Digimon Masters Overclock
Capítulo 10: Problemas na Escola
Vagarosamente Mattheus abria os olhos. Tremendo de dor ele tentava mover seus dedos que pareciam inchados. Por quanto tempo ele esteve desacordado? Seus amigos estariam bem? Várias questões surgiam em sua cabeça que também não parava de doer.
Ao longe, no meio de toda aquela fumaça densa parecia que algo se movia em sua direção.
— Crianças. Heeeeey! Aonde estão vocês?
Era Rodrigo, o rapaz responsável pelos jovens que achou estranho a demora deles naquele lugar. Já haviam passado uma hora e vinte minutos.
Mattheus foi o primeiro a ser encontrado, mas aquela cena já um tanto apavorante tornou-se ainda mais sinistra quando repentinamente a neblina foi se esvaindo revelando a posição dos outros dois e as suas situações. Todos estavam bastante feridos e inconscientes.
— Oh meu Deus!! _ Rodrigo ficou abismado. — Alô! Eu preciso de uma ambulância.
...
Algumas horas depois... Hospital Alcides Carneiro:
Rodrigo chamou pela ajuda profissional e em poucos minutos o socorro apareceu. As crianças que pareciam muito feridas assim que encontradas por ele, já não pareciam numa situação tão grave assim, mas, ainda estavam sendo observadas em salas restritas. Ele não tinha nenhuma resposta ainda, até que ouviu passos no corredor...
— Então doutor, qual a situação?
Um senhor grisalho de voz muito suave disse:
— Eles vão ficar bem até amanhã cedo. Foram algumas escoriações e hematomas, mas nada muito sério.
— Então eles vão se recuperar rapidamente? É isso?
— Mais rápido do que podia se esperar. É estranho, mas eles ainda são crianças, elas devem ter essa capacidade, pode acontecer, mas confesso que nunca vi acontecer tão rápido assim antes. De qualquer forma, você como responsável deveria dar queixa sobre os valentões da escola que elas disseram que fizeram isso. Hoje elas podem ter tido sorte, não sabemos sobre amanhã. Existem jovens perigosos nessa cidade. _ Atenciosamente, o médico que cuidava dos três jovens dava a sua opinião.
— Claro Doutor, mas então, quando elas vão receber alta?
— Mais duas horas para finalizarmos os exames e os outros procedimentos e estará tudo bem. Você poderá levá-las pra casa.
— Muito Obrigado.
Apesar de tudo parecer ter terminado bem, Rodrigo sabia que aquilo estava ficando muito perigoso e teria que pensar se era certo permitir que os três continuassem fazendo aquilo sozinhos. Se algo mais grave ocorresse, toda a responsabilidade cairia sobre ele. Suas decisões teriam que ser muito bem pensadas.
...
Um dia depois...
Com a desculpa de que havia levado um tombo na bicicleta do amigo, Mattheus chegou em casa à noite passada com alguns curativos nas pernas, braço e rosto, mas não havia levado nenhum esporro de sua mãe que já estava estranhando a sua demora. Ela parecia mais preocupada do que revoltada com a suposta imprudência do garoto. Além disso, seu filho tinha uma prova de recuperação muito importante para fazer na escola logo de manhã. Ele tinha que descansar bastante para não tirar notas ruins.
Escola Estadual Dom Pedro II...
Mattheus havia acabado de chegar. Seu corpo ainda estava um pouco dolorido e ele estava mancando suavemente pelos corredores, caminhando em direção à sala onde passaria pelo teste. Ele não parava de pensar em como estariam os outros e seus digimons, ele mal se lembrava da matéria em si.
Lohan e Jhessica estavam no apartamento alugado por Rodrigo, se recuperando da última batalha. Eles também já estavam bem melhores, todos estavam se curando muito rápido. Parecia ser uma das vantagens de ser um digiescolhido. Enquanto isso, seus digimons também se recuperavam dentro dos digivices Overclock de cada um.
Pronto, ele já estava sentado em sua cadeira com a folha de recuperação em mãos. Passando velozmente os olhos sobre cada questão parecia que ele se distraia um pouco e pouco a pouco algumas respostas começavam a se formar em sua mente. Ele estava se lembrando de toda a matéria pela qual havia estudado alguns dias antes. “Que bom”... Pensou aliviado.
