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Caminho do Ninja Amador (nível II). Missão 05: Artigos

Olá, amados gafanhotos-ninjas!

Lady Salieri: Antes de começarmos, queria me desculpar pela imensa demora em postar a aula. Nesse mês de janeiro, a Letícia querida viajou e eu estive totalmente enrolada com a defesa da minha dissertação que, graças aos deuses, já defendi e correu tudo bem. Esta que vos fala no momento é efetivamente é mestre em teoria literária. Quase desmaiei quando a banca declarou que eu estava aprovada, mas foi lindo. Agora estou restabelecendo a rotina e prometo que isso não voltará a acontecer tão cedo.

De todas formas, gostaria de esclarecer que eu ter um título não garante muita coisa, precisamos demais que vocês continuem apontando nossas falhas onde houver para que possamos revisitar nossas aulas e ir consertando-as, até ficarem perfeitas. Esta é apenas uma primeira versão que necessita ainda de muito aprimoramento. A gente costuma contar com algumas pessoas que nos atentam para alguns equívocos eventualmente e isso não tem preço. Somos humanas, passíveis de cometer erros, mas estamos com a melhor atitude para consertá-los de imediato, sem necessidade de grandes dramas. E muito respeito com a Letícia, meus queridos, que é novinha, não cursou Letras e sabe mais de gramática que muitos professores que conheço. Ela começou a dar as aulas por indicação minha e peço perdão se, às vezes, na hora de ela se expressar, eu não a tenha orientado devidamente, mas a vida é um aprendizado constante...

Aproveitando esse tema dos equívocos, gostaria de agradecer a todos que têm nos ajudado a construir essa seção da melhor maneira possível, ela é para vocês e nunca pensamos outra coisa que não fosse transmitir o conteúdo da melhor maneira para todos se sentirem mais à vontade e confiantes para escrever. .

Prometemos, tanto eu quando a Letícia, trazer novidades esse ano, a Liga dos Betas vem se firmando cada vez mais e, quanto mais consolidado estamos enquanto grupo, mais coisas interessantes tencionamos trazer.

Bom, agora, por favor, finjam que eu postei essa aula da Letícia em janeiro hehehehe, ela a escreveu antes de viajar e eu realmente não tive tempo de colocá-la aqui. E agora voltamos à periodicidade quinzenal para postar.

Um beijo, meus queridos!

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Preparados para mais uma missão? Aqui é a Letícia Silveira quem vos fala, uma pessoa que está muito curiosa para ver se o mundo realmente acabará nesse mês. Eu, pelo menos, tive um ótimo ano. Comecei a ler as aulas de português, comentei e acabei me tornando a pessoa que escreve as aulas! Parece loucura, mas é verdade: eu saí de onde vocês estão para ficar aqui. Por isso, comentários sempre serão importantes. Imagine se eu tivesse me rendido à preguiça e nunca tivesse conversado com a Lady Salieri! Eu teria perdido muita coisa. Muita coisa mesmo! Vocês não têm noção do poço de cultura que ela é! Enfim, sem mais delongas, queria desejá-los um ótimo Natal e um feliz Ano Novo. Já que viajarei durante todo o Janeiro, espero que não chorem pela minha ausência. Uma vez que eu consegui escutar o cantar dos grilhos, de tão sem graça que foi a bricadeira, vamos à nossa missão de hoje?

Caminho do Ninja Amador: Missão 05.
O uso adequado dos artigos


Bem, iniciaremos a nossa missão com a explicação de que o artigo pode ser dividido em duas categorias. Há o artigo definido: "O", "A", "OS", "AS". Também, o artigo indefinido: "UMA", "UMAS", "UM" e "UNS".

Os artigos sempre virão antes de um substantivo (o ser ou o objeto), concordando com o seu gênero e grau. Por exemplo:
O menino foi comprar um sorvete.
Os meninos foram comprar uns sorvetes.

