansei de falar, ou melhor, de gritar com você. Sai do meu quarto!

– Julie eu preciso dizer que eu...

– Não quero mais saber de nada! Você é um idiota!

Julie estava tão nervosa que estava a ponto de chorar. Falava e movimentava os braços bruscamente. Daniel chegava mais perto dela a cada resposta que ele dizia.

– Julie eu...

– Daniel eu não vou pedir de novo, sai do meu quarto!

Daniel sem pensar duas vezes, passou entre seus movimentos bruscos, e em um movimento rápido segurando seu rosto de modo firme mais suave, a beijou, de modo que ela cedeu o beijo repousando seus braços em volta de seu pescoço. Minutos depois Daniel retira seus lábios do de Julie e diz em seu ouvido:

– Julie! Eu te amo!

E voltam a um longo beijo! Julie acariciava o cabelo de Daniel, de modo que ele fazia o mesmo. Julie o puxou para mais perto de si, de modo que não tinham como chegar mais perto. O beijo durou horas, até que Julie caiu em si e com um gesto um pouco ruge, empurrou Daniel, e passou a mão nos cabelos puxando-os para traz. Então Daniel perguntou confuso:

– O que foi Julie?

– O que eu estou fazendo? – disse Julie sentando aos pés da cama, ainda passando as mãos no cabelo. Daniel senta-se perto dela. Com uma voz embargada em choro, Julie estava confusa - Não posso fazer isso com o Nicolas! Mas também agora sei o que você sente verdadeiramente por mim!

– Não quero te fazer mal! Isso foi um erro meu! Eu jamais deveria ter beijado você!

– Não se culpe se o amor nos faz ir ao impossível! Você, assim como eu somos mais uma vítima do amor!

– Julie eu te amo e não quero te ver sofrer! – diz Daniel se levanta da cama, Julie o olha e seus olhares se encontram. Daniel então continua- Pense com carinho a respeito! Não quero te pressionar, você terá todo o tempo do mundo para pensar! Mas pense de coração!

Daniel se aproxima, da um beijo na testa de Julie e some. Julie simplesmente se joga para traz e fica pensativa. Minutos depois ela se arruma para dormir e fica a pensar em Daniel e Nicolas.

Daniel vai para a edícula, onde estava Felix e Martin a sua espera. Daniel deita-se no sofá maior. Martin pergunta para Daniel:

– Iai? Falou com a Julie?

– Falei!

– E o que ela falou?

– Está tudo resolvido entre nós!

– Você só falou com ela ou amedrontou a garota pra ela te perdoar?

– Eu só falei com ela!

Feliz pergunta:

– Serio? Tem certeza?

Daniel olha fixamente para Felix que diz já indo para o outro sofá:

– Tudo bem! Tudo bem! Não precisa ficar nervoso! Eu já entendi!

Todos vão se deitar. Daniel fica a pensar:

– O que foi que eu fiz? Jamais nós poderíamos ficar juntos! Onde eu estava com a cabeça? O que foi que eu fiz? Daniel você é mesmo um imbecil!

No dia seguinte, eram aproximadamente seis e meia da manhã. Raul bate na porta de Julie, que acorda, então ele diz:

– Julie!

– Que é?

– Vou sair para pescar com o Pedrinho, faz tempo que ele quer ir.

– Tá pai. – responde Julie com voz de sono.

– E você como esta de castigo, nem pense que vai poder sair, só porque não estou em casa. E outra, se você sair vou ficar sabendo. Volto amanha a tarde, tchau.

– Tchau, pai! – responde Julie involuntariamente.

Julie volta a dormir. Quando ela acorda, ela olha no relógio e já eram 10 da manhã. Então se aruma e vai direto para a edícula, nem toma café. Sua vontade de ver Daniel era maior que sua fome.

Ela gira a maçaneta com esperança de encontrar somente Daniel, mas não é isso que ela encontra. Os três estavam conversando, quando ela entra eles param de conversar e ela diz:

– Bom dia, rapazes!

– Bom dia, Julie! – respondem em coro.

– Gente, aquela historia de fim de banda, era brincadeira né? – pergunta Martin.

– Era só pra descontrair. – responde Daniel.

– Descontrair ou irritar? Porque a Julie não ficou nada feliz com essa historia. – diz Felix.

– Ai, como eu disse. Nada de grave aconteceu! – responde Julie sorrindo. – Então, vamos tocar? – ao dizer isso, ela se lembra de ter dito para Nicolas que a banda ia acabar. Mas acaba nem se importando, afinal ela estava nervosa, não levaria qualquer decisão a serio.

– Então, vamos considerar um recomeço. Concordam? – diz Martin pegando o baixo.

– Com certeza, é um recomeço para Os Insólitos. – diz Daniel.

Eles tocam cerca de duas musicas, Julie então vai comer alguma coisa. Daniel ate que teve vontade de ir junto, mas pensou bem e achou melhor ficar ali na edícula mesmo.

Não se passa nem cinco minutos depois que Julie saiu e surge Débora, assustando os três:

– Oi, gente! Tudo bem com vocês?! – diz ela empolgada.

– Débora? Que se tá fazendo aqui? – pergunta Felix.

– Como você sabe que estávamos aqui? – diz Martin indignado.

– Ai, eu andei seguindo vocês. – ela responde.

Ao ouvir isso, Daniel se paralisa e se ela tivesse visto o que houve entre ele e Julie. Demora fixa seu olhar e diz:

– Daniel, Daniel. – Daniel suspeita do pior. – Não acredito que vou dizer isso, mas... – essa pausa de Débora, o deixa mais nervoso ainda. – Você é um ótimo guitarrista.

