Diogo Narrando

Mesmo com o que havia acontecido, ou seja, o desaparecimento da Ana e do Thiago, o que realmente me preocupava era a Nina que tinha pirado com isso, nunca tinha visto alguém tão nervoso ate agora. Ela andava de um lado para o outro em um ritmo sincronizado e sem interrupções, me pedia para ligar para eles a todo instante. Eu estava sentado na cama apenas observando ela.

- Liga de novo Di!Quem sabe eles atendem agora!- Tinha chego ao fim do quarto e voltou- Eles têm que atender uma hora, não é?

- Nina fica calma! Se eles não atenderam até agora é porque eles não podem. Agora, para de andar de um lado para o outro, estou ficando tonto!

Ela interrompeu uma volta e parou diante de mim me olhando com surpresa pelo que eu havia dito e não foi porque eu falei que estava ficando zonzo com ela andando de um lado para o outro.

-Como Diogo? Como você quer que eu fique calma com o meu irmão e a minha melhor amiga desaparecidos?

Ela estava realmente muito nervosa e a cada minuto de espera pirava mais, mas mesmo com o que estava acontecendo ela não parava e colocava a cabeça no lugar, ela só ficava mais e mais desesperada.

-Nina, para um pouco e pensa, ao que esta parecendo eles não foram obrigados a fugir, ninguém colocou uma arma na cabeça deles. Eles foram porque quiseram.

Ela me olhou, as lagrimas começaram a escorrer e ela começou a gritar comigo.

-Não quero ouvir isso Diogo! Eles não me abandonaram, nunca fariam isso!

Ela voltou a andar de um lado para o outro no quarto, me coloquei na frente dela e segurei seus braços para ela parar de vez com aquilo, ela poderia se machucar, do jeito que estava descontrolada era bem capaz.

-Nina, para, você ficar assim não adianta nada, nem ajuda, pelo contrario, apenas atrapalha!

Ela se desequilibrou, caiu no cão e colocou a mão no rosto, chorando.

-Diogo, eles são tudo para mim!

Me sentei no chão ao seu lado e a abracei trazendo-a para perto.

-Respira fundo, você vai ter que se acalmar e ser forte agora só assim vamos conseguir fazer alguma coisa.

Ela respirou fundo algumas vezes ate realmente começar a se acalmar, depois de um tempo sua respiração estava quase normal, mas escapavam algumas lagrimas.

-Por onde a gente começa?

-Primeiro nós...- Meu celular começou a tocar.

-Alô?

-Diogo, disfarça, por favor, fala que é uma ligação de familia e finja que eu e o Thiago somos apenas primos no telefone, Nina não pode saber que nós estamos ligando.

Demorei um pouco para processar a informação.

-Oi Carla, tudo bem prima? Aonde você esta? E o seu irmão esta bem? Vocês sumiram.

Nina me olhava com desconfiança, nunca tinha falado da minha familia e do nada recebo uma ligação de uma prima.

-Uma pergunta de cada vez Diogo. Sim, nós estamos bem, estamos em um hotelzinho barateiro.

-E ai Diogo!-Escutei o Thiago gritar ao fundo.

-Para Thiago! Diogo, eu realmente não posso falar aonde estamos, mas eu posso te pedir uma coisa?

Olhei para a Nina, ela estava distraida mexendo no celular, acho que estava tentando ligar para eles de novo.

-Depende do que for...

-Diogo, você me conhece e sabe que eu não teria fugido se não fosse por uma coisa seria, o Thiago quis vir comigo para não me deixar sozinha, mas por favor, eu vou te pedir uma coisa e você vai ter que confiar totalmente em mim, pois não posso responder a nenhuma de suas perguntas.

Respirei bem fundo, conhecia a Ana, sabia pouco dos problemas dela, mas pelo pouco sabia que eram graves e que ela deve ter fugido para poder nos proteger de algo.

-Pode pedir.

-Quero que você e a Nina saiam deste hotel o mais rapido que for possivel.

Parei para pensar um pouco e eu sabia que ter aquela conversa a frente da Nina só me deixava mais nervoso, então eu inventei uma desculpa para ela de ir checar umas coisas no carro e sai do quarto.

-Estou fora do quarto e longe da Nina, Ana, para onde nós vamos? Ela quer ir atras de vocês e você sabe mais do que qualquer um como ela é cabeça dura.

Escutei ela suspirar do outro lado.

