“Onde você esteve, Albus?” Sirius questionou quando finalmente encontraram Dumbledore. As crianças haviam saído há apenas meia hora quando o bruxo chegou, portando o mesmo ar sábio e um pouco irritante de sempre.

“Pensei em me entregar, Sirius, porém soube por fontes que Voldemort tinha a intenção de usar a minha morte para elaboração de mais uma horcrux. Não podia deixar que isso acontecesse.”

“Conveniente, não?” Padfoot argumentou, mas James não queria saber de discussão. Não tinham tempo para brigas e muito menos para perguntas.

“Vamos direto para Azkaban?” Interrompeu. Dumbledore assentiu. “Então vamos logo, não sabemos exatamente que horas Voldemort planeja entrar em Hogwarts.”

“Preciso da minha varinha.”

James agarrou a dele instintivamente, e se lembrou de que os outros membros da Ordem também precisariam recuperar as deles. Dumbledore assentiu.

“Irei até a Mansão dos Black e buscarei para você, Sirius, não podemos dispensar seu conhecimento de Azkaban agora.”

“Faça o que quiser, Albus, só me traga as varinhas.” Sirius esfregou as mãos, e James passou os dedos por entre os cabelos, ansioso.

“Então vamos, nos encontramos lá, anda!”

Com um último aceno de cabeça, aparataram.

O vento gélido foi a primeira coisa que sentiu ao aterrissarem diante da prisão, e a visão da fortaleza fez um arrepio passar pela espinha de James. Engoliu o medo, e empunhou a varinha. Não sabia o que iam encontrar.

“Fique atrás de mim.” Sirius marchou até a entrada da prisão, um portão negro como o resto do prédio, e tirou uma faca do bolso. “Não sei se ainda responde a esse tipo de comando, mas acho que eles não lembraram de desabilitar... “

Com um movimento rápido, Sirius furou o próprio dedo, e James quis desviar o olhar quando ele esfregou a superfície sangrenta na pedra, murmurando algum tipo de senha. A parede a princípio não respondeu, mas logo começou a abrir, deixando espaço para que os dois passassem.

Assim que a passagem se fechou, entretanto, dois inferi surgiram dos corredores, e começaram a andar na direção deles. Ergueu a varinha e explodiu um deles, enquanto Sirius esmagava o outro com o pé. Ao redor deles, nas celas mais simples, alguns prisioneiros murmuravam e xingavam.

Pensou em Lily. Em seu sorriso, no som de sua risada, no toque de sua pele, e se encheu de esperança de vê-la novamente, e de poder vê-la abraçando os filhos. Apesar do terror que aquele lugar lhe despertava, apontou a varinha para o chão diante de si e disse: “Expecto Patronum”.

A corça saiu em um jato prateado, se materializando ali e mirando-o como que em busca de instruções. Sorriu para ela, e voltou a seguir Sirius. Seu patrono ia espantando os dementadores, que se agarravam as celas enquanto tentavam, sem conseguir, aspirar a essência positiva do patrono.

Sirius pegou um atalho da escadaria central, e depois outro, que lhes deixou em frente a seu antigo escritório. Nos corredores ao redor, na ala de segurança máxima, estava a Ordem.

Chegaram ao corredor, e um estalo anunciou a chegada de Dumbledore, que carregava o par de varinhas dos Black. Sirius pegou a dele triunfante.

“Se afastem das celas!” Sirius gritou. Um murmuro passou pelas celas, e James reconheceu o timbre de algumas vozes. Padfoot murmurou outro feitiço, e agitou a varinha. As celas imediatamente explodiram abertas, e Dumbledore se apressou para auxiliar os que iam saindo. Sem pensar, James começou a correr. Passou por Marlene, que corria na direção do marido, e passou por Emmeline e Fabian, procurando por todo lado por Lily.

Passou para o segundo corredor, e bufou de frustração ao ver que as celas lacradas não estavam abertas. Todas eram chapas de metal enfeitiçado, com apenas uma abertura embaixo para entrada de comida. Foi até a primeira, chamou, e não foi respondido.

Nem na segunda, nem na terceira, obteve resposta. Sua mão tremia a cada batida.

“Lily?” Exclamava, “LILY!”

“James?” Uma voz tímida, vinda lá do fundo, chamou, e James começou a correr, quase tropeçando nos próprios pés, até derrapar e cair de joelhos diante da porta. Viu a mão delicada da mulher pela abertura, e abriu a grade de comida para pegar nela. Lily estava muito fria.

“Estou aqui.” Disse, apertando os dedos dela confortavelmente nos seus. Encostou as costas na porta. Do outro lado, ouviu um choro.

“Eles me disseram que tinham matado você...” Os soluços dela reverberavam até suas mãos, que tremiam nas dele.

“Como está?”

“Estou bem... E você?”

“Aham...”

“James, na cela da frente... Remus...”

“Ele está ali?”

“Uhum... Ajuda ele, Jim, o ouvi se transformando nas noites de lua, ele estava bem fraco depois...”

“SIRIUS!” Gritou, sem soltar da mão dela. Não podia sair de perto e arriscar que tudo fosse ilusão dele. Marlene surgiu no corredor, e quando os viu, começou a chamar pelo marido, correndo na direção deles.

“Lily?” Perguntou.

“Lene! Remus... Ele está pior que eu!”

Marlene assentiu e se voltou para a porta defronte. “Moony?” Chamou, abrindo a portinhola. Uma voz rouca e fraca murmurou algo de dentro. Sirius veio junto de Nymphadora, que tinha os cabelos encaracolados e castanhos murchos, e quase estourou a cela com uma varinha que James não sabia de onde viera.

Enquanto tiravam Remus de dentro – todo arranhado, com a focinheira, mas consciente – Sirius abriu a cela de Lily, e antes de analisar como a mulher estava, James se arrastou para dentro e a puxou para si. Ela tinha emagrecido, mas o abraçava com a mesma intensidade de sempre. Seus cabelos cor de cobre tinham rajadas de prateado, e quando se olharam nos olhos, podia ver que estava enfraquecida. Segurou o rosto dela.

“Nunca mais vou deixar você sozinha, ok?” Beijou suas bochechas, e sentiu as lágrimas que desciam de seus olhos esmeralda. “Nunca mais. Nunca. Mais.”

“James, as crianças...” Ela se deixou acariciar, “Harry, Sammy, Violet... Onde estão? James, eles pegaram as crianças? “

“Encontrei com Harry, ele estava caçando horcruxes... Sam e Violet estão em Hogwarts, Ele quer invadir o castelo...” Disse, cheio de culpa. A última coisa que queria era preocupa-la, mas sabia que não podia mentir para Lily. Ela merecia saber a verdade.

“Precisamos ir... “ Ela quis se levantar, mas precisou de um pouco de ajuda para fazê-lo. James pegou sua varinha no bolso.

“Se não conseguir lutar-“

“Ninguém vai pegar os meus filhos, Jim.” Ela disse com fraqueza, mas decisão. Atrás deles, viu Marlene e Sirius conversando, e Padfoot puxou a esposa para si, beijando-a. Nymphadora e Remus faziam o mesmo.

“Eu amo você.” Disse, encostando os lábios aos de Lily. Era como abraçar uma rosa murcha, tão linda quanto sempre, mas enfraquecida pelo tempo. Ela sorriu.

“Eu também. Vamos, quero ver as minhas crianças de novo.”