Jovens Caçadores- A Descoberta (2)
Capítulo 17
Ana Narrando
–Me fala o que você viu?
– Perai que preciso respirar um pouco.
Ele parecia não conseguir pensar direito, pelo jeito que ele olhava para mim dava para ver que sua cabeça estava muito embaralhara, que ele não acreditava direito no que tinha visto.
–Eu vi os moveis do quarto flutuando... O que foi aquilo? Como você fez aquilo?
– Thiago...
–Ana, por favor, me fala a verdade, não me enrola, preciso saber o que aconteceu.
Eu suspirei, me levantei e começei a andar de um lado para o outro no quarto, sempre fazia isso quando estava nervosa e ele sabia disso.
–Você esta bem?
Ele não respondeu a minha pergunta.
– Como você consegue fazer aquilo?
– Bom, eu não...
Thiago se levantou e ficou de frente comigo me fazendo olhar dentro dos seus olhos que continham com muitas duvidas.
–Se eu te falar exatamente o que eu vi você me promete contar a verdade?
Me perdi dentro dos olhos dele, como ele fazia isso eu não entendia, mas ele me hipnotizava, estava tão perdida que só consegui acenar com a cabeça.
–Eu entrei no quarto, vi você brincando, ou não, com a cortina depois você foi para o meio do quarto falou umas coisas que eu não entendi nada e os moveis começaram a flutuar. Agora é a sua vez.
Ele se sentou novamente a apontou para a cadeira em sua frente, mas não consiguia ficar parada, recomecei a andar.
–Thi...
– Você me prometeu falar a verdade se eu falasse o que vi.
Suspirei desistindo
– Eu falo o que você quiser, mas você promete guardar meu segredo? Você não imagina o quanto é dificil contar isso a alguem, então me prometa que posso confiar em você, que ninguem mais vai ficar sabendo.
–Eu guardo segredo.
Hesitei por alguns momentos tentando me lembrar de tudo, isso era uma coisa que eu guardava comigo, somente na minha cabeça, sempre tentando esquecer.
–Você não vai me contar?- Olhei para ele, seu olhar estava indecifravel -Sabia que você escondia algo estranho, mas deve ser pior do que eu pensava para você não querer contar para ninguem, nem mesmo para mim depois de ter prometido guardar segredo!
Eu odiava ser posta contra a parede e ele sabia disso, ele sabia que quando duvidavam de mim eu perdia o controle e falava mais do que devia, em especial quando ele fazia isso.
– Esta bem, já que você quer assim comigo sendo bem direta, la vai. Eu não sou humana...-Pensei um pouco sobre o que tinha falado - Na verdade eu não sou totalmente humana.
– Você esta me confundindo ainda mais!- Ele suspirou e a eu abaixei a cabeça- Então o que você é, se não é totalmente humana?
– Uma feiticeira.
Olhei para ele esperando uma reação exagerada com gritos, acusações e fugas como minha mãe fez, mas não, ele continuou sentado me olhando fixamente, sem expressar nada parecia que tinha virado uma estatua.
– Há quanto tempo?
Eu suspirei aliviada e quase sorri quando ele fez outra pergunta.
– Descobri quando tinha seis anos, estava brincando no quintal e uma xícara de plástico começou a flutuar sem ninguém tocar nela.- Dei um sorriso para ele- Eu me assustei com aquilo. Foi quando a Diretora da escola Magicam me encontrou, fiquei naquela escola por dez longos anos até que eu finalmente consegui fugir.
– E por que você fugiu?
– Eu fugi porque a diretora disse que eu era especial, muito poderosa para minha idade, fazia perfeitamente coisas que só feiticeiros com mais de 40 anos e com grande poder sabiam e ainda faziam errado e que eu seria sua substituta não só coo diretora, mas como uma futura lider da minha especie.
– Por que você nunca usou...- Ele parou u pouco e apontou para mim- Tudo isso para matar as criaturas que caçamos?
– Calma, me deixa respirar entre uma pergunta e outra, não sou de ferro.
Ele me deu um tempo, mas ficou me olhando nos olhos, acho que para saber se eu falava a verdade.
–Nunca usei meus poderes porque não queria ser encontrada, quando usei hoje eles me rastrearam.
