Ela se retira e Paula espera um tempo até fazer o mesmo. Vitor está lendo uma revista quando ela entra no quarto. Ele a observa se aproximar e se encolhe, os beliscões ainda doíam.

— Se Nilmar te procurar, diga a verdade!
— Você foi falar com Natália? - fecha a revista.
— Você não lembra mesmo o que ocorreu?
— Vagamente e eu já te falei o que lembro.
— Ok...- pega uma roupa.
— O que vai fazer?
— Tomar banho!
— Hum... Pulinha e se seu irmão vier falar comigo mesmo?
— Já te falei para dizer a verdade!
— Mas não sei qual é a verdade! Já disse que não lembro.
— Diga que não transaram, nunca viu a nua e que sempre deixou claro que gostava de outra mulher. Que ela era uma boa companhia por ser um pessoa de bem, que entre vocês não rolou nada porque vocês não quiseram.
— O que é verdade ou mentira nisso?
— Tudo!
— Verdade ou mentira?
— Tudo...- vai para o banheiro.
— Paula! - segue ela. Pulinha me diz...
— Te dizer o que? - retira a roupa.
— Você falou com Natália... Ela te contou o que houve! Quero saber... Vai afetar a gente?
— Não vai afetar a gente...- se aproxima dele. Espero que ela não tenha mentido sobre nada...- o abraça.
— Pulinha...
— Xiu...- o beija.

Ele a envolve em carinhos e se deixam levar pelo momento levando e trazendo mãos dos céus até serem interrompidos por Vitória.

— Aiai...- respira fundo ainda abraçados.
— Vai lá! - o empurra. Vou tomar meu banho...- entra na ducha.

Vitor vai até a filha e deita-se com ela que se entrelaça sobre ele. Pega no sono novamente e Vitor acaba fazendo o mesmo. Algumas horas mais tarde Paula está sentada com Dulce conversando quando eles descem.

— Que caras amassadas! - riem.
— Acordou querendo comer...
— Vamos comer sapequinha! - se levanta.
— Gente...- desce as escadas.
— Oi...- Paula olha para Vitor que está imóvel.
— Posso levar Vitória para tomar banho de piscina?
— Ah...
— É... Pode! Deixa ela só comer...- sorri.
— Ok...

Paula e Vitor vão para cozinha com a filha. Enquanto ela prepara a comida dela, ele se senta.

— Pensei que ele falaria algo!
— Eu percebi! - ri. Relaxa Vitor...
— Estou relaxado! Só não quero que as coisas fiquem chatas entre todos nós.
— Está tudo bem! Se concentre nisso.
— O que Vitória irá comer?
— Olha só...- mostra. Fiz um arroz negro com alguns legumes orgânicos e uma carne de frango com brócolis! - sorri. Tudo bem gostosinho para meu amor...- leva o prato até ele.
— Precisamos conversar sobre a alimentação dela! - pega o prato.
— Concordo! Não só sobre a alimentação como também sobre a educação.
— De novo? - dá comida a filha. Estou fazendo tudo como combinamos!
— Eu sei! - ri. Mas é melhor conversamos...- senta com eles.

Alimentam a filha e Paula a arruma para ir na piscina. Leva-a para o irmão e o avisa para não colocá-la na água por enquanto.

— Tudo bem! - a coloca em uma cadeira de descanso.

Retorna para dentro do apartamento e Vitor está lendo um jornal.

— Vou precisar ir a clínica...- pega sua bolsa e confere se os documentos estão dentro.
— E eu vou ficar aqui fazendo o que? - a observa.
— Uai! - ri. Faça o que quiser!
— Posso ir com você?
— Vitor... É uma clínica de estética!
— E dai? - se levanta. Não posso querer fazer uma massagem?
— Não! Você não vai fazer coisa nenhuma. Ficar em uma sala sozinho com outra mulher e ainda por cima nu. De jeito nenhum, Vitor!
— Pois eu vou! Vamos de quê?
— Não vamos! Eu vou! - pega a chave do carro de Nilmar e vai até a porta.
— Paula, não seja besta! - a acompanha.
— Ok. Você vai! Mas vai fazer uma limpeza na pele e não massagem!
— Lá eu decido! - fecha a porta e saem.