Depois de ouvir isso, Daniel sente como se tirasse um peso das costas.

– Então, cadê ela? – pergunta Demora olhando para os lados.

– Cadê quem? – pergunta Daniel.

– A humana amiga de vocês. – responde Débora.

– Ela... ela... – diz Martin.

– Saiu! – responde Felix.

– Ah tá, sei! Cadê ela, quero conhece-la! – diz Débora animada.

Percebendo que Débora não desistiria de conhecer Julie, eles decidem então mostrar Débora para Julie. Os quatro chegam na cozinha, Julie estava terminando de lavar a louça e ao ver Débora, pergunta:

– O que foi e... quem é ela?

– Julie, esta é a Débora. – diz Felix.

– Ai, meu Deus! Não acredito que estou cumprimentando uma humana. – diz Débora cumprimentando Julie.

– Já eu, não estou nada surpresa em ver fantasmas, falar com fantasmas, conviver com fantasmas. Enfim, cumprimentar um fantasma não é nada. – responde Julie.

Todos riem. Então Débora vira-se para os quatro e diz:

– O que acham de irmos dar uma volta?

– Ah, desculpa. – Julie havia percebido a raiva e impaciência dos rapazes, ao Débora fazer a pergunta. Então, pensou em qualquer desculpa para não ter que ir. – Mas eu tenho que alimentar minha seria, tchau!.

Julie sai correndo para o quarto, todos somente observam e Débora continua:

– Então, vamos ou não?

– Não suporto ficar perto de pessoas que, ficam acendendo e apagando as luzes, fingindo que esta em uma balada. – diz Daniel saindo da cozinha e indo em direção a Julie.

– Vai gente! Vai ser divertido, vamos! – implora Débora.

Felix e Martin cedem e saem com Debora. Enquanto isso, Julie e Daniel conversavam em seu quarto:

– Jura que aquela Débora já foi? – pergunta Julie.

– Jurar, não juro. Mas não estou ouvindo aquela voz irritante dela, então creio que eles já foram.

Os dois dão uma pequena risada, Daniel continua:

– Quero te mostrar uma coisa.

– Que coisa?

– Na edícula te mostro.

Eles vão ate a edícula, lá Daniel toca: o que o mundo escolheu. Depois de ouvir, Julie diz:

– Linda a musica, porem triste. O que deu em você para escrever ela?

– Acho que o fato de nós não podermos ficar juntos deu inspiração para ela.

– Mas, essa já não é mais a nossa realidade Dan. Posso te chamar de Dan?

– Pode, pode. Mas enfim. – responde Daniel rindo. – Ontem, depois do que aconteceu no seu quarto, eu refleti bastante e acho que o melhor seria... – ele para.

– O melhor seria...

– Pararmos por aqui. Pensa bem, você nunca vai poder ter uma vida normal. Você não merece viver nestas condições.

– O que? – surpreende-se Julie. – Nem pensar, agora que sei que gosto de você, não vou acabar com isso.

– Exato, você gosta de mim. E ama o Nicolas.

– Não acho o melhor momento para falarmos do Nicolas. Por favor.

– E por acaso, você terminaria com o Nicolas?

– Não sei, é tudo muito recente pra mim. Mas o que quer dizer?

– Terminaria com o Nicolas para ficarmos juntos? Sim ou não?

– Acho que não, afinal finalmente consegui ser notada por ele.

– Ah bom, continuaria com ele?

– Não, mas...

– Ah, já sei. Ficaria com ele em publico e comigo depois em qualquer tempo livre.

– Não quis dizer isso.

– Mas foi o que deu pra entender.

Julie começa a ficar nervosa com aquela situação, em pensamento ela até queria terminar com Nicolas, mas sabia que não seria uma tarefa muito fácil.

– Daniel, esquece tudo que eu te disse. Sou egoísta em querer o Nicolas e você ao mesmo tempo. – diz Julie com uma voz baixa.

– Entenda, não estou bravo e sim, chateado. Não quero que sofra.

– Não estou sofrendo, só estou confusa.

– Pois é, aquele beijo só fez piorar a situação.

– Não vou negar, mas me deixou um pouco confusa mesmo.

– Pois então, com ele você pode sair e fazer milhares de coisas. Comigo, não poderá fazer nada, tudo será dentro de quatro paredes.

– Do que esta falando? Já sei foi aquele tal de Demétrius que disse pra você dizer isso. Ele te ameaçou ou vai fazer alguma coisa, não vai?

– Ele não tem nada a ver com isso.

– Tem sim. – diz Julie em um tom forte. – Ele disse o que? Ontem disse que me amava, hoje já não me ama mais. Porquê duvido que você tenha mudado de opinião da noite pro dia.

Julie se levanta e Daniel também, ela continua:

– O que tanto esse Demétrius diz?

– Já falei, ele não tem nada a ver com isso. Temos um acordo.

– Diz que não podemos se falar? – Julie se aproxima de Daniel. – Não podemos nem ao menos nos olhar? – ela fixa o olhar em Daniel, que fixa o olhar em Julie. – Nem se tocar? – ela pega na mão de Daniel. – Nem se quer, um abraço? – ela o abraça de uma maneira, que ela chega a suspirar. – Um beijo então, nem pensar? – diz ela olhando em seus olhos.

Julie toma coragem e atitude, desta vez foi ela quem o beija. Foi um beijo que se iniciou calmo e tomou velocidade.

De repente, Martin, Felix e Débora aparecem. Os três se paralisam ao ver cena.