Estranhamento e medo, eram estas as sensações que Clara, Kate, e Alonso, sentiam agora na sala de operações. Onde eles haviam acabado de descobrir que o seu pobre e pequeno planeta Terra, havia sido vendido. E o Doutor, simplesmente havia corrido para a TARDIS, e os-deixado sozinhos.

— O quê?! Mais uma invasão alienígena?! - Questionava Kate indignada. – Eu não acredito! Por que sempre a Terra? Não vivem nos chamando de primitivos fedorentos?! E os filmes sempre mostram isso, mas nunca nos dão uma razão descente.

— Bem... Podem estar querendo algo de muito especifico que haja no planeta. - Supõe Clara.

— Mas o que seria? Água? Acho que não. Não é só lá fora, também está acabando para nós.

— Sim, e com certeza não deve ser isso. E por isso... O Doutor deveria estar aqui! Respostas.

— Porém, se a mensagem diz sobre um novo dono a caminho... Então ele já está vindo. Pode estar longe, mas... Está vindo para cá! Alonso, cheque os nossos radares espaciais. Verifique as proximidades do sistema solar.

— Já estou fazendo isso senhora. - Manuseava os computadores, apressado.

— Hum, bom trabalho.

— Obrigado, senhora.

— Essa é uma ideia brilhante, Kate! - Diz Clara. – E podemos usar o Kepler novamente.

E logo, um resultado aparecia nos vários monitores da sala. Mas, não seria um resultado muito animador.

— Não há nada de diferente nas proximidades, senhora. - Avisa Alonso, sobre a busca por ameaças. – Todos os dados capitados aqui são os mesmos de cada dia. A vizinhança espacial está perfeitamente normal, não há nada de diferente. Os nossos invasores devem estar muito longe mesmo.

— Ah, uma invasão atrasada, tudo o que eu, meu pai, e o Doutor, sempre odiamos. Podem estar sim muito longe, mas tenho certeza, estão vindo. E você, Clara... Não seria melhor se preparar para recepcionar os nossos visitantes? Temos protocolos para situações desse tipo.

— Acho que não, tenho coisa melhor. - Diz Clara, sacando a chave da moto do Doutor. – Um dos meus alunos disse algo estranho, algo como... “Os novos donos herdarão a casa, e os que se escondem serão revelados”. Preciso saber o que ele quis dizer. Fizemos tantas coisas, que eu só vim me recordar disso agora!

— Hum, “a criança sobrenatural”, era só isso o que faltava. Pode ir. E Alonso, acompanhe ela.

— Sim, senhora. - Alonso, se levantava de sua cadeira, e enfiava um Walther ponto 99 em suas calças. – Vamos? Estou pronto.

E sorrindo, Clara partia da sala, com Alonso a-acompanhando.

— Ah, então você será o meu companheiro?

— Companheiro?! Sou o seu guarda costas!

— Sempre quis ter um companheiro! O Doutor vive tendo, é essa a minha vez.

— Eu já disse, sou o seu guarda costas.

— Mesma coisa. Para que você acha que eu estou na vida do Doutor?

— Até mais. - Diz Kate. – Continuarei daqui, vou pedir um reforço da equipe de monitoramento. E enviar um email para a NASA!

***

GALÁXIA FRATRIS/ HÁ 50.000.000 ANOS LUZ DA TERRA/ PLANETA KUNN/ ALGUM PALÁCIO NA CAPITAL FIRATOC

Correria e correria, era isto o que estava acontecendo por parte da Missy, e dos inúmeros guardas armadurados e muito bem armados, atrás dela, com longas e afiadas lanças negras. E assim, fugia a Senhora do Tempo, por entre aquele enorme palácio alienígena, repleto de portas, porões, estatuas e corredores. Partindo apressada por um desses corredores, chegava agora até a sala dos elevadores, mas, antes que ela chegasse a algum... Vários guardas chegavam por eles. Porém, se virando para trás, mais deles chegavam pela porta também!

— Que dia. - Dizia Missy, olhando envolta a sua situação. – Não é sempre que há tantos rapazes ecléticos atrás de mim.

— Isso não precisava ser assim, minha subordinada. - Diz o aparente chefe daqueles homens, vindo até a Missy, um homem alto, de cabelo raspado, e trajes longos e negros. E também, com um pequeno chapéu feminino em mãos.