Foi a primeira vez que ele demonstrou alguma emoção e foi duvida.
–Como assim?
–No meu "mundo" temos procuradores, eles são treinados para captar qualquer rastro de poder. E por um acaso tem um deles prestando atenção em mim, qualquer migalha de poder que escapa de mim ele rastreia e vem atraz para tentar me capturar.
– E por que você usou hoje e estava usando agora?
– Sabia que ia ser complicado- Falei para mim mesma- Eu usei hoje para nos salvar, mas eu estava muito fraca, fazia três anos que não os usava realmente! Agora eu tenho que treinar, porque com eles sabendo que eu ando com... Humanos vão usar isso para me arrastar de volta para aquela prisão chamada escola!
Dei um tempo para ele analizar tudo.
–E ai, acredita em mim?
Queria uma resposta dele.
– Não sei o que dizer!
Passei a mão pelo cabelo e suspirei, me levantei, começando a andar de um lado para o outro no quarto novamente.
– Você parece assustado, acho que você esta mesmo assustado e não tem problema se você me achar uma aberração! Pode ficar sem falar comigo, eu vou entender. Se você quiser ir embora agora eu também não ligo, sério, eu vou entender... – Continuei tagarelando com a cabeça baixa, estava realmente triste com o silencio dele.
Por que tudo tinha que acontecer comigo?
Ele me olhou com dó por alguns segundos, os mais demorados até então, se levantou e me abraçou com força. Demorou um pouco para eu retribuir o abraço, estava surpresa de mais, não esperava essa reação.
– Eu não vou parar de falar com você, muito menos fugir.
Dei uma risada sínica.
– Sei! Todos falam isso!- Falei mais para mim mesma do que para ele.
– Por que você falou isso?
Soltei ele e me sentei na beirada da cama.
– Você nunca reparou que eu não falo da minha família?- Olhei para ele séria.
Percebi ele pensando um pouco.
– Verdade, você nunca falou sobre a sua família! Só aquele dia no cemitério!
– Uma exceção!- Olhei para o relogio- Temos que ir agora, eles estão perto!
– Termina de falar Ana!
–Outra hora.
Me levantei pegando a moxila e jogando-a nas costas.
–Thiago, você quer ir comigo, mesmo sabendo de tudo isso?
Quando o olhei ele ja estava com a sua moxila nas costas.
–Absoluta.
Ele segurou a minha mão.
– O que você é mesmo?
– Uma feiticeira, mas pode chamar de bruxa se preferir, é totalmente diferente um do outro, mas os dois usam magia e o nome é mais comum, todos confundem.
Puxei ele porta afora.
– Não, não quero te chamar de bruxa.
Olhei para ele curiosa.
–Posso saber o por que?
– Claro! Normalmente todas as bruxas, principalmente as que caçamos, são muito feias, velhas e estranhamente assustadoras e você é linda, é jovem e não é nada assustadora.- Ele falou para tentar descontrair e deu certo, eu riu.
Aproximei-me ligeiramente dele.
– Alugou o carro?
Olhei para ele e levantei as sobrancelhas, até parece que ele não me conhece.
– Você quer dizer comprou uma moto.
–Moto? Qual é?
–É somente uma Kawasaki Ninja.
– Linda.
–E uma das melhores! Eu nem sabia que você gosta de moto!- Sorri ironicamente e ele revirou os olhos -Mas é meio longe aonde eu consegui, vamos ter que andar duas quadras.
Fiz uma careta.
– Vamos sair agora, acho que vai demorar um pouco para poder chegar no lugar.
Saímos do hotel deixando lá minha única família que eu havia conseguido, a minha melhor amiga Nina, e o meu irmão Diogo.
Fomos em direção às ruas escuras deixando tudo para traz, não sabíamos aonde íamos, quando iamos parar, não sabiamos de nada, somente que estavamos juntos nessa.
Ele passou a mão pela minha cintura levando-me para mais perto, e eu retribuiu e começamos a andar rápido para pegarmos a moto e sairmos rápido daquela cidade, fomos conversando coisas sem nexo, conversando com ele daquele jeito esquecia a gravidade do problema e, com nossa conversa enfim acreditei que tudo poderia das certo no final.
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