As madeixas morenas dançavam cortavam o ar frio da noite. Lucy teve sorte em conseguir escapar do laboratório, mas ela não foi a única que conseguiu sair viva e quase sem nenhum ferimento – não grave, ao menos. Outras pessoas fugiram com ela.

Essas outras pessoas, jovens beirando a fase adulta, também estavam desesperados para escapar daquele lugar tortuoso que transformaram eles no que são hoje. Não monstros, porém no mínimo aberrações. Não era como se eles fossem os mutantes pacíficos que eram expostos nos noticiários, ajudando os outros com problemas sérios.

A moça corria ao máximo se distanciando cada vez mais do grupo fugitivo – que poderia ser pego já que tinha uma quantidade junta de pessoas –, e tentava fazer com que o cansaço não a vencesse. Ela havia batalhado para fugir daquele lugar, então do mesmo jeito lutaria para manter sua liberdade. No início de tudo, quando ela era uma mera criança e não tinha muita noção do que estava acontecendo, a morena simplesmente não se importava com os exames de sangue rotineiros ou com os treinamentos esquisitos que fazia. Ela era apenas uma criança, que não enxergava a maldade e via a luz em cada detalhe do que fazia.

Ela ainda lembrava-se das palavras de sua mãe, que dizia para ela não ter medo e ser corajosa. Sua mãe. A mulher que deu a vida para Lucy também enganou-a, e fez ela ser um rato de laboratório, sem ter direito a uma vida normal.

Aos dezenove anos, tudo o que Lucy queria era ser normal. Ela queria ter amigas, estudar em um colégio chato e ter um namorado popular. Ser tudo o que garotas da idade dela são. Mas ela já estava conformada em ser uma cobaia. Pessoas normais não saberiam fazer o que ela faz, afinal.

Lucy realmente estava feliz por fugir. Ela respirava o ar como se fosse o último suspiro que ela daria. Mas ela sentia-se ao mesmo tempo incapacitada, por não poder ajudar a sua amiga que ficou presa lá.

Ela conheceu Amber – o nome dessa amiga dela – naquele lugar também. As duas garotas eram as experiências mais bem sucedidas do laboratório Tompinks. A menina nunca concordara com a ideia de Lucy sobre fugir, por medo de ser pega e maltratada como sempre foi. Então Lucy foi sozinha, deixando a única que se importava com ela distante e em perigo; deixando Amber para sofrer pela fuga bem sucedida de Lucy e das outras cobaias.

Certo, com a conformação de que ela não seria totalmente normal, Lucy queria fazer algo para melhorar a sua vida, com o auxílio de seus poderes. Poderes que ela adquiriu naquele laboratório.

Em Raleigh, a capital da Carolina do Norte, quem notaria essa jovem simples que não conseguirá se ajustar na sociedade?

***

Nick Fury estava irredutível. Qualquer um no lugar dele estaria da mesma maneira que ele se encontra. Os Vingadores, a equipe mais bem sucedida da SHIELD para a defesa da humanidade, simplesmente desapareceu.

O diretor tinha os mandado para uma missão na Carolina do Norte há uma semana, com a suspeita de que uma nova organização estaria agindo naquelas áreas e sequestrando pessoas para experimentos com o intuito de transformar essas pessoas em armas que pudessem destruir qualquer exercito.

Fury não queria ter a hipótese de que os heróis mais poderosos da Terra falharam ao descobrir a existência de uma nova companhia secreta. Mas eles estavam demorando demais, e estava na hora de Nick ir arrumar a bagunça deles.

Quando uma equipe selecionada pelo diretor – incluindo Maria Hill, Daisy Johnson, dentre outros agentes – foi enviada para checar a capital de Carolina do Norte, todos detectaram a mesma coisa pelos seus aparelhos: movimento mutante concentrado na região e nenhum sinal dos Vingadores.

O grupo liderado pela agente Hill, braço direito do diretor, ficou dividido para cada um cumprir uma função: uns estavam determinados a encontrar os Vingadores e outros iriam verificar esse movimento de mutantes.

***

Na ala principal do laboratório Tompinks, a cientista Mary via seus experimentos fugindo, sem mover um músculo, dar nenhum grito ou chamar reforços para captura-los novamente. Ela estava deixando-os ir porque não concordava com a ideia de ter como armas (e como representantes do país nas guerras) meros jovens, que se assemelham às crianças assustadas.

Mary sabia o preço que pagaria pelas suas escolhas, mas ela queria ver seus garotos seguros. Uma maneira de chamar a atenção para eles e mantê-los em segurança era sumindo com os Vingadores por alguns dias, mas isso fugiu de seu controle.

Ela havia usado Amber para transportar os Vingadores para uma dimensão diferente, dando os poderes de Lucy temporariamente para ela. Amber é uma menina graciosa, de dezoito anos que graças ao experimento dos cientistas ganhou o poder de roubar os poderes dos outros temporariamente, sem causar danos ou chamar atenção. Mas quando o efeito de ter os poderes de Lucy passaram, a menina não poderia ser capaz de trazer os Vingadores de volta.

Agora todos estavam ligados um ao outro, até a Hydra.

Hydra foi quem criou o laboratório Tompinks. Foi quem seletivamente escolheu as crianças que participariam do projeto. Foi a culpada de todo o caos. Mas o laboratório se rebelou contra os ideais da Hydra e agiram por conta própria.

Uma coisa é certa de toda essa experiência feita com os jovens: eles são completamente imprevisíveis.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.