Algumas horas mais tarde já estão na clínica e juntos em uma sala fazendo massagem. A esteticista sai para buscar um produto e eles ficam sozinhos.

— Isso é muito bom! - fecha os olhos.
— Espero que esteja falando da massagem!
— E estou! Do que mais seria?
— Das mãos da moça...
— Por favor! - ri. Prefiro as suas! Por falar nisso, preste atenção para fazer em mim.
— Preste você! Eu que preciso...
— Você vai fazer o que depois?
— Vou me depilar! Você pode ir para casa...
— Por que? Vou fazer mais uma massagem. A moça falou que...
— Você não vai nada! - o interrompe.
— Paula! Não comece...
— Não comece você! Nem essas coisas você faz e já está querendo fazer de novo?
— O que vou fazer no seu apartamento?
— No nosso apartamento! - o corrige. Faça qualquer coisa. Mas vá embora.
— Inacreditável isso! Quando eu falar para você não usar tal roupa ou não fazer tal coisa e você teimar, vai ter!
— Vai ter o que Vitor?
— Aguarde e verá! - se levanta.
— Onde você vai?
— Vou embora! Não é para ir? - fecha o roupão e vai para uma sala se trocar.

Paula fica indiferente a ele, para que ele não faça mais cena e o observa sair sem falar nada. A esteticista retorna e ela explica que ele teve um compromisso. Ao chegar no apartamento Dulce está descendo as escadas quando o vê.

— Onde estava? - sorri.
— Fui a clínica com Paula! - guarda as chaves. Fiz uma massagem!
— Que bom! E gostou?
— Sim! - sorri. Nunca fiz isso em uma clínica, foi uma descoberta maravilhosa! - riem.
— E por que já veio?
— Paula... Não me queria lá!
— Crise de ciúmes novamente? - vão até a cozinha.
— É...
— Paula não tem jeito! Quer alguma coisa?
— Sim... Tem doce de leite?
— Tem aqui! - pega na geladeira.

Enquanto isso, na piscina, Nilmar brinca com a sobrinha que se diverte na água junto com a namorada.

— Não é estranho?
— O que!? - segura a bebê.
— Você brincar com a filha de um homem que você já saiu!
— Nilmar... Pensei que já havíamos falado sobre isso!
— E já falamos... Me desculpe!
— Eu amo você! Eu e Vitor não tivemos nada. E ele ama muito sua irmã...
— Sim! Eu sei.
— Então esqueça isso! Por favor.
— Já esqueci Natália! Já esqueci...

A sobrinha sorri para ele que corre pegá-la.

— Poste aquela foto que tiramos dela ali!
— Não sei se o pai dela permite...
— Ah é verdade... Ele não gosta que a exponha. Mas, poxa, só uma fotinha...
— É... Acho que não tem problema! Se tiver depois eu apago.

Ele pega seu celular a publica a imagem da pequena toda arrumada para uma tarde de sol.



Coisa rica do titio! Uma tarde de amor com nossa Vitória.

As horas passam e Paula chega. Sobe para seu antigo quarto e vê que Vitor está arrumando as malas.

