12 anos em 12
Capítulo 170 - A REUNIÃO…
Paula acompanha o cunhado até a porta, se desculpando novamente. Retorna a sala e ele está no chão com Francesca, a observando balbuciar histórias e rindo.
— Precisa agir assim? — ele ignora — Ótimo! Atitude perfeita que condiz com sua idade.
— Mãe, estou com fome.
— Vamos tomar banho Nini… Depois a mamãe te dá algo para comer! - a pega no colo.
Se revezam durante todo o dia para melhor atender as necessidades de Antônia. Certo momento da noite, o escuta discutir com Marisa na cozinha e resolver ir até lá.
— O que está havendo?
— Estou explicando para Vitor que foi acidente, mas ele insiste em dizer que Leo não observou Antônia direito, que não sabe cuidar.
— Você ainda está nisso Vitor? - o encara. Sabe o que vai acontecer se você continuar com esses comportamentos? - se senta ao lado dele. Você vai morrer sozinho! Porque vou pegar essas crianças e sumir. Você está discutindo até com sua mãe que é a pessoa que você mais tem consideração. Por favor, pare com isso! Antônia está bem, estamos cuidando dela. Acidentes acontecem.
— Quando você quebrou seu braço e seu nariz por duas vezes, foi culpa minha?
— Mãe… Uma coisa não tem nada ver com…
— Tem! - o interrompe. Da mesma forma eu estava lá, mas você, criança, se feriu. Dói muito ver Antônia sofrer, mas não é procurando um culpado que isso vai amenizar. Você está criando uma inimizade com seu irmão. Então pare meu filho… Por favor!
— Vou ver como ela está. - se levanta.
— E eu vou embora! - faz o mesmo.
— Já está tarde para você ir sozinha Marisa! Durma aqui.
— Não… É melhor eu ir. Amanhã volto para ajudar vocês. - sorri. E não tente falar com ele, vocês vão brigar e se estressarem mais.
— Não vou. - vai até ela e se despede. Me ligue quando chegar lá…
— Ligo sim!
Marisa segue para a cidade e ela retorna para dentro de casa, pensando no que fará. Na porta do quarto de Antônia, escuta ele falar com os filhos.
— Mãe… - Vitória a enxerga - o meu pai tá aqui contando uma história, mas não estou acreditando, não.
— É? - ri. Que história é essa? - se aproxima.
— Que a gente vai viajar para Disney!
— E você não está acreditando? - se senta no chão.
— Não!
— Mas iremos! Quando Antônia ficar bem e a mamãe puder ir…
— Por isso não estou acreditando!
— Vitória! - riem. Já estou me organizando e nós iremos em breve…
— Pai… Você não trabalha mais?
— Trabalho…- sorri, olhando para a o filho. Mas é um trabalho diferente, o que é assunto para outro momento! Pega ela aqui… - entrega Francesca dormindo para Paula e se levanta - porque agora é hora de dormir! Vamos lá? - estende a mão. Você também Vitória…
— Eles podem dormir aqui comigo? Não quero ficar sozinha…
— Venho dormir com você filha… Não vai ficar sozinha.
— Amanhã venho te acordar Nini…- beija a irmã.
Colocam os filhos pra dormir. Vitor observa Antônia enquanto Paula toma um banho e depois trocam para que ele faça o mesmo. Mal conseguem pegar no sono, preocupados que a filha se mexa e acabe se ferindo mais.
Na manhã, ele se levanta mais cedo e prepara o café para a esposa, levando até o quarto da filha, onde dividem um colchão no chão.
— Sem açúcar! - entrega.
— Começar o dia no amargo? - indaga.
— O melhor que há!
— Não quero que aja mais como agiu ontem!
— Sim. Falarei com Leo e com minha mãe. E me desculpe por ser rude com você também no momento do nervosismo. Não vou justificar, só explicar que realmente fiquei muito preocupado com Antônia.
— Eu também e não fiquei daquela forma. - se levanta do chão.
— Sim! - a observa.
— O que foi?
— Nada… Só te observando.
— Deveria estar brava com você…
— E eu não poderia reclamar…
— Mas não estou! Não mais. Mas não significa que gostei do que fez… Nem que vou aceitar que você haja assim novamente.
— Já entendi…
Tomam o café da manhã junto dos filhos e durante o dia tentam distrair Antônia. Paula remarca todos os seus compromissos para cuidar da filha e conta com a ajuda da sogra e da mãe.