-Eu sei Diogo, mas escuta, eu pesquisei em jornais da região e vi que tem um caso bem interessante em Brasilia, acho que é um demônio.

-Tudo bem Ana, mas...-Ela começou a gritar.

-Thiago me devolve esse telefone, agora!

Ouvi a risada do Thiago no telefone.

-Oi Diogo, como estão as coisas ai? Como minha irmã esta?

Estava meio assustado com o que estava acontecendo lá, eles pareciam bem mais intimos.

-Nada bem, a Nina está pirando porque vocês sumiram e, como vocês já devem ter percebido, que ligar toda hora, acha que aconteceu o poir com vocês.

-Imagino... Diogo, faz o que a Ana falou e tira a Nina dai.

-Como? Você conhece sua irmã, não quer sair daqui pois acha que vocês vão voltar.

Escutei ele resmungar baixo, não escutei o que era e suspirar pesadamente.

-Fala que talvez nós estejamos indo atras deste caso tambem e que é mais facil nos achar assim.

Encostei no carro.

-Vou tentar. Posso ligar para vocês neste numero?

-Espera um pouco que quem resolve isso não sou eu.-Ele deu uma risada baixa- Ana.

-Agora a ligação é para mim? Obrigada.

Foi impressão minha ou escutei um beijo entre os dois?

-O que foi Diogo?

-Vocês estão bem proximos não é?

-Diogo...

-Responde.

-Não sei direito, mas agora você pode me falar o que quer? Por favor.

Senti na voz dela que ela estava constrangida.

-Tudo bem, mais tare então. Posso ligar para vocês neste numero?

-Na verdade é melhor nós ligarmos, vamos descansar um pouco e ja vamos sair, não vamos ficar muito tempo.

-Então depois nos falamos?

-Espera que o Thiago teve um pequeno surto de educação e pediu para falar com você no telefone.

Dei risada e ouvi ela falando com o Thiago.

-Thi, me promete não falar nenhuma besteira?

-Vou tentar fazer tudo certo.

-Promete?

-Palavra de escoteiro.-Depois ele veio falar comigo.-Quer um conselho?

-Depende do que for.

Ele deu risada.

-Vai ser uma coisa do bem, mas você quer ou não?

-Tenho outra opção?

-Eu sei que você gosta da minha irmã e não é pouco.

-Como você sabe disso?

-Percebo as coisas mais do que você imagina.

-Por que você esta falando isso agora?

-Te conheço, sei que você gosta muito da minha irmã e sei que ela tambem gosta de você e não é pouco.

-Como assim ela gosta de mim?

-Um segundo que eu vou confirmar. Ana, a Nina gosta do Diogo?

A Ana começou a gritar com ele.

-O que você contou para ele? Me dá esse telefone agora Thiago!

-Não.-Escutei um barulho forte, acho que foi do telefone caindo no chão, depois escutei bem baixinha- Isso foi golpe baixo Ana, muito baixo.

O que estava acontecendo entre eles dois? Eles estão mais proximos que o normal, mais do que jamais foram, eu escutei, se realmente eu estiver certo, até eles se beijando, isso porque em um passado proximo eles se odiavam.

-Diogo, finge que não escutou o que o Thiago falou, mas eu não posso falar que o que ele te contou é mentira, pois não é, mas vai devagar com ela. Saiam dai, leve-a para onde eu te falei e cuide dela por nós.

-Tudo bem Ana. Tchau.

Desliguei o telefone e voltei para o quarto, mal entrei e a Nina ja começou a me fazer seu pequeno questionario.

-Quem era?

-Uma prima minha que tambem é caçadora.

-O que ela queria?

-Ela ofereceu um trabalho para a gente.

-Eu quero ficar e esperar eles.

-Nina, é mais facil acha-los caçando, pois podemos nos encontrar em um caso.

Ela suspirou.

-Você tem razão, quando vamos?

-O mais rapido possivel.

Ela olhou para baixo, me parecia cada vez mais triste. Me aproximei e dei um beijo na sua testa e a puxei para perto lhe abraçando.

-Não fica assim, desse jeito você não ajuda a encontra-los e nem me ajuda na missão de cuidar de você.

Ela levantou a cabeça e olhou dentro dos meus olhos.

-Eu sei.- Ela deu um sorriso triste de canto de boca- Mas vai melhorar. Vou arrumar minhas coisas.

Ela se afastou e nós começamos a arrumar tudo, depois fechamos a conta no hotel definitivamente, colocamos nossas coisas no carro e fomos para Brasilia.