Estava caída no chão com a boca e os olhos se esvaindo em sangue. Fazia força para

levantar o corpo, mas ele era mais forte.

- Não faz isso, eu já disse tudo o que eu sabia

Ele forçou a cabeça dela para junto ao chão com o pé

- Cala a boca garota idiota

- Me Solta Oliver, eles estão em San Francisco, eu não to mentindo, eu juro

Ele soltou uma gargalhada sonora. Você achou mesmo que eu passei quase seis meses te arrastando de um lado para o outro só por causa do paradeiro da Jessica? Isso eu descubro em um piscar de olhos.

O coração dela batia com força e o som da batida dele.

- Eu não entendo, por que tanto tempo? O que você quer?

Ele revirou os olhos, Candace era a garota mais alheia as coisas a sua volta, não era observadora e a lerdeza dela irritava Oliver.

- Candy, como você consegue ser tão burra? Eu não fui atrás da Jessica ainda porque eu tinha que planejar, me organizar pra que nada saia errado. E você... bom eu a mantive aqui porque tenho outros planos pra você, loirinha.

A respiração dela começava a ficar pesada

- Q-que planos?

Ele abaixou-se para ficar mais próximo dela e falou quase sussurrando

- Vai dizer que nunca imaginou o porquê de eu ser tão forte?

Ela agora tremia, o chão frio comprimia o seu corpo e o sangue de seu rosto escorria por toda a face

- O que você é Oliver?

Ele riu

- Eu era como você Candace, mas ai eu descobri que podia fazer uma coisa, e isso me fez mais poderoso

Ela começou a chorar, sabia que não ia sair viva daquela conversa e tinha medo de perguntar, mas ela tinha que saber

- O que?

Ele riu mais uma vez e então agarrou a garganta dela com força, ela não só sentiu sufocar como sentiu algo sendo roubado dela, seguido de uma dor excruciante, tentou se debater, mas era impossível

- Adeus Candace

E ele então selou seu ato com um beijo e ela então bateu pela última vez contra o chão frio, ele acabara de roubar sua vida, estava morta.

*****

- Toma

Annie chegou e jogou três pequenos papéis sobre a mesa onde Jessica olhava algumas fotos

- O que é isso?

- Ingressos para o Rock am Ring

- Eu já disse que não vou Annie, vai com a Hanna

Annie bateu o pé nervosa, era insistente e não ia desistir assim tão fácil

- Vamos Jessica, eu sei que você curte um bom rock. É um dos melhores festivais de rock do universo, vai ter uma infinidade de bandas incríveis

- Eu sei Annie, mas o Bullet for My Valentine vai tocar lá e eu não posso correr o risco de ser vista por eles. Se você quiser mesmo ir, garanto que o Zacky te leva, o Avenged Sevenfold também vai tocar, esqueceu?

Annie urrou e começou a andar impaciente

- Com o Zacky não é a mesma coisa. Além disso, no meio daquele festival você vai ser só mais uma na multidão, eles nunca vão ver você

- O Zacky não vai gostar se eu for, sabe dos problemas com o Tuck

Jessica parou um instante, nesses últimos seis meses Zacky têm sido muito prestativo e vindo lhe ver com mais freqüência, depois de muita discussão com o conselho ele conseguiu que a aceitassem de volta, apesar de que o espectro dela já quase não tinha força alguma, de alguma forma, depois da confusão com Oliver, seu espectro se desprendeu, pelo menos foi assim que Amber falou quando a avaliou. Se o espectro não estava mais ali, então como ela estava viva? Ela se perguntava isso várias vezes e sabia que Amber também tinha a mesma dúvida, mas sempre que Zacky vinha e ela tentava lhe perguntar algo, ele sempre desviava do assunto falando de como o cabelo dela estava bonito ou de alguma musica legal que eles tocaram em um show. Era sempre assim, mas se ela mencionasse o nome de Tuck ou de algum outro integrante do Bullet For My Valentine ele logo mudava o semblante e ficava sério, dizia que era melhor ela esquecer o que houve. Por isso sabia que ir ao festival deixaria Zacky irado, e ela não queria isso.