— Eu fico essa noite com ela para que vocês gravem o vídeo…
— Vídeo?
— O da sua irmã… - o lembra.
— Ah, claro… Tudo bem então! Mas antes vou fazer a sopinha que ela me pediu…
— Ela te pediu sopinha? - ri.
— Pediu… De letrinhas com batata! - riem.
Vitor prepara a refeição da filha e leva até o quarto. Dulce reúne as crianças no quarto de Antônia enquanto Paula e Vitor seguem para o quarto gravar o vídeo.
— Vou apoiar aqui…- arruma o celular sobre um tripé. Deixar eu ver se vai pegar nos dois certinho… - se afasta conferindo. Deu né?
— Sim!
— Ok… Vou arrumar meu cabelo e já volto!
Ela vai ao closet e ele coloca para começar a gravar.
— Oi… - sorri para a câmera. Vamos ver aqui…- pega a folha com as perguntas. Veremos se tem alguma pergunta sobre o que me irrita na Paula… - começa ler - porque com certeza seria a mania de querer estar sempre perfeita, vocês verão…!
— Que? - ela retorna.
— Nada… Já liguei a câmera! Senta aqui.
— Uai… Por que já ligou?
— Por nada! Toma…- entrega a folha. Vamos começar…
— Fala aqui para nos apresentarmos, falar quanto tempo estamos juntos, etc…
— Tá bom… Você ou eu?
— Vai você…
— Olá, meu nome é Vítor Chaves…
— Não é. Começa certo! - o interrompe.
— Ok…- a encara. Olá, meu nome é Vitor, sou…
— Não é para falar o nome inteiro?
— Meu Deus Paula! - pega a folha e lê. Não fala nada disso aqui! Basta o nome. - entrega novamente.
— Só fiz uma pergunta! Não precisa dessa ignorância.
— Meu Deus… Ignorância?
— Aí Vitor, chega… Vamos andar logo com isso!
— Olá, meu nome é Vitor, sou casado com a Paula há aproximadamente 06 anos, mas nos conhecemos a mais de duas décadas.
— Meu nome é Paula, sou esposa do Vitor… - riem - moramos atualmente em Belo Horizonte e somos pais de cinco crianças iluminadas. Maria, de um relacionamento anterior dele, Vitória, Antônia, Francesca e Vitor.
— Estamos participando da pesquisa a respeito de personalidade e individualidade no casamento, realizada por Paula Zapalá e responderemos algumas questões a seguir.
— A primeira questão é para dizermos como lidamos com a questão da individualidade de cada depois do casamento… Você começa?
— Pode ser… Bom…
Respondem as perguntas e ao finalizar o vídeo, Paula começa assistir para editar e encaminhar para a cunhada.
— Você é bem sem graça, hein? Falando isso de mim no início…
— Menti? - pega o violão.
— Mentiu! - o encara.
— Você sabe que não! - começa tocar.
— Por que não aproveita para tomar um banho, jantar tranquilo e vir dormir?
— Estou bem…
— Não está…- se aproxima dele. Vi…- chama sua atenção - Antônia está bem.
— Eu sei… Não é isso que me deixa mal! - deixa o violão de lado.
— Fala com sua mãe. É isso que está te deixando mal.
— Já falei! E com Leo também.
— Então não entendo…
— Você está realmente bem comigo? Porque eu não estaria se fosse você…
— Você não sou eu. Se fosse minha mãe ou meu irmão quem estivesse com ela, muito provavelmente eu teria agido da mesma forma. É automático a gente querer buscar um culpado para essas situações… Mas não ia assumir pra você, né? - riem - Só que era sua família e quando temos que assumir o controle, pensamos com clareza. Eles não tiveram culpa alguma. Ela poderia ter caído aqui em casa, sob nossa supervisão…
— Sim…
— Vai tomar um banho! Vou trazer seu jantar e a gente vai terminar nossa série.
— Obrigado! - pisca pra ela. Mas, não se preocupe…- se levanta. Eu busco o jantar… Ou melhor, vamos pedir comida japonesa?
— Amei! - sorri.
Vitor pede a refeição e toma seu banho. Ela prepara a mesa na varanda, vai até o quarto dos filhos e confere se já estão dormindo.
— Mãe…? - sussurra.
— Oi…- se vira na cama.
— Ela está bem? - observa a filha na cama.
— Sim! Não teve febre.
— Eu e Vítor vamos comer comida japonesa… Quer?