— Onde você vai? - joga sua bolsa na cama.
— Para casa! - fecha a mala.
— Combinamos de ir amanhã...
— Você combinou! - a encara.
— Você está bravo comigo?
— Eu? - ironiza. Não!
— Vitor...
— Você está pensando o que? Que eu jogaria a esteticista naquela cama e transaria com ela? Ou o que? Que eu pediria o número dela e marcaria em um Motel algum tempo depois?
— Vitor, pare com isso...
— Para com isso você Paula! Seu ciúmes é doentio, sem sentido.
— O meu? - ri nervosa. E o que você fez esses tempos é coisa de uma pessoa normal?
— Você provocou!
— Eu não provoquei nada. É você que provoca! É você que me deixa, é você que saiu com inúmeras mulheres...
— CHEGA! - a interrompe. Fique quieta!
— Não grite comigo! - aponta o dedo para ele. Você pensa que é fácil lidar com isso? Lidar com você?
— Já te falei... No dia em que não me suportar mais é para se separar de mim!
— Eu não quero me separar de você! Eu quero que você entenda que tenho medo de te perder. Que temo você se encantar por outra pessoa...
— Que maluquice!
— Não é!
— Eu sou capaz de ferir alguém para ter você! Eu fui capaz de ser o que não sou por sua causa. Eu virei uma fera irreconhecível quando pensei que te perderia e você ainda acha que vou me encantar por outro alguém? Eu não vivo mais sem você Paula. Você tem poder sobre mim, me tem nas suas mãos e desconfia de mim!
— Vitor...
— Chega disso! Não vamos parar de brigar nunca, porque você nunca vai acreditar que te amo.
— É claro que eu acredito! Que coisa mais infantil.
— Quem ama não desconfia tanto assim!
— Então porque você desconfia de mim?
— Não é desconfiança...
— Digo o mesmo Vitor - sai do quarto batendo a porta.

Ele termina de organizar as coisas e leva as malas para baixo. Nilmar vem da piscina com Vitória e Natália e ele os observa se aproximar atrás da escada.

— Paula...
— Oi...- joga a revista que estava lendo.
— Acho que ela está com sono!
— Eu tenho certeza! - a pega sorrindo.
— Tiramos uma foto dela e postamos... Tem problema?
— Ah...- pensa. Não...- mente. Está tudo bem!
— Ótimo! Vamos sair para jantar mais tarde.
— Legal! Eu aviso a mamãe... Vou embora ainda hoje.
— Que pena!
— É... Mas preciso ir!

Se despedem e eles saem rumo à cozinha.

— Pode sair daí! - o olha.
— Que? - sai. Eu estava aguardando uma ligação!
— Hum... Que horas sai o voo?
— Daqui duas horas!
— Vou arrumar as malas! - sobe as escadas.

Ela organiza todas as suas coisas. Ele a ajuda descer as malas e arrumar Vitoria. Encontram Dulce e Cíntia na sala e se despedem delas.

— Vou amanhã!
— Tudo bem Cíntia! - sorri.

Dulce havia chamado um táxi que já os aguardava no prédio. Seguem para o aeroporto e em duas horas já estão na fazenda.

— Oi! - os recebe sorrindo. Que bom que chegaram! Essa casa é tão estranha sem vocês.
— Olá Diva! - a abraça.
— E essa pequena? - observa Vitoria no colo de Paula.
— Dormiu! - acaricia a filha. Tudo bem Diva? - a cumprimenta.
— Sim!
— E em casa? Tudo sob controle?
— Tudo em perfeita estado! Só aquele depósito que veio instalar uma banheira no banheiro de vocês! Preciso te entregar uma coisa...- sai para buscar.
— Leve Vitória até o quarto dela...- entrega para ele.
— Ok...- se retira com a filha no colo.
— O que tem para me entregar? - vai até Diva.
— Isso! - aparece com um buquê de flores amarelas.
— Meu Deus! - sorri. Que coisa mais linda Diva! - pega, admirada.
— É em nome de todos os funcionários!
— É perfeito! Vocês não precisavam se preocupar!
— Foi seu aniversário e não pudemos estar juntos, mas não deixaríamos passar em branco!
— Vocês são muito atenciosos! - a abraça. Agradeça a cada um por mim, Diva! Estou muito feliz por esse carinho.
— Você merece! - sorri.
— Vou levar pro meu quarto e colocar em um vaso que tenho lá! Eu amei! Obrigada, obrigada mesmo...- a abraça novamente.

Ao chegar no quarto Vitor está deitada na cama e desvia sua atenção ao celular para ela.

— Que flores lindas! - se senta.
— Ganhei dos funcionários!
— Que bom! Colocaram a Jacuzi no banheiro! E Diva falando que era uma banheira...
— Sim! - coloca-as sob a bancada e pega o vaso.
— Quer que coloque água? - vai até ela.
— Por favor! - entrega o vaso e ele sai.

Montam o arranjo juntos e deitam-se para ver televisão. Vitor sintoniza em um documentário sobre as guerras civis e eles conversam a respeito das atrocidades até serem interrompidos pelo celular da Paula.