- Foda-se o que o Zacky gosta ou não Jess! Ele não precisa saber e além do mais... – Annie abriu um sorriso levado – vai dizer que não quer ouvir a “Waking the Demon” ao vivo? Ou melhor, ver quem canta a Waking the Demon ao vivo?

Jess refletiu mais um pouco. Lembrou do lançamento do novo álbum, mesmo estando longe acompanhou a carreira deles via internet, rádio e televisão. Viu quando saiu o clipe da Waking the Demon, e aquele clipe teve todo um significado para ela. Na musica original a música tem maioria em screamo feito pelo Jay, mais no clipe Matt cantou a maior parte sem screamo, ele estava tão diferente, lembrou de tê-lo assistido repetidamente umas 30 vezes, observando cada detalhe e tentando entender se havia algo na música que remetesse a ela, e por fim chegou a conclusão que toda a música era ela.

Annie balançava os ingressos de um lado para o outro diante dos olhos de Jessica, que soltou o ar dos pulmões e puxou um dos ingressos de uma vez

- Me dá logo um desses, eu vou nessa porra

Annie gritou vitoriosa, deu uns pulinhos eufóricos e abraçou Jess

- Yeaaaaaaaaaaaah!! Cara eu tenho um poder de persuasão foda!

- Você não existe Annie, não existe

As duas caíram no riso, a amizade delas duas só se estreitou com o passar do tempo, Jess não tinha uma relação de amizade tão verdadeira como aquela há tempos, não que ela não gostasse de Hanna, mas ela era mais reservada e Jess e Annie tinham muitas coisas em comum, e um passado turbulento era uma delas.

******

E mais uma vez lá estavam eles de volta ao solo americano, os integrantes do Bullet for My Valentine tinham exatas 13 horas para descansar da viajem e definirem um repertório de 10 músicas para sua apresentação no festival Rock am Ring no dia seguinte. Era um festival muito importante e muito famoso, não só nos Estados Unidos, mas em todo o mundo, eles estavam super eufóricos

- Então, a gente começa tocando a ‘Scream aim fire’, ‘All these things I hate’, que a galera gosta – Matt começou decidindo o repertório do festival – ‘Spit you out’, ‘Waking the Demon’, ‘4 words’ e a gente fecha com a ‘Tears don’t fall’, pode ser?

- Pode sim cara, mas a gente precisa de dez musicas e você só falou seis

- Eu sei Jay, por isso que a gente ta aqui decidindo

Moose brincava girando as baquetas quando resolveu falar

- Coloca a ‘Hearts Burts into Fire’, ‘Deliver us from Evil’, ‘Eye of the Storm’ e a ‘Just Another star’, mas acho que o encerramento tem que ser a ‘Tears Don’t Fall’ mesmo

- Boa Moose! Tudo bem pra todo mundo?

Os outros rapazes assentiram com a cabeça. Depois de decidirem o repertório deram uma checada nos instrumentos e no palco, quando enfim acabaram sentaram cansados no palco

- Hey man, tinha me esquecido do quanto a Califórnia era quente

Padge ofegava enquanto usava a própria mão para abanar-se

- Foda-se o calor man, eu quero beber alguma coisa

Moose jogou o boné para longe, os cabelos já estavam encharcados de suor, e depois sorriu do amigo

- Jay você é muito alcoólatra cara, tem que ver isso aí

- Não Moose, o Jay tem razão, onde estão as cervejas desse lugar?

Matt se levantou e puxou Jay

- Anda cara, vamos achar alguma coisa pra beber

- Me esperem eu vou com vocês!

Padge levantou também

- Você não vem Moose?

- Talvez mais tarde, acho que vou andar pela cidade

- Você que sabe, mas se não sobrar Heineken pra você, não venha colocar a culpa em mim

- Até parece que você agüenta isso tudo, vomita mais da metade Matt

- Vai se fuder

- Também te amo

Os três foram passear pela arena do festival, rever alguns amigos de outras bandas e é claro, beber umas e outras.

Moose pegou o carro de um dos organizadores, que era um grande amigo deles, e foi andar pelas ruas de San Francisco, já era quase 23h, o que se achava por aquela cidade naquela hora?