— Não! Já estou quase dormindo… Maluquice!
— Tá bom! - começa rir. Boa noite! - a beija. Qualquer coisa me manda mensagem…
Ao retornar ao quarto, Vitor já a espera na varanda.
— Onde estava? - abre o vinho.
— Fui ver as crianças!!
— Vai tomar banho agora ou depois?
— Já tomei banho! Está me chamando de fedida? - senta-se.
— Nem se nascesse de novo…- ri. Só não vi quando você foi tomar banho…
— Mais tarde tomarei um para dormir! - pega a taça de vinho. Sou a pessoa mais cheirosa que você conhece…
— Sinto em discordar…- ri. As pessoas mais cheirosas que conheço são nossos filhos… Até quantos estão sujos, são cheirosos. Um cheirinho de amor, misturado com terra as vezes… - riem - inebriante.
— Sim! - ri. Isso é a mais pura verdade… - observa o céu. Sabe qual foi minha vontade quando eles nasceram?
— Qual? - olha-a.
— Lamber eles… Igual os bichinhos fazem. Naquele momento eu entendi o porquê fazem isso. A gente quer trazer para dentro da gente de novo, proteger do mundo, de tudo.
— Queria ter a experiência…
— De carregar dentro de você? - ri.
— De lamber eles! - riem. Vou fazer isso amanhã! Ainda dá tempo?
— Vamos testar, né… - vê a comida chegar. Eu busco! - se levanta.
Paula busca a refeição e volta para o quarto. Organiza tudo sobre a mesa e começam a comer. Algum tempo depois, quebra o silêncio que havia se instaurado.
— Vitor… - olha-o.
— Oi? - leva um niguiri até a boca. Experimentou esse? - mostra.
— Não…
— O que quer falar? - come mais um.
— Aconteceu algo meio estranho comigo agora…
— O que? - fica apreensivo. Você está bem? - limpa a boca.
— Sim, estou… Eu acho. - começa se emocionar.
— Paula… Estou ficando preocupado agora! - começa levantar.
— Não, senta… Está tudo bem! - enxuga as lágrimas.
— O que está havendo? - se senta e pega a mão dela.
— Sabe aqueles momentos que parece que já havíamos vivido, sentido o que estamos vivendo agora? Aquela sensação de já ter estado com alguém, fazendo a mesma coisa…
— Sim…
— Senti isso, mas era como se não fôssemos eu e você mais… Sei lá… Ou fôssemos nós só que de outra forma, mais novos e depois bem mais velhos.
— Pulinha, é um dejavú… Você se sentiu mal? Ter visto, sentido isso, te causou qual sensação?
— De uma plenitude infinda… - sorri emocionada. Algo tão sereno e calmo que parecia até ter sabor, cheiro e tato… Vi… - olha para ele - sabe quando a gente está de cara para o sol? Aquele solzinho tranquilo, em um dia de paz, de férias… - sorri pensando - sem cobranças, deitados no gramado ou na rede…
— Te amar é assim… - diz emocionado. Ainda que ás vezes seja também um vento forte… - riem entre lágrimas - mas é essa calmaria dentro da alma, mesmo com o caos aqui de fora.
— Será que tem alguma explicação isso?
— A gente pode tentar descobrir… Podemos procurar alguém espírita, talvez a Ana ainda atenda…
— Certo… Mas depois vemos isso! - enxuga o rosto. Vamos comer… - sorri.
— Tudo bem…
Voltam a comer e depois de algumas horas jogando conversa fora, ela segue para banho e ele organiza a bagunça do jantar. Com tudo feito, deitam-se. Ela logo adormece e ele permanece em claro, lendo um livro pelo celular, quando a certa altura da madrugada é surpreendido por Vitória chamando na porta.
— Que isso filha? - abre a porta. O que aconteceu? - a pega no colo.
— Pai, não consigo dormir! Você me ajuda?
— Vamos lá…
Enquanto conversa com Vitória em seu quarto, acaba adormecendo junto e assustando Paula no outro dia pela manhã, que se levanta e o não o vê.
— Diva…- a vê na cozinha - bom dia! Vitor passou por aqui?
— Não! Não vi ele.
— Os carros estão na garagem? - olha pela janela. Uai… Cadê esse homem?
— Bom dia! - Dulce chega com os gêmeos.
— Oi…- sorri. Como dormiram? - os beija.
— A vovó ronca um pouquinho… Mas tá bom.
— Acho desaforo essas crianças falarem isso! - riem.