— “Não precisava”? Você se refere a minha fuga ou a eu lhe entregar as peças?

— Os dois. Você estava do nosso lado!

— Ainda estou, querido. E não estou roubando!

O homem, tentava disfarçar a sua face de raiva. A Missy esclarece:

— Estou salvando as suas vidas, se quiser saber.

— Mentirosa. Você sempre mente, não é? Como poderia estar nos salvando?! E nem mesmo foi paga para isso! E mesmo que fosse o caso... Eu me preocuparia mais com a sua vida, se eu fosse você.

— Eu sei, e por isso estou fugindo.

— Está cercada.

— Pois é, mas não precisava me lembrar! - Direcionou o seu olhar para o chapéu, nas mãos do homem. – Mas, quanto a este chapéu...

— O que foi, quer ele? Deixou cair na correria.

— Aconteceu, mas não diria que se trataria para mim de um simples chapéu. - Rendeu lagrimas em seus olhos. – Esse chapéu... É a única lembrança que me restou de uma grande amiga. Ela se foi há muito tempo. Colega de cela, eu a-devorei em um dia de tédio.

Se esforçava ao máximo para controlar as emoções.

— Sei que vocês me matarão aqui, mas não quero ir sem ele, não sei ele! - Disse, em sua pose dramática.

— Isto é algum truque?!

— Claro que não! Que truque idiota com um chapéu poderia me salvar agora?! Isso não é um circo.

— Tem razão. - Observava o objeto. – Mas vamos lá, o chapéu pelas peças.

— Uma.

— Uma?!

— Um por um.

— Que seja, você morrerá mesmo.

E assim, atirou o chapel para a Missy, e ela, lhe atirou um outro objeto para ele, retirado de um dos bolsos do seu sobretudo. Era uma espécie de objeto dourado, muito parecido com um pequeno motor. O homem, admirava a peça, com um enorme brilho malicioso em seus olhos.

— Mas, corrigindo o que eu disse... - Dizia a Mestra. – Ele é sim um simples chapéu.

O homem, se mostrava curioso com aquilo. A mulher continua:

— Entretanto, apenas por fora. Circuito camaleão, queridinhos. - Piscou para os guardas.

E imediatamente, alargando a boca dessa vestimenta, o-jogava no chão, e em seguida, mergulhava para dentro dele. Aquele chapéu era a sua TARDIS.

— Homens?! - Gritou o chefe. – Parem-na!

E assim, atiravam eles, as suas lanças, na direção da Senhora do Tempo, mas, que como ali já não mais estando, acabava com que as lanças passassem direto, e atingissem uns aos outros. E o chefe, se agachava até o chão, pra apanhar o chapéu, mas, que em segundos, logo sumia da sua frente, e deixava apenas um som curioso e rangente, e uma leve brisa, sacudindo as suas vestes de finos tecidos.

— Ela fugiu. - Disse embasbacado. – Certo! - Se levantou determinado. – Mas isso não ficará assim, Missy! isso não ficará assim!

Porém, enquanto isso, o pequeno e belo chapéu, rodopiava pelo vórtex do tempo, e dentro de si, a sua pilota manuseava o seu console.

— Que dia, esse é um daqueles. Corri mais do que o Leroy Burrell em 91! Acho que vou precisar de uma hidromassagem, em qualquer lugar de Dubai está bom.

Mas, seria apenas um desejo mesmo, pois os problemas de sua vida estariam com outros planos para ela. Onde, a TARDIS se descontrolava, rodopiando sem parar, e faíscas e alertas malvas não paravam de lhe afligir.

— O que está havendo?! - Puxou o monitor para si. – O destino está correto, Terra. Mas, não neste ponto! Para aonde eu estou indo?

Assim, um enorme impacto era sentido, e a Senhora do Tempo, caía no chão, pois externamente a sua TARDIS havia acabado de cair num severo deserto à noite, e então, uma enorme cratera acabava de se formar onde o chapéu havia se chocado.

— Sinceramente, eu não sei o que você viu de interessante por aqui. - Diz a Missy, saindo do chapéu, com a sua cintura ainda lá dentro, e as mãos já apoiadas sobre a terra. – Pelo menos, aqui está mais tranquilo. - Acabava de sair, e assim, recolhia o objeto, e o-tirava a poeira, o-estapeando.

