1864 — ℳystic ℱalls, Virginia

Chovia muito naquela manhã quando Katherine o levou junto a farmácia de Pearl para ouvir as novas informações da vampira. Agora que Damon sabia o que ela era e desejava transformar-se, ás vezes Katherine o levava consigo quando caçava e mostrava como as coisas funcionavam em seu mundo, o que incluía aprender a esconder-se dos humanos, especialmente naquela cidade e naquele ano. 1864 mostrava-se um ano perigoso para os vampiros ali.

— O xerife esteve aqui mais cedo. Ele comprou grandes quantidades daquele elixir de verbena. — relatou Pearl.

— Tentou colocar as mãos em você novamente? — sorriu Katherine.

— Ele não tenta sempre?

Katherine virou-se para Damon e zombou:

— Ela está se guardando para Jonathan Gilbert.

— Mais do que guardando, sabemos disso. — ambas riram.

— Como podem estar tão calmas? Eles chegam mais perto a cada dia! — disse Damon inquieto ao vê-las fazer graça de uma situação como essa.

— Somos damas respeitáveis de Mystic Falls. Graças a Emily andamos nas ruas à luz do dia. Ninguém suspeitará de nós. — disse Katherine.

— Não a menos que um humano conte a eles. — Pearl lançou a ele um olhar inquisitivo.

Damon entendeu que era mais do que desconfiança, ela não gostava dele.

— Prefiro morrer. — retrucou.

— E em breve, você irá. — garantiu Katherine e o puxou para um beijo. Nesse momento alguém entrou.

— A Sra. Fell está chegando.

Damon imediatamente separou-se de Katherine, afinal, Mystic Falls era uma cidade pequena, as pessoas comentam, e boatos eram tão perigosos quanto os caçadores naquela época.

Ele virou-se e a luz que vinha de fora acertou seus olhos claros diretamente. Quando enxergou a dona daquela voz, era como um anjo. Uma garota que parecia se misturar a própria luz, pele de porcelana, bochechas rosadas e uma face angelical. Linda, mesmo com aquele ridículo chapéu na cabeça.

Ela o cumprimentou com uma pequena reverência como era o costume e instintivamente Damon sorriu.

— Obrigada, Annabelle. — Pearl a abraçou e a menina riu.

Um som suave, gostoso de ouvir.

Annabelle.

Damon guardou aquele nome em um cantinho de sua mente para quando a visse novamente e ele sabia que a veria, ou ao menos esperava por isso por algum motivo que nem mesmo o próprio Damon sabia.

E ele a viu outras vezes. Sempre acompanhada da mãe ou de sua aia Emily, para o infortúnio, nas poucas ocasiões em que se encontraram, e mesmo assim, Damon de alguma forma ficava cada vez mais encantado pela garota angelical, constantemente com um bordado e comportamento de ares ingênuos que despertavam um lado dele que Damon não sabia que existia ainda. De qualquer forma, eles nunca tiveram a oportunidade de conversar diretamente.

Até aquele dia.

O tempo continuava nublado ameaçando mais um dia chuvoso na cidade.

Seu pai, Giuseppe, levara Katherine, Stefan e ele ao campo de croquet com gramado adequado para o jogo apesar do mau tempo. Katherine era ótima naquele jogo — quase tanto quanto no jogo da manipulação que fazia seu pai acreditar que ela realmente gostava dele — Giuseppe gostava de competir com ela, e de ter Stefan por perto. Tudo isso só lembrava-o de que Damon era única coisa ali da qual seu pai não gostava e sentia-se mal por estar ali.

Damon afastou-se observando nuvens carregadas encobrirem o céu quando ouviu o galope e relinchar de um cavalo não tão distante dali. Deu uma olhada no trio, eu pai divertindo-se como poucas vezes fazia e Katherine e Stefan não desperdiçando chances de flertar, trocando de olhares. Damon revirou os olhos contrariado, ao perceber que não sentiriam a falta dele decidiu seguir o som.

Uma cerca branca separava a casa de campo do clube das demais áreas e logo em frente ele avistou Annabelle sozinha pela primeira vez. Estava com o cocho tentando acalmar o cavalo agitado.

Damon não pode resistir. Pulou a cerca e correu até lá.

Gesticulou sons tranquilizantes ao animal e tomou gentilmente as rédeas das mãos dela, tocando a pele macia de modo proposital num contato não tão rápido.
Anna o olhou surpresa, ainda assustada.

— Aqui — Damon tirou do bolso um cubo de açúcar e deu ao cavalo que já mostrava-se mais calmo. Sorriu para ela. — É bom sempre ter alguns desses por perto.

— Sr. Salvatore. — Anna fez uma breve reverência com as bochechas mais rosadas do que de costume. — Obrigada, eu não sei o que aconteceu...

— Onde está sua dama de companhia?

— Emily está com minha mãe, lá dentro. — ao perceber que estavam sozinhos o modo como ela pareceu nervosa despertou aquele lado de Damon novamente e o deixou tentado. — Na verdade... Eu devo encontrá-las, com licença.

Anna preparou-se para sair, mas Damon colocou-se a sua frente no momento propício fazendo com que seus corpos se encontrassem em um esbarrar.

Anna recuou prontamente com as bochechas coradas evitando olha-lo nos olhos, enquanto Damon sorriu ladino.

— Minha presença a incomoda, senhorita?

— Não, sr. Salvatore... — disse sem graça — É apenas que uma dama não deve ficar sozinha com um rapaz assim.

— Mas nós não estamos sozinhos.

Damon indicou os cavalos ao redor de modo condescendente, Anna exibiu um sorrisinho tímido que o atiçou.

— Venha comigo — disse Damon — Quero mostrar uma coisa.

— O quê? — Anna indagou, incerta mas curiosa.

— É um segredo que vou mostrar só para você. — ele respondeu soltando o cavalo e montando-o, olhou de volta para ela oferecendo uma mão.

— Sr. Salvatore, minha mãe diz que não devo sair sem Emily...

— Então esse vai ser mais um segredinho nosso.

Damon piscou para Anna gesticulando com a mão outra vez.

Anna observou hesitante até que ouviu um grito vindo da construção.

— Senhorita Annabelle! — Emily descia os degraus da varando correndo em sua direção.

Desviando os olhos rapidamente da bruxa para Damon, Anna não sabia o que fazer diante a pressão, mas no fim acabou pegando a mão de Damon que a puxou depressa para cima do cavalo.

Anna apenas teve tempo de segurar-se firme contra ele e o cavalo cavalgou rapidamente enquanto ela observava com o coração acelerado Emily, ainda correndo, ficar para trás e o clube de campo cada vez mais distante e um pressentimento em seu coração de que havia cometido um grande erro.