— Cadê Vitória? - estranha.
— Não quis dormir com a gente. Levei ela pro quarto dela a noite, esperei dormir e voltei pro quarto da Antônia.
— Já sei onde Vitor está…- segue para o quarto da filha. Bom dia! - acende a luz. Dorminhocos!! - abre as cortinas. Vamos levantar! - puxa a coberta dele.
— Pai… - se senta na cama. Por que você dormiu aqui?
— Bom dia Vivi! - a beija.
— Você brigou com ele?
— Com quem Vitória? - ri. Está dormindo ainda…?
— Com o papai! - diz brava. Por que ele dormiu aqui?
— Hei, calma… Não precisa falar assim com sua mãe. Não brigamos filha! Eu vim te trazer para dormir e acabei dormindo. - observa ela se levantar e seguir para o banheiro, ainda brava.
— O que foi isso? - se preocupa.
— Não sei! Vou conversar com ela…
— Toda vez que você fala que ela tem medo de você ir embora de novo, eu finjo que não é sobre isso para que não fiquemos mal. Mas é verdade… - se levanta - ela tem esse medo da gente brigar e você ir embora. Pede a indicação de algum terapeuta ou psicólogo com sua irmã, vamos começar a tratar isso! - sai do quarto triste.
Vitor se sente mal com a situação. Aguarda Vitória sair e conversa com ela sobre o que houve. Na cozinha, Paula serve o café da manhã para as crianças e eles chegam em seguida.
— Mãe, quero um pão quentinho…
— Eu faço, pode deixar. - Diva retira algumas louças já sujas da mesa.
— Posso ir no estúdio hoje?
— Fazer o que? - ri.
— Eu estou aprendendo tocar ukulele e queria poder ir lá tocar o seu.
— Está aprendendo tocar onde?
— Vou te mostrar! - sai da mesa e retorna com o iPad - por aqui…- coloca no YouTube.
— Vitor, porque não falou que queria aprender? A gente te ensinava filho…
— É… Nem pensei nisso pai.
— Certo… Deixa eu ver! - pega o tablet. E como você estava treinando?
— Quando a professora de música vinha, uai… Ela deixava eu treinar no dela.
— Entendi! Meus parabéns, meu amor. - sorri. Depois quero ver você tocar, tenho certeza que está excelente.
— Ainda não pai… Falta muito, né mãe? - olha para Paula que disfarça. Vou treinar muito, muito, muito até cansar ás vezes. - se senta.
— Vitor… Você está tocando para se divertir, certo? Não tem que se preocupar, apenas seguir seu coração, fazer disso um momento leve. - encara a Paula enquanto fala com o filho.
— Mas a mamãe sempre diz que se a gente quer fazer algo, tem que ser excelente, mas que para ser excelente, tem que treinar muito na vida.
— Alguém quer mais pão? - tenta quebrar o clima.
— Eu quero!
— Você está com dor Nini?
— Não mãe…
— Bom dia! - Lucy chega até a cozinha.
— Bom dia! - respondem.
— Senta para tomar café com a gente!
— Jaja irei… Vou organizar os medicamentos da Antônia.. - se retira.
Terminam a primeira refeição do dia e Paula segue para a cidade para cumprir uma agenda de compromissos enquanto Vítor e Dulce se revezam com as crianças. Chega somente no fim do dia e é recepcionada por Vitória.
— Oi! - a beija. Como foi seu dia?
— Bom… Posso assistir tv?
— Já tomou banho?
— Já! - passa a mão no cabelo. O papai secou meu cabelo.
— Ok, pode ir! - vai atrás de Antônia. Oi! - entra no quarto. Tudo bem filha?
Ajuda Vítor finalizar o banho dos filhos e os coloca para jantar. Nessa noite Marisa vem até a chácara para ajudá-los já que Dulce precisou ir para cidade.
— Mãe, você fica com Antônia? Vou para o estúdio.
— Minha reunião acabou! - chega na sala. O que vai fazer no estúdio?
— André e eu faremos uma reunião on-line sobre alguns arranjos…
— Hum… Ok!
— Qualquer coisa me chama! - a beija.
Marisa separa o jantar dela e a aguarda comer, permitindo que ela durma um pouco após medicar e observar a filha até que ela adormeça.
— Vai para seu quarto e eu durmo aqui com ela… Qualquer coisa te chamo.
— Tudo bem! Mas acho que ela acordará só amanhã agora… dei um remedinho para ela relaxar e descansar. Boa noite! - se despede da sogra e sai.