Mas, já dando os primeiros passos para sair da cratera, era logo interrompida. Latidos, sons de pessoas se aproximando, e luzes de lanternas, isto tudo, a-cercava agora, por todos os lados.

— Parada aí! - Dizia uma silhueta masculina, entre várias outras ao redor. – Você está invadindo uma área restrita, temos total permissão do governo para executa-la, ou prende-la por tempo indeterminado.

— Ah, restrições, sempre elas. Foi um velho amigo meu quem as-inventou, sabiam? Mas se referindo a área, que área é essa extremante?

— Uma área de destacamento remoto da Base Aérea de Edwards, Lago Groom.

— Pensando bem... Me é familiar. Mas se eu estiver certa... Então aqui é...

— Área 51, em outas palavras.

— Hum, bem... Mas como dizem no sul... - Entretanto, foi interrompia.

— Você não tem permissão para xingar!

A Senhora do Tempo, permaneceu boquiaberta.

***

DIA SEGUINTE/ GALERIA DE CATALOGAÇÃO DE OBJETOS NÃO IDENTIFICADOS

Era ali que a Missy estava agora, na galeria de coisas desconhecidas e estranhas, para as conveniências humanas, onde se reuniam dezenas de artefatos alienígenas e entre outros, e que em muitos casos, haviam caído na Terra, ou sido apreendidos. Um lugar, onde tudo era estranho para aqueles seres primitivos, e ela, apesar das semelhanças, era mais estranha para eles do que qualquer outro objeto ali, nas várias caixas de vidro enfileiradas. E também, se sentia uma estranha para sim mesma, olhando sem foco para o ambiente, a Senhora do Tempo, se sentia ridícula e abandonada, por ter ligado para o seu amigo, e ter o seu pedido de socorro negado e desprezado por completo.

— Por que não me matam logo? - Perguntou, sentada e amarrada numa cadeira elétrica. – O Doutor não virá por mim, essa seria a última coisa que ele faria no universo. E talvez até mesmo isso seja pouco provável de acontecer. - Disse cabisbaixa.

— Errado. - Diz um dos cientistas da base, que estava ali junto a Missy e com algumas outras pessoas, todos técnicos e pesquisadores da base. Era ele, um homem já maduro, vestido em um jaleco, e de traços asiáticos. – Pois se você conhece mesmo o Doutor... Ele virá, eu sei disso. E eu sempre o quis conhece-lo! Poderá nos ajudar em muitas coisas. Os arquivos do presidente Nixon nos mostram muitos detalhes empolgantes sobre ele.

— Sim, o Doutor conheceu muita gente.

— Conheceu? Hum, e você? De onde ele a-conhece?

— Quer mesmo saber? - Perguntou desanimada, e o homem confirmava a questão com o seu imenso olhar curioso. – Somos amigos de infância. E podemos aparentar, mas não somos humanos. Sou uma Senhora do Tempo do planeta Gallifrey, tenho mais de 2500 anos de vida, e ainda assim, estou sozinha agora. É isso que sou, e é aqui que eu estou.

— Você disse Gallifrey?! Isso fica na Escócia não é mesmo?

A Missy, revirou os olhos. O homem prossegue:

— Eu acredito na existência do Doutor, mas na sua... Acho que é uma espiã britânica.

— Já fui na verdade! Mas, quanto a Gallifrey na Escócia... Não, ele não é de lá. Porém, como eu queria que fosse. - Deixou derramar uma lagrima recordando de seu mundo, e antiga vida. – Mas agora... Vamos logo, me matem. Exijo uma execução! Preciso de um descanso, sabe?

Mas, antes que o cientista dissesse qualquer coisa para contrariar o desanimo da Senhora do Tempo, um som curioso e familiar roubava a atenção de todos, e luzes e ventania também se manifestavam em suas frentes, e em seguida, uma cabine azul já estava na presença de todos também!

— Isso é... - Dizia o cientista, embasbacado. – É uma cabine telefônica de polícia publica?! - Lia o letreiro.

— Publica não. - Corrige o Doutor saindo para fora. – Privada, é minha. - Fazia gestos de paz e amor com as mãos, e a Missy, sorria achando graça. – Por favor, não se assustem, sou o Doutor. Mas o Dentista, ele sim era terrível.

