— Eu já falei que não vou a essa festa Allicia! – Trish senta no sofá da recepção do hotel. – Ele convidou você, e não a gente. Muito menos eu! Eu nem fui jogar golfe com vocês semana passada, ele nunca me viu.

— Ele me convidou, e eu estou convidando vocês! – Repito pela decima vez. Se tem algo que é difícil é convencer a latina. – Ou você vai querer o convite por escrito? – A provoco.

— O que a Ally está querendo dizer é que ela está caidinha por esse Elliot e quer vê-lo de novo. – Dez toma sua xicara de café.

— É eu sei, ela não para de falar dele a semana inteira! – Trish reclama. Abro a boca para protestar, mas seria inútil, eu realmente falei muito dele.

— Isso é porque você não a viu no dia! – Dez começa a rir sozinho com as lembranças. – Quando ele chegou, a Ally praticamente empurrou o Austin. Sem contar todas as vezes que ele tocava nela, dava para ouvir todos os suspiros a quilômetros de distância... E ela ficava mais boba ainda quando ele elogiava a tacada que...

— Ok Dez, acho que já deu para entender. – Coloco a mão no rosto, tamanha a vergonha. Não achei que estava tão explicito assim. Eu parecia uma criança tendo sua primeira paixonite.

— E quando a Ally errava uma tacada de propósito? Só para ele a abraçar e pegar na sua cintura? – Dez ria de forma descontrolável.

— Não acredito nisso, sua safada! – Trish cai na gargalhada. Minhas bochechas começam a queimar de vergonha. Tento esconder meu rosto, mas nada funciona. – Não acredito que perdi a Ally flertando.

— Não fui muito com a cara desse Elliot... – Austin ao perceber que ouvimos seu sussurro, bebeu seu suco tentando disfarçar o que acabou de dizer.

— Isso também estava nítido. – Dez o encara. - Elliot encostava na Ally e você imediatamente revirava os olhos ou então reclamava "baixo" - Fez aspas com as mãos.

— Alguém está com ciúmes? - Trish brinca.

— Só achei ele pouco profissional. - Austin termina de beber seu suco.

***

— Nós já passamos por essa rua, Dez. - A latina reclama pela oitava vez.

— Eu não estou perdido! - Estávamos perdidos.

Elliot passou o endereço de onde seria a festa, olhamos no mapa e era uma fraternidade de faculdade. Era simples chegar até lá, só seguir as placas que indicavam a universidade, mas o ruivo foi capaz de se perder e dar voltas intermináveis por Miami.

Ninguém estava confortável e muito menos contente em ir à festa, apenas eu. Todos estavam tentando me agradar, mas eu sabia que eles mesmos não estavam felizes.

— Quer saber... Meu desejo era invadir uma festa... E tecnicamente eu não estou invadindo já que fui convidada...

— O que você está querendo dizer? - Trish sorriu, já sabendo a resposta.

— Se não me engano, vi um casamento começando a quatro quarteirões daqui. - Assim que falei, Dez virou o carro, entrando na pista ao lado, seguindo em direção a minha indicação. Ele acelerou, e percebi que estavam todos animados para invadir um casamento.

***

Demos nosso nome na entrada do buffet e os seguranças nos olharam estranhos, já que não estávamos na lista. Entramos mesmo assim.

Sentamos em uma das últimas fileiras do enorme salão. Todos estavam de pé, esperando pela noiva. A música que antecipava sua entrada começou a tocar e todos os convidados ficaram ansiosos.

Quando a porta se abriu, revelando a elegante noiva, não consegui olhar outra coisa a não ser a reação do noivo que a guardava no altar. Seus olhos lagrimejaram e ele não parava de sorrir. Toda a atenção estava no vestido da noiva, mas não existe coisa mais linda que a reação do noivo ao ver sua futura esposa entrando no casamento.

Sentamos novamente, e enfim, o pastor deu início a cerimonia.

Os votos eram feitos e eu apreciava cada pequeno detalhe daquela comemoração, me perguntando como seria o meu grande dia. Sei que nunca viverei para me casar, mas desde pequena imaginava o vestido ideal, as flores ideais, a decoração ideal... E em todos os meus pensamentos em relação a casamento, Austin se fazia presente.

Seguro na mão do loiro, e o mesmo entrelaça nossos dedos.

***

Peço licença e me levanto da mesa. Vou ao banheiro com passos apressados dando um suspiro de alívio ao ver que trouxe meu remédio para dor. Engulo dois comprimidos mesmo sem água.

— Você não vai estragar a noite novamente Allicia. - Me olho no espelho. - Você vai ficar até o final, não importa o quão insuportável esteja essa dor. - Me apoio na pia, esperando desesperadamente o remédio fazer efeito.

Todos estavam se divertindo lá fora. Dez estava contente pela comida do casamento, e estava fazendo novas amizades para tentar descobrir o nome dos noivos. Trish estava bebendo tudo que via pela frente, e nunca a vi tão alegre em minha vida. Austin estava feliz em ver que estávamos todos bem. Eu não podia simplesmente estragar a noite.

Coloco o melhor sorriso em meu rosto e saio do banheiro dizendo para mim mesma que estava tudo bem.

— Para abrir a pista recebam os, agora casados, Brooke e Dallas! - As luzes foram apagadas, e a única luz que continuava acesa iluminava o casal no centro da pista de dança.

Os dois dançavam uma valsa lenta ao som de Perfect by Ed Sheeran. Seus olhares eram tão intensos, seus sorrisos tão sinceros, e o Eu Te Amo sussurrado entre eles parecia a coisa mais pura que já vi.

— O casal convida a todos para se juntarem a eles nessa dança! - A banda no palco anunciou, e começaram a tocar a música ao vivo, somente com os instrumentos.

Trish já estava na pista com um dos garçons, culpa do álcool! E Dez estava dançando com a daminha de honra.

Austin sem dizer uma palavra, estendeu as mãos para mim, e eu aceitei seu convite agradecendo mentalmente ao remédio que estava fazendo efeito.

Fomos para a enorme pista, que agora estava lotada.

O loiro passou suas mãos em minha cintura, me envolvendo. Chegou perto o bastante para as nossas testas se tocarem.

Baby, I'm dancing in the dark with you between my arms— Austin sussurrava cada verso da canção olhando diretamente para mim. Fecho os olhos, aproveitando ao máximo sua voz rouca, que combinava perfeitamente com a música.

Desejei que os relógios parassem, para que eu ficasse presa a esse momento durante uma eternidade. Queria que cada segundo durasse uma vida.

A música é interrompida.

— O que ela está... – Austin se pergunta quando vê Trish com o microfone em mãos em cima do palco.

— Merda. – Sussurrei, sabia que ela iria fazer uma besteira muito grande.

— Brooke, vou sentir saudades agora que você está casada! Velhos tempos o da faculdade! Lembra das loucuras que a gente fazia? Velhos tempos, velhos tempos... Agora você encontrou o Dallas e esqueceu da sua melhor amiga aqui! – Trish começou a chorar. – Um brinde! Um brinde ao casal mais lindo que eu já vi! – Levantou sua taça com champanhe e bebeu.

Trish desceu do palco, e mesmo com todos os convidados confusos com o que acabou de acontecer, comemoram o brinde.

— Acho que a festa acabou para vocês. – O segurança disse, antes de nos carregarem para fora.