Depois de andar por várias ruas achou uma lanchonete 24h, resolveu conhecer. O lugar estava quase vazio, a não ser por um ou outro solitário comendo a última refeição do dia. Sentou em uma mesa e começou a olhar o cardápio, alguns minutos depois ouviu um leve pigarreio ao seu lado, abaixou o cardápio e uma garçonete sorridente com um bloco de papel na mão o olhava

- Já decidiu o que vai querer senhor?

Era uma bela moça, tinha os cabelos negros presos em um rabo de cavalo, mas deu pra notar que não era muito longo, além de fazerem suaves cachos, doces olhos azuis e a aparência de uma menina, com corpo de mulher, ele nem se deu conta que a garota ainda esperava que ele dissesse o que ia querer comer

- Então senhor?

- Ahm... Me desculpe, eu não sei o que pedir, tudo aqui parece bastante igual a tudo que eu já comi antes, tem algo em especial que talvez você possa me sugerir?

Ela então caminhou para mais perto dele e observou o cardápio, pensou um pouco e então disse

- Sinceramente, tudo aqui é realmente igual a tudo que tem nos outros lugares

Ele fingiu estar desolado

- Sendo assim, eu devo ir embora?

A garota arregalou os olhos, não podia deixar que um cliente fosse embora, imagina o que seu chefe iria falar?

- NÃO! Fique, espere um instante, me deixe olhar melhor para esse cardápio, humm..

Ele sorriu, o rosto dela pensando era lindo

- Que tal esse cupcakes com chocolate e castanhas? Devem ser uma delicia

- Adoro cupcakes, pode trazer quatro!

Ela se espantou, quatro cupcakes? Esse rapaz devia ter um buraco negro no estômago, mas resolveu não argumentar

Alguns minutos depois ela voltou com os quatro cupcakes e os colocou na mesa dele

- Vai querer mais alguma coisa? Pra beber?

- Me traz então dois cafés com creme, você gosta de creme?

- Ah, não muito mas...

- Então tire o creme de um deles

Ela fez uma cara duvidosa, mas também não argumentou e trouxe o que ele pediu

- Só isso?

- Só mais uma coisa

- O que?

- Come comigo?

Ela sorriu, seu expediente tinha acabado na hora que ele entrou, mas resolveu vir atendê-lo por que ele era um rapaz charmoso, além de lhe parecer familiar.

- Não sei se devo

- Vamos lá, eu não consigo comer tudo isso sozinho

Ela olhou para os lados, apenas o balconista acabava de passar um pano úmido pelo balcão, ninguém ia se importar, ou ia? Tirou o avental e sentou-se de frente para ele na mesa, e então estendeu a mão

- Sou Annie Campbell, e você?

- Michael Thomas

*****

6h da manhã, casa completamente em silêncio, a não ser pelo ruído dos pezinhos impacientes de Annie batendo contra o assoalho em frente a porta do quarto de Jess.

- Vamos Jessica! A Hanna já ta lá embaixo e logo a Amber vai acordar, se ela nos ver sabe que não vai deixar a gente ir

- Calma, já tô pronta

A porta do quarto se abriu e revelou uma mulher vestida quase como se fosse uma foragida da lei

- Mas que porra é essa que você ta usando Jess?

Usava uma calça jeans azul desbotada e com alguns rasgados na coxa, uma camisa do Avenged Sevenfold, que tinha ganhado de Zacky, que sobrepôs com uma jaqueta de couro e tênis, além de um boné e uma bandana escondendo os cabelos e óculos escuros

- Desculpa Annie, mas não quero correr o risco de ser reconhecida

- E você vai agüentar o calor com toda essa roupa?

- Eu espero que sim

As duas correram para fora da casa e entraram no carro com Hanna, que correu em rumo ao local do festival. Como era do outro lado da cidade e tudo estava engarrafado demoraram um pouco para chegar, quando enfim chegaram já tinha uma multidão considerável, o primeiro show era do Korn, por isso tinha tanta gente. Elas enlouqueceram ao som de ‘A.D.I.D.A.S’, estavam se divertindo muito. Várias bandas se apresentaram, algumas elas não conheciam, mas mesmo assim entraram na onda, não estavam muito distantes do palco, vez ou outra uma roda punk se formava, mas elas cuidavam para manter distância.