— Sabemos quem você é, senhor! - Disse contente. – Sou doutor também, sou o doutor Frank Hayakawa. Todos aqui são grandes admiradores seus!

— São? E prendendo a minha amiga?! - Curvou ao máximo as sobrancelhas. – Mas, acho que não mais. - E dizendo isso, libertou a sua conterrânea, vestindo e ativando os óculos sônicos.

As amarras, se desprendiam, e os demais indivíduos, apenas notavam aquilo sem respostas.

— Quanta gentileza, querido. Não precisava. - Se levanta da cadeira a Mestra, cheia de malícia em seu olhar e sorriso. – Pensei estar sozinha.

— Você é minha amiga, você me conhece. - Trocavam olhares sinceros, com as suas faces quase tocando uma à outra.

— Mas você falou aquilo, disse que o problema era meu.

— Mas você desligou na cara!

— Ah, não mude de assunto!

— Não estou mudando de assunto, sabe como sou sério sobre... - Logo se distraiu, percebendo algo de curioso entre os vários objetos extraterrestres, expostos na galeria. – Isso é o... - Corria para frente de uma das caixas de vidro. – É uma das peças da lendária e terrível Roda de Fogo. - Tocou na caixa.

— A sua amiga também havia comentado sobre. É assim mesmo que ele se chama? - Perguntou o doutor Hayakawa. – A encontramos nas profundezas das Bermudas, em uma área sobrecarregada por um campo magnético desconhecido.

— Bermudas, é assim que se agita. - Comenta a Mestra. - Mas são tão descriminadas.

— A Roda de Fogo, uma arma absurdamente terrível e encharcada com o sangue de milhões. - Narra o Doutor. - Uma espécie de impressora 3D, ou como um poço dos desejos! Lhe dá tudo de físico que você possa deseja, mas em troca... Se alimenta de quantas galáxias e vidas, se forem necessárias. Bilhões de guerras ocorreram por gerações e gerações pelo cosmos, e muitas dessas guerras... Por apenas uma peça.

— Exato, mas eu preferia que os humanos não soubessem.

— Falei demais?

— Com certeza.

Mas, os humanos, apenas permaneciam confusos e assustados, com a impressionante história do objeto que eles já teorizavam explicar. Nem haviam se dado conta do potencial do objeto em sua frente.

— Como veio parar aqui? - Questiona o Doutor.

— Também não sabemos, senhor. - Diz o doutor terráqueo.

— Não falei do objeto. - Corrigiu. – Falei de você... Missy.

— Achei que nunca iria perguntar! Mas, bem... Eu não pretendia estar aqui, queria apenas um bom banho e uma taça de champanhe! Acho que não era pedir muito. Mas eu também tenho uma das peças, e então acabei tendo a minha TARDIS atraída até aqui, devido aos experimentos lunáticos que fazem com esta outra. E assim, as duas peças tentaram se juntar, devido a energização que uma delas sofria.

— Espere aí, você tem uma? Não disse nada para nós. - Acusou Hayakawa.

— Claro, assim como o seu governo eu tenho os meus segredos. E acha que eu não estou por dentro de tudo o que vocês estão aprontando?

— O que pretendem com as peças? - Indaga o Doutor.

— Bem, ela causa sérias interferências em alguns aparelhos, parece possuir uma fonte própria e inesgotável de energia, e é feita de um metal que não há na Terra! - Responde o terráqueo. - Um elemento completamente desconhecido. Ela está em primeiro lugar nas pesquisas dos projetos especiais do governo.

— Humanos, tão superficiais. - A Missy, encarava as unhas.

— São interessantes ambições. - Diz o Doutor. – Mas, sinto em avisar, não poderei mais permitir.

— Não poderá mais permitir?! - Indaga o humano. – Sei que o senhor é considerado em muitos casos o presidente do mundo, mas ainda assim, não tem o direito de nos proibir algo do tipo.

— Certo. - Concordou simples e tranquilo. – Vou ali ver só uma coisa. - Se dirigiu a uma outra caixa. – Missy?! - Chamou. – Pega!

E assim, Missy aparou o objeto atirado pelo Doutor, muito parecido com uma arma de fogo terrestre. E ele, socou outro do mesmo.

— Mãos para cima! Mãos para cima! - Exigia o Senhor do Tempo.

Os humanos fizeram.