— Boa Sorte! Vocês tem 40 minutos. _ Disse a professora, após entregar a última folha ao último aluno.
Mattheus tentava se concentrar no “Momento”, mas toda hora as cenas da última noite interrompiam sua concentração.
— Idiotas. Muahuahsuhuahsuas. Vocês sequer perceberam o tipo de ligação que tem com os seus digimons ainda. Vocês merecem ser todos destruídos... Ele quase podia ouvir a voz do inimigo repetindo aquelas palavras.
— Eu preciso terminar isto.
“Tik tok, Tik tok”... A hora estava passando e Mattheus estava tendo um pouco de dificuldade para lembrar das respostas de algumas questões. Toda vez que uma resposta quase surgia, outra cena daquela noite aterrorizante interrompia seu raciocínio.
“TriiIIiIiIiinNnnNnNNNNNN”... O Alarme soara, era hora de entregarem os testes, tendo terminado ou não.
...
Saindo da sala, o rapaz estava ansioso para chegar em casa e ir até a casa de Lohan para saber se tinham mais novidades. Ele mal pensava sobre o resultado da prova. Ele fez o que podia ser feito, naquelas condições.
Caminhando para a saída, junto às outras crianças, ouviu um tumulto nos corredores.
— Qual é Nerdzinho otário? Então você achou que iria conseguir fugir da gente é?
Um valentão, dessa vez de verdade, pressionava um rapaz da idade de Lohan, contra os armários da escola, junto ao seu “bonde” de covardes.
— Vai fazer o que agora hein? Mostra ai o que você vai fazer! _ Repetia em tom alto, chamando a atenção de todos que passavam por ali, somente para fazer o garoto se sentir envergonhado.
— E-eu... Me deixa ir embora. _ Disse o rapaz tremendo de medo, quase chorando.
— Hahahah. Tá pensando que “nós é troxa mermão”? Se a gente repetir de ano de novo a culpa vai ser tua que não quis mostrar a resposta das provas pra gente e ai você já sabe né? No próximo ano, vai apanhar o ano todo pra aprender. _ O líder do grupo contava com raiva.
— Minha mãe tá me esperando no carro, me deixa ir embora. _ O rapaz de óculos tentava sair do meio da rodinha de valentões.
— Tá pensando que vai aonde? _ Com muita força, o baderneiro principal empurrou o garoto de volta contra os armários.
Assustado e envergonhado, o rapaz alto e magrelo olhava discretamente para o rosto daqueles que o observavam apanhando, muitos sorrindo de sua desgraça, esperando que o mesmo apanhasse mais dos outros caras ou que fizesse algo para que a confusão partisse para algo ainda mais sério somente para a diversão deles.
Foi então que um dos agressores, cansados de esperar por alguma atitude estendeu a mão e deu um forte tapa na cabeça do garoto dizendo:
— Você olha pra minha cara quando eu tiver falando contigo.
Logo, outro deles fez o mesmo, batendo ainda mais forte bem no meio de sua cara.
— Se você ficar quieto vai apanhar ainda mais.
Mattheus estava assistindo tudo, mas não podia deixar aquilo continuar e rapidamente voltou em direção à secretaria para chamar algum professor que pudesse parar com os maus tratos.
Chorando, o jovem rapaz que apanhava, tentava proteger o rosto para que nenhum outro golpe o atingisse de novo. Porém, maldoso, um dos rapazes fechou uma das mãos e acertou com toda a força que tinha o meio de sua barriga, fazendo-o cair de joelhos ao chão com falta de ar nos pulmões.
— Briga, briga, briga, briga... _ Logo, todos gritavam esperando por mais daquela covardia.
— O que está acontecendo aqui? Parem já com isso! _ A diretora da escola vinha de longe aos berros, tentando entender o que estava acontecendo.
Com medo de serem vistos e de perderem a vaga na escola, rapidamente toda a “corja de abutres” se dissipou, incluindo os agressores que em questão de segundos desapareceram.