— Sua mãe! - se levanta do peito dele e atende. Oi Marisa!
— Oi norinha! Chegaram?
— Sim! - ri. Chegamos hoje! Agora pouco...
— Estamos querendo sair para jantar agora de noite. Eu, Tati, Paula que está aqui e algumas amigas.
— Que ótimo!
— Estou ligando para você vir...
— Onde será?
— Na casa da Tati!
— Eu vou sim!
— Vitória está bem?
— Está sim! - sorri. Dormindo...
— E Vitor?
— Aqui do lado! - coloca o celular perto dele. Fala oi para sua mãe!
— Oi mãe! - ri. Estou aqui maravilhoso e gostoso como sempre!
— Vitor! - riem.
— Ele quer dizer convencido como sempre, Marisa!
— Bem isso, Paula! - ri. Vou preparar as coisas, te aguardo aqui.
— Irei sim! Até mais tarde. Beijos! - desligam.
— Onde você vai?
— Jantar na casa da Tati! Você fica com Vitória hoje.
— Hoje eu vou jogar Paula!
— Jogar o que? - o encara.
— Os rapazes vem aqui jogar poker...
— Por que não falou antes? Afff!
— Peça para Lucy fazer hoje à noite!
— Peça lá você! Você que tinha que ficar com Vitória hoje... Eu sempre fico para você sair!
— Que drama Paula! - se levanta. Vou lá falar com ela.

Ele se retira e ela vai para o closet procurar por uma roupa pra mais tarde. Retornar minutos depois com um pouco de sorvete.

— Ela vai ficar!
— Ótimo!
— Você deixa minhas bebidas prontas para mais tarde?Aquelas que comprei. É só colocar na mesa que depois levo para a adega.
— Uhum...- olha um vestido.
— Quantas são? - a observa.
— O que?
— As bebidas!
— Que bebidas? - olha para ele.
— Paula... Estou falando com você.
— Sim, estou ouvindo!
— Não, não está! Te falei sobre as bebidas... Enfim, esquece. - sai irritado.
— O que foi hein Vitor? - o segue. Hoje você tirou o dia para se irritar comigo?
— Eu!? Pelo amor de Deus! E quer saber de uma? Você não vai a jantar nenhum.
— Como é? - ri. Você tem que nascer de novo pra me proibir de ir para algum lugar.
— Não tenho não. Você não vai!
— Tudo bem! Eu não vou e você não joga!
— Eu jogo e você não vai!
— É o que nós vamos ver! - se tranca no banheiro.

5 horas depois...

— Lucy...- entra no quarto de Vitória.
— Oi!
— Se precisar de alguma coisa chame por Vitor e me telefone!
— Pode deixar! Você já vai?
— Já! Estou indo inclusive! - beija Vitoria. Mamãe já volta, amor! - sorri. Tchau, Lucy! - sai.

Paula olha para os corredores e sai correndo até a cozinha. Pega a chave do carro e corre para fora, para Vitor não vê-la ir.

— PAULA?
— Oi DIVA! - se vira assustada. Que susto! Por que gritou?
— Desculpa! Vitor está te chamando... Estou te procurando pela casa inteira. Ele quer saber das bebidas...
— Nem sobre Vitor, nem sobre bebida! Não sei e não quero saber! Ele que se vire! - sorri batendo a porta do carro.
— Paula...- respira fundo. É hoje! - retorna para dentro de casa. Vitor...
— Cadê ela? - fecha a porta do armário.
— Ela saiu...- fala com medo.
— Ela o quê!? - vai para a entrada. Ela não fez isso! - observa o carro ao longe.
— Vou tentar achar as bebidas...- retorna para a cozinha.
— Diva! Se chegarem, peçam para ir até a adega...
— Ok! Ligo para Paula?
— Para quê?
— Para saber onde ela está indo ou se ela chegou bem?
— Não...- pensa. Deixa ela! - vai para o quarto chateado.

Algum tempo depois Paula já está em Uberlândia. Estaciona no condomínio de Tatianna e Leo e entra.