Observe que, inicialmente, era apenas uma pessoa que foi comprar apenas um sorvete. Depois, alteramos para o plural, em que várias pessoas foram comprar vários sorvetes. Se colocássemos "O meninos foram comprar", estaria errado.

Como indica o próprio nome, utilizamos os artigos definidos quando determinamos um ser entre outros de uma mesma espécie. Por exemplo, eu conhecia o menino e, por isso, utilizei o artigo "O".
Porém, usamos os artigos indefinidos quando indicamos um ser qualquer entre outros de uma mesma espécie, dando um sentido vago. Por exemplo, o sorvete era um qualquer entre os demais, eu não o especifiquei. Poderia ter posto:
O menino foi comprar o sorvete da Nestlé.

Então, com o básico visto, vamos aos locais em que usamos o artigo?
1. No singular, os artigos definidos podem indicar toda uma espécie.
A lealdade é uma virtude humana.
O respeito é necessário aqui.
O trabalho é uma ferramenta de força.
2. O artigo pode substantivar palavras pertencentes a outra classe gramatical.
O sim é sempre bem-vindo.
Entendi o porquê de tudo isso.
O não é necessário às vezes.

Observe que, nas frases acima, nós substantivamos (transformamos em um substantivo), por exemplo, o advérbio de negação "não". Por isso, "não é necessário às vezes" muda totalmente o sentido da frase; ele nega a ideia e faz o sentido original ser perdido.
3. O artigo indefinido pode indicar a ideia de aproximação numérica.
Mensagens (0)
Aparentava ter uns quarenta anos.
Faz uns dez anos que não o vejo.
Não estudo há uns dias.

Obs.: espero, realmente, que vocês não se enquadrem no terceiro exemplo...
4. É necessário o uso do artigo para determinar nomes próprios de pessoas no plural.
Os Incas
Os Maias
Os Silvas
5. Depois de "ambos" ou "ambas", é obrigatório o uso do artigo, respectivamente, "os" e "as".
Ambas as crianças eram felizes.
Ambos os parentes sorriram cúmplices.
Ambos os amigos assistiram à cena.
6. É opcional o uso do artigo em casos de nomes próprios quando apresenta familiaridade ou afetividade.

Tanto faz usar um ou outro, é facultativo. Porém, não utilizar artigo nesses casos é o que mais se faz.
O Carlos é o meu melhor amigo.
Carlos é o meu melhor amigo.
7. Com a palavra "casa" especificada, com certo complemento (de alguém, ou minha, sua, nossa...).
Voltei da* casa da Maria há alguns minutos.
Caminhava em direção da* casa da Francisca.

*Lembrando que "DA" vem da contração, da junção, de "DE" + "A".
8. Quando a palavra "Terra" significa o planeta ou se for o chão firme, mas especificado.
A Terra é geoide.
Voltaremos à* minha terra.

*A crase representa a soma do artigo "A" e a preposição "A". Se eu optasse por não colocar artigo antes de "minha", já que é opcional, não haveria crase.
9. Nos momentos em que "todo" ou "toda" significam totalidade ou inteireza.
Ele leu todo o livro. (O livro inteiro.)
Conheci toda a cidade. (A cidade inteira.)

Observação: no plural, sempre se utiliza o artigo (todas as mulheres, todos os estudantes) a não ser que haja um numeral após o "todo" ou "toda" sem substantivo em seguida. Por exemplo:
Certo: Todos trinta podem se inscrever.
Errado: Todos os trinta podem se inscrever.
Certo: Todos os trinta estudantes podem se inscrever.
Errado: Todos trinta estudantes podem se inscrever.
Certo: Todas as mulheres são vaidosas.
Errado: Todas mulheres são vaidosas.
10. Ao vir antes de superlativos.

Ela é a melhor. Ele não consegue responder as questões mais difíceis. Esses casos são superlativos, uma intensificação da qualidade do indivíduo. Assim:
Não conseguia desvendar os maiores mistérios do mundo.
Não temeria os maiores inimigos que viria a encontrar.