— Oh meu Deus! Jovem, você está bem? _ A diretora viu o menino quando caído, tentando voltar a respirar normalmente.
O garoto estava suando frio e sentindo muita dor. Porque apenas agora alguém havia vindo lhe ajudar? Porque todos os outros só queriam lhe ver apanhando, ver sua humilhação?
— Me deixa em paz. Sai de perto de mim! _ Sozinho, o rapaz se levantou apoiando-se nos armários onde haviam lhe cercado anteriormente.
— Filho, o que aconteceu com você? Te bateram de novo?_ Saindo do carro, sua mãe preocupada correu para o seu socorro.
— Vamos embora mãe. Não quero falar mais nada. Só me leva embora daqui.
— Você viu quem fez isso com ele? _ A diretora perguntou à Mattheus.
— Sim, eu posso te dizer os nomes se quiser.
Para Mattheus, aquilo era um dos maiores atos de covardia. Um grupo de rapazes metidos à valentões cercarem um único garoto, aparentemente bem mais fraco que qualquer um deles para humilhá-lo e feri-lo. Se pudesse ajudar de alguma forma, ele com certeza não ficaria só olhando.
...
Dentro do carro enquanto sua mãe dirigia, o rapaz que havia sofrido Bullying se sentia humilhado e envergonhado e pior que isso, tudo aquilo se transformava em ódio.
Escondido dos olhos de sua mãe, sentado no banco de trás, ele retirava da mochila seu próprio digivice enegrecido, segurando-o tremendo, de raiva, com sede de vingança.
— Assim que recebermos os resultados da prova de recuperação vou te tirar dessa escola. Não aguento mais você chegando em casa todo dia reclamando dos abusos desses pivetes e a falta de capacidade desses professores de educarem e castigarem esses moleques agressivos. Suas notas só caíram desde que você veio estudar aqui filho e tudo por causa dessa situação. Isso não vai continuar assim. Nem que eu precise falar com o pai de cada um deles. _ Indignada, a mãe de Fahel botava pra fora toda sua frustração sobre o que acontecia naquele colégio.
— Você não vai fazer mais nada mãe e eu não vou sair mais dessa escola. Se de uma forma ou de outra eu vou continuar apanhando, não vai ser eu que vou sair ferido daqui da próxima vez.
Neusa estava assustada. Ao olhar pelo espelho retrovisor para o banco de trás de seu carro, onde estava seu filho, ela o viu com um sorriso sombrio, após dizer aquelas preocupantes palavras.
...
— Filho, você não tem que querer, eu vou voltar naquela escola e ter uma conversa com aquela diretora. – A mãe do garoto chegava em casa extremamente indignada com a direção da escola.
— Eu já falei que não quero, não precisa mãe! _ Fahel, gritava mais alto.
— Você quer que eles continuem te batendo todos os dias? – Disse Neusa ainda discutindo.
— Você não entende. Se eu não resolver isso sozinho, vou ser motivo de zoação para sempre.
— E o que você acha que consegue fazer, você é só um, eles são no mínimo quatro, me diz? _ Perguntou nervosa.
— Você não precisa saber agora, mas você vai ficar sabendo. Isso eu prometo. Agora vê se me deixa em paz. _ Fahel bateu fortemente a porta do quarto, deixando sua mãe ainda mais assustada com suas atitudes violentas.
Pensativa, Neusa percebera que não podia deixar as coisas como estavam, pegando novamente as chaves do carro.
Frustado, Fahel largou a mochila na cadeira do computador junto ao seu digivice, sem perceber que algo estava acontecendo em seu interior, jogando-se entristecido sob a cama de solteiro.
...
Neusa, sua mãe, já estava de volta à estrada com finalidade de dar um fim de uma vez por todas às coisas ruins que estavam acontecendo com seu filho. Ela iria voltar na escola e reclamar com a diretora, ele querendo ou não.
Quanto mais ela pensava nas coisas terríveis que poderiam estar acontecendo com Fahel, mais o carro acelerava.
A mulher fazia uma curva fechada quando de repente um vulto enorme passou à sua frente forçando-a à frear, capotando com o veículo várias vezes.
...
Fim do capítulo 10... Continuará!
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