— Hum, que excitante! - Dizia Missy, gargalhando. – Um momento como este sempre foi um dos meus maiores fetiches. E ajoelhem-se também!

— Isso mesmo, ajoelhar. Temos armas de desintegração, não queriam acabar como aqueles impérios antigos.

— Mas você é o Doutor, você não usa armas! - Lembrou o terráqueo. - Vimos em seus arquivos!

— E vão acreditar? - Pergunta a Missy. – Fofocas, mais inúteis do que aquelas revistas de famosos. Quem se importa se o Brad e a Jennifer se separaram?!

— E podem perguntar a Missy, sou um louco, não sou? - Insiste o Doutor.

— Foragido do hospício.

— Mas o que vocês querem? - Pergunta o humano.

— A peça, me passe a peça!

E assim, o cientista fazia, retirando a peça de dentro da caixa, mas, que logo então um alerta vermelho começava a soar.

— E o chapéu, me passa o chapéu! - Exigia a Senhora do Tempo.

Hayakawa, destrancava uma gaveta de um armário metálico, e retirava e entregava o chapéu à Mestra.

— “Passar o chapéu”?! - Questiona o Doutor, desentendido. – Perdi alguma coisa?

— Disfarce conveniente, melhor do que uma caixa velha! Conhece algo chamado redecorarão?! - Responde a Missy.

— Conheço, mas ódio mudanças. E saiba que é aquela caixa velha que irá salva-la agora!

E assim, corriam para a cabine azul.

— Doutor?! Espere! - Gritava o doutor Hayakawa. – Não éramos apenas nós que esperavam por você, o presidente também!

— E ver o Trump?! Qual o seu problema?! Por que alguém faria isso?

E após isto, adentrava ele e a colega de infância, na caixa azul.

— Dá pra acreditar? Enganamos eles com secadores de cabelos Kirosianos! - Diz a Missy.

— Sim, mas isto significa algo de muito mais importante aqui.

— E o que é?

Mas, sem respostas verbais, o Doutor, apenas encarava sério aos olhos ferventes e contentes da amiga, e em seguida... Puxava com toda a sua força a grande alavanca, e assim, a TARDIS se retirava dali, e os humanos, enchiam as suas faces com a mais enorme das decepções.

***

ALGUM CONDOMÍNIO QUALQUER PRÓXIMO AO CENTRO DE LONDRES

Curiosos e apreensivos, se encontravam agora Clara e Alonso, bem já em frente da porta da casa de Martin. Que ficava em um condomínio fechado, mas, que graças à liberdade que Alonso possuía devido a autoridade da UINT, acabava ele e Clara adentrando facilmente então a praticamente qualquer lugar no país.

— Certo, é aqui que ele mora. - Diz Clara, tentando parecer confiante.

— Legal, crianças assustadoras. Super normal. - Comenta Alonso. – E é por isso que pretendo nunca ser pai!

— Ora, veja pelo lado bom! Isso é tão Arquivo X, eu posso ser o Mulder e você a Scully, que tal?

— Bem, eu sempre quis ser a Scully, e aquela era uma boa série. Mas desisti na metade da maratona.

— Tudo bem, é só uma fase, todo mundo já passou por isso.

Encerrando a pequena conversa de descontração, Clara agora toca a campainha.

— Ok, eu vou entrar e você espera aqui. - Pede Clara.

— Eu devo ir com você! Sou sua cobertura.

— Não, você deve ficar. Pois se vir comigo e algo acontecer lá dentro e nós dois seremos pegos, então já era a tentativa de descobrir alguma coisa. Então você vai ficar aqui, e sair correndo quando eu gritar, e chamar reforços. Tá? - Pediu exigente.

— Tá. - Respondeu amedrontado.

— Ótimo. E eu estou cheia de escutas, você saberá quando a coisa ficar feia! E acredite, eu grito muito alto!

— Tudo bem. Você é bem esperta na verdade.

— É, eu sei. É como uma espécie de charme!

Mas, escutando os sons dos passos dos moradores da residência se aproximando da porta, Alonso, então se afastava do corredor, e deixa apenas Clara na frente da porta. E com a maçaneta sendo girada lentamente, logo Clara notava a porta sendo aberta, e após isto, os pais de Martin estavam bem em sua frente. E eles, encaravam a professora com os seus olhares desfocados e distantes, e ela, com o maior espanto estampado em sua testa.

