Aquela manhã de segunda começou com os três digiescolhidos e seus parceiros correndo pela casa, Pierre saia com o terno na mão e a camisa aberta, e Takeru nem sequer tinha vestido a camisa, já era rotina para a governanta ver os mamilos róseos do jovem Takaishi e os gominhos se formando no abdômen, Pierre por outro lado aparentava ser mais mais velho, o corpo atlético parecia de um adulto, Catherine descia apressada, segurando o colete azul e com a gravata solta.

— Será que vocês não iam se trocar melhor parados, la nos quartos, banheiros.

— Desolé dame, acordamos muito tarde. Explicou Catherine.

— O que ela tem? Não estamos nus, só meio vestidos.

— A madumazele veio de um convento. Explica Catherine.

— Ih kami, agora tudo clareou. Pensa Takeru, lembrando das inúmeras vezes em que ela o flagrou despido.

— Ah entendo, ainda bem que não caímos em colégio religioso, ia dar muito ruim nos pegarem assim. Pentelhou Pierre.

Os três terminaram de se trocar e correram contra o tempo para não se atrasar, chegaram ofegante, mas a tempo.

— Podemos repetir a reunião, sabe me simpatizei com os digiescolhidos.

— Pierre-San. Takeru aponta usando o nariz para Madeleine.

— Esqueci, aqui não, mas é sério foi legal!

— Uie, mas a nossa amiga não sabe. Cochicha Takeru.

— O que os dois tanto sussurram Catherine? Perguntou Madeleine, curiosa.

— Deve ser basquete? Os dois só falam disso.

— Eu quase me esqueci, aqui! Madeleine ofereceu o embrulho com os corações dentro da classe, levantando um monte de murmúrio e uhm.

O loiro não podia estar mais envergonhado, busca Catherine pela sala e todos estavam na expectativa se o jovem ia aceitar, só para bate palmas, a digiescolhida por outro lado, era nitido que saia quase fumaça pelas orelhas.

Pierre observou a cena e olha o embrulho por cima do ombro de Madeleine.

— Nossa que brega! Comprou isso aonde? Pergunta Pierre.

— Eu quem fiz, aqui Takeru… Esse ta sem nozes.

— Não ta vendo que o Takeru não quer! Provoca Pierre. — E ele ta certo viu, vai que essas gotas sejam chumbinho. Pierre faz a classe toda dar risada.

— Chumbinho tem nessa sua cabeça oca.

— A minha que é oca tem certeza? Não fico por ai tentando a todo custo chamar atenção.

— Pierre-San por favor. Pede Takeru.

— Não Takeru, espera um pouco, me dá aqui. Pierre sobe na carteira antes da chegada da professora e toma para si o pacote, derrubando alguns corações.

— Ele não vai fazer isso. Pensa Catherine.

O francês cheirou o conteúdo e comeu três de uma vez.

— O que pensa que está fazendo? Pergunta incrédula Madeleine.

— Vendo se você não vai intoxicar o Takeru, mais do que já faz. Provoca o loiro devorando os biscoitos, chegando a oferecer pela classe.

“Eu odeio desmerecer as pessoas, mas kami eu só tenho o que agradecer o Pierre”. Pensa Takeru aliviado.

Catherine conteve o riso, a professora chegou irritada, pois a regra era clara, proibido alimento dentro da sala, e boa parte da turma estava com os biscoitos socados na boca, ou escondendo na mão.

— A gente só tava dando uma opinião. Justifica Pierre.

Era nítido para Madeleine que tinha algo estranho com Takeru, ele relutou até as últimas para receber o embrulho, talvez fosse tímido.

Na hora do teste, o exagero foi tamanho que mais uma vez a francesa pagou mico, estava torcendo mesmo sem nem saber canções do time, ou o nome, ela só enxergava um.

— Eu queria entender o que tem de errado comigo? Takeru suspira alto, olhando para arquibancada.

— Com você nada, mas acho que ela não tem muito amor próprio não eih. Aponta Pierre. — Se quiser eu faço o técnico fechar o treino, tirar essa mala, to vendo que ela mexe com seus nervos, mas não é como a Taylor com os meus, depois quer falar sobre?

— Ah Pierre-San, é só… Muito cedo para me apaixonar.

— Se concentra no jogo, uma hora ela vai se tocar, ou pelo menos seja otimista.

— Tomara, vamos jogar. Takeru e Pierre dão início ao jogo teste, ainda que com a mania de abraços que os jogadores franceses tinham, e tratavam Takeru como se ele fosse francês e não japonês, o loiro por vezes levava fama de mal educado pelas esquivadas, ia levar tempo para os costumes mudar, ou na pior das hipóteses o loiro manteria os hábitos.

Os testes físicos já foram puxados, o técnico anotava algo na prancheta.