***
Fácil? Já que é impossível escrevermos um texto sem artigo, vimos muito o uso na prática, o que ajuda bastante no entendimento da aula.
Bem, então, prosseguiremos?
Veremos, agora, quando não utilizar o artigo:
1. Em estruturas com "cujo".

Sempre que usarmos a estrutura do cujo, não utilizamos o artigo. Lembremos que utilizamos o "cujo" para dar sentido de posse. Nos exemplos abaixo, o roteiro pertence ao filme, a capa é do sofá, e a amizade é do João.
Outra lembrança que devemos ter é que "cujo" já contrai o artigo. Assim, "cujo" + "o" = cujo; "cujo" + "a" = cuja; "cujo" + "as" = cujas; "cujo" + "os" = cujos. Sim, existem todos esses acima e devemos utilizá-los para concordar com o que vem a seguir. Por exemplo: "Joãozinho, cujas amigas eram antipáticas, era um bom rapaz".
O filme em cujo roteiro ajudei será lançado. Errado: O filme em cujo o roteiro ajudei será lançado.
O pequeno sofá, em cuja capa derramei café, permanece sujo. Errado: O pequeno sofá, em cuja a capa derramei café, permanece sujo.
João, em cuja amizade eu posso confiar, estava, mais uma vez, ao meu lado. Errado: João, em cuja a amizade eu posso confiar, estava, mais uma vez, ao meu lado.
2. Antes da palavra "outro(s)" e "outra(s)" quando está no sentido indeterminado.

Ou seja, no caso de "outro" e seus derivados, sempre que conhecemos e indicamos quem está sendo falado, colocamos artigo antes. Podemos sempre substituir a palavra "outros" por "demais" e veremos se colocamos o artigo. Por exemplo:
Fiquem dois aqui, os outros podem ir. (Os demais podem ir.)
De trinta peças, ele montou vinte; as outras foram montadas pelo seu amigo. (As demais foram...)

Quando não conhecermos ou especificarmos anteriormente o número, "outro" e seus derivados não poderão ser antecedidos por artigo definido.
Alguns prestavam atenção, outros alunos vegetavam.
Uns escrevem bem, outros não o fazem.
3. Diante de pronomes possessivos (meu, teu, dele, seu, nosso, vosso), o artigo é opcional.
O meu melhor amigo é Carlos.
Meu melhor amigo é Carlos.
A minha família é imperfeita, eu assumo.
Minha família é imperfeita, eu assumo.

Sabem aqueles casos em que utilizamos o pronome para se referir a algo que já passou? Olhem o exemplo:
A sua vida era bela, mas a minha era uma droga.

Nesse caso, estamos apenas omitindo, "escondendo", a palavra "vida" para não a repetir. Assim, é obrigatório colocar o artigo antes do pronome possessivo (lembrando que ele sempre indica posse!).

4. Em expressões com palavras repetidas.

Lembrando das regrinhas de crase, não colocamos a crase (à) nessas expressões de palavras repetidas.
Face a face
Frente a frente
Lado a lado
5. Quando adjetivos caracterizam o mesmo substantivo.
Adequado: A feroz e fatal fera atacou-nos.
Inadequado: A feroz e a fatal fera atacou-nos.
6. "Todo" e "toda" quando significarem "qualquer, cada".
Adequado: Toda mulher é vaidosa. (Qualquer mulher é vaidosa.)
Inadequado: Toda a mulher é vaidosa.
Adequado: Todo estudante pode se inscrever. (Qualquer estudante...)
Inadequado: Todo o estudante pode se inscrever.

Observação: relembrando que, no plural, sempre se utiliza o artigo (todas as mulheres, todos os estudantes) a não ser que haja um numeral após o "todo" ou "toda" sem substantivo em seguida.
7. Na palavra "casa" quando não está especificada.
Adequado: Saí de casa há alguns minutos.
Inadequado: Saí da* casa há alguns minutos.