Deu até para fofocarem um pouco

- E qual era o nome dele?

- Michael Thomas

- Quê?

O barulho estava muito alto

- Depois eu te falo

-Ok!

13h, e o mestre de cerimônia anunciou a próxima atração, mesmo com toda a barulheira de gente gritando Jess conseguiu ouvir claramente seu coração batendo alto e forte, era a hora do show do Bullet.

Moose entrou atrás da bateria, deu um tchau para a platéia e começou a tocar na bateria, depois os primeiros acordes do baixo de Jay foram ouvidos e ele entrou no palco fazendo um monte de caretas, ela não pode deixar de sorrir, estava com uma puta saudade dele. Uma guitarra, ela tremeu por um instante, mas logo entrou Padge tocando e ela parou. Um “Boa tarde San Francisco”, uma outra guitarra, e ele entrou. A multidão pulava louca e gritava com toda a sua força quando Tuck começou a cantar ‘Scream aim Fire’. Ela estava estática, como ele tinha mudado. Os cabelos agora não tinham mais o castanho escuro natural, agora eram totalmente negros, maiores, bem maiores. Estava mais forte, mas mesmo de longe ela pode ver a doçura dos seus olhos e sua felicidade ao ver toda aquela multidão. Ela não desgrudava os olhos dele, tocaram então Waking The Demon, Jay fez o screamo na maior parte da musica, mas ela nem ligou, ela estava amando revê-lo.

Um pouco depois ele falou que o show estava quase acabando, que faltavam só mais duas músicas, e quando começaram os acordes da ‘Just Another Star’ a multidão pirou, pulavam mais insanos e Jess sentiu uma cotovelada, olhou para os lados e não viu nem Annie nem Hanna, chamou por elas, mas nenhum sinal, e então a multidão começou a empurrá-la ainda mais até que ela caiu no meio de uma roda punk. Ficou assustada, um monte de caras loucos pulando e chutado pra todo lado, na euforia não notariam que era uma mulher ali no meio. Começaram a puxar a jaqueta dela, ela gritou. Empurraram-na uma porção de vezes, estava com muito medo de que alguém a machucasse, a esmurrasse ou desse um pontapé. Gritou mais uma vez e então puxaram sua jaqueta até rasgá-la, o boné caiu e alguém gritou que tinha uma mulher no meio da roda punk.

Logo perceberam e a multidão começou a ficar estática. Pessoas murmurando cada vez mais, até que alguém notou que a platéia observava outra coisa

- Hey Matt, é uma garota, uma garota na roda punk

- Uma garota? Meu deus!

Eles falavam ao microfone.

- Tirem ela daí, cuidado com ela rapazes, deixem, tragam ela aqui, ela vai cantar a última música com a gente

A multidão voltou a gritar. Jess entrou em pânico, eles iam reconhecê-la, tentou caminhar mas a multidão não só a encarava, como também bloqueavam qualquer saída, e então um segurança começou a arrastá-la pelo braço, seu coração estava disparado, os cabelos já estavam soltos depois que o boné caiu, mas mesmo com os óculos e a bandana conseguiriam reconhecê-la facilmente. E então ela estava sobre o palco.

*****

- Seja bem vindo de volta a Califórnia Sr. Adams

- Obrigada

Ele pegou seu passaporte das mãos da atendente e saiu da alfândega, pegou um táxi e foi para casa.

Depois de seis meses remoendo o ódio por aqueles dois, ele estava de volta, e agora estava sedento pelo sangue dos dois. “Jessica, Baker, dessa vez vocês não me escapam”.

O rapaz loiro olhou a própria imagem em um espelho, se sentia mais forte, e tinha certeza que estava forte o suficiente para acabar com o pequeno Baker, e a vadia que colocou sua reputação a perder, Oliver queria vingança, a mais fria e cruel vingança.