Ao chegar no quarto, encontra um caixa em cima da cama. Pega o bilhete já rindo por saber que se tratava de presente do Vitor.
“… um presente para aproveitarmos quando tudo isso passar! Amo você, você já sabe e blá-blá-blá…”
Abre a caixa de presente e se depara com uma lingerie, um brinco e um chocolate. Leva tudo para o closet e toma seu banho, se perfumando e colocando já o presente. Pega o chocolate e segue para o estúdio, conferindo se os filhos estavam dormindo no caminho.
— Pode entrar! - escuta alguém bater.
— Obrigada! - entra e ele arregala os olhos quando a vê, sinalizando para ela não passar na tela do computador. Em reunião ainda?
— Sim! - começa rir ao ver ela se sentando na bancada em frente a mesa que estava. André, vou desativar o som rapidinho… Já volto!! - desativa e vai até ela. Você está maluca? - ri.
— Eu não! Só quis vir mostrar como ficou… Coube direitinho! - pisca para ele.
— Está maravilhosa… - a faz descer. Ficou perfeito… - sorri. Escolhi a dedo para você!
— Você foi na cidade?
— Não! Pedi pela internet e entregaram hoje mesmo… E o brinco? Gostou? É para usar nos seus shows…
— Sim! - sorri, desabotoando a camisa dele.
— Não…- segura as mãos dela. Preciso voltar para reunião, vai ser rápido… E depois a gente pode aproveitar um vinho…- pisca.
— Vou esperar aqui! - senta novamente na bancada.
— Pulinha…
— Vou me comportar! - sorri. Pode ir!
— Por favor! - volta a mesa e libera o áudio. Oi André…Voltei!
Enquanto conversa com o amigo, ela come o chocolate olhando para ele. Em certo momento resolve retirar o robe, exibindo ainda mais seu corpo e fazendo Vitor a encarar, intimando-a a colocar o robe novamente.
André comenta uma determinada canção, mas ele, disperso, não presta atenção.
— Vitor? - aguarda. Vitor… Está travado? - começa estranhar. Vitor! - ri.
— Oi! - presta atenção. Oi… Desculpa! Podemos continuar amanhã? Preciso resolver um inconveniente aqui…
— Sem problemas! Amanhã continuamos sim.
— Maravilha! Até mais, parceiro! - desliga.
— Inconveniente? - ri. Você está falando sério? Porque se eu for inconveniente, eu me retiro… - desce da bancada.
— Estou…- sorri. Mas… Você é um inconveniente que eu quero muito que exista! - se arrasta com a cadeira até ela. Um inconveniente que eu não consigo viver sem.
— Se eu sou um inconveniente, imagina o que você é…- enlaça as pernas sobre o colo dele, ficando de frente.
— Deixou chocolate para mim?
— Não! - ri. Mas eu tenho uma coisa melhor… - começa desabotoar a camisa dele. Mais viciante, de mais qualidade… - ele ri - estou falando sério…
— Pulinha… Hoje Monteiro me enviou um compilado do seu novo disco… disse que você havia pedido para me encaminhar. Fiquei extremamente emocionado, como se fosse a primeira vez que estivesse ouvindo sua voz na minha vida. É enlouquecedor todos os sentimentos que vieram… - se emociona.
— Te amo! - acaricia o rosto dele. Cada parte de você… Eu amo. E fico lisonjeada que tenha gostado das músicas! - sorri. Você é minha maior inspiração… A nossa história é minha inspiração. O que passamos, a dor de estar longe, o alívio de estar junto, tudo… Me recordei de cada detalhe em cada canção. É sobre nós dois. Nossa vida antes do agora.
Ele sorri e sem pensar duas vezes, a beija enquanto as mãos dançam pelo corpo dela até as alças do sutiã, puxando-as. Entrelaçada sobre os cabelos dele, sente-o beijar seus ombros e o colo, as mãos passear pelo fecho e o sutiã cair pelo seu corpo. Sai da cadeira, ficando em pé na frente dele, o convidando a fazer o mesmo. Excitada ainda mais com os olhos dele sobre os seus, vai até o sofá e se liberta do que ainda a vestia, observando atentamente ele fazer o mesmo e ir até ela, com uma ferocidade que poucas vezes ela viu. E mais uma vez, aquele sofá, naquele estúdio, virou testemunha da fusão de dois corpos sedentos um pelo outro.
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