*Lembrando que "DA" vem da contração, da junção, de "DE" + "A".

8. Com a palavra "terra" quando significar o chão firme sem especificado algum.
Eles permaneceram em terra.
Os marinheiros irão à terra do comandante.
9. Com o nome da maioria das cidades brasileiras quando não estiverem especificadas.

Sim, há alguns casos que precisam do artigo como: o Rio de Janeiro, o Recife, a Lapa...
São Paulo Salvador
Porto Alegre Rio Branco
Maranhão Goiânia

Quando estiverem especificadas, sempre levarão artigo. Exemplo: "estive em São Paulo, ou melhor, estive na São Paulo de Mário de Andrade" ou "estou em Paris" e "estou na iluminada Paris".

10. Junto a nomes de jornais, revistas, artigos...
Percebi o Naturalismo em O Cortiço
Li a notícia em O Estado de São Paulo, o jornal.
***
Então, finalizando, vamos lembrar que "num", "numa", "duma" e os seus semelhantes não são formalmente escritos. Logo, usemos "em um", "em uma", "de uma" em nossas fanfictions ao narrar de maneira formal.

Nos demais casos, sempre que surgir uma dúvida, ou nos pergunte (por aqui ou por mensagem privada), ou recorra ao fim estilístico. Se pretende vincular algo a uma ideia mais geral, não use o artigo. Senão, utilize-o.

E, como não poderia faltar o apoio de nossa missão de hoje, caros ninjas, vamos ao nosso resumo?
UTILIZAMOS O ARTIGO
Regras: Exemplo:
1. O artigo, no singular, indica toda uma espécie. A lealdade é uma característica humana.
2. Substantiva palavras de outras classes gramaticais. O não tem de ser aceito.
3. Indica ideia de aproximação numérica. Faz uns anos que não o vejo.
4. Determina nomes próprios no plural. Os Maias eram problemáticos.
5. Após "ambos" e "ambas". Ambos os meninos eram felizes.
6. Com a palavra "casa" quando especificada. Vou à casa do Pedro.
7. Quando "Terra" significa o planeta ou quando for o chão firme especificado. A Terra é azul.
Eu me orgulho da minha terra.
8. Quando "todo" e "toda" significam "inteiro(a)". Li todo o livro.
9. Ao vir antes de superlativos. O Nyah é o melhor site de fics.
OPCIONAL: ao apresentar nomes próprios com familiaridade ou afetividade e ao estar diante de pronomes possessivos (meu, teu, seu, nosso, vosso, seu). A minha melhor amiga é Joana.
Minha melhor amiga é a Joana.
NÃO UTILIZAMOS O ARTIGO
Regras: Exemplo:
1. Em estruturas com cujo. O homem cuja fé era duvidosa entrou na Igreja.
2. Quando o sentido é indeterminado, não deve haver artigo antes de "outro" e "outra". Uns escrevem bem, outros não o fazem.
3. Em expressões com palavras repetidas. Frente a frente, estávamos.
4. Quando adjetivos caracterizam o mesmo substantivo. A feroz e fatal fera nos atacou.
5. "Todo(a)" no sentido de "qualquer", "cada". Toda mulher é vaidosa.
6. Na palavra casa quando ela não for especificada. Estou saindo de casa.
7. Com a palavra "terra" com o significado de "chão firme" (sem especificado). Eles permaneceram em terra; mais tarde, embarcariam.
8. Com o nome da maioria das cidades brasileiras quando não estiverem especificadas. Salvador é uma belíssima cidade.
9. Junto a nomes de jornais, revistas, artigos... Li a notícia em O Estado de São Paulo, o jornal.

Aprovaram a nossa missão? Curtiram? Então, compartilhem também a sua opinião nos comentários abaixo. Agradeço a leitura e espero ver os meus queridos ninjas noobs no nosso próximo encontro. Abraços,
Letícia Silveira e Lady Salieri.