— Ah... Olá! - Diz Clara tentando parecer tranquila.

— Olá. - Disseram, com as suas vozes desanimadas e automáticas.

— Eu vim... Eu vim falar com o Martin, ele está? É sobre as suas notas! E ajuda-lo a... Fazer o dever de casa!

— Ele está. Entre.

Faziam um gesto de entrada para Clara. Que estava completamente amedrontada e desconfiada, mas, ao mesmo tempo, imensamente determinada a descobrir o que o seu aluno quis dizer com “os escondidos serão revelados, e o novo dono herdará a casa”. E já na sala de estar, Clara observava o ambiente silencioso, mesmo estando acompanhada, e notava algo de diferente ali, pois os sorrisos que a família estampava nos quadros da parede eram muito diferentes das expressões invigorosas que os seus rostos demonstrava pessoalmente.

— Onde está o Martin? - Pergunta Clara, cruzando os braços.

— No quarto. - Responde a mãe, com a sua voz desinteressada.

— Você quer entrar no quarto? - Perguntou o pai, com um olhar penetrante.

— Ei, isso é assedio! - Diz Clara, indignada.

— Eu quis dizer no quarto do garoto.

— Ah... Quero.

E o ranger de uma porta se abrindo, rouba rapidamente a atenção de Clara, o quarto de Martin estava bem atrás de si. E assim, ela se dirigia para lá, um ambiente bem arrumado, porém, com janelas trancadas, e cobertas por enormes cortinas vermelhas, e iluminado apenas, por uma lâmpada muito vagabunda, com uma luz bem fraca, o que tornava o ambiente muito escuro, e trazia um tom fúnebre ao local. O garoto, se encontrava sobre a cama, desenhando em seu caderno.

— Martin, precisamos conversar.

— Tudo bem. Eu sabia que a senhora viria.

— Sabia? Como sabia?

— Você é curiosa, você sempre vai atrás daquilo que a chamar atenção. Clara Oswald, a mulher que morre, a mulher que sempre morre, a mulher que já perdeu muito, mas que ganhou algo... Um amigo eterno.

— Como sabe disso?! Você está falando no Doutor!

— Sim, o Doutor.

— Mas você não poderia o conhece-lo! Você não é o Martin, não é? Onde ele está, o que fez com o meu aluno?

— Roubei a sua vida. Então sim, eu não sou ele. Mas você... Você é você, e o Doutor confia e sua amiga.

Clara, apenas ouvia aquilo, tentando imaginar alguma lógica por trás da cena, mas, após aquela frase, o garoto tomava outra forma, e se revelava assim um Zygon. E bem em pé estava sobre a cama.

— Vocês novamente?! - Indignou-se Clara. - O seu caso já foi resolvido, vocês concordaram em manter a paz!

— A maioria tola desistiu, mas a minoria persistente nunca desistirá das suas causas.

— E o que querem dessa vez? O mundo? Suponho que sejam vocês os compradores do leilão.

— Correto, mas isto está muito longe de ser o nosso objetivo final. Porém, com você aqui... Ele está bem mais próximo de se realizar agora.

— Ah, é? - E sorriu satisfeita. – Pois acho que o meu caso agora está resolvido também. Cheia de escutas, sabe? Tenho até em lugares que nunca imaginei! O meu reforço lá fora já sabe do que está acontecendo aqui dentro.

— Errado, ele não sabe, ele nunca saberá.

— Como assim?

Desceu da cama o Zygon, vindo em direção de Clara.

— Nenhum sinal de rádio entra ou sai deste cômodo. Bloqueio contra os seus truques primitivos.

— Certo, mas eu ainda posso gritar. - E assim gritava. – Socorro! Alonso?! Socorro! São Zygons!

— O quarto é selado acusticamente, ele nunca a-escutará.

— Ah, que droga! Você sempre vai ter uma carta na manga?! Mas também tenho uma, correr!

Se dirigindo depressa para a porta, notava Clara, algo não muito agradável, pois, a porta do cômodo havia sido trancado por fora.

— Os seus pais trancaram a porta! - Tentava forçar a maçaneta.

— Sim, mas eles não são os meus pais, são meus irmãos.

— Ok, mas você ser um Zygon... Isso explica o porquê de tantos erros naquela tarefa de inglês!

— Não me importo. Mas, você importa, você é nossa.