— Como os meninos tem essa paciência de ficar correndo atrás da bola, mas diz ai Catherine, seu irmão ta um gatinho com nosso uniforme. Madeleine insinua.

— Madeleine, o Takeru ficou sem graça… C-com você, para de se esfregar nele.

— É inevitável, ele diferente dos meninos que conheço.

Os meninos foram para o chuveiro e quando foram para o intervalo, Takeru começou a colocar os ensinamentos do sensei Ishida Yamato em prática, o loiro sugava o espaguete com vontade, usando o hashi, Catherine olhou para ele como se não o reconhecesse, mas pior que Catherine estava Madeleine, a loira passou os últimos meses vendo a postura formal do novato, os modos, agora ele estava comendo com os talheres japonês e sugando o macarrão com o prato fora da mesa, na altura da boca, Takeru estava claramente irritando alguns, provocando estranhezas.

— Ta tudo bem Takeru? Pergunta Madeleine, tendo uma inesperada resposta, um arroto. O loiro soltou alto e sem prender espantando as francesas. Será que estava dando certo a julgar pela cara de espanto das meninas.

— O que houve Madeleine? Pergunta Catherine.

— É que o… Não devia fazer isso aqui. Estranho a umas semanas você comia como um prin- você comia normal.

— Ah isso? É que eu aprendi assim Madeleine, do pré até dia desses eu comia desse jeito, eu só não quis mostrar de cara, mas como eu tô em casa não tem problema afrouxar a exagerada etiqueta, e a julgar pela cultura do Japão não fiz algo errado.

Após o lanche era hora de testar mais um tópico, Takeru não saia do celular jogando um joguinho de tiro, com direito a língua pra fora e uma alta concentração na tela, enquanto Madeleine tentava um pouco de atenção e quando a loira achou ruim, piorou mais ainda, pois não bastasse ignorar e gritar pelo jogo, Takeru e Pierre estavam bem espaçosos, de perna aberta.

Catherine não conseguia segurar o riso, ela desconhecia a origem da ideia, sabia que o loiro tinha bons hábitos a mesa, e ele desenvolvia boas conversas com qualquer pessoa, foi isso que ele quis dizer com “eu vou dar um jeito!”, mas naquele dia em questão Takeru vinha se comportando como um bárbaro, o loiro ainda passou a mão descaradamente pelo colega e voltou para o jogo.

Quando Madeleine pensou que conseguiria um minuto de atenção dizendo que eles iam acabar com a bateria do celular, Takeru mudou de tática e passou a falar de jogos de basquete com Pierre, o francês prometeu assistir uma partida com o mais novo jogador do time, pois era um costume deles com os novatos, maratonar jogos de seus ídolos, o digiescolhido da esperança estava se divertindo internamente, pois quebrou a imagem de príncipe encantado que tinham dele, a conversa não podia estar mais estranha, os dois entendiam tudo sobre o esporte, Pierre falava de ângulos para arremessos, Takeru de táticas de bloqueio e giros para encestar inesperadamente, o assunto rolou até o toque do sinal.

Na hora da saída o técnico nem explicou e já veio abraçar o mais novo atleta do time, aquilo fez o digiescolhido levantar uma carranca bem conhecida.

— Félicitations, Takeru, você já integra o time no próximo jogo.

— Fala o que foi? Perguntou Pierre.

— Por que diabos vocês gostam tanto de agarrar e beijar os outros, kami se um professor aprontasse isso no Japão tava expulso, ia ser um lolicon.

— Perdón, que?

— Lolicon, um tarado. Responde Takeru.

— Sério, esquisito ta você hoje. Adverte Pierre com as mão atrás da cabeça. — Vi a hora de empurrar o técnico, que cara foi aquela? Perguntou o jogador.

— Eu fiquei feliz de entrar, mas é sério, essa de beijar desse jeito ta muito fora dos limites. Ralha Takeru.

— Calma ae, o que eu quero saber mesmo, é o que deu em você hoje?

— Nada, ué! Eu como assim em casa, é normal.

— Normal aonde? Parecia um sangue suga chupando um carneiro, tem alguma coisa que você ta escondendo. Pressiona Pierre.

— E-Eu não tenho nada escondido! De onde tirou essas ideias? Pergunta Takeru suando.

— Ok, acabei de me tornar seu amigo, não to esperando que compartilhemos tudo, mas que você e a sua irmãzinha escondem segredos isso ta na cara, mas toda família tem podre, então a única coisa que me interessa é o jogo, sem pressão, mas acha que ta pronto? Nossos rivais podem massacrar a gente em campo. Avisa Pierre.

— Olha, depois de sobreviver ao ataque dos quatro mestres das trevas, do Kimeramon, e de outros monstros, eu acho que simples jogadores eu dou conta. Afirma Takeru, convencido.

— Já está falando como um verdadeiro Lyon. Pierre abraça Takeru e esfrega o punho nos cabelos.

Para Madeleine foi complicado, pois se fosse para apresentar Takeru para sua família com tudo aquilo que viu, ele já estaria descartado para namorar a jovem.

Madeleine enxergava um príncipe, no entanto viu um garoto malcriado, e sem modos na mesa.

— Catherine, eu to sem graça, mas o que foi isso no intervalo, nem parecia o Takeru.

— Madeleine, meu irmão foi criado em outra realidade, para ele esses modos foram os corretos, eles comem desse modo para mostrar que estão gostando da comida, não entendi nada também, o que foi?

— Não foi só isso, com que frequência seu irmão coça, o- passa a mão lá? Perguntou Madeleine. Catherine abafa o riso.

— Deve ser diariamente, ora Madeleine, eu não fico de olho nisso.

— Foi impossível, ele fez em público, sem cerimônias. Reclama Madeleine. — Mas quem ama aceita com qualquer defeito não é. Com a afirmação Catherine quase desmaia.

— Madeleine, o meu irmão não quer nada com ninguém, será que não entende, não ta claro? Pergunta Catherine, sem saída e encurralada, a garota não sabia mais o que dizer para tirar a garota do pé do namorado. — O Takeru é gay Madeleine, não repara que ele só quer o tempo todo ficar perto do Pierre.

Madeleine engoliu seco, a loira desmontou seu castelinho de cartas.

— Agora muita coisa ta explicado. A voz saiu chorosa.

“Pelo amor de deus me perdoa Takeru-Kun, eu tive que fazer isso, essa idiota ia continuar no seu pé”.

Takeru e Pierre continuavam jogando basquete pelo colégio e isso acabou em esbarrão, Takeru foi apanhar a bola e não viu a loira com a cabeça baixa o tombo acabou sendo forte para ambos.

— Pelo amor de deus viu, além de perna mole, é pé frio, o cara mal chega no time e já quer lesionar. Pentelhou Pierre.

— Sejam felizes. Desabafa a loira, fazendo os dois se encarar.

— Oh Madeleine, procura a enfermaria, o seu caso é sério louca, que negócio é esse de sejam felizes? Pergunta Pierre.

— Eu também não to entendendo.

— Não se façam de anjos, vocês se aproximaram desde o primeiro dia e trocam segredos. Aponta Madeleine aos gritos. — Vocês dois são, vocês dois são gays.

Takeru e Pierre encaram Madeleine com um expressão de desentendidos e se encaram, só não contém o riso.

Madeleine os encarava emburrada por zombarem dela, os meninos choram de tanto rir.

Não era agora que Pierre assumiria o relacionamento com Taylor e nem Takeru com Catherine, a situação era cômica e não era a primeira vez que Takeru era taxado de gay, no antigo colégio chegou a ter rumores, justamente porque ele não namorava nenhuma das meninas que lhe presenteou no dia dos namorados e nem devolvia os presentes, Pierre não estava entendendo, mas riu debochando da cara de Madeleine.

A garota já tinha fama de fofoqueira, esse acabou sendo mais um dos seus boatos, Pierre disse que Madeleine não tinha o que fazer e criava.

Madeleine acabou sendo zuada pelo boato criado, mesmo esse tendo sido criado por Catherine que confessou quando chegou em casa, o digiescolhido ficou incrédulo com a revelação.

A loira pediu desculpas inúmeras vezes e alegou que não sabia mais o que fazer com Madeleine.

Após um princípio de dr entre os pombinhos, mas nada que os beijos não pusessem fim, ambos estavam as sós no jardim e Takeru ouviu o que não esperava, a loira propor que fossem apenas irmãos, isso não dava, iria ser impossível, o digiescolhido mostrou que a perdoou pela trapalhada, o boato.

— De jeito nenhum seremos apenas irmãos Cather-Chan, a Madeleine vai ter que entender que não é o Pierre. O loiro ri daquilo, eu queria entender por que todos dizem que eu gosto de homens, enfim, eu não consigo ficar bravo com você minha flor.

— Takeru, eu vou me desculpar de novo. Eu não aguentei saber que ela ia tentar de novo…

— Ela pode tentar, mas vai ser em vão. Takeru pega a loira e passa as mãos por entre os cachos, e a beija, puxando a francesa para o colo.

— Eu to pronta Takeru. Provoca a francesa quando o beijo é quabrado.

— Pronta? Cather, tem certeza? Pergunta Takeru, em seguida o loiro morde ao redor dos seios e desce a boca.

— Uie, uie, eu quero ser sua, e você eu também não divido com ninguém. Catherine sussurra arrepiando Takeru.

—Eu sou todo seu, você já me prendeu nas suas raízes e eu sou sua presa